ÉTICA E CIDADANIA: OS PROFISSIONAIS LIDANDO COM OS PRÓPRIOS PRECONCEITOS, CRENÇAS E TABUS
ÉTICA O homem vive em sociedade, e nessa convivência com outros homens cabe- lhe pensar e responder a seguinte pergunta: Como devo agir perante os outros? Essa é a questão central da Moral e da Ética.
ÉTICA A ética é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral. A moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de homens. O homem moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras do grupo.
O QUE É CIDADANIA “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida em sociedade. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.DALLARI, DALMO. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14)
CIDADANIA A cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tão pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos. O exercício da cidadania pressupõe íntima relação entre respeitar e ser respeitado.
ÉTICA E CIDADANIA/ USO DE DROGAS Para superar as desigualdades impostas à este segmento da sociedade é necessário a apropriação por parte dos profissionais: Do conhecimento sobre a temática e sobre os direitos que a estes são assegurados pela Constituição Federal de 1988, SUS, Reforma Psiquiátrica e as Leis Específicas.
AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS Obscurecem o protagonismo dos sujeitos no contexto da drogadição: “Drogas, nem morto”, “drogas, tô fora”, “droga é brega” “cavalo selvagem”, “tô limpo e sereno por um dia”. Pessoas impuras, sujas e malditas, transgressoras, rebeldes e violentas. A droga não têm vida, é uma substância inerte.
A PRÁTICA PROFISSIONAL E AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS Frequentemente existe uma forte tendência em categorizar as pessoas de acordo com os problemas que causaram a sociedade:O “drogadicto” é visto como alguém em quem não se pode confiar: todo “drogado” é “mentiroso,preguiçoso, desonesto, sedutor”, como se estes aspectos fossem uma particularidade apenas dessas pessoas, e não fizessem parte da condição humana.
Analisar a questão das drogas apartada dos processos históricos, culturais e do contexto social que participam os atores da cena do uso: fragmenta e despolitiza a discussão; reforça o discurso policialesco moralizador e repressivo que é hegemônico nos espaços públicos.
AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS São entraves que perpetuam acarretando crenças, preconceitos e tabus na sociedade e serviços de saúde. Mitos e tabus Em relação ao uso de álcool: possuidores de forças do mal, portadores de graves falhas de caráter, desprovidos de força de vontade para sucumbirem ao vício.
Desqualificação Moral: Preconceito e o horror ao drogado e suas famílias. São vistos como: todo o drogado é marginal,mentiroso, desonesto, sedutor Conseqüências: Sofrimento, culpa, desamparo e vergonha de estar neste lugar de “diferente”. Em relação ao uso de outras drogas:
ÉTICA DO CUIDADO: A escuta respeitosa, o acolhimento “ao que parece diferente”, o respeito a singularidade do usuário, a realização do projeto terapêutico individual, do trabalho de cuidar em geral, constitui-se num princípio de intervenção de qualidade em defesa radical da defesa dos direitos a saúde desses sujeitos.
Em que devemos nos basear para que a nossa postura como profissionais possa ser considerada ética? As nossas convicções e nossos princípios são relevantes, mas atuar baseando-se neles, significa atuar para adaptação, daquilo que se julga adequado e correto, ignorando os valores e princípios da pessoa atendida. A postura ética deve incluir a diferença que não deve ser percebida como desvio, mas como uma outra possibilidade de ser e viver.
COMPROMISSO SOCIAL COMO PROFISSIONAIS Temos o compromisso ético de estimular a livre expressão dos sujeitos e das suas famílias e trabalhar a serviço da desconstrução desses discursos que colocam as pessoas em condições marginais.
O profissional precisa atentar para as manifestações do poder inscritos em sua prática, bem como a adoção de uma postura reflexiva em relação a ela. Precisamos desconstruir essa condição de determinar o outro, invalidar o outro.
Ao invés de objetos passivos do cuidado profissional, os usuários de álcool e outras drogas, transformam-se em autores, protagonistas de suas histórias de vida, com potencial reflexivo e transformador sobre suas ações no mundo.
O CONVÍVIO COM SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E TODOS OS DESDOBRAMENTOS ADVINDOS DO USO, EXIGEM POSTURAS OBJETIVAS E INOVADORAS.
Referências Bibliográficas: BRAVO,S.I.M.(et al.).Saúde e Serviço Social. São Paulo:Cortez, 2004. CHAUI, M de S. Convite à Filosofia. São Paulo:Ática, 2005. COURE, M.L. A Cidadania que não temos.São Paulo: Brasiliense,1986 DEMO,P. Política Social, Educação e Cidadania. Campinas:Papirus,1994 ARANHA,M.L.A.Filosofando, Introdução à Filosofia.São Paulo: Moderna,1995