Lutas pela equidade de gênero Joana Maria Pedro IEG- Instituto de Estudos de Gênero Universidade Federal de Santa Catarina
A luta por equidade de gênero: vem de longa data; tem avanços e retrocessos; resultado, muitas vezes, de políticas que não visavam à equidade; os avanços nunca são definitivos; frutos de negociação; o que leva uma pessoa a ter consciência de gênero? como os movimentos sociais têm atuado?
Estados Unidos – primeiro país onde surgiram manifestações organizadas (1848) A luta pela abolição da escravidão – mulheres tiveram consciência da sua exclusão da cidadania. 1848 – em Seneca Falls (vila localizada no Estado de Nova York) – Primeira Convenção pelos Direitos das Mulheres. 1848 – as casadas = direito de administrar os seus bens. 1869 – Wyoming – direito de voto. 1893 – Nova Zelândia – direito de voto em âmbito nacional.
Kate Sheppard, líder da Christian Temperance Union, nasceu em 1848,na Nova Zelândia. Liga da Temperança liderou a reivindicação baseada em “suporte moral” das mulheres Medo do voto dos nativos alfabetizados
Em 1913, as norte-americanas já podiam votar e ser eleitas em 9 estados da Federação. Na Inglaterra, as sufragistas foram agressivas (quebra de vidros, bombas incendiárias, invasão de parlamento, greves de fome, suicídios políticos em 1905). Criaram o estereótipo das feministas “masculinizadas” e agressivas. A Primeira Guerra interrompeu o movimento, que se tornava internacional
Sufragistas Inglesas Emmeline Pankhurst presa
Luta pelo voto
Após a Primeira Guerra 1918 , Inglaterra – cidadãs: somente as casadas, chefes de família, com nível universitário e as maiores de 30 anos. Em 1928, para todas. 1920, nos Estados Unidos – voto para todas. Antes da Primeira Guerra: Finlândia em 1906, e Noruega em 1913.
A dificuldade para chegar ao poder público
Na Rússia – voto em 1917 Inicialmente – vários direitos (aborto em 1920). No governo de Stalin – retrocesso.
Em outros países da Europa Espanha – 1931 (com a República) – depois, com o Franquismo - retrocesso. Itália – 1945 França – 1944 Suíça – 1971 Portugal - 1976
Francesas – somente em 1944
Brasil O fato de o direito ao voto ter sido concedido em outros países forneceu às sufragistas brasileiras argumentos e apoios. “A maternidade não era incompatível com o voto”. Na década de 20, o movimento sufragista no Brasil era moderado (não queriam ser confundidas com as inglesas). Eram profissionais liberais de camadas médias urbanas, e mulheres da elite.
Foi um feminismo católico – evitavam atacar a Igreja. Escreviam cartas, faziam pressão, usavam a imprensa, rádio e contatos no Congresso Nacional. Tiveram contatos com o Sufragismo Internacional. Em 1922, Carrie Shapman Catt esteve no Brasil. Em 1910, fundaram o Partido Republicano Feminino
1918 - Bertha Lutz retornou de seus estudos na Europa. 1919 – Senador Justo Chermont apresentou projeto de lei para o voto das mulheres. 1921 – fundou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino - FBPF. Bertha Lutz – liderou a luta pelo voto. 1927 – Abaixo assinado com 2.000 assinaturas.
Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976)
Voto no Brasil 1932 – novo código eleitoral concedeu o direito de voto para as mulheres. 1933 – eleitas oito deputadas estaduais em todo Brasil, três delas ligadas à FBPF.
Câmara Federal, em 1934, elegeu Carlota Pereira de Queiros(1892-1982)
Segunda Onda do Feminismo Começou nos anos sessenta, apesar de o livro “O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir ter sido publicado em 1949. Simone de Beauvoir: 1908-1986
Contracepção mais segura 1954 – testes em Havaí e Porto Rico 1960 – FDA liberou, nos Estados Unidos, a comercialização 1961 – liberação na Inglaterra 1967 – na França
Contracepção tem história antiga Estava nas práticas costumeiras: coito interrompido, aborto, preservativo, abandono de crianças e infanticídio. Século XIX – Ligas Neomalthusianas – capa holandesa Início do Século XX – DIU e “Tabelinha”. Redes Internacionais preocupadas com a explosão populacional.
A Mística Feminina” Foi publicada em 1963 nos Estados Unidos. Em 1971, no Brasil.
Grupos de consciência Característicos do Feminismo de Segunda Onda. Reuniam somente mulheres. Constituíram a noção de “irmandade” e o conceito de “Mulher” Criaram uma rede internacional Definiam que “O pessoal é político” Começaram nos Estados Unidos entre 1966 e 1967.
Segunda Onda no Brasil – em tempos de ditadura militar (1964-1985) 1972: primeiros grupos de consciência 1975: Ano Internacional da Mulher e década da Mulher definida pela ONU – criação de associações e manifestações públicas
Ditadura – clandestinidade e aparelhamento dos movimentos de mulheres
Ditaduras no Cone Sul País Golpes Redemocratização Argentina 1966 e 1976 respectivamente 1973 e em 1983, respectivamente. Brasil 1964 1985 Chile 1973 1988 (1990?) Paraguai 1954 1989 Uruguai Bolívia 1982 (com interrupções
Ações pela equidade no Cone Sul Periódicos Grupos de consciência Formação de ONGs Manifestações Luta por mudanças na legislação referentes ao espaço público e ao privado Teatro e performances Música
Capa do periódico Nosotras – Grupo Latino Americano de Mulheres, ano II, n. 21-22, ano de 1975
“Agora é que são elas” do Círculo de Mulheres Brasileira em Paris de maio de 1975
Brasil Mulher 1975-1979-(1980?)
Nós Mulheres 1976-1978
Mulherio 1981-1988
Feminismos em outros países do Cone Sul – Nosotras - Chile
Isis - Chile
Movimento Feminino pela Anistia no Brasil Teresinha Zerbini Grupos em diferentes lugares do Brasil Dizia-se contra o feminismo.
Argentina
Paraguai
Bolívia
Uruguai
Bolívia – Mujeres Creando
Frases “Las putas aclaramos que ni Sánchez de Lozada, ni Sanchez Bergain son hijos nuestros” “No sois cliente, sois prostituyente” “El Che y el Evo son lo mismo: padres irresponsables” “Mujer! No me gusta cuando callas” “Desobediencia, por tu culpa voy a ser feliz”
O que leva uma pessoa a ter consciência de gênero: Ambiente propício Trajetórias pessoais Livros Influência de outras pessoas Envolvimento com movimentos sociais e políticos Contatos com feminismo e movimento de mulheres Envolvimento com pesquisa.
Mudanças legislativas no Brasil 1962 – Estatuto Civil da Mulher Casada 1977 – Lei do Divórcio 1996 – Chamada Lei do Concubinato 2006 – Lei Maria da Penha