A VIRTUALIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

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Transcrição da apresentação:

A VIRTUALIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Nós, seres humanos, jamais pensamos sozinhos ou sem ferramentas. As instituições, as línguas, os sistemas de signos, as técnicas de comunicação, de representação de registro informam profundamente nossas atividades cognitivas: toda uma sociedade cosmopolita pensa dentro de nós.

Se o coletivo pensa dentro de nós, pode-se afirmar que existe um pensamento atual, efetivo, dos coletivos humanos? Pode-se falar de uma inteligência sem consciência unificada ou de um pensamento sem subjetividade? Até que ponto é preciso redefinir as noções de pensamento e de psiquismo para que se tornem congruentes com as sociedades? É URGENTE ESCLARECER ESSES PROBLEMAS E MARCAR AS DIFERENÇAS ENTRE ESPÉCIES DE INTELIGÊNCIA COLETIVA, EM PARTICULAR AS QUE SEPARAM AS SOCIEDADES HUMANAS DOS FORMIGUEIROS E DAS COLMÉIAS.

O desenvolvimento da comunicação assistida por computador e das redes digitais planetárias aparece como a realização de um projeto mais ou menos bem formulado, o da constituição deliberada de novas formas de inteligência coletiva, mais flexíveis, mais democráticas, fundadas sobre a reciprocidade e o respeito das singularidades. INTELIGÊNCIA COLETIVA: inteligência distribuída por toda parte, continuamente valorizada e sinergizada em tempo real.

A INTELIGÊNCIA COLETIVA NA INTELIGÊNCIA PESSOAL: LINGUAGENS, TÉCNICAS, INSTITUIÇÕES INTELIGÊNCIA: conjunto canônico das aptidões cognitivas, a saber, as capacidades de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar e de raciocinar. Na medida em que possuem essas aptidões, os indivíduos humanos são todos inteligentes.

Jamais pensamos sozinhos, mas sempre na corrente de um diálogo ou de um multidiálogo, real ou imaginado. É impossível exercermos nossa inteligência independentemente das línguas, linguagens e sistemas de signos (notações científicas, códigos visuais, modos musicais, simbolismos) que herdamos através da cultura e que milhares ou milhões de outras pessoas utilizam conosco. Eles induzem nossos funcionamentos intelectuais: as comunidades que os forjaram e fizeram evoluir lentamente pensam dentro de nós. Nossa inteligência possui uma dimensão coletiva considerável porque somos seres de linguagem.

FERRAMENTAS E ARTEFATOS: todas as vezes que os utilizamos, recorremos à inteligência coletiva. Eles incorporam a memória longa da humanidade. Mas ferramentas não são apenas memórias, são também máquinas de perceber que podem funcionar em três níveis diferentes: DIRETO: lentes, microscópios, telescópios, raios-X, telefones, máquinas fotográficas, etc. estendem o alcance e transformam a natureza de nossas percepções. INDIRETO: os carros, os aviões, ou as redes de computadores modificam profundamente nossa relação com o mundo, de tal modo que se torna impossível decidir se eles transformam o mundo humano ou nossa maneira de percebê-lo. METAFÓRICO: os instrumentos e artefatos materiais nos oferecem muitos modelos concretos, socialmente compartilhados, a partir dos quais podemos apreender, por metáfora, fenômenos ou problemas mais abstratos.

O universo de coisas e de ferramentas que nos cerca e que compartilhamos pensa dentro de nós de mil maneiras diferentes. Deste modo, participamos da inteligência coletiva que as produziu. Cada indivíduo humano possui um cérebro particular, que se desenvolveu, a grosso modo, sobre o mesmo modelo que o dos outros membros de sua espécie. Pela biologia, nossas inteligências são individuais e semelhantes (embora não idênticas). Pela cultura, em troca, nossa inteligência é altamente variável e coletiva. A inteligência está intimamente ligada às linguagens, às técnicas e às instituições, notoriamente diferentes conforme os lugares e as épocas.

ECONOMIAS COGNITIVAS Com as instituições e as “regras do jogo”, passamos das dimensões coletivas da inteligência individual à inteligência do coletivo enquanto real. É impossível, com efeito, considerar os grupos humanos como “meios” ecológicos ou econômicos nos quais espécies de representações ou de idéias aparecem e morrem, se propagam ou regridem, competem entre si ou vivem em simbiose, conservam-se ou transformam-se. Um coletivo humano é o palco de uma economia ou de uma ecologia cognitiva no seio das quais evoluem espécies de representações.

Uma parte crescente de conhecimentos se exprime hoje por modelos digitais interativos e simulações, o que era evidentemente impensável antes dos computadores com interfaces gráficas intuitivas. As mídias audiovisuais do século XX participaram da emergência de uma sociedade do espetáculo que subverteu as regras do jogo tanto na vida política quanto no mercado. Importa no entanto sublinhar que o aparecimento ou a extensão de tecnologias intelectuais não determinam automecanicamente este ou aquele modo de conhecimento ou de organização social.

Distingamos portanto cuidadosamente as ações de causar ou de determinar, de um lado, e as de condicionar ou tornar possível, de outro. As técnicas não determinam, elas condicionam. Se as técnicas não fossem elas mesmas condensações da inteligência coletiva humana, poder-se-ia dizer que a técnica propõem e que os homens dispõem.