Aula: Formação do padrão tecnológico produtivista

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Transcrição da apresentação:

Aula: Formação do padrão tecnológico produtivista GF-703 Aula: Formação do padrão tecnológico produtivista Textos básicos Mantoux, cap. 3 Marx, cap 24, livro I

Objetivo Apresentar interpretação sobre o momento histórico fundamental da formação do padrão tecnológico produtivista na agricultura Apresentar e discutir a formação inicial das trajetórias tecnológicas ligadas àquele padrão

A base sócio-econômica e política da reorganização da produção agrícola

Revisão – a acumulação primitiva Qual fundamento da constituição do modo capitalista de produção? Quando ocorre e em qual país? O que é a acumulação primitiva? Qual é o cerne do processo de expropriação? Qual o momento histórico no final do séc. XVIII e quais suas características essenciais?

Um processo histórico (e longo) Prelúdio: fim do séc. XV e início do XVI – transformação de lavouras em pastagens para indústria da lã pelos senhores feudais em busca de dinheiro Séc. XVI processo de expropriação - Reforma, “pelo roubo colossal das terras da Igreja” Em 1688 Rev. Gloriosa consolida a monarquia constitucional: proprietários fundiários e a burguesia – roubo de terras do Estado

Segue o Processo de expropriação Séc. XVIII legislação para os cercamentos ou enclousers das terras comunais Cercamentos tomam áreas cultivadas, em alqueive e desertas Termina com o clearing of Estates, este sob uso da força, especialmente na Escócia e na Irlanda Todo esse processo conquistou “o campo para a agricultura capitalista, incorporou a base fundiária ao capital e criou para a indústria urbana a oferta necessária de um proletariado livre como os pássaros”.(Marx, 265)

Uma nova condição social A produção agrícola passa a ser para o mercado A ela se associa a produção manufatureira Crescimento das cidades e nelas de mão-de-obra disponível para o trabalho assalariado Maior interesse na valorização do dinheiro por meio da produção – novo status na agricultura e na manufatura Expansão dos mercados interno e externo Estímulo à acumulação e ao investimento produtivo

Novos meios de produção e novas formas de organização da produção Ampliação da escala de produção Especialização da produção Máquinas e maquinismo Organização em fábricas Assalariamento (na indústria e na agricultura)

A organização e a reorganização social e técnica da produção na agricultura no final do séc. XVIII na Inglaterra

A organização dos atores e dos espaços A Yeomanry – campesinato voltado à produção comunal (peq. proprietário + copyholder) Open field system Sistema Agrícola era ligado ao sistema fundiário Sistema agrícola baseado na prática comum, com regras comuns

Open fields B Z C C A B A B C C Z A

Organização da produção nos open fields O estercamento, a lavra, a semeadura ocorriam em épocas fixas para todos. Na colheita o produto era repartido proporcionalmente entre cada proprietário legal Sistema de 3 afolhamentos: duas partes cultivadas e uma para pousio com pastagem Nos campos sujos de pousio não se distinguiam as propriedades e a terra era dedicada ao pastoreio

Common lands / waste lands Terras de menor qualidade, não cultivadas Eram comuns no uso para pastagem e para recursos como madeira Eram comuns a todos os proprietários, não a todos os aldeões Mas o costume dava à todos o acesso… Toda uma população vivia à margem da propriedade

A reorganização dos atores e dos espaços O reordenamento fundiário e a extinção das relações feudais consubstanciados na expropriação foi, assim, a base da reorganização social em direção ao modo de produção capitalista … O cercamento e a transformação das terras cultivadas em pastos reorganizou os sistemas produtivos e abriu portas para transformações tecnológicas

A reorganização dos atores e dos espaços De onde se originou o capitalista no campo? ex servo arrendatário, meeiro, arrendatário capitalista e parte nobreza Por que se amplia o mercado interno? o processo de separação manufatura agricultura Mas somente a grande indústria fornece, com as máquinas e o maquinismo, a base constante da agricultura capitalista…e Completa a separação entre agricultura e indústria rural doméstica

A intensificação da produção agrícola

Condições para um novo padrão produtivo Agricultura como locus de valorização de capitais – terra como capital Ganhos de produtividade associados ao novo modo de produção Demanda crescente por parte da indústria e infra-estrutura de comercialização Especialização da produção e mercado interno Demanda por novos insumos para a produção

O caminho das mudanças Mantoux considera o ponto de partida da reforma técnica da agricultura inglesa a publicação, em 1731, do livro de Jethro Tull Teria sido um dos primeiros a conceber a agricultura intensiva: lavra profunda, rotações permanentes, colheitas variadas, introdução de forragens de inverno, plantas de raízes suculentas e Supressão dos pousios Era o empirismo esclarecido…

O padrão Norfolk Lord Townshend recupera condado de Norfolk: drenou, adubou, eliminou pousio, fez rotação, implantou pastos artificiais Em 30 anos Norfolk era região florescente e valorizada (1730-60)…difundiu-se para outras regiões Começa larga invenção de máquinas e introdução de métodos de criação buscando melhores animais

Ganhos de produtividade em animais

As tecnologias e suas trajetórias: uma introdução

As tecnologias e a busca da produtividade a) a noção do melhoramento das espécies b) a noção do esgotamento dos solos e da capacidade de recuperação da fertilidade c) a noção do controle de pragas e a ponte com a evolução da química d) a noção da sistematização do solo e do uso de ferramentas para tratá-lo

Sobre o melhoramento e a indústria de sementes Até início do séc. XX era empírico, baseado em seleção massal e feito tanto por agricultores qto por IPP Genética Mendelliana em 1900 (descoberta em 1865), substitui gradualmente o modelo vigente (30 anos) Indústria nascente pulverizada e enfrentava distribuição gratuita por parte do Estado, reprodutibilidade e falta de controle do material

Sobre a fertilidade dos solos e a indústria de fertilizantes Início do séc. XX, trabalho de Liebig, proposições: a) N2 necessitado pelas plantas era derivado do ar b) plantas utilizavam os minerais em formas inorgânicas c) quantidade de minerais requeridos pela planta podia ser determinada pela análise das cinzas d) que o crescimento da planta seria diretamente proporcional ao fornecimento do mineral menos abundante presente no solo (deste último decorre a lei do mínimo) Era o fim da teoria do Humus e da teoria da exaustão dos solos

Sobre a fertilidade dos solos e a indústria de fertilizantes A indústria começa a se desenvolver logo em seguida: Fontes de Fósforo vinham da digestão ácida de ossos e ostras Fontes de Nitrogênio só no início do séc. XX Fontes de Potássio desde meados do séc. XIX A indústria como hoje a conhecemos vem da década de 1930

Sobre os pesticidas Indústria atual é tributária da química orgânica, mas teve início na inorgânica Todo o século XIX e início do XX inorgânica e produtos naturais Fungicidas primeiro (enxôfre, cobre), depois inseticidas (piretros, chumbo e arsênico) e herbicidas (arseniato de sódio) Pesquisa nasce a partir dos corantes (nascimento da química orgânica) De 1940-50 DDT, BHC, organofosforados

Máquinas e sua indústria Principal “indústria” para o início do modelo produtivista Principal país foi os EUA a partir de 1830 Empirismo já associando-se a cálculos e padronização de máquinas e implementos Colheitadeira McCormick em 1831 foi um marco na indústria, fruto de 50 anos de desenvolvimentos anteriores (cumulatividade) Agricultura americana a partir de meados dos anos 1800 enorme demanda por mecanização Vapor, tração animal, motores elétricos e combustão interna competiram durante muito tempo

Conclusões desenvolvimentos nascidos de formas diferentes, em situações diferentes, diferentes ligações com o empresariamento da atividade e com diferentes relações com bases científicas de conhecimento processos cumulativos, evolutivos e incertos pontos em comum a solução de gargalos mais ou menos óbvios A diretriz fundamental esteve e está na busca da produtividade