Texto: Marcos 6, Tempo Comum –B- Comentários e apresentação: Asun Gutiérrez. Música: Jauregui. Tu me conheces. Jesus oferece uma maneira de viver que não é determinada pelo dinheiro nem pelo poder, mas pelo projecto de aliviar o sofrimento, pelo respeito para com a dignidade e os direitos de todos, pelo empenho em tornar felizes os que nos rodeiam. Jesus apresenta-nos sempre um projecto de felicidade y de humanidade.

Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros… Jesus não quer que caminhemos sós. “ Ir dois a dois ” supõe poder dar e receber ajuda, intercambiar projectos, experiências, trabalhos... Todos somos enviados e convidados a eliminar os espíritos imundos, próprios e alheios, do cansaço, crispações, desânimo, tristezas, cobardias…, tudo o que impede uma vida plena e feliz. Mostrando que a felicidade e o “ poder ” é estar apoiados em Jesus, na sua Palavra, na sua Vida.

As instruções de Jesus são muito claras. Chama a atenção a sua recomendação de ir libertos de equipagem, tendo em conta que era habitual na época preparar minuciosamente a viagem. Além disso, o equipamento de uma pessoa enviada falava da grandeza do seu senhor. As roupagens e as riquezas revelavam a posição social. Jesus indica claramente que não fazem parte do equipagem dos seus discípulos. As claras e directas instruções de Jesus conservam o seu sentido e valor também para nós hoje.

… e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias e nãio levassem duas túnicas. A austeridade e a pobreza que Jesus quer, requer não acumular “cajados, dinheiro, sandálias nem túnicas“, sentir-se mais peregrinos que instalados, sem buscar seguranças nem prestígios humanos. A simplicidade, o acolhimento, a compaixão é uma linguagem que convence e que todo o mundo compreende. A riqueza, a prepotência, o controlo, o crer- se em posse da verdade, a confiança nos próprios meios, mais que na força da mensagem, porque são anti-evangélicos, fazem perder a credibilidade.

Disse-lhes também: – Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes da li. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles. O texto expressa a conveniência de não perder tempo, de não se instalar. Não se segue Jesus porque prometeu êxitos e aplausos fáceis, mas pela convicção de que hoje e sempre a vida que Ele oferece é a verdadeira libertação e a porta da autêntica felicidade.

Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos. Jesus envia-nos a fazer o mesmo que Ele faz: pregar e curar. Levando o seu próprio equipamento: a Palavra e o exemplo. A essência do seguimento é anunciar e construir o Reino com palavras e com obras. A missão é para todos os cristãos sem excepção: viver a partir do Evangelho. Possibilitar e promover a libertação do ser humano de toda a injustiça ou escravidão. Como Jesus.

Para o caminho, Senhor, não levo ouro nem prata, nem dinheiro no bolso; confio na tua palavra. Nem tenho alforge, porque me basta a tua companhia e o pão de cada dia. Para me apoiar, um cajado e nada mais, que meus irmãos me animam e dão a mão quando o caminho se torna duro, sangro, tropeço e caio. Túnica, a tenda e basta, que não tenho que ocultar nada, e o frio e o calor temperam-se quando se partilham. E sandálias, umas de tirar e pôr, bem ajustadas, para que as coisas não façam calo, andar ligeiro e não me esquecer do chão que piso quando o teu Espírito me levanta, me agita livre, ao vento, me leva e me arrasta. Quase liberto de equipamento... Eu te sigo! Isso me basta. Ulibarri, Fl. Ulibarri, Fl.