OFTALMOLOGIA CASO CLÍNICO 6.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
URGÊNCIAS NOS USUÁRIOS DE LENTES DE CONTATO
Advertisements

LENTES ESFÉRICAS. PERFIS DE LENTE COMPORTAMENTO ÓPTICO.
OLHO VISÃO HUMANA.
GRUPO DE DISTÚRBIOS OCULARES CARACTERIZADOS PELA LESÃO DO NERVO ÓPTICO
ÓRBITA E OLHO.
VISÃO I Óptica da visão Brunno Biscaia Caroline Del Castanhel
CASO CLÍNICO OFTALMOLOGIA UE-FMRP-USP
Os olhos Prof. Mário Gregório..
LENTES ESFÉRICAS. PERFIS DE LENTE COMPORTAMENTO ÓPTICO.
OS SENTIDOS.
SENTIDOS Melin - Leonardo - Dr. Marcos.
MEIOS REFRANGENTES Anatomia do Olho.
Paula Roberta Ferreira F2 setor retina ISCMSP
Sulfadiazina de Prata 1%
Cap Andréa Gomes Hospital Geral de Brasília Serviço de Oftalmologia
CERATOCONJUTIVITE SECA KERATOCONJUNCTIVITIS SICCA
QUEIMADURAS OCULARES Dra. Rosangela Rosa da Rosa UCPEL - Oftalmologia.
Profa. Leticia Lazarini de Abreu
SENTIDOS ESPECIAIS VISÃO
Ciências Cap. 09 – Sistema sensorial Prof.: Samuel Bitu.
OS CINCO SENTIDOS.
Augusto Etchegaray Júnior
Bacilos Gram Negativos não fermentadores (Pseudomonas e Acinetobacter) Faculdade de Farmácia Universidade Federal do Pará/UFPA Belém/PA Profa. Marta Chagas.
Espelhos, lentes e o olho humano
Anatomia ocular Esclera e Córnea
Prof. Wallace Chamon Dra. Aline Moriyama
Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal de Campina Grande
LENTES ESFÉRICAS.
APESP- A223 Mogi Mirim Seminário de lâminas - Patologia ocular
QUEIMADURAS OCULARES Dr. Leonardo Paulino
FISIOLOGIA DA VISÃO Museu-Escola do IB
Instrumentos ópticos e Óptica da Visão.
Sistema fotorreceptor
Departamento de Oftalmologia
Coroide Corpo Ciliar Íris.
Dra. Rosangela Rosa da Rosa UCPEL Oftalmologia
Sistema fotorreceptor
OS SENTIDOS.
CASO CLÍNICO 13 Luisa P. de Figueiredo.
Citologia Clínica Alterações celulares reativas
Cross Linking Roberto Schunemann.
Cicatrização das Úlceras de Pressão
Tecido Epitelial de Revestimento
Ablações de Superfície
ESTUDOS EM OFTALMOLOGIA Caso clínico 11
GLAUCOMA.
Caso Clínico 10 Paciente do sexo masculino, 32 anos, HIV positivo há 5 anos, iniciou esquema antiretroviral de alta potência há 3 meses, com contagem de.
Caso 12 Glaucoma de Ângulo Fechado
OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA
Prof. João Vicente Prof. Sérgio Magalhães Dr. André Lavigne
Pediatria e Oftalmologia Hospital Regional da Asa Sul
Luis Antonio Gorla Marcomini 2011
DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE
REVISÃO DE ÓPTICA FISIOLÓGICA
Prof. JOABE Olho Humano! Óptica da visão
GLOBO OCULAR Anatomia e fisiologia.
Pupila – Abertura central por onde entra a luz no olho
Hipersensibilidade Tipo I
Olho Humano.
Bioquímica em Patologia Externa
NOÇÕES DE ANATOMIA DO GLOBO OCULAR, ÓRBITA E ANEXOS OCULARES
Óptica da Visão Conceitos básicos Anatomia do olho humano Olho normal
RINOSSINUSITE AGUDA Camila Brandão Camila Sampaio Crislaine Siston.
Instrumentos óticos  Máquina fotográfica  Olho  Lupa  Telescópio e luneta  Microscópio composto FGE o semestre 2007.
PATOLOGIA NASOSINUSAL
Transcrição da apresentação:

OFTALMOLOGIA CASO CLÍNICO 6

CASO CLÍNICO 6 Paciente, sexo feminino, 19 anos, míope, usuária de lentes de contato gelatinosas há 5 anos. Queixas: dor ocular, baixa acuidade visual e hiperemia há 2 dias com piora progressiva e aparecimento de secreção purulenta há 1 dia. Antecedentes: Refere uso de 8 a 12 horas por dia das lentes de contato, manutenção e higiene com soro fisiológico e esporadicamente dorme com as lentes.

CASO CLÍNICO 6 Ao exame oftalmológico: Acuidade visual: OD 0,1 e OE vultos sem correção; Refração: -3,00 AO (AV 1,0 e vultos); Ectoscopia: edema bipalpebral 2+/4 em OE, motilidade extrínseca preservada e indolor AO.

CASO CLÍNICO 6 Biomicroscopia: OD sem alterações e OE infiltrado corneano estromal medindo 8/8 mm, defeito epitelial 6/4 mm, estroma adjacente opaco, exsudação importante, hipópio 1/3 da câmara anterior, quemose 3+/4, hiperemia conjuntival 4+, irite 4+, secreção purulenta em fundo de saco conjuntival; Tonometria de aplanação: não realizada; Fundoscopia: sem alterações OD e dificultada OE

RELEMBRANDO - PALAVRAS CHAVE BIOMICROSCOPIA: Visualização externa do olho (córnea, esclera, conjuntiva) e de todos componentes da câmara anterior ( íris, aquoso, cristalino e suas cápsulas) até parte do segmento posterior ( vítreo anterior e retina) através de lentes apropriadas. Sistema fundamenta-se em iluminação especial acoplada à um microscópio de grande aumento; TONOMETRIA DE APLANAÇÃO: permite medida da pressão intra ocular;

CASO CLÍNICO 6 Objetivos: Revisão de anatomia córnea; Apresentação clínica; Propedêutica; Diagnóstico diferencial; Terapêutica.

ANATOMIA CORNEANA - REVISÃO ANATOMIA MACROSCÓPICA: Estrutura transparente, situada na região polar anterior do globo ocular, cuja função é refratar e transmitir a luz. A face anterior é elíptica, medindo cerca de 12,6mm horizontalmente e, 11,7mm verticalmente. Espessura média de 0,520mm na região central e 0,650mm na periférica. A face anterior não apresenta curvatura uniforme, sendo mais curva na região central e plana na periférica. Poder refracional: 44,0 Dioptrias; Estrutura não vascularizada e inervação desprovida de bainha de mielina, o que garante a total transparência;

ANATOMIA MICROSCÓPICA: Possui 5 camadas: Epitélio, Membrana de Bowman (MB), Estroma, Membrana de Descemet e Endotélio. 1- EPITÉLIO: Camada mais superficial, composta de 4 a 6 camadas de células escamosas estratificadas e não queratinizadas. Atinge 10% da camada total da córnea e tem alta capacidade de regeneração; Outras camadas: células colunares; Barreira contra a perda de líquidos e penetração de microorganismos, superfície lisa e brilhante, garantindo o poder refrativo.

2- MEMBRANA DE BOWMAN E LÂMINA BASAL: Camada acelular, formada por fibras de colágeno e proteoglicanas densamente entrelaçadas. Se lesada, a MB não se regenera, perdendo a sua transparência; Função: manter integridade e organização epitelial. Bem como separar o Epitélio do Estroma. 3- ESTROMA: 90% da espessura total da córnea, composto por fibras de colágeno. Densidade celular reduzida, ceratócitos entre as lamelas, os axônios dos nervos e as céls d Schwann.

4- MEMBRANA DE DESCEMET: Formada a partir do endotélio e funciona como lâmina basal do mesmo. Reveste toda superfície do estroma. É facilmente regenerada. 5- ENDOTÉLIO: Na perda de céls endoteliais, as remanescentes deslizam para a área lesada, aumentando de tamanho e alterando a sua forma - mecanismo responsável pelo reparo endotelial, vez que a mitose em céls endoteliais adultas é escassa e lenta. A integridade do endotélio é essencial para manter a deturgescência e transparência córnea. O Endotélio é fundamental para manter transparência e organização das camadas da córnea evitando o edema corneano. O limite mínimo para manter a sua função é de 400 a 700 céls por mm quadrado, quando a partir daí começa a ocorrer edema e conseqüente perda da visão.

CERATITE BACTERIANA - PATOGÊNESE Mecanismos de defesa local impedem desenvolvimento de ceratites infecciosas em hospedeiros normais apesar da flora microbiana diversa nas pálpebras e conjuntiva. Parte da defesa: epitélio corneano íntegro, filme lacrimal com imunoglobulinas e enzimas como lisozima, beta-lisina e lactoferrina, radicais livres na camada de mucina do filme lacrimal e ação de limpeza das pálpebras durante o piscar - ambiente desfavorável para o crescimento de bactérias Agentes oportunos podem produzir infecção quando a defesa está comprometida.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA CERATITE BACTERIANA História pregressa / Fatores de risco: Traumatismo Ocular, Doença Corneana pré – existente, uso de lentes de contato ou de corticóides tópicos; Sintomas incluem: dor, lacrimejamento, fotofobia, diminuição de visão, secreção purulenta e hiperemia conjuntival; Etiologia: S.aureus, S, pyogenes e pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa (Lentes de contato).

CERATITE X LENTES DE CONTATO Pseudomonas aeruginosa Tipicamente produz uma úlcera extensa, rapidamente progressiva, freqüentemente com hipópio. O estroma é necrótico, com material amarelo-esverdeado aderido na superfície da úlcera. O edema corneano estende-se além do local do infiltrado, causando uma aspecto de vidro fosco .

CERATITE X LENTES DE CONTATO Lentes de contato: principal fator de risco para desenvolvimento de ceratite bacteriana; Aumento de 10 a 15 vezes no risco de ceratite infecciosa no uso continuado de lentes de contato, comparado com o uso diário; A maior parte das complicações do uso das lentes de contato dá-se por falta de obediência às orientações de manutenção e troca das lentes, que facilitam a formação de depósitos. Os depósitos, além de provocar desconforto e turvação visual podem ocasionar reações imunoalérgicas, facilitar aderência de microorganismos e levar à infecção .

CERATITE X LENTES DE CONTATO Pseudomonas é especialmente capaz de aderir-se à superfície da lente, especialmente na presença de depósitos; Hipóxia durante o fechamento palpebral (durante o sono) resulta em compromisso da barreira epitelial, permitindo a adesão e subseqüente invasão do organismo.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Ceratite Herpética; Ceratite Fúngica; Ceratite por Acanthamoeba.

TERAPÊUTICA Coleta de material para citologia e cultura; Antibióticos para tratamento inicial de ceratites bacterianas devem ser efetivos contra amplo espectro de bactérias gram-positivas e negativas; Úlceras superficiais, com menos de 3 mm de diâmetro e localizadas na periferia da córnea pode ser instituída monoterapia com uma das fluorquinolonas disponíveis comercialmente (ciprofloxacina a 0,3%, ofloxacina a 0,3%) - dosagem inicial do colírio é 1 gt por minuto por 5 minutos, seguido de 1 gt de 5 em 5 minutos por 15 minutos e então 1 gota a cada hora.

TERAPÊUTICA Úlceras severas, o tratamento inicial é aplicação tópica de uma combinação de dois agentes fortificados (um com espectro voltado para gram-positivos e outro para gram-negativos); Uso de antibiótico subconjuntival ou sistêmico está indicado na presença de comprometimento escleral ou intra-ocular; Os colírios fortificados devem ser mantidos em geladeira e substituídos frequentemente porque apresentam tempo de validade curto; Importante: Acompanhamento do paciente.

BIBLIOGRAFIA http://sobreoftalmologia.blogspot.com; http://www.abonet.com.br; http://www.scielo.br/pdf/abo/v63n6/9616.pdf - Artigo: Úlceras de Córnea Bacterianas