PRAGUICIDAS Aula teórica Profª Larissa Comarella.

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Intoxicações e seus mecanismos de ação
Transcrição da apresentação:

PRAGUICIDAS Aula teórica Profª Larissa Comarella

S ão produtos químicos ou quaisquer substâncias ou mistura de substâncias destinadas à prevenção, destruição ou controle de qualquer praga, que causem prejuízo ou interfiram de qualquer na produção, elaboração, arazenamento, transporte ou comercialização de alimentos, produtos agrícolas e madeira. Além disso, podem ser administrados à animais para combater insetos, aracnídeos e outras pragas dentro ou sobre seu corpo. PRAGUICIDAS

Conforme o organismo alvo e grupo químico 1.1 Inseticidas: possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas. Os inseticidas pertencem a quatro grupos químicos principais: Organofosforados: são compostos orgânicos derivados dos ácidos fosfórico, tiofosfórico, fosfônico ou ditiofosfórico Carbamatos: são derivados do ácido carbâmico Organoclorados: são compostos à base de carbono, com átomos de cloro. São derivados do clorobenzeno, do ciclo-hexano ou do ciclodieno. Piretróides: são compostos sintéticos que apresentam estruturas químicas semelhantes à piretrina, substância existente nas flores do crisântemo. CLASSIFICAÇÃO DOS PRAGUICIDAS

Conforme o organismo alvo e grupo químico 1.2 Fungicidas: agem no combate a fungos. Existem muitos fungicidas no mercado. Os principais grupos químicos são: Etileno-bis-ditiocarbamatos, Trifenil estânico, Captan, Hexaclorobenzeno 1. 3 Herbicidas: combatem ervas daninhas. Sua utilização tem sido crescente na agricultura nos últimos 20 anos. Seus principais representantes são: Paraquat, Glifosato, derivados do ácido fenoxiacético, Pentaclorofenol, Dinitrofenóis. 1.4 Outros grupos importantes compreendem: Raticidas: utilizados no combate a roedores; Acaricidas: ação de combate a ácaros diversos; Nematicidas: combate a nematóides; Molusquicidas: ação de combate a moluscos; Fumigantes: agem no combate a insetos e bactérias. CLASSIFICAÇÃO DOS PRAGUICIDAS

Profissionais: 1.1.Trabalhadores do setor agropecuário: Este é, sem dúvida, o grupo mais sujeito aos efeitos danosos dos agrotóxicos. Tanto os que têm contato direto, (aplicadores, preparadores da calda, almoxarifes) como os de contato indireto, podem ter exposição e apresentarem efeitos agudos e de longo prazo Setor de Saúde Pública: Este grupo profissional apresenta riscos de contaminação, pois embora a exposição, em geral, ocorre com produtos de baixa toxicidade, ela é contínua durante muitos anos. Ex. Controle de Aedes, usos de diferentes praguicidas. 1.3.Trabalhadores de Empresas Desinsetizadoras: As empresas desinsetizadoras ou “dedetizadoras” são ainda motivo de preocupação. Os casos de intoxicações agudas de aplicadores são comuns em todo o País. POPULAÇÃO EXPOSTA

1.4.Trabalhadores das indústrias de formulação e síntese: Neste grupo, os operários da linha de produção, pessoal de manutenção, limpeza e profissionais de assistência técnica podem estar mais expostos e apresentarem efeitos adversos, tanto agudos, como a longo prazo. 1.5.Setores de transporte e comércio: Este grupo tem importância, principalmente nos municípios do interior dos Estados onde existe um número significativo de casas comerciais, cooperativas que comercializam e estocam os produtos. População em geral 2.1. Acidentes: Acidentes com agrotóxicos durante o transporte e armazenamento inadequados Resíduos nos alimentos: Ocorrem pelo uso de substâncias não autorizadas e pelo desrespeito dos intervalos de segurança dos produtos em várias lavouras.

Intoxicações: 1.1. Agudas Os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos extrema ou altamente tóxicos Subcrônicas Exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, entre outros Crônicas Caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos muitas vezes irreversíveis, como paralisias e neoplasias. Os sintomas são subjetivos tornando o quadro clínico indefinido e o diagnóstico difícil de ser estabelecido. EFEITOS PARA A SAÚDE

INSETICIDAS Inibidores da AcetilColinesterase (AChE). 1. Organofosforados: desenvolvidos durante II Guerra: uso inseticida e agentes de guerra. - Fosforados: por ex. Paraoxon etílico - Tiofosforados: por ex. Paration etílico - Tiofosforados: por ex. Malation - Clorofosforados: por ex. Dipterex, DDVP, Trition

2. Carbamatos Compostos derivados do ácido N-metil carbâmico. Ex. Carbaril, Propoxur, Moban, Zectran. São mais recentes Derivados sintéticos do ácido carbâmico Quimicamente menos tóxicos que os OF Inibição reversível: complexo menos estável INSETICIDAS Inibidores da AcetilColinesterase (AChE).

INSETICIDAS A) Absorção: - Dérmica, Oral (TGI) e Respiratória (Inalatória) ‏ Suicídios, Homicídios, Acidentes, Alimentos contaminados Envenenamentos ocupacionais Durante a produção, Pulverização dos inseticidas B) Distribuição: - Proteínas plasmáticas Toxicocinética

1. Organofosforados - Toxicocinética C) Biotransformação: - Reações de oxidação: Transformação da ligação P=S em P=O, com a formação da forma chamada Oxon. Aumento acentuado da toxicidade do composto. - Ex. DL50 do Paration em ratos é de 8,0 mg/kg e do Paraoxon é de 0,8mg/kg. - Porém são compostos menos lipofílicos e que hidrolisam-se facilmente o que favorece a eliminação do organismo.

1. Organofosforados - Toxicocinética D) Eliminação: - Não se acumulam no organismo e são facilmente degradados e excretados; - Eliminação via RENAL. C) Biotransformação: - Reações de Redução: ocorre tanto nos compostos não oxidados quanto os previamente oxidados.Há necessidade do sistema NADPH citocromo-c redutase. - Reações de Conjugação: ocorre quando há conjugação do inseticida com um substrato endógeno, ex. ácido glicurônico. Ocorre após as reações de oxidação, hidrólise e redução e leva a eliminação da substância pela urina.

 Biotransformação – Reações de hidrólise, desmetilação, hidroxilação e conjugação = formação de metabólitos de menor toxicidade.  Eliminação – rápida. Uma dose de 70 a 80% de barbaril (metabólito) é excretada na urina nas primeiras 24 horas. 2. Carbamatos - Toxicocinética

Toxidinâmica A) Acetilcolina e Acetilcolinesterase: - Mecanismo de ação principal: inibição da AChE por compostos organofosforados. Acúmulo da ACh nas junções neuromuscular ou fendas sinápticas. Inibição irreversível pelos OF e reversível pelos Carbamatos.

Mecanismo de inibição da Acetilcolinesterase:

Sinais e Sintomas - Depende do tempo de exposição, da via e da dose absorvida. - Ação letal dos inseticidas ocorre devido insuficiência respiratória.

Tratamento das intoxicações por OF  Sulfato de atropina: inibe a ação da acetilcolina sobre o órgão efetor pelo mecanismo de competição (são duas substâncias com estruturas químicas semelhantes) – Receptores muscarínicos. Administração até aparecerem os sinais de atropização: boca sexa, sede, dilatação da pupila, taquicardia. Sinais e sintomas da intoxicação: Inibição da enzima e acúmulo de ACh leva a todas as consequências do excesso deste neurotransmissor no seu sítio de ação, entre eles: miose, bradicardia, pupilas punctiformes.

 Derivados das oximas: a mais conhecida é a pralidoxima (Contration ® ). Substâncias que tem a propriedade de reativar a AChE, sanando a lesão bioquímica ao invés de apenas suavizar os sintomas. Tratamento das intoxicações por OF Tratamento das intoxicações por carbamatos  Sulfato de atropina pode ser utilizado, porém Derivados das oximas não têm demonstrado bons resultados, pelo contrário, aumentam a toxicidade dos carbamatos e diminui a ação da atropina!!!

Introduzidos na década de 40 após 2ª Guerra Uso: agrícola, doméstico, controle de vetores Longa permanência ambiental e orgânica Ainda em uso: pediculose e moluscicida 3. Organoclorados Hexaclorociclohexano (BHT/Lindano), DDT, Metoxicloro, Aldrin, Dieldrin, Endrin, Clordano, Heptacloro, Endosulfan.

Toxicocinética  Absorção – Oral, dérmica, Inalatória. Altamente lipossolúveis, são rapidamente absorvidos pelo TGI. Absorção dérmica tem importância para os ciclodienos (Aldrin, Dieldrin, Endrin). Inalatória (indústrias e pulverização na agricultura) ‏  Distribuição – ampla e concentram-se nos tecidos gordurosos. Biotransformação forma metabólitos menos tóxicos.  Eliminação – urina, fezes ou acúmulo de metabólitos nos tecidos gordurosos (abdominal, fígado, cérebro).

3. Organoclorados Toxicodinâmica  Como possuem estruturas químicas distintas, possuem mecanismos de ação diferentes e pouco conhecidos, porém, parecem atuar em canais Na + /K +, alterando assim a transmissão do impulso nervoso. Sinais e sintomas da intoxicação por organoclorados: acredita-se que o local da ação tóxica seja a fibra nervosa, sensitiva e motora do córtex motor, sendo assim, é comum nas intox. agudas: irritabilidade, tremores, anorexia, convulsões, vertigens e distúrbios no equilíbrio. Tratamento das intoxicações - S. Atropina, Barbitúricos e Benzodiazepínicos para controlar a hiperexcitabilidade.

HERBICIDAS Pentaclorofenol (PCF), Compostos quaternários de amônio (Paraquat e Diquat), Compostos derivados da uréia (Diuron, Fenuron), etc. – Herbicida, grupo dos bipiridilos – Nomes comerciais: Agroquat, Braxone, Pared, Gramoxone, Paraquol – Alta morbi-mortalidade – Coloração varia do vermelho ao verde – Preparações comerciais: acrescido odor desagradável e eméticos Paraquat

HERBICIDAS - PARAQUAT Toxicocinética  Absorção – Oral.  Distribuição - ampla nos tecidos - não se liga proteínas plasmáticas - atravessa barreira placentária - acumula pulmões, rins, músculos  Eliminação – na urina em grandes quantidades Potencialmente tóxico; Dose letal: 3-6mg/Kg  Toxicidade mais intensa nos pulmões Lesão pneumócito tipo II

Paraquat é reduzido a radicais livres Não completamente elucidado: Lesão tecidual por peroxidação lipídica das membrana celulares Forma peróxidos e superóxidos de hidrogênio Toxicodinâmica Medidas de manutenção à vida: desobstrução de vias aéreas, ventilação, acesso venoso periférico, indução de vômito: até uma hora após a ingestão e lavagem gástrica Tratamento das intoxicações

RATICIDAS Cumarínicos Produtos

RATICIDAS Uso irregular do inseticida Aldicarb ® (popular CHUMBINHO) = grande número de óbitos!!!! Derivados da Cumarina Grupo warfarin Grupo superwarfarin: 0,005% a 2% Sony Itho©

RATICIDAS - CUMARINAS Toxicocinética  Absorção – Oral, 99% no TGI.  Eliminação – até 170 dias Ação: inibição da síntese dos fatores de coagulação dependentes da Vit K 1 (II, VII, IX e X)‏ Ação hemorrágica: 8 h a 1-2 dias Toxicodinâmica

RATICIDAS - CUMARINAS Tratamento das intoxicações  Indução de vômito, carvão ativado, lavagem gástrica.  Administração de Kanakion (vitamina k1) ‏ Sinais e sintomas da intoxicação: Assintomático - dose única e pequena. Dois dias (média) após ingestão: sangramento gengival, equimoses, macrohematúria, epistaxe, hemorragia subconjuntival, vaginal, gastrintestinal e intracraniana (graves)‏.

O controle ideal