I Encontro de Pesquisadores do Rural Potiguar – Desenvolvimento e Reforma Agrária Paulo Sidney Gomes.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
DESENVOLVIMENTO: Eqüitativo, Sustentado e Participativo
Advertisements

Ministério do Desenvolvimento Agrário
Seguridade Social na perspectiva do desenvolvimento do Brasil" 6º Congresso Nacional da CNTSS/CUT 27 a 31 de maio - São Paulo Eduardo Fagnani IE/Unicamp.
DIFERENTES PAISAGENS E INTERESSES NA ORGANIZAÇÃO DO CAMPO
A FETRAF-SUL avalia que vive-se uma crise de MODELO AGRÍCOLA PRODUTIVO. Esta crise é caracterizada por: Uma agricultura que causa grande impacto ambiental,
Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra Em defesa da reforma agrária e soberania territorial e alimentar.
SECRETARIA NACIONAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA AGENDA TERRITORIAL – EJA
Seminário SANTA CATARINA ECONOMIA E MEIO AMBIENTE Macro diretriz: Aumentar, de forma sustentável, a competitividade sistêmica do estado Áreas de.
UMA ECONOMIA EMANCIPATÓRIA NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Articulação de Políticas para o Desenvolvimento do Brasil Rural
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL, PESCA E COOPERATIVISMO
Adequação das instituições estaduais de Ater, pesquisa e das representações dos trabalhadores frente ao desafio de uma Novo Brasil Rural e Pesqueiro Sustentável.
AGRICULTURA BRASILEIRA PROF.º CÉLIO
Oficina para a Universalização da Inclusão de Famílias de Baixa Renda no Cadastro Único no Estado do Rio Grande do Sul.
O futuro das regiões rurais – implicações para projetos alternativos de desenvolvimento rural sustentável Arilson Favareto.
COPROFAM EM DEFESA DA AGRICULTURA FAMILIAR, CAMPESINA E INDÍGENA www
Informativo Número 1 | Abril de 2012 | Botucatu/SP Realização : Financiamento: Apoio: Prefeitura Municipal de Botucatu Subsecretaria.
MÚSICA DA CIRANDA Um sorriso negro Um abraço negro Traz felicidade Negro sem emprego Fica sem sossego Negro é a raiz de liberdade.
A proposta inicial e as auto-críticas dos anos sessenta e setenta
Desenvolvimento Econômico e Fomento Produtivo Monitor: Pabio Rodrigues
A Estrutura Fundiária no Brasil
AGRICULTURA FAMILIAR IICA-BR Março/2006.
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Thomas R. Malthus ( ) Os conflitos entre as classes
SEMINÁRIO DE LANÇAMENTO DO PROGRAMA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ZONAS SEMIÁRIDAS NO NORDESTE DO BRASIL.
Como usar o comércio para a erradicação da pobreza
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL
Trabalho elaborado por: José Silva, Nelson Gonçalves, Daniela Alves, Ricardo Quintal e Miguel Quintal 12ºJ Ano lectivo 2013/2014 Escola Secundária Alberto.
PLANEJAMENTO MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Relação Cidade Campo A indústria modificando o campo
Marcha das Margaridas 2015 Principais Conquistas
Capítulo 27 – A agricultura brasileira
AGROPECUÁRIA BRASILEIRA CAPÍTULO 16
Prof.ª Ianny Cristina de Campos Oliveira e Carvalho
Gestão Municipal da Habitação
Capítulo 26 – Atividades econômicas no espaço rural
Os desafios da regularização fundiária de assentamentos informais consolidados em áreas urbanas Edésio Fernandes.
Reforma agrária Grupo Wanderlei Cordeiro Belão Élio Valentin Karolus Marcos Aurélio Vieira Andressa Caroline Faturi Henry Hideaki Ito Caron Natan Michel.
Segurança alimentar e mercados institucionais
Fundamentos de Extensão Rural
SISTEMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – AVANÇOS E DESAFIOS
Desenvolvimento Territorial com terra e políticas públicas diferenciadas para garantir sucessão no campo. - SJTTR - CNJTTR - C O N T A G –
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Cassilândia Curso: Agronomia Disciplina: Extensão Rural Importancia da ATER Prof.
Constituição em 29 de janeiro de 2014 cooperativas.
O Processo de Implantação da Industrialização Brasileira
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA
Projeto de extensão Capim Limão
Módulo 22 – Agropecuária II Problemas e atualidades da agropecuária brasileira: Subaproveitamento dos espaços disponíveis para a agropecuária Baixo nível.
Universidade de Brasília. CDT Criação do CDT Ato da Reitoria nº 011/86 de 24 de Fevereiro de 1986, assinado pelo Reitor Cristovam Buarque. Regimento Interno.
Janeiro de 2013 Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
AGRICULTURA BRASILEIRA EXISTE CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE ESSE CRESCIMENTO E O CRESCIMENTO DOS DEMAIS SETORES;EXISTE CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE ESSE CRESCIMENTO.
Desenvolvimento Agrário e Industrial: Oportunidades para o Brasil
A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL
PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA UNIDADE FAMILIAR
5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
Os principais problemas atuais das áreas rurais em Portugal são:
Barbárie e Modernidade: o Agronegócio e as transformações no campo.
Extensão Rural Eliseu Alves e Elisio Contini
SUGESTÃO DE INICIATIVAS
Lei /2006 Lei do Agricultor Familiar e Empreendedor Familiar Rural.
Desigualdade e Globalização;
Urbanização.
Conferência Regional Nordeste de Ciência, Tecnologia e Inovação TECNOLOGIAS SOCIAIS: Instrumento de Geração de Emprego e Renda.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO BRASIL RURAL.
CRESCIMENTO E INCLUSÃO SOCIAL Vitória-ES, agosto de 2008, Ana Paula Vitali Janes Vescovi.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO AGRÍCOLA Sistemas de Produção e Processos de Trabalho.
SISTEMA CONTAG DE ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO – SEC. DE POLÍTICA AGRÍCOLA - CONTAG –- 1 SISCOP SISCOP.
PROGRAMA DE DIVERSIFICAÇÃO EM ÁREAS CULTIVADAS COM TABACO - OS DESAFIOS EM ÁREAS DE FUMICULTURA Adriana Gregolin - MDA/SAF/DATER.
Brasília, março de 2011 Ministério do Desenvolvimento Agrário AGRICULTURA FAMILIAR: INCLUSÃO PRODUTIVA, SOBERANIA ALIMENTAR E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL.
Capacitação de Técnicos em Associativismo 12 de maio de 2016.
Transcrição da apresentação:

I Encontro de Pesquisadores do Rural Potiguar – Desenvolvimento e Reforma Agrária Paulo Sidney Gomes

Criação da FAO (1945): debate sobre a relação entre a pobreza, a fome a concentração de terra e renda; I Conferência Mundial sobre Reforma Agrária (1979): Reforma Agrária como estratégia de desenvolvimento com participação (carta do camponês); a reforma agrária defendida como parte de um conjunto de políticas sociais de combate à pobreza, apoiando produtores descapitalizados; Anos 80 e 90: hegemonia das políticas neoliberais, intenso processo de exclusão social, êxodo rural, crescimento da pobreza, desigualdade social, degradação ambiental; Reforma agrária e desenvolvimento rural fora da pauta política internacional; - IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR E DA REFOR REFORMA AGRÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO

CONSEQUÊNCIAS DO MODELO PARA O CAMPO Concentração fundiária: desigualdade no acesso à terra maior que a desigualdade na distribuição da renda 5 milhões de famílias vivem com menos de 2 SM/mês (cd 2000) Maior índice de mortalidade infantil, incidência de endemias, de insalubridade, de analfabetismo; Acesso à terra suficiente e à políticas agrícolas adequadas para gerar uma produção satisfatória; Falta título de propriedade ou áreas pequenas, pouco férteis, distantes dos mercados e com infra-estrutura produtiva insuficiente.

Remuneração insuficiente pelo aluguel da força de trabalho; Precário acesso aos direitos da cidadania – saúde, educação, alimentação e moradia; O trabalho existente é sazonal, ou o salário é aviltado pela existência de uma enorme mão-de-obra ociosa; Substituição de trabalho humano por máquinas e insumos químicos (modernização tecnológica); políticas públicas (renda) capturada por agentes econômicos melhor situados na estrutura agrária local; CONSEQUÊNCIAS DO MODELO PARA O CAMPO

A Pobreza, a concentração de terras e o êxodo rural como decorrência natural da urbanização e da modernização da agricultura promotora do progresso; A questão agrária brasileira seria um tema superado; Inevitabilidade da modernização e do progresso restaria aos pobres do campo políticas sociais compensatórias; Mito da ineficiência e da inviabilidade da agricultura familiar (incapaz de produzir excedentes) e da inevitabilidade da modernização e de suas conseqüências; Combinação da estrutura fundiária concentrada, políticas agrícolas e padrão tecnológico excludente= empobrecimento dos agricultores, perda de propriedades e migração para as cidades; CONSEQUÊNCIAS DO MODELO PARA O CAMPO

Qual o projeto de desenvolvimento que queremos para o campo? Que combine crescimento econômico com justiça social; Que articule políticas de combate a fome, a pobreza, a desigualdade econômica e social e a degradação ambiental, geradora de conhecimento, focada na segurança alimentar e nutricional; Defesa da Reforma Agrária e da Agricultura familiar como política estruturante de combate à pobreza; - IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR E DA REFORMA AGRÁRIA - -

Registrou aumento de produtividade maior que a patronal entre 1989 e 1999; Responde por 38% da produção, consome apenas 25,3% do crédito, enquanto a agricultura patronal, que responde por 61% da produção, consome 73,8% do crédito. Maior capacidade de produzir renda por unidade de área do que a patronal; Maior capacidade de gerar ocupação (1 ocupação para cada 8 há e a patronal 67 há). Promove uma ocupação mais equilibrada do território nacional e por meio de sua multifuncionalidade e da pluriatividade Dinamiza a economia local; Favorece o desenvolvimento do mercado interno longe da saturação para produtos agrícolas - IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR E DA REFORMA AGRÁRIA - -

Acesso à terra aos historicamente excluídos (independência e autonomia); Assentamentos como mecanismo de recomposição familiar; A presença do assentamento modifica a cena política local; Alternativa de trabalho, geração de emprego e renda (falência do modelo); Diversidade da produção (monocultura), aumento da produtividade e modificação do padrão tecnológico; Acesso ao crédito e dinamização da economia local e regional - IMPACTOS DA REFORMA AGRÁRIA - -

A experiência do Cooperativismo no NE foi fortemente marcada pelo AUTORITARISMO, CLIENTELISMO e pel desvirtualização da filosofia; Imposição de um modelo fortemente ligado às políticas de modernização e aos programas de desenvolvimento da região (interesses exógenos) – intermediárias Associativismo assistencial foi a forma mais utilizada para a organização dos agricultores e agricultores na região; A condução das associações repetiu o mesmo padrão adotado nas cooperativas O ASSOCIATIVISMO NO NODESTE -

São iniciativas organizativas simples, fáceis de gerenciar e não exigem maiores obrigações, nem fiscais e nem tributárias; Podem se dedicar a muitos temas e linhas de atuação. Atuação na área de promoção e assistência social. Legalmente, não podem se dedicar a atividades econômicas (comercialização) Novo Código Civil: Associações são constituídas “pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos” (artigo 53). Não conseguem mobilizar as iniciativas dos seus associados e associadas em direção à geração de renda e à busca de resultados econômicos; Não podem distribuir entre os seus associados e associadas os ganhos sob pena de vínculo empregatício. - VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA ASSOCIAÇÕES - -

Para os casos dos agricultores familiares que tenham um projeto de desenvolvimento e busquem se consolidar economicamente, a cooperativa é a organização mais adequada; O Cooperativismo é uma forte oportunidade de tornar a economia familiar mais forte e competitiva Papel importante no desenvolvimento da agricultura familiar ao permitirem que os agricultores familiares tenham um melhor "poder de barganha" tanto na compra de insumos como na venda da produção (sujeitos econômicos e políticos autônomos); Possibilidade de ganhos econômicos, mas também de desenvolver o exercício da solidariedade e confiança mútua; Falta articulação entre as políticas de combate à pobreza rural? Seu alcance, eficácia e limites? O papel da educação como política estruturante de combate a pobreza rural CONSIDERAÇÕES FINAIS -