Artigo científico José Osvaldo Barbosa Neto Anestesiologista.

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Transcrição da apresentação:

Artigo científico José Osvaldo Barbosa Neto Anestesiologista

INTRODUÇÃO A rede de modulação da dor no cérebro tem papel ativo no controle das respostas espinhais à dor, de tal forma que a sua percepção é influenciada por estado de alerta, atenção e expectativa. A experiência dolorosa se inicia desde a infância, e o estímulo nóxico ativa até os cérebros mais novos de recém-nascidos. Existem evidências de que a saúde da criança e suas experiências dolorosas moldem a resposta à dor durante sua vida adulta.

INTRODUÇÃO Conhecimento prévio Microestimulação da Medula Ventral Rostral (MVR) é pró-nociceptiva até o 21º dia pós-natal, a partir do qual, passa a ser anti-nociceptiva. Controle da dor feito pela MVR decorre da ação de opióides de ação central. Opióides endógenos tem papel na sinaptogenese e no desenvolvimento cerebral, porem o sua importância no crescimento e desenvolvimento de vias dolorosas não é conhecido.

INTRODUÇÃO Hipóteses Dado o fato da MVR ser pró-nociceptiva até a 21º semana pós-natal, microinjeções de agonista μ-opióides neste núcleo ativaria a via de controle nociceptivo descendente, mas o efeito seria facilitatório. Redes de opióides teriam papel trófico na maturação das vias supraespinhais de controle da dor e que a transição de facilitação para inibição depende de sinalização por opióides endógenos no cérebro imaturo.

Método Microinjeção na MVR e estimulação elétrica. Animais anestesiados com isoflurano Cateter e eletrodos de estimulação bipolar foram inseridos no cérebro do animal através de trepanação guiada por extereotaxia. Injeção das soluções estudadas em um período de 5min Estimulação elétrica feita por pulso de 500 microssegundos a 10 Hz, e amplitudes variando de 5 à 200 µA Estudo dose-resposta foi feito antes e depois da intervenção. Drogas utilizadas no estudo. DAMGO 3, 10,e 30 ng µ-agonista D[Ala]-deltorphin II, 30, 300, e 1000 ng δ- agonista Gabazine 10ng GABAA - antagonista CTOP 100ng µ-antagonista naloxone hydrochloride Antagonista opióide

Método Estudo Eletromiografico (EMG) Animais anestesiados com isoflurano (anestesia leve). Eletrodo bipolar de agulha concêntrica foi inserido no bíceps femoral lateral. Diferentes filamentos de Von Frey foram utilizados seqüencialmente para identificar o limiar de retirada. Limiar de retirada foi determinado como o filamento de Von Frey que produziu atividade de EMG 10% maior que a atividade basal. Os animais foram dividos em grupos P21 e P40 e avaliados por EMG antes e depois de estimulação da MVR

Método Excitabilidade reflexa espinhal

Método Colocação de bomba osmótica de Naloxona. Soluções: Hidrocloreto de Naloxona Metiodeto de Naloxona Idade: P14, P21 e P28. Infusão: Infusão de 1 µL por hora por 7 dias Avaliação EMG antes e após estimulação da MVR. Outro grupo com Morfina ou Solução salina em ratos com P7. Recebeu droga por 7 dias e aguardou até P21 para avaliação.

Método Avaliação comportamental dos limiares mecânicos de retirada. Aplicação de filamentos de Von Frey na pata. O filamento que provoca duas respostas de retirada era considerado o limiar de retirada. Injeção intra-peritoneal Injeção de hidrocloreto de naloxona (2 mg/kg), metiodeto de naloxona (2 mg/kg), sulfato de morfina (2 mg/kg), CTOP (0.1 mg/kg), ou solução salina Reavaliação após 30min.

Método Imunohistoquímica Reação de cadeia de polimerase Imunohistoquímica para receptor µ-opioide foi feita em tecido cerebral de animais tratados com hidrocloreto de naloxona ou solução salina entre P21 e P28. O número médio de células positivas para receptores na região da MRV por grupo foi calculado e comparado. Reação de cadeia de polimerase RNA foi retirado de ratos P21 e P40 e utilizados para síntese de DNA. Primes para receptores µ-, κ-, e δ-opióides foram utilizados e um sistema baseado em verde foi utilizado para detecção.

Método Estatística Testes t-student, ANOVA, Kruskal-Wallis

Resultados Ativação de receptor µ-opióide na MVR facilita o reflexo de retirada em ratos jovens e inibe em adultos.

Resultados Os reflexos nociceptivos na pré-adolescencia estão sob controle facilitatório tônico pelos receptores opióides, mediados em parte pela MVR.

Resultados Atividade de opióides endógenos durante um período crítico na pré-adolescencia é fundamental para maturação funcional do controle supra-espinhal inibitório de dor exercido pela MVR.

Resultados Imunohistoquímica

Resultados PCR

Resultados Administração crônica de morfina no início da vida acelera a maturação do controle inibitório exercido pela MVR.

Discussão Embora o conhecimento à respeito das vias neurais e sistema de neurotransmissores que medeiam o controle inibitório de dor descendente tenha crescido, falta o entendimento de como estas vias se estabelecem no inicio da vida e como se dá seu amadurecimento ainda é escasso. Os resultados deste trabalho apontam para um papel chave da rede de modulação da dor na maturação das vias de controle descendentes. Devido o fato das células “On” serem responsáveis pela expressão de receptores µ, especula-se que esta sejam as células que sofrem modificação pela sinalização opióide. O período pós-natal, seja em humanos ou animais, é caracterizado por baixo limiar para estímulos térmicos e mecânicos, assim como resposta inapropriada e exagerada à estímulos nóxicos.

Discussão Importância das vias descendentes no desenvolvimento pós-natal. A presença de facilitação tônica surgindo da ativação da MVR por opióides endógenos em animais jovens parece contribuir com a excitabilidade dos circuitos nociceptivos espinhais nestes animais. O desenvolvimento das vias supraespinhais descendentes ocorre durante um período crítico relativamente tardio na vida pós-natal, durante a 4ª semana. Neste período, sinalização feita por opióide é necessária para mudança facilitação para inibição na via descendente.

Conclusão Ratos pré-adolescentes tem um sistema de controle tônico de dor descendente mediado por receptor µ-opióide que facilita transmissão de dor, ao invés de inibir. Com amadurecimento do sistema, este torna-se inibitório. O surgimento deste balanço facilitação/inibição depende de níveis normais de atividade opióide do SNC durante um período crítico.