A PESQUISA ANTROPOLÓGICA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Método Etnográfico Texto inicial de: Cristiane Rodrigues da Silva
Advertisements

Investigação Qualitativa: caminhos e possibilidades
O que é Antropologia?.
ABRIR O CORAÇÃO A DEUS CONHECER-ME EM DEUS
Antropologia: o texto Aspectos introdutórios:
Técnicas e métodos de observação em Psicologia
OS TRÊS ENFOQUES DE PESQUISA
Autor: Leonardo Almeida da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
 .
3. Fundamentação Teórica Referências Bibliográficas
Projeto Introdução Modalidade Tema Problemática
Afeto e Comunicação Afetiva
A Evolução da Ciência Do medo à Ciência.
CONTEÚDOS ESCOLARES E DESENVOLVIMENTO HUMANO : QUAL A UNIDADE ?
Por Que o Pesquisador Social Utiliza a Estatística
Pesquisa-ação: uma introdução metodológica
A NATUREZA DAS CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
O senso comum como ponto de partida. Estudo da pág. 10 a 16.
EDUCAÇÃO É UM ATO POLÍTICO
O que é Construtivismo ? Fernando Becker
Desenvolvimento de PROJETOS.
Há sempre uma razão que nós desconhecemos.
Como se manter motivado no trabalho
Gabarito do capítulo 8: O desenvolvimento da antropologia social.
O DESTINO DE CADA UM....
Questionário Sociolinguístico
CAP 14 – A IMPORTÂNCIA DA CULTURA
Num primeiro momento, a intervenção será identificar as relações do professor com o conhecimento matemático ao utilizar a calculadora, para isso é preciso.
MISSÃO, VISÃO E VALORES.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Sensibilização das Famílias e Comunidades para o Desenvolvimento da Primeira Infância 1 1.
Teorias de Motivação As teorias motivacionais oferecem explicações para o que leva as pessoas a agirem desta ou daquela forma e como você pode convencê-las.
Disciplina: Estágio Supervisionado I
Sociologia e sociologia e senso comum
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Aprendizagem-Ação no Projeto CSPS – ENAP “Desenvolvimento de Capacidade de Governança”
Filosofia O que é filosofia?.
Conceito de TEMPO SCHIMIDT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004.
1ª aula Profª Karina Oliveira Bezerra
O Desenvolvimento da Antropologia social.
Profª. Taís Linassi Ruwer
Uma introdução meteórica
O QUE É FILOSOFIA ?.
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
Revisão para prova de Ciência Sociais Grupo 1 – Antropologia Observação: Essa revisão consiste em orientar os estudos e não substituir a revisão dos.
NO ESFORÇO DE COMPREENDERMOS A REALIDADE
Os pais fundadores da etnografia
TÉCNICAS DE ENSINO: instrumental teórico-prática
Aula 2. Metodologia científica- Conhecimento
Antropologia Sociologia Prof. Jorge.
Retomada de conceitos: aula 3 (Saber sobre o que está distante)
PIAGET. Fatos psicogenéticos (Driver, Asoko, Leach, Mortimer & Scott, 1999; Montoya, 2004)  Evidenciam a necessidade urgente de abolir, no campo educacional,
Os pesquisadores-eruditos do século XIX (evolucionismo cultural)
Professor Douglas Pereira da Silva
ANTROPOLOGIA JURÍDICA
ANTROPOLOGIA.
TÉCNICA DE PESQUISA OBSERVAÇÃO
O que é Sociologia?.
Curso de Ciências Biológicas FILOSOFIA DA CIÊNCIA Faculdade Católica Salesiana Faculdade Católica Salesiana Prof. Canício Scherer.
Positivismo.
Max Weber.
Tipos de conhecimento e método científico
Aula sobre Ciência, método, pesquisa Profa. Lílian Moreira.
KARL JASPERS
PESQUISA QUALITATIVA MÉTODOS, TÉCNICAS, INSTRUMENTOS.
CULTURA: uma palavra muitas definições
Pesquisa Qualitativa CONHECIMENTO:
CIENCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Introdução aos estudos da Antropologia da Educação.
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Transcrição da apresentação:

A PESQUISA ANTROPOLÓGICA ISABEL MILANEZ OSTROWER

CONTEXTO HISTÓRICO Séc. XIX: Expansão da indústria e consolidação da sociedade capitalista Imperialismo: exploração de novas colônias. “Missão civilizadora”: conquista e dominação exigiam justificativas que ultrapassavam os interesses econômicos.

Antropologia evolucionista Primeira corrente da Antropologia Existe uma espécie humana idêntica, mas que se desenvolve em ritmos desiguais. As culturas passam por estágios evolutivos e a civilização europeia seria o auge. O que importa não é uma prática intensiva, mas uma compreensão extensa de todas as culturas.

Antropologia evolucionista Explicava as diferenças culturais entre os grupos humanos como resultado de diferentes níveis técnicos e econômicos e não como consequência de predisposições congênitas, como ditava o determinismo biológico. Legado do evolucionismo: antirracismo.

Século XX: do gabinete ao campo O pesquisador deixa seu gabinete para compartilhar a intimidade dos que devem ser não só informantes, mas anfitriões que recebem e ensinam. As informações obtidas por intermediários são substituídas pela compreensão por dentro. A antropologia se torna uma atividade ao ar livre.

“Vivendo na aldeia, sem quaisquer responsabilidades que não a de observar a vida nativa, o etnógrafo vê costumes, cerimônias, transações etc., muitas e muitas vezes; obtém exemplos de suas crenças tais como os nativos realmente as vivem. Então, a carne e o sangue da vida nativa real preenchem o esqueleto vazio das construções abstratas. É por esta razão que o etnógrafo, trabalhando em condições como estas, é capaz de adicionar algo essencial ao esboço simplificado da constituição tribal.” (Malinowski, Os argonautas do Pacífico Ocidental, 1922)

Boas e Malinowski os pais fundadores da etnografia Boas: critica o evolucionismo e desenvolve o “particularismo histórico”: cada cultura segue seus próprios caminhos. Um costume só tem significado se estiver relacionado ao contexto social no qual se inscreve. Não se pode confiar em investigadores, apenas “o mergulho na vida nativa” pode dar conta de uma microssociedade.

Bronislaw Malinowski (1884-1942) Foi o primeiro a conduzir cientificamente uma experiência etnográfica. Entre 1915 e 1918 desenvolveu pesquisas na Ilhas Trobriand (Nova Guiné) procurando compreender a mentalidade dos nativos. Cada sociedade encontra soluções distintas para as mesmas questões e isso deve ser respeitado e valorizado.

Etnografia nas Ilhas Trobriand

Observação participante Longo processo de investigação e convivência com o grupo estudado. Substitui as informações superficiais e questionários inadequados pelo estudo sistemático das sociedades. O investigador “mergulha” na vida nativa, penetra na cultura, desvenda significados, guiado por suas informações e não por teorias externas à realidade estudada.

CADERNO DE CAMPO

REGISTRO FOTOGRÁFICO

REGISTRO VIDEOGRÁFICO

ENTREVISTA

Entrevistando “Nas conversas informais e nas entrevistas, o ‘nativo’ explica a sua linguagem, justifica e tenta entender as suas e as ações dos outros ‘nativos’ ou mesmo revela segredos mantidos velados a outros estranhos”. (Alba Zaluar, 1986)

Princípios metodológicos A observação participante não é simples coleta de dados, mas supõe uma relação social É preciso ficar atento a humores, silêncios, disponibilidade e empatia. Como não se trata de um trabalho de investigação policial, vale sinceridade, respeito, responsabilidade e transparência.

Princípios metodológicos Por mais que tente apreender “o ponto de vista nativo”, o pesquisador é diferente do grupo pesquisado. Seu papel de pessoa de fora terá que ser afirmado e reafirmado. Não deve enganar os outros, nem a si próprio. Além de observador, ele está sempre sendo observado.

Princípios metodológicos Um trabalho de campo se fez geralmente com um intermediário que abre as portas. Este informante-chave passa a ser colaborador da pesquisa. Pode até influenciar nas interpretações do pesquisador.

Princípios metodológicos É preciso observar, ouvir, ver, interagir e fazer uso de todos os sentidos. É preciso aprender quando perguntar e quando não perguntar, assim como que perguntas fazer na hora certa. Às vezes, os dados podem vir ao pesquisador sem que ele faça qualquer esforço para obtê-los.

Princípios metodológicos Desenvolver rotina de trabalho. Não se deve recuar em face de um cotidiano que se mostra repetitivo. Observar e anotar sistematicamente – inclusive o que, a princípio, parece banal e corriqueiro. A presença constante contribui para gerar confiança no grupo estudado.

Princípios metodológicos O pesquisador é “cobrado”, sendo esperada uma “devolução” dos resultados do seu trabalho. “Para que serve esta pesquisa?” “Que benefícios ela trará para o grupo?” Ao antropólogo não interessa, a priori, resolver os problemas das pessoas, mas entender como as pessoas resolvem seus problemas.

BOA TARDE OBRIGADA