DESAFIOS DA ROTINA DIÁRIA: A VISÃO DOS PACIENTES PORTADORES DE OSTOMIA INTESTINAL Dayse Carvalho do Nascimento Enfermeira, Mestre, Estomaterapeuta, coordenadora da Comissão de Curativos HUPE/UERJ, tutora do curso de Estomaterapia da UERJ Carolina Costa Chagas Enfermeira especialista em Clínica Médica

Introdução A rotina de trabalho e o cotidiano dentro das enfermarias possibilitam ao enfermeiro/residente uma enriquecedora troca de experiências com os pacientes, ajudando a fortalecer a relação entre o cuidador e o cuidado. Uma das situações vividas de grande destaque durante este período foi a admissão e o contato direto com pacientes ostomizados ou com previsão de confeccionarem uma ostomia intestinal: abertura de uma boca ou comunicação entre o intestino e o exterior com o intuito de completar a função desse órgão (POLETTO, 2013) Objetivos Identificar os principais desafios relatados pelos ostomizados em relação ao convívio com a ostomia intestinal Analisar a nova experiência cotidiana vivenciada pelos ostomizados

Método Pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, de caráter exploratório Registrada - CEP: 721286, em 09.07.14 Cenário: Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro Sujeito: ostomizados internados ou pós alta acompanhados por um grupo de apoio multidisciplinar por um período de 3 meses Coleta de dados: questionário semi-estruturado - Resolução 466/12 Análise dos dados: perspectiva de Bardin (BARDIN, 2000) onde os temas foram categorizados e codificados

Resultados e Discussão caracterização do sujeito (10): sexo:distribuição paritária, 60% brancos, 70% casados, 40% não trabalham, 60% nível fundamental, 40% católicos, 100% compreendem renda até 3 salários mínimos, causa básica: 40% - câncer de cólon, 50% possuem ostomia até 2 anos corpus: 10 questionários originaram 59 unidades de registro agrupadas em 7 temas, englobados em 4 categorias CATEGORIA 1: administração cotidiana do ostomizado para com o surgimento de atividades limitantes – abordagem dos fatores limitadores (caráter físico-biológico e socio-cultural) das atividades diárias devido a ostomia ”A ostomia impede de frequentar piscina, fui uma vez ... e a bolsa descolou” – ostomizado D

CATEGORIA 2: o conflito sentimental frente às possibilidades de comportamento do outro – abordagem da formação de choque de sentimentos e emoções do ostomizado diante do receio das reações do outro “...tinha vergonha e me sentia discriminado pelo jeito que me olhavam...” ostomizado H CATEGORIA 3: a diversidade emocional na compreensão da nova realidade – abordagem dos sentimentos, religião, sensações e emoções que tiveram para consigo mesmo diante da ostomia “...me sentia como uma inválida, não conseguia levar uma vida normal” ostomizado C CATEGORIA 4: a importância das orientações de saúde no suporte ao ostomizado – abordagem dos discursos acerca das orientações, instruções e esclarecimentos provenientes dos profissionais “... a troca de experiência no grupo e a explicação da enfermeira sobre tudo que quero saber me acalma...” ostomizado E

Conclusão O presente trabalho constatou que o ostomizado pode restabelecer sua vida dentro da sua rotina, mesmo diante dos desafios relatados frente a nova condição, já que estes podem ser minimizados e/ou resolvidos com apoio familiar e profissional calcado em discussões e trocas de experiências que propiciem o bem estar físico e mental. A inserção do ostomizado em grupo de apoio também demonstrou que o binômio paciente-profissional propicia uma integração facilitada no esclarecimento de dúvidas frequentes e comuns às pessoas ostomizadas.

Referências bibliográficas BARDIN, L. Análise de conteúdo.Lisboa: Edições 70, 2000. 281 p. MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde - 13. ed. - São Paulo: Hucitec, 2013 NASCIMENTO, C.M.S. et al. Vivência do paciente estomizado: uma contribuição para a assistência de enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Jul-Set; 20(3): 557-64. POLETTO, D.; SILVA, D.M.G.V. Viver com estoma intestinal: a construção da autonomia para o cuidado. Rev. Latino-Am. Enfermagem mar.-abr. 2013;21(2):[08 telas] SANTANA, J.C.B. et al. O significado de ser colostomizado e participar de um programa de atendimento ao ostomizado. Cogitare Enferm. 2010 Out/Dez; 15(4): 631-8