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Quino. Todo entendimento propriamente dito consiste numa compreensão de relações (un saisir des rapports). [Schopenhauer] É no movimento que tudo repousa.

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1 Quino

2 Todo entendimento propriamente dito consiste numa compreensão de relações (un saisir des rapports). [Schopenhauer] É no movimento que tudo repousa. (atribuído a Heráclito, século VI a. C.)

3 Analogias A devoção à música e a eleição dos clássicos/prática de uma doutrina espiritual/ processo de "canonização”; A devoção à música e a eleição dos clássicos/prática de uma doutrina espiritual/ processo de "canonização”;

4 A indústria cultural criou uma relação nova entre a ética e a estética cujas implicações ainda estamos longe de avaliar. A indústria cultural criou uma relação nova entre a ética e a estética cujas implicações ainda estamos longe de avaliar. "Adorno foi (...) bem severo com as práticas musicais comerciais vulgares, mergulhando por vezes na confusão os leitores que procuravam na Escola de Frankfurt uma filosofia libertadora que acompanhasse a evolução de seu gosto (...)" (FRANCFORT, 2009). "Adorno foi (...) bem severo com as práticas musicais comerciais vulgares, mergulhando por vezes na confusão os leitores que procuravam na Escola de Frankfurt uma filosofia libertadora que acompanhasse a evolução de seu gosto (...)" (FRANCFORT, 2009). É preciso negociar com a Indústria Cultural. É preciso negociar com a Indústria Cultural.

5 Ideally speaking, it (form) is felt to be something vital and growing, an organism, rather than a mould or framework[1] (MORRIS, 1972) Ideally speaking, it (form) is felt to be something vital and growing, an organism, rather than a mould or framework[1] (MORRIS, 1972)[1] [1] “Idealmente falando, é como se a forma fosse algo vital e em desenvolvimento, um organismo, mais do que um molde ou uma moldura”. [1]

6 Num mundo dependente da mercadoria, as taxonomias 1 vigentes surgem como um imperativo da propaganda-criadora-de- necessidades, sobretudo na América Latina [“periferia”] com sua falta de alternativas de fonte de informação e reflexão. Num mundo dependente da mercadoria, as taxonomias 1 vigentes surgem como um imperativo da propaganda-criadora-de- necessidades, sobretudo na América Latina [“periferia”] com sua falta de alternativas de fonte de informação e reflexão. [1][1] Taxonomia. Rubrica: biologia. ciência que lida com a descrição, identificação e classificação dos organismos, individualmente ou em grupo, quer englobando todos os grupos (biotaxonomia), quer se especializando em algum deles, como ocorre no caso da fitotaxonomia e da zootaxonomia. sistema de classificação dos seres vivos que se utiliza de variadas técnicas na formulação dos diversos agrupamentos naturais Disponível em (Acesso em 26/01/2009). http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=taxonomia&stype=k [1] http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=taxonomia&stype=k

7 Sociologia Com as Revoluções Industrial e Francesa, "a transformação da atividade artesanal (...) em atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade" (C. B. MARTINS, 1982, pp. 10-11). Com as Revoluções Industrial e Francesa, "a transformação da atividade artesanal (...) em atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade" (C. B. MARTINS, 1982, pp. 10-11). O desaparecimento do artesão independente teve um "efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas habituais de vida" (idem, pp. 11-12). O desaparecimento do artesão independente teve um "efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas habituais de vida" (idem, pp. 11-12).

8 Ainda sob o patrocínio palaciano, "nem Mozart nem Beethoven se consideraram como um novo tipo de compositor" (in RAYNOR, 1981, p. 405). Ainda sob o patrocínio palaciano, "nem Mozart nem Beethoven se consideraram como um novo tipo de compositor" (in RAYNOR, 1981, p. 405). O Kapellmeister — nome que continuava em uso embora suas funções já tinham-se modificado — O Kapellmeister — nome que continuava em uso embora suas funções já tinham-se modificado — Já não era apenas o criador da música para a corte. A demanda criada pelas editoras obrigava-o a executar um repertório determinado. Já não era apenas o criador da música para a corte. A demanda criada pelas editoras obrigava-o a executar um repertório determinado. Weber, Spohr e Wagner passavam a ser reconhecidos por suas habilidades como regentes e empreendedores e estreavam suas obras em outros festivais ou instituições (cf. RAYNOR, 1981, p. 405-406). Weber, Spohr e Wagner passavam a ser reconhecidos por suas habilidades como regentes e empreendedores e estreavam suas obras em outros festivais ou instituições (cf. RAYNOR, 1981, p. 405-406).

9 De Bach a Mendelssohn O representante máximo do modo antigo de divisão social do trabalho musical, Johann Sebastian Bach — artesão herdeiro do ofício de sua família —, foi “redescoberto” justamente por um dos primeiros compositores conhecidos da "nova ordem": Mendelssohn, filho de uma rica família burguesa de origem judaica e com vasta cultura. O representante máximo do modo antigo de divisão social do trabalho musical, Johann Sebastian Bach — artesão herdeiro do ofício de sua família —, foi “redescoberto” justamente por um dos primeiros compositores conhecidos da "nova ordem": Mendelssohn, filho de uma rica família burguesa de origem judaica e com vasta cultura. Seu pai, Abraham, era banqueiro e filho do filósofo Moses Mendelssohn, chamado de "Platão Moderno". Seu pai, Abraham, era banqueiro e filho do filósofo Moses Mendelssohn, chamado de "Platão Moderno".

10 Liturgia[1], partitura, áudio e vídeo [1] [1] o conjunto dos elementos e práticas do culto religioso (missa, orações, cerimônias, sacramentos, objetos de culto etc.) instituídos por uma Igreja ou seita religiosa Ex.: 2 conjunto das formas (palavras, gestos) utilizadas na realização de cada um dos ofícios e sacramentos; rito Ex.: 3 na Igreja oriental, a missa 4 ramo das ciências eclesiásticas cujo objeto é a história do culto católico e seu direito canônico. Disponível em: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=liturgia&stype=k&x=16&y =14 (acesso em 18/02/2009). http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=liturgia&stype=k&x=16&y =14

11 Apesar de a liturgia do concerto ser equivalente para qualquer sala do planeta, com seus vestidos longos, cabelos arrumados, fraques, jóias e intervalos para o uísque e conversas esnobes, na América Latina, é difícil alguém ir a um concerto esperando ver "picaretagem[1]". Apesar de a liturgia do concerto ser equivalente para qualquer sala do planeta, com seus vestidos longos, cabelos arrumados, fraques, jóias e intervalos para o uísque e conversas esnobes, na América Latina, é difícil alguém ir a um concerto esperando ver "picaretagem[1]".[1] Uma outra liturgia é praticada para os concertos "descontraídos" dos fins-de-semana em parques públicos, com jeans, yakissoba, cerveja e outros acessórios de camping do cidadão "cultivado". Uma outra liturgia é praticada para os concertos "descontraídos" dos fins-de-semana em parques públicos, com jeans, yakissoba, cerveja e outros acessórios de camping do cidadão "cultivado". Nesses casos, a amplificação eletrônica consentida "pasteuriza" o som para o qual não há exigências rigorosas. Nesses casos, a amplificação eletrônica consentida "pasteuriza" o som para o qual não há exigências rigorosas. [1][1] expediente próprio de picareta ('pessoa aproveitadora'); ação ardilosa, moralmente condenável, para a obtenção de compensações ou favores. Disponível em. (Acesso em 26/01/2009). [1]

12 No Brasil o hábito de se aplaudir de pé já na primeira ovação contrasta com os longos minutos de idas e vindas ao palco das grandes estrelas do showbis internacional, para receber aplausos de um público sentado. No Brasil o hábito de se aplaudir de pé já na primeira ovação contrasta com os longos minutos de idas e vindas ao palco das grandes estrelas do showbis internacional, para receber aplausos de um público sentado. Mais ainda com as vaias que artistas considerados "grandes" já receberam no I mundo, por falharem em seu métier. Mais ainda com as vaias que artistas considerados "grandes" já receberam no I mundo, por falharem em seu métier. A famosa frase atribuída a Karajan sobre o estudo diário do instrumentista* não tem validade por aqui. A famosa frase atribuída a Karajan sobre o estudo diário do instrumentista* não tem validade por aqui.

13 Stravinsky, em sua última década de vida produtiva, ensaiado por Craft, subia ao pódio para reger, andando de bengala, e foi possível assisti-lo voltar ao palco com dificuldade para receber os intermináveis aplausos. Stravinsky, em sua última década de vida produtiva, ensaiado por Craft, subia ao pódio para reger, andando de bengala, e foi possível assisti-lo voltar ao palco com dificuldade para receber os intermináveis aplausos. (Às vezes a sincera devoção à música pode ser cruel...) (Às vezes a sincera devoção à música pode ser cruel...)

14 Quando Baremboim regeu o Boléro quase sem se movimentar, no Waldbünne de Berlim, na década de 90, a atitude pôde ser considerada cult. Quando Baremboim regeu o Boléro quase sem se movimentar, no Waldbünne de Berlim, na década de 90, a atitude pôde ser considerada cult. Em meados do século XX, a mesma atitude tomada por Villa-Lobos, na Flórida, foi vista como desleixo. (Cf. MARTINS, J. C.., 1999, p. 168) Em meados do século XX, a mesma atitude tomada por Villa-Lobos, na Flórida, foi vista como desleixo. (Cf. MARTINS, J. C.., 1999, p. 168) Às vezes, — para demonstrar profunda sensibilidade — o público demora alguns segundos antes de explodir em aplausos, após uma interpretação "magistral"... Às vezes, — para demonstrar profunda sensibilidade — o público demora alguns segundos antes de explodir em aplausos, após uma interpretação "magistral"...

15 Novas mídias Da mesma forma que a música eletrônica e a música concreta sugerem um novo solfejo, o desenvolvimento da reprodutibilidade técnica criou novas formas de registro que se vieram somar à escrita musical. Da mesma forma que a música eletrônica e a música concreta sugerem um novo solfejo, o desenvolvimento da reprodutibilidade técnica criou novas formas de registro que se vieram somar à escrita musical. Em 1920, Bártok já apontava o caminho para uma pauta musical que acolhesse os doze sons sem hierarquizá-los (in AUTEXIER, 1981, pp. 74- 82). Em 1920, Bártok já apontava o caminho para uma pauta musical que acolhesse os doze sons sem hierarquizá-los (in AUTEXIER, 1981, pp. 74- 82).

16 Chailley Como diz Chailley, "os procedimentos da música clássica foram durante muito tempo aqueles da atual música popular" (1967, p. 129). "Uma partitura não era senão um rascunho que se destruía assim que as partes eram extraídas" (idem, ibidem, p. 125) Como diz Chailley, "os procedimentos da música clássica foram durante muito tempo aqueles da atual música popular" (1967, p. 129). "Uma partitura não era senão um rascunho que se destruía assim que as partes eram extraídas" (idem, ibidem, p. 125) "A escrita não era destinada em primeiro lugar ao [músico] prático. "A escrita não era destinada em primeiro lugar ao [músico] prático. Quando se procurava representar os sons, não é nem para compor nem para "ler" na execução, mas dentro de uma perspectiva teórica ou pedagógica, Quando se procurava representar os sons, não é nem para compor nem para "ler" na execução, mas dentro de uma perspectiva teórica ou pedagógica, Ou ainda para prestar homenagem a um texto venerado e julgado digno de ser transmitido à posteridade" (id., ibid., p. 12). Ou ainda para prestar homenagem a um texto venerado e julgado digno de ser transmitido à posteridade" (id., ibid., p. 12).

17 Embora polêmicas em cada caso, criações em multimeios, como o cinema ou o Cirque du Soleil, muitas vezes ultrapassam o mero entretenimento irresponsável ou descompromissado para tornarem-se expressões genuínas e profundas da sensibilidade humana contemporânea. Embora polêmicas em cada caso, criações em multimeios, como o cinema ou o Cirque du Soleil, muitas vezes ultrapassam o mero entretenimento irresponsável ou descompromissado para tornarem-se expressões genuínas e profundas da sensibilidade humana contemporânea. Assim como também o foram Poème Élétronique de Varése ou Gesang der Jüngingle, de Stockhausen, em seus registros fonográficos que a tecnologia disponível na época permitiu. Assim como também o foram Poème Élétronique de Varése ou Gesang der Jüngingle, de Stockhausen, em seus registros fonográficos que a tecnologia disponível na época permitiu.

18 Deixando de lado a arbitrariedade das fronteiras, um clássico passa pelo mesmo processo eletivo de uma canção que se torna “folclórica*” pela ação de diferentes forças, entre elas o imponderável. Deixando de lado a arbitrariedade das fronteiras, um clássico passa pelo mesmo processo eletivo de uma canção que se torna “folclórica*” pela ação de diferentes forças, entre elas o imponderável. As canções dos Beatles, trabalhadas por George Martin, certamente ainda serão ouvidas por sucessivas gerações, mesmo sem o apoio imediatista da grande e faminta publicidade. As canções dos Beatles, trabalhadas por George Martin, certamente ainda serão ouvidas por sucessivas gerações, mesmo sem o apoio imediatista da grande e faminta publicidade. O Köln Konzert de Keith Jarrett e a última apresentação de Benny Goodmann (que já havia tocado com Bártok), no Tivoli de Copenhague, não precisaram ser escritos para tornarem-se clássicos em formatos de áudio ou vídeo. O Köln Konzert de Keith Jarrett e a última apresentação de Benny Goodmann (que já havia tocado com Bártok), no Tivoli de Copenhague, não precisaram ser escritos para tornarem-se clássicos em formatos de áudio ou vídeo.

19 É possível existir uma música "clássica" sem uma escuta reverente? Será que ao recebermos levas de idéias européias fora do contexto de origem [Les Chants des nations*] e as utilizarmos apenas como ostentação ornamental desenvolvemos também certo ceticismo quanto aos dogmas (...)? (Otávio Frias, FSP, 7/1/06, p. 2)

20 * A des-ritualização da escuta da musical propiciada pelo MP3 torna a escuta musical mais ubíqua (onipresente) do que nunca: podemos ouvir música com fones de ouvido em qualquer lugar (num supermercado, num parque, num banco, numa igreja, no "Oval Office" do presidente dos EUA). A des-ritualização da escuta da musical propiciada pelo MP3 torna a escuta musical mais ubíqua (onipresente) do que nunca: podemos ouvir música com fones de ouvido em qualquer lugar (num supermercado, num parque, num banco, numa igreja, no "Oval Office" do presidente dos EUA). Em que medida essa dessacralização do ritual implica em banalização, em eliminação da aura que indica o especial, o profundo, o clássico? Em que medida essa dessacralização do ritual implica em banalização, em eliminação da aura que indica o especial, o profundo, o clássico?

21 Uma condição essencial do clássico é existir um cânone, isto é, uma seleção de obras mestras que materializem os paradigmas da obra clássica. Uma condição essencial do clássico é existir um cânone, isto é, uma seleção de obras mestras que materializem os paradigmas da obra clássica. Como um cânone pode co-existir com o Youtube, que é o espaço anti-canônico por excelência? Como um cânone pode co-existir com o Youtube, que é o espaço anti-canônico por excelência? Uma busca de uma obra clássica no Youtube traz versões que estão lado a lado sem ninguém para decidir qual o significado de cada uma para o contexto da cultura universal. Uma busca de uma obra clássica no Youtube traz versões que estão lado a lado sem ninguém para decidir qual o significado de cada uma para o contexto da cultura universal.

22 Nem em supermercado se encontra tanta liberdade de oferta. Pior ainda, não custam nada. Nem em supermercado se encontra tanta liberdade de oferta. Pior ainda, não custam nada. Se na sociedade capitalista o dinheiro é a medida do valor, não valem nada Se na sociedade capitalista o dinheiro é a medida do valor, não valem nada Com ênfase no valor e não no custo, porque uma coisa pode ocasionalmente não custar nada, mas ter valor, como uma refeição que a prefeitura subsidia para os pobres da cidade. Com ênfase no valor e não no custo, porque uma coisa pode ocasionalmente não custar nada, mas ter valor, como uma refeição que a prefeitura subsidia para os pobres da cidade.

23 O objetivo final de uma musicologia histórica é definir um cânone? O objetivo final de uma musicologia histórica é definir um cânone? Como isso poderá ser conciliado com um espaço aberto para a informação acrítica como um Youtube? Como isso poderá ser conciliado com um espaço aberto para a informação acrítica como um Youtube? O historiador que prognosticou o fim da história, pode ter errado em outras áreas, mas terá acertado em relação à História da Música? O historiador que prognosticou o fim da história, pode ter errado em outras áreas, mas terá acertado em relação à História da Música?

24 Ao contrário do que se esperaria, as oportunidades de divulgação em massa não facilitaram até agora a criação de referências paradigmáticas. Ao contrário do que se esperaria, as oportunidades de divulgação em massa não facilitaram até agora a criação de referências paradigmáticas. O efeito tem sido o contrário, o esvaziamento dos paradigmas culturais. O efeito tem sido o contrário, o esvaziamento dos paradigmas culturais.

25 Universidade: microcosmo de todo o saber humano: docência, pesquisa, criação e extensão O abuso da estatística é um fato em nossa era. As estatísticas são o grande "profeta" do mediano cuja única clarividência é apostar no óbvio. O abuso da estatística é um fato em nossa era. As estatísticas são o grande "profeta" do mediano cuja única clarividência é apostar no óbvio. Por outro lado, só uma abordagem democrática não- excludente seria capaz de trazer à tona todas as manifestações musicais, desde as mais primitivas e selvagens, até as mais requintadas e "cozidas" (cf. LÉVI- STRAUSS, 1964), incluindo as "picaretagens" presentes em todos os campos culturais. Por outro lado, só uma abordagem democrática não- excludente seria capaz de trazer à tona todas as manifestações musicais, desde as mais primitivas e selvagens, até as mais requintadas e "cozidas" (cf. LÉVI- STRAUSS, 1964), incluindo as "picaretagens" presentes em todos os campos culturais. “Os professores, que são quem outorgam a fama, interessam-se menos pela beleza do que pelos vais-e- vens e datas da literatura e pelas prolixas análises de livros que foram escritos para essas análises e não para o prazer do leitor” (Borges) “Os professores, que são quem outorgam a fama, interessam-se menos pela beleza do que pelos vais-e- vens e datas da literatura e pelas prolixas análises de livros que foram escritos para essas análises e não para o prazer do leitor” (Borges)

26 Paulo Francis: "a monarquia nos deu Mozart e a democracia Michael Jackson" Paulo Francis: "a monarquia nos deu Mozart e a democracia Michael Jackson"

27 A universidade, na resistência e na preservação das diferenças — como microcosmo de todo o saber humano (HARTKE, 1985) — deve abrigar as manifestações culturais e desenvolver ferramentas críticas. A universidade, na resistência e na preservação das diferenças — como microcosmo de todo o saber humano (HARTKE, 1985) — deve abrigar as manifestações culturais e desenvolver ferramentas críticas. Com todas as suas imperfeições, as universidades, os institutos de pesquisa e os centros culturais são hoje a utopia, no meio da barbárie da estatística. Com todas as suas imperfeições, as universidades, os institutos de pesquisa e os centros culturais são hoje a utopia, no meio da barbárie da estatística. É necessário considerar as diferenças culturais sem hierarquizá-las; estender um olhar crítico que possibilite o desenvolvimento de novas leituras, sem catequese; visando por fim uma taxonomia[1] não-hierarquizante. É necessário considerar as diferenças culturais sem hierarquizá-las; estender um olhar crítico que possibilite o desenvolvimento de novas leituras, sem catequese; visando por fim uma taxonomia[1] não-hierarquizante.[1]

28 Etnografia Um estudo de caso deve levar em conta as variáveis pertinentes a cada manifestação: Um estudo de caso deve levar em conta as variáveis pertinentes a cada manifestação: 1. o quanto de conhecimento musical é necessário; 2. quais as atribuições de um trabalhador musical deste ou daquele gênero; 3. que tipo de demanda; 4. público-alvo; 5. comprometimento com que forças sócio- econômicas etc.

29 Desvendar estratégias conscientes de ocupação de um campo cultural (Francfort 2007) Desvendar estratégias conscientes de ocupação de um campo cultural (Francfort 2007)

30 A própria música clássica aristocrático- burguesa européia, quando desprovida da liturgia do concerto, evidencia suas falhas e suas "picaretagens". A própria música clássica aristocrático- burguesa européia, quando desprovida da liturgia do concerto, evidencia suas falhas e suas "picaretagens". A partitura escrita não garante o valor da obra nem sua perenidade: para ser boa, a música não precisa ser escrita. A partitura escrita não garante o valor da obra nem sua perenidade: para ser boa, a música não precisa ser escrita.

31 Para a História Cultural, um compositor torna- se um clássico ou é "canonizado" através dos seguintes expedientes: 1. Ter sua imagem num museu ou estátua em praça pública; 2. Virar selo dos correios; 3. Ter seu nome associado à mercadorias (por ex.: Mozartkügel); 4. Ser autor de obras que participam de grandes dispositivos comemorativos (FRANCFORT, 2009). 5. Ou ainda, como brincou Millôr Fernandes, ter seu nome confundido com marcas de fabricantes de piano...[1]. [1]

32 Os critérios de pertinência à “Grande Arte” são sempre positivos: complexidade formal, precisão expressiva, valor moral. Os critérios de pertinência à “Grande Arte” são sempre positivos: complexidade formal, precisão expressiva, valor moral. Os critérios de pertinência às “artes menores” são negativos: a simplicidade formal, sentimentalidade, a vulgaridade". Os critérios de pertinência às “artes menores” são negativos: a simplicidade formal, sentimentalidade, a vulgaridade". A oposição entre erudita e popular "diz respeito muito mais à sua utilização do que à suas qualidades intrínsecas" (idem). A oposição entre erudita e popular "diz respeito muito mais à sua utilização do que à suas qualidades intrínsecas" (idem). "Não seria um sinal de novas maneiras de apropriação que consistem em desenclausurar os gêneros e buscar o afloramento das diferenças?". "Não seria um sinal de novas maneiras de apropriação que consistem em desenclausurar os gêneros e buscar o afloramento das diferenças?".

33 A partir da I Guerra, compositores e intérpretes fazem utilização da música popular comercial urbana (Ravel — "Il faut prendre le jazz au serieux" —, Ragtime e Tango de Stravinsky). A partir da I Guerra, compositores e intérpretes fazem utilização da música popular comercial urbana (Ravel — "Il faut prendre le jazz au serieux" —, Ragtime e Tango de Stravinsky). Esta "porosidade" tem como objetivo produzir uma outra coisa a partir de uma melodia de sucesso*. Esta "porosidade" tem como objetivo produzir uma outra coisa a partir de uma melodia de sucesso*. O cinema permite "audácias formais que atingem um público mais vasto que os concertos de música contemporânea (por ex.: Kubrick/Ligeti)". O cinema permite "audácias formais que atingem um público mais vasto que os concertos de música contemporânea (por ex.: Kubrick/Ligeti)". "O acesso ao status de standard, de grande sucesso faz perder toda característica distintiva de uma música determinada" (Francfort, 2009). "O acesso ao status de standard, de grande sucesso faz perder toda característica distintiva de uma música determinada" (Francfort, 2009).

34 Erudito x Comercial? "Esse processo de valorização ou desvalorização de obras ou práticas musicais permite pensar que a música, dependendo dos contextos, pode ser classificada sem problema como uma obra erudita ou comercial amplamente difundida". "Esse processo de valorização ou desvalorização de obras ou práticas musicais permite pensar que a música, dependendo dos contextos, pode ser classificada sem problema como uma obra erudita ou comercial amplamente difundida". "É o mesmo objeto, porém compreendido segundo categorias ontológicas distintas". "É o mesmo objeto, porém compreendido segundo categorias ontológicas distintas". Ontologia da arte de massa: unicidade e ubiqüidade*. Ontologia da arte de massa: unicidade e ubiqüidade*.

35 “Entre-deux” "À aparição de uma música de massa corresponde o surgimento de novos gêneros musicais que poderíamos classificar de 'intermediários' [moyens] que procedem ao mesmo tempo ou sucessivamente da música popular e da música erudita". "À aparição de uma música de massa corresponde o surgimento de novos gêneros musicais que poderíamos classificar de 'intermediários' [moyens] que procedem ao mesmo tempo ou sucessivamente da música popular e da música erudita". Dignidade de Duke Ellington; Charlie Parker com cordas; Goodmann com Bártok... Dignidade de Duke Ellington; Charlie Parker com cordas; Goodmann com Bártok...

36 "As músicas intermediárias (entre-deux) são muito mais representativas da (...) relação das sociedades contemporâneas com a música do que aquelas estritamente fiéis a uma lógica erudita de distinção". "As músicas intermediárias (entre-deux) são muito mais representativas da (...) relação das sociedades contemporâneas com a música do que aquelas estritamente fiéis a uma lógica erudita de distinção". "O termo popular remete no século XX à larga difusão de massa e à recepção "popular" da música (e não à sua produção nos meios camponeses folclóricos), "O termo popular remete no século XX à larga difusão de massa e à recepção "popular" da música (e não à sua produção nos meios camponeses folclóricos), Ao passo que o termo erudito remete à elaboração e à produção da música. Ao passo que o termo erudito remete à elaboração e à produção da música.

37 As técnicas de reprodução perturbaram (bouleverser) os usos sociais discriminantes da música: com o MP3 e o Youtube, a música clássica é dissociada de seu cerimonial e de sua liturgia do concerto (viagens, ingressos). As técnicas de reprodução perturbaram (bouleverser) os usos sociais discriminantes da música: com o MP3 e o Youtube, a música clássica é dissociada de seu cerimonial e de sua liturgia do concerto (viagens, ingressos). A abundância de informações pode ser encarada como uma ebulição transformadora do atual estado físico da matéria cultural? A abundância de informações pode ser encarada como uma ebulição transformadora do atual estado físico da matéria cultural?

38 Podem-se considerar os universos musicais em relação à cultura de massa com a mesma simplicidade que fez o cineasta alemão Werner Herzog no MIS de São Paulo, em 1980? Podem-se considerar os universos musicais em relação à cultura de massa com a mesma simplicidade que fez o cineasta alemão Werner Herzog no MIS de São Paulo, em 1980?...Quando disse não ser contra filmes como os Star Wars, argumentando que seria "muito chato" se todos fizessem cinema como ele. E concluía otimista: " — Aos poucos as pessoas vão-se acostumar com o meu jeito de fazer filmes"....Quando disse não ser contra filmes como os Star Wars, argumentando que seria "muito chato" se todos fizessem cinema como ele. E concluía otimista: " — Aos poucos as pessoas vão-se acostumar com o meu jeito de fazer filmes".

39 Referências bibliográficas AUTEXIER, Philippe. Béla Bartok, musique de la vie. Paris, Stock, 1981. AUTEXIER, Philippe. Béla Bartok, musique de la vie. Paris, Stock, 1981. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. São Paulo, Abril Cultural, Coleção Os Pensadores, 1975. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. São Paulo, Abril Cultural, Coleção Os Pensadores, 1975. BORGES, Jorge Luís. Prosa Completa, vols. 1, 2, 3 e 4. Madri, Ed. Bruguera, 1985. BORGES, Jorge Luís. Prosa Completa, vols. 1, 2, 3 e 4. Madri, Ed. Bruguera, 1985.

40 CÂMARA DE CASTRO, Marcos. Frucutuoso Vianna, orquestrador do piano. Rio de Janeiro, ABM Editorial, 2003. CÂMARA DE CASTRO, Marcos. Frucutuoso Vianna, orquestrador do piano. Rio de Janeiro, ABM Editorial, 2003. CHAILLEY, Jacques. La musique et le signe. Lne, Éditions Rencontre, 1967. CHAILLEY, Jacques. La musique et le signe. Lne, Éditions Rencontre, 1967. CRAFT, Robert. Stravinsky – crônica de uma amizade. Rio de Janeiro, Difel, 2002. CRAFT, Robert. Stravinsky – crônica de uma amizade. Rio de Janeiro, Difel, 2002.

41 DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Rio de Janeiro, Sextante, 2000. DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Rio de Janeiro, Sextante, 2000. DUBAL, David. Conversas com João Carlos Martins. São Paulo, Ed. Green Forest do Brasil, 1999. DUBAL, David. Conversas com João Carlos Martins. São Paulo, Ed. Green Forest do Brasil, 1999. FRANCFORT, Didier. Chants des nations musiques et cultures en Europe. Paris, Hachette, 2004. FRANCFORT, Didier. Chants des nations musiques et cultures en Europe. Paris, Hachette, 2004. FRANCFORT, Didier. Culture de la provocation. Réflexions interdisciplinaires : un objet pour l’histoire culturelle? Presses universitaires de Nancy, 2007 FRANCFORT, Didier. Culture de la provocation. Réflexions interdisciplinaires : un objet pour l’histoire culturelle? Presses universitaires de Nancy, 2007

42 FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (Trad. ABREU, José Otávio.). Rio de Janeiro, Imago, 1997. FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (Trad. ABREU, José Otávio.). Rio de Janeiro, Imago, 1997. HARTKE, Stephen. "Provincianismo universitário". In Caderno de música. São Paulo, ECA-USP, 1985, n. 14, p. 8. HARTKE, Stephen. "Provincianismo universitário". In Caderno de música. São Paulo, ECA-USP, 1985, n. 14, p. 8. LÉVI-STRAUSS, Claude. Le Cru et le cuit. Paris, Plon, 1964. LÉVI-STRAUSS, Claude. Le Cru et le cuit. Paris, Plon, 1964.

43 MARTINS, C. B.. O que é sociologia?. São Paulo, Brasiliense, 2007. Coleção "Primeiros Passos". MARTINS, C. B.. O que é sociologia?. São Paulo, Brasiliense, 2007. Coleção "Primeiros Passos". MORRIS, R. O.. The Structure of Music. London, Oxford University Press, 1972. MORRIS, R. O.. The Structure of Music. London, Oxford University Press, 1972. RAYNOR, Henry. História Social da Música. Rio de Janeiro, Zahar, 1981. Tradução de Nathanael Caixeiro RAYNOR, Henry. História Social da Música. Rio de Janeiro, Zahar, 1981. Tradução de Nathanael Caixeiro

44 RICCIARDI, Rubens. Universos musicais. In Anais dos encontros de musicologia de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, Funpec, 2009 (no prelo). RICCIARDI, Rubens. Universos musicais. In Anais dos encontros de musicologia de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, Funpec, 2009 (no prelo). SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre, LP&M, 2006. SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre, LP&M, 2006. STRAVINSKY, Igor. Poetics of Music. Harvard University Press, 1970. STRAVINSKY, Igor. Poetics of Music. Harvard University Press, 1970.

45 VALÉRY, Paul. Oeuvres. Bibliotèque de la Pléiade, vols I et II, Éditions Gallimard, 1960. VALÉRY, Paul. Oeuvres. Bibliotèque de la Pléiade, vols I et II, Éditions Gallimard, 1960. ZWANG, Gérard. L’oreille absolue et le diapason dit baroque. In La Revue Musicale, ns. 368-369. Paris, Éditions Richard-Masse, 1984. ZWANG, Gérard. L’oreille absolue et le diapason dit baroque. In La Revue Musicale, ns. 368-369. Paris, Éditions Richard-Masse, 1984.


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