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AS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE LEITURA: Fábula de La Fontaine

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Apresentação em tema: "AS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE LEITURA: Fábula de La Fontaine"— Transcrição da apresentação:

1 AS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE LEITURA: Fábula de La Fontaine
Uma rã viu um boi que tinha uma boa estatura. Ela, que era pequena, invejosa, começou a inflar-se para igualar-se ao boi em tamanho. Depois de algum tempo, disse:  Olhe-me, minha irmã, já é o bastante? Estou do tamanho do boi?  De jeito nenhum.  E agora?  De modo algum.  Olhe-me agora.  Você nem se aproxima dele. O animal invejoso inflou-se tanto que estourou. É sabido que o texto não é história de animais porque certos termos como invejosa e disse, bem como a vontade de igualar-se ao boi são elementos próprios do ser humano. A reiteração do traço semântico de significado humano obriga a ler a fábula como uma história de gente.

2 Os elementos com o traço humano são os desencadeadores de um plano de leitura não integrado ao plano de leitura inicialmente proposto. Pois os termos rã e boi propõem inicialmente um plano de leitura: uma história de bichos. Entretanto, à medida que vamos lendo o texto, os elementos que contêm traço humano não permitem mais que se leia a fábula como história de animais, desencadeando um novo plano de leitura: a fábula passa a ser lida como história de homens. A recorrência de traços semânticos estabelece a leitura que deve ser feita do texto. Há várias possibilidades de interpretar um texto, mas também há limites. Certas interpretações se tornarão inaceitáveis se levarmos em conta a conexão e a coerência entre seus vários elementos. Essa coerência é garantida, entre outros fatores, pela redundância, a repetição, a recorrência de traços semânticos ao longo do discurso.

3 Para perceber essa reiteração o leitor deve tentar agrupar os elementos significativos (figuras ou temas) que se somam ou se confirmam num mesmo plano do significado. FIGURAS são os elementos concretos presentes no texto. TEMAS são elementos abstratos. Há textos que permitem mais de uma leitura. As mesmas figuras podem ser interpretadas segundo mais de um plano de leitura. Leia o poema de Cecília Meireles, como exemplo:

4 Eu não tinha este rosto de hoje,
Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:  Em que espelho ficou perdida a minha face? Nos versos 1 e 5, ao dizer que não tinha este rosto e estas mãos com as características do momento presente, faz pressupor que, no passado, ele os tinha com características opostas.

5 Ao dizer no verso 9 “Eu não dei por esta mudança”, define dois planos distintos: um, do passado, outro do presente, ambos opostos entre si. Ao dizer “Eu não dei por esta mudança”, o poeta manifesta a sua perplexidade diante do contraste entre o que era e o que veio a ser. Quando se agrupam as figuras estamos perto de entender o tema do texto. No poema em pauta, por exemplo, é a decepção diante da consciência súbita e inevitável do envelhecimento. Esse texto pode ser lido como o envelhecimento físico, o que é indicado por termos como “magro”, “frias”. No entanto, outras figuras como “triste”, “amargo”, obrigam a ler o texto não como simples desgaste físico, mas como o desgaste psíquico, que se manifesta como a perda da energia, do entusiasmo, da alegria de viver.

6 O texto admite ao menos duas leituras: o desgaste material das coisas com o fluxo inexorável do tempo e o desgaste psíquico do ser humano com o passar do tempo. OBS: Entretanto, dizer que um texto pode permitir várias leituras não implica, de modo algum, admitir que qualquer interpretação seja correta nem que o leitor possa dar ao texto o sentido que lhe aprouver. E em que dispositivos podemos nos apoiar para controlar uma certa interpretação e impedir que ela seja pura invenção do leitor? Sem dúvida, o texto que admite várias leituras contém em si indicadores dessas várias possibilidades. No seu interior aparecem figuras ou temas que têm mais de um significado e que, por isso, apontam para mais de um plano de leitura. São relacionadores de dois ou mais planos de leitura. Há outros termos que não se integram a um certo plano de leitura proposto e por isso são desencadeadores de outro plano. Na fábula “A rã e o boi”, se não houvesse figuras com o traço humano, não se poderia interpretá-la como uma história de gente, esses termos são os desencadeadores desse plano de leitura.

7 EXERCÍCIO: Paisagens com cupim
João Cabral de Melo Neto No canavial tudo se gasta pelo miolo, não pela casca. Nada ali se gasta de fora, qual coisa que em coisa se choca. Tudo se gasta mas de dentro: o cupim entra nos poros, lento, e por mil túneis, mil canais, as coisas desfia e desfaz. Por fora o machado reboco vai-se afrouxando, mais poroso, enquanto desfaz-se, intestina, o que era parede, em farinha. E se não se gasta com choques, mas de dentro, tampouco explode. Tudo ali sofre a morte mansa o que não quebra, se desmancha.

8 Anote as palavras que mostram a oposição semântica de sentido/exterioridade/versus /interioridade/.
Anote palavras e expressões que mostram a oposição de sentido/silêncio/versus /ruído/. As coisas no canavial se acabam silenciosa ou ruidosamente, a partir de dentro ou de fora? Justifique sua resposta com elementos do texto. O agente da corrosão é o cupim. Com base nas múltiplas possibilidades de leitura, mostro o que simboliza o cupim. o tempo físico das secas e das intempéries, o tempo histórico da estagnação, o tempo psicológico da estreiteza de horizontes e da impotência. o homem com seu trabalho, com sua falta de capacidade de luta, com sua inércia. todos os agentes externos que correm as coisas. as causas indeterminadas de corrosão.

9 RESPOSTAS: Casca/miolo, Fora/dentro. Explode/desmancha. Silenciosamente a partir de dentro: “se gasta pelo miolo, não pela casca”, “entra nos poros, lento”. O tempo físico das secas e das intempéries, o tempo histórico da estagnação, o tempo psicológico da estreiteza de horizontes e da impotência.


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