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Ciência e Fé Estrutura do Curso I - Introdução

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Apresentação em tema: "Ciência e Fé Estrutura do Curso I - Introdução"— Transcrição da apresentação:

0 Ciência e Fé Módulo V – O caso Galileu (Parte 1)
Outubro de 2011 a Fevereiro de 2012

1 Ciência e Fé Estrutura do Curso I - Introdução
II - Filosofia grega e cosmologia grega III - Filosofia medieval e ciência medieval IV - Inquisição e Ciência V e VI - O caso Galileu VII - A revolução científica VIII - Darwin e a Igreja Católica IX - Os Argumentos Cosmológico e Teleológico X - Filosofia da Mente e Inteligência Artificial XI - Milagres e Ciência XII - Desafios ao diálogo entre Ciência e Fé 1

2 Índice Introdução Do nascimento de Galileu até 1616
Os acontecimentos de 1616 De 1616 até ao processo de 1633 Da sentença de 1633 até à morte de Galileu O caso Galileu até aos nossos dias Conclusão

3 Introdução Nicolau Copérnico (1473-1543)
1473: nasce em Toruń, na Polónia; tem familiares na Ordem Terceira de S. Domingos; Nicolau e o seu irmão André, seguem a carreira eclesiástica; sua irmã mais velha torna-se freira e chega a Abadessa de Culm 1491: Nicolau é aluno da Universidade de Cracóvia 1497: o Bispo de Cracóvia envia Nicolau e o seu irmão para estudar para Itália (Universidade de Bolonha); Nicolau estuda, entre outras coisas, Direito Canónico 1500: Nicolau e o seu irmão estão em Roma para assistir ao Jubileu; Nicolau dá palestras sobre astronomia na Cidade Eterna : estuda Medicina e Jurisprudência em Pádua e Ferrara : exerce medicina em Heilsberg 1514: Leão X pede a opinião técnica de Copérnico acerca da revisão do calendário litúrgico; Copérnico tem um papel importante na reforma do calendário gregoriano (final do séc. XVI) Final da década de 1520: Nicolau torna-se administrador da diocese de Frauenburg 1537: o rei da Polónia, Segismundo, coloca Copérnico na lista de possíveis sucessores para o então vago cargo episcopal em Ermlund; especula-se que, por isso, ele teria recebido as ordens maiores; no entanto, não há registo histórico de uma ordenação sacerdotal de Copérnico Fontes: 3 3

4 Introdução O “De Revolutionibus”
1543: é impressa em Nuremberga a sua principal obra De revolutionibus orbium coelestium, “Das revoluções dos orbes celestes”, dedicada ao Papa Paulo III, na qual expõe o novo modelo Publicada sob pedido insistente do Cardeal Schömberg e Tiedemann Giese, Bispo de Culm Copérnico invocou a protecção papal para a obra, na esperança de a proteger dos ataques dos “matemáticos” (categoria que incluía certos filósofos que procuravam ridicularizar o novo modelo) Como todos os astrónomos antes de Kepler, Copérnico vai assumir órbitas circulares no seu modelo «Talvez alguns balbuciadores que se dizem juízes em astronomia sendo todavia completamente ignorantes sobre o tema e, distorcendo gravemente alguma passagem da Escritura para os seus fins, se atreverão a encontrar falhas na minha obra e censurá-la. Eu ignoro-os ao ponto de desprezar o seu criticismo como infundado. Pois é sabido que Lactâncio, um ilustre escritor mas dificilmente um astrónomo, fala de forma bastante infantil acerca da forma da Terra, quando goza com os que declaram que a Terra tem a forma de um globo. Assim, os estudiosos não devem ficar surpreendidos se alguma dessas pessoas me ridicularizar. A astronomia é escrita para astrónomos.» Fontes: Porque assume órbitas circulares, o modelo de Copérnico, para oferecer a mesma precisão do ptolemaico, precisa de um ou mais epiciclos por órbita! 4 4

5 Introdução O “De Revolutionibus”
Apesar da forte oposição ao heliocentrismo feita por teólogos e autoridades protestantes, do lado católico, nenhum Papa, nenhuma Congregação levantou qualquer questão à obra de Copérnico até 1616 Copérnico morre a 24 de Maio de 1543, em Frombork, diz-se que segurando um exemplar da sua obra O prefácio de Andreas Osiander (à revelia de Copérnico) em muito contribuiu para apaziguar as críticas: Copérnico, que estava convicto da realidade do seu modelo, teria considerado o prefácio como traição O sábio polaco, e a sua obra, gozaram de grande prestígio até à crise do caso Galileu «Ao Leitor, acerca das hipóteses desta obra: (…) É dever do astrónomo compor a história dos movimentos celestiais através de cuidadoso e experiente estudo. Então, ele deve conceber as causas destes movimentos ou hipóteses acerca deles. Dado que ele não pode de forma alguma chegar às verdadeiras causas, ele irá adoptar quaisquer suposições que permitam que os movimentos sejam calculados correctamente a partir dos princípios da geometria [quer] para o futuro assim como para o passado. O presente autor executou estes deveres de forma excelente. Pois estas hipóteses não têm que ser verdadeiras ou mesmo prováveis. Pelo contrário, se elas fornecem um cálculo consistente com as observações, isso é suficiente. (…)» Fontes: 5 5

6 Introdução O “De Revolutionibus” 6

7 Introdução O “De Revolutionibus”
«In medio uero omnium reſidet Sol. Quis enim in hoc pulcherrimo templo lampadem hanc in alio uel meliori loco poneret, quàm unde totum ſimul poſsit illuminare.» «No verdadeiro meio de tudo reside o Sol. Pois, neste belíssimo templo, quem colocaria esta lâmpada em melhor lugar do que aquele de onde tudo pode iluminar de igual modo?» Fontes: 7

8 Introdução Tycho Brahe (1546-1601)
Genial astrónomo dinamarquês (luterano) 1573: De nova stella, acerca da observação de uma supernova em Cassiopeia Brahe defende que esta “nova estrela” refuta a imutabilidade dos céus Pela ausência de paralaxe, defende que não pode ser um fenómeno atmosférico : Construção de Uranienborg, na ilha de Hven (hoje Suécia) 1581: Construção do observatório subterrâneo de Stjerneborg (ilha de Hven) 1598: Astronomiae instauratae mechanica, onde descreve os instrumentos Reuniu um conjunto único, pela sua precisão, de dados astronómicos Tycho recorreu a um quadrante mural para medir graus de elevação Os dados foram usados pelo seu assistente, Johannes Kepler ( ) Kepler publica em 1627 um importante catálogo de estrelas compilado ao longo de décadas com base nos dados de Tycho, as Tabulae Rudolphinae Brahe queria dedicar a obra ao Imperador Rodolfo II ( ), mas em o Imperador já era Fernando II ( ), a quem a obra é dedicada Fontes: 8 8

9 Introdução Uranienborg (“Castelo de Urano”)
Palácio construído para ser o observatório astronómico de Tycho, na ilha de Hven (Oresund) Construído entre 1576 e 1580 Uranienborg (Uraniborg em sueco, “castelo de Urano”): (da Astronomiae instauratae mechanica, 1598) (do Atlas Major, de Blaeu, 1663) 9

10 Introdução Stjerneborg (“Castelo das estrelas”)
Observatório subterrâneo de Tycho, construído perto de Uraniborg, por volta de 1581 Stjerneborg (“castelo das estrelas”): Nos dias de hoje: 10

11 Introdução Astronomiae Instauratae Mechanica (1598) 11

12 Introdução O sistema ticoniano 12

13 Introdução Johannes Kepler (1571-1630)
Genial matemático e astrónomo alemão (luterano) 1596: Kepler publica a sua importante obra sobre as órbitas planetárias, Mysterium Cosmographicum, que reflecte forte influência platónica : Trabalha em Praga como ajudante de Tycho Brahe 1604: Regista o aparecimento de uma supernova na Via Láctea, constelação de Ofiúco (SN1604), fenómeno que refuta a imutabilidade aristotélica dos céus 1609: Kepler publica a sua obra-prima, Astronomia Nova, fruto de dez anos de observações a Marte, enquanto trabalhava para Tycho Brahe A obra contém as primeiras duas leis de Kepler sobre o movimento planetário: Os planetas movem-se em órbitas elípticas com o Sol num dos focos A linha Planeta-Sol varre áreas iguais em iguais intervalos de tempo A proposta das órbitas elípticas não foi bem aceite: preferiam-se as órbitas circulares dos epiciclos Fontes: Kepler, Mysterium Cosmographicum (1596): Kepler, Astronomia Nova (1609): 13 13

14 Introdução Os dez adeptos do modelo de Copérnico no século XVI...
«Entre 1543 e 1600, não consigo encontrar mais de dez pensadores que adoptaram as principais teses da teoria heliocêntrica. Estes incluem Thomas Digges e Thomas Hariot em Inglaterra; Giordano Bruno e Galileo Galilei em Itália; Diego de Zuñiga em Espanha; Simão Stevino nos Países Baixos; e, na Alemanha, o maior grupo – Georg Joachim Rheticus, Michael Maestlin, Christopher Rothmann, e Johannes Kepler» Robert Westman (Univ. California, San Diego) “Between 1543 and 1600, I can find no more than ten thinkers who choose to adopt the main claims of the heliocentric theory. These include Thomas Digges and Thomas Hariot in England; Giordano Bruno and Galileo Galilei in Italy; Diego de Zuñiga in Spain; Simon Stevin in the Low Countries; and, in Germany, the largest group – Georg Joachim Rheticus, Michael Maestlin, Christopher Rothmann, and Johannes Kepler”. R. Westman Se nós nesta sala fôssemos todos intelectuais da segunda metade do século XVI, seríamos todos adeptos do geocentrismo: estatisticamente, nenhum de nós seria adepto do modelo de Copérnico! 14

15 Introdução Argumentos astronómicos a favor do geocentrismo
Paralaxe estelar Constância da luminosidade aparente das estrelas Visibilidade simultânea de exactamente metade da esfera celeste Excentricidades de Marte e Vénus e apogeu de Vénus Argumentos físicos a favor do geocentrismo Posição inferior dos corpos pesados e densos Propriedades da peneira Argumentos físicos contra o movimento diurno da Terra Aspectos gerais: senso comum, ausência de ventos contrários Queda vertical dos corpos Movimento dos projécteis Argumentos astronómicos contra o movimento anual da Terra Constante latitude do nascimento e ocaso das estrelas fixas. Constante altura do pólo celeste Desigualdade da noite e dia Movimento dos cometas (Tycho) Argumentos físicos contra o movimento da Terra em geral Corpos pesados preferem o repouso O movimento natural A luminosidade dos corpos Fontes: (Adaptado de Finocchiaro, p. 347) 15 15

16 Introdução O fenómeno da paralaxe estelar 16

17 Introdução O fenómeno da paralaxe estelar
Para se ter uma ideia da precisão, a estrela mais próxima da Terra, Proxima Centauri, ou “a Cen C” (Alfa Centauro é um sistema de três estrelas, sendo C a mais pequena), apresenta um desvio de paralaxe inferior a um minuto angular (0,772 arco-segundos). Ou seja, o desvio angular da posição aparente desta estrela, medido em posições opostas da órbita da Terra, é inferior a um arco-minuto, algo que é praticamente indetectável, e isto para a estrela mais próxima. 17

18 Introdução Passagens bíblicas usadas para defender o geocentrismo
Josué 10:12-13: «No dia em que o Senhor entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, Josué falou ao Senhor e disse, na presença dos israelitas. “Detém-te, ó Sol, sobre Guibeon; e tu, ó Lua, sobre o vale de Aialon.” E o Sol deteve-se, e a Lua parou até o povo se ter vingado dos seus inimigos. Isto está escrito no Livro do Justo. O Sol parou no meio do céu e não se apressou a pôr-se durante quase um dia inteiro.» Salmos, 19 [18]: 5-7: «[...] Deus fez, lá no alto, uma tenda para o Sol, donde ele sai, como um esposo do seu leito, a percorrer alegremente o seu caminho, como um herói. Sai de uma extremidade do céu e, no seu percurso, alcança a outra extremidade. Nada escapa ao seu calor». Salmos, 93 [92]:1: «O Senhor é rei, vestido de majestade; revestido e cingido de poder está o Senhor. Firmou o universo, que não vacilará.»´ Salmos, 104 [103]: 5: «Fundaste a terra sobre bases sólidas, ela mantém-se inabalável para sempre.» Eclesiastes, 1: 4-5: «Uma geração passa, outra vem; e a terra permanece sempre. O Sol nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar.» Fontes: Bíblia Sagrada. Franciscanos Capuchinhos (Lisboa/Fátima: Difusora Bíblica, 2001) Em latim: Josué 10:12-13: «tunc locutus est Iosue Domino in die qua tradidit Amorreum in conspectu filiorum Israhel dixitque coram eis sol contra Gabaon ne movearis et luna contra vallem Ahialon steteruntque sol et luna donec ulcisceretur se gens de inimicis suis nonne scriptum est hoc in libro Iustorum stetit itaque sol in medio caeli et non festinavit occumbere spatio unius diei.» Salmos, 18: 6-7: «in sole posuit tabernaculum suum et ipse tamquam sponsus procedens de thalamo suo exultavit ut gigans ad currendam viam suam: a summo caeli egressio eius et occursus eius usque ad summum eius nec est qui se abscondat a calore eius.» Salmos, 92:1: «Dominus regnavit gloria indutus est indutus est Dominus fortitudine et accinctus est insuper adpendit orbem qui non commovebitur» Salmos, 103: 5: «qui fundasti terram super stabilitatem suam et semen eorum ante faciem eorum perseverabit» Eclesiastes, 1: 4-5: «generatio praeterit et generatio advenit terra vero in aeternum stat. Oritur sol et occidit et ad locum revertitur ibique renascens» 18 18

19 Índice Introdução Do nascimento de Galileu até 1616
Os acontecimentos de 1616 De 1616 até ao processo de 1633 Da sentença de 1633 até à morte de Galileu O caso Galileu até aos nossos dias Conclusão 19

20 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu Galilei ( ) Galileu nasce a 15 de Fevereiro em Pisa, filho de Vincenzo Galilei : recebe instrução com os beneditinos de Vallombrosa : estuda em Pisa 1587: primeira viagem a Roma; conhece o astrónomo e matemático jesuíta Cristóvão Clávio (1537/ ); candidata-se ao cargo de professor de Matemática na Universidade de Siena, sem sucesso 1588: candidata-se a docente em Pisa, Siena, Pádua, Bolonha, e Florença; obtém em 1589 o cargo de professor de Matemática em Pisa, onde ficará até 1592 1591: morre o pai de Galileu 1592: obtém a cátedra de Matemática em Pádua, que manterá até 1610 1595: desenvolve a sua teoria sobre as marés, que implicaria o movimento da Terra; deverá datar desta época a sua adesão ao modelo de Copérnico 1603: Federico Cesi funda a Accademia dei Lincei (“Academia dos Linces”), com o patronato do Papa Clemente VIII. A instituição viria a ser dissolvida logo após a morte de Cesi, em 1630. 1606: nasce o filho de Galileu, Vincenzo Fontes: Galileu e Baldassare Capra: Em 1607, Capra publicou uma tradução defeituosa de um texto latino de Galileu como se fosse obra sua, sem referir o nome do verdadeiro autor. Sobre este episódio, diz Brandmüller: «Que Galilei por esta causa ficasse indignadíssimo e que insistisse numa satisfação [pública] é mais do que compreensível. Todavia, o modo com o qual ele procede em tal circunstância não pode senão espantar. (…). Após uma grande cena perante o tribunal académico, que se revelou penosa aos próprios juízes, foi proclamada a sentença ao som da trombeta, à frente de todo o corpo estudantil reunido, e depois procedeu-se», Brandmüller, pp 20 20

21 Do nascimento de Galileu até 1616
De onde vem o método demonstrativo de Galileu Galilei? Trata-se de uma questão muito complexa e longe de estar fechada Duhem (a tese “pioneira”): uma ligação aos “Doctores Parisiensis” Koyré: correntes neoplatónicas e neopitagóricas em voga na altura Randall / Edwards: aristotelismo de Zabarella (Pádua) Wallace: aristotelismo-tomismo do Collegio Romano (método “ex suppositione”) Galileu não usou o moderno método hipotético-dedutivo Esse método não é demonstrativo (dicotomia entre verosimilhança e falsificabilidade) Galileu orgulhava-se de ter criado um novo método demonstrativo Quer o método “ex suppositione” clássico, quer a variante adoptada por Galileu são métodos demonstrativos, variantes do silogismo “modus ponendo ponens” Influência forte do método experimental de Arquimedes Fontes: Artigos do Wallace 21 21

22 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu ( ) e os Jesuítas do Collegio Romano 1534: Inácio de Loyola ( ) funda o primeiro grupo com seis companheiros, em Montmartre 1540: Paulo III confirma a nova ordem religiosa 1551: Inácio funda o Collegio Romano 1567: O Collegio conta com mais de mil alunos O Ratio Studiorum de 1566 diz sobre a matemática: Predominava então no Collegio a visão do filósofo e professor de Lógica Paolo della Valla Segundo Valla, as abstracções matemáticas, tirando a quantidade, têm pouco a ver com a natureza Cristóvão Clávio ( ) vai mudar de forma radical o papel da Matemática no Collegio Romano «Acerca das matemáticas, o matemático deve ensinar, por esta ordem, os [primeiros] seis livros de Euclides, aritmética, as esfera [de Sacrobosco], cosmografia, astronomia, a teoria dos planetas, as Tabelas Afonsinas, óptica e o registo do tempo. Apenas no segundo ano os alunos de filosofia ouvirão estas aulas, mas por vezes, com permissão, também os estudantes de dialéctica.» Fontes: William Wallace, op. cit., pp Bernardo Machado Mota, O Estatuto da Matemática em Portugal nos séculos XVI e XVII, Faculdade de Ciências de Lisboa, 2008, pp Sobre Paulo Valla, ver ainda a Tese de Bernardo Machado Mota, op. cit., nota de rodapé 293 na pág. 137. A posição de Valla reflectia as preocupações aristotélicas (nos Analíticos Posteriores) com a completude demonstrativa. Assim, uma demonstração completa teria que referir as causas de um fenómeno ou de uma coisa natural. Para Valla, a Matemática trata da quantidade nua, sem menção de substâncias, que a matéria inteligível à qual a Matemática chega por abstracção da matéria sensível é meramente fictícia e não pode ser definida em termos de género ou diferença; que as matemáticas abstraem do movimento e de quaisquer outras forças naturais; que abstraem do bem e do ser pois estes não existem sob a forma matemática, e que abstraem de todos os tipos de causa e portanto não podem usar raciocínio causal em quaisquer das suas demonstrações. Ver Wallace, op. cit., p. 136. 22 22

23 Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino Presença em três continentes: Europa, América do Sul e Ásia 1540: Paulo III reconhece a nova ordem 1552: Brasil (via Portugal) 1568: México (via Castela) 1572: Perú (via Castela) 1583: Goa (via Portugal) 1605: Filipinas (via Castela) 1618: Japão (via Portugal) 23

24 Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino «The single most important contributor to the support of the study of physics in the seventeenth century was the Catholic Church and, within it, the Society of Jesus» (p. 2) «O mais importante contribuidor para o apoio do estudo da física no séc. XVII foi a Igreja Católica e, nela, a Companhia de Jesus» (p. 2). J. L. Heilbron, Electricity in the 17th and 18th Centuries 24 24

25 Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino – o Marquês de Pombal e a Universidade de Coimbra 1759: Pombal expulsa os Jesuítas, encerra a Universidade de Évora, e faz uma “reforma” à de Coimbra 1771: “Compêndio histórico do estado da Universidade de Coimbra”, libelo contra os “velhos estatutos” 1772: Novos estatutos da Universidade de Coimbra; restrições (sociais e financeiras) à admissão Quebra no número médio de alunos por ano após a “reforma” da Universidade de Coimbra: -70% ! Fontes Fernando Taveira da Fonseca, The Social and Cultural Roles of the University of Coimbra ( ). Some Considerations., E-Journal of Portuguese History, Vol. 5, N.º 1, Verão de 2007, pp. 3-5 (ver nota de rodapé n.º 8). Rómulo de Carvalho, História do Ensino em Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 25

26 A cratera “Clavius” na Lua
Do nascimento de Galileu até 1616 Galileu ( ) e os Jesuítas do Collegio Romano Cristóvão Clávio ( ) foi professor de Matemática no Collegio Nasceu em Bamberg, na Alemanha 1555: Inicia o percurso de formação Jesuíta : A estudar no Colégio Jesuíta da Universidade de Coimbra 1560: Muda-se para Roma, para estudar Teologia no Collegio 1564: Ordenado sacerdote; começa a dar aulas de Matemática no Collegio Obras: Comentários à Esfera de Sacrobosco (1570) Comentários aos Elementos de Euclides (1574, 1ª edição) Na 2ª edição (1589), faz uma vigorosa defesa da Matemática Geometria Practica (1604), Álgebra (1608) As obras matemáticas de Clávio foram usadas em todo o Mundo nos institutos da rede de ensino jesuíta (Ratio Studiorum de 1586 e seguintes) 1582: Matemático sénior da Comissão de reforma do Calendário (4 de Outubro de 1582 passa a 15 de Outubro no calendário gregoriano) Introduz a regra actual para o cálculo dos anos bissextos Fontes: William Wallace, op. cit., pp Dennis Smolarski, S.J., The Jesuit Ratio Studiorum, Christopher Clavius, and the Study of Mathematical Sciences in Universities, Science in Context 15(3), 447–457 (2002) A cratera “Clavius” na Lua 26 26

27 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu ( ) e os Jesuítas do Collegio Romano Enquanto leccionava em Pisa ( ), Galileu escreveu estas notas: : questões sobre nos Analíticos Posteriores (MS 27) 1590: questões sobre o De caelo e o De generatione (MS 46) 1590: questões sobre movimento local, esboços de um diálogo (MS 71) William Wallace mostra que elas se baseiam em textos do Colégio Romano As questões lógicas do MS 27 espelham um curso de Valla ( ), via plágio de Ludovico Carbone As questões físicas permitem paralelos com as obras dos professores Menu, Valla, Vitelleschi, Rugerius, Pereirus e Del Bufalo Sobre os problemas da queda dos corpos, Rugerius refere as soluções de Soto e Toledo: Domingos de Soto ( ), Filosofia em Alcalá (1520), Teologia em Salamanca (1532) Soto foi o primeiro a afirmar que a queda dos corpos é uniformemente acelerada Francisco de Toledo ( ), aluno de Soto, exegeta bíblico e professor no Collegio Sobre o movimento dos projécteis, Menu refere os alunos às obras de Temístio, Simplício, Filopono, Alberto Magno, Buridan, Alberto da Saxónia, Gratiadei, Paulo de Veneza, Scaliger, Domingos de Soto Fontes: Wallace, op. cit., pp. 4-5. Os três manuscritos referidos encontram-se na Biblioteca Nacional de Florença, na Colecção Galileana. O conteúdo do MS 27 está detalhado em Wallace, op. cit., O conteúdo do MS 46 está detalhado em Wallace, op. cit., A menção que Rugerius faz a Toletus e a Soto em Wallace, op. cit., p. 189. Francisco de Toledo (Toletus): Domingos de Soto: Domingo de Soto, Questões sobre a Física de Aristóteles (1545), ver Grant, op. cit., p. 121 Ver ainda diferença entre Galileu e os medievais segundo Grant, op. cit., p. 121 27 27

28 Do nascimento de Galileu até 1616
A “biblioteca medieval” de Galileu ( ) As obras de Arquimedes de Siracusa ( a.C.) Galileu usa uma edição veneziana (Paulo Manúcio, 1558) Preservadas durante a Idade Média pelo arquitecto bizantino Isidoro de Mileto (c. 530) Traduções para árabe por Ibn Qurra ( ) e para latim por Gerardo de Cremona (c ) Elementos de Euclides (séc. IV a.C.), trad. Campano de Novara Obras de Ptolomeu (vários) Os tratados de óptica de Alhazen (965-c. 1040) Tábuas Afonsinas (Afonso X de Castela e Leão, ) Os tratados de óptica de Vitelo (c.1230-c.1280/1314) Fontes: kqppimcb 28 28

29 O Teatro Anatómico de Fabrizio (1594)
Do nascimento de Galileu até 1616 Galileu e a Universidade de Pádua ( ) Já existia pelo menos em 1222, fundada por um grupo de alunos e professores da Universidade de Bolonha Duas faculdades: Direito e Teologia 1399: Divide-se em Direito, Artes e Teologia 1405: Pádua fica sob domínio da República de Veneza Muito marcada pelo aristotelismo e pelo averroísmo Herdou de Oxford/Paris a “nova física” do movimento Nos séculos XV e XVI desenvolveu a Medicina Figuras proeminentes: : Nicolau de Cusa ( ), Cardeal : Nicolau Copérnico ( ) : André Vesálio ( ) : Gabriel Fallopio ( ) : Jerónimo Fabrizio d’Acquapendente ( ) : Galileu Galilei ( ) Nicolau de Cusa adopta a teoria do ímpeto (Buridan, etc.) e faz trabalho pioneiro na área do cálculo infinitesimal Fontes: Filosofia do método científico/experimental em Pádua (Crombie, pp ): Agostino Nifo (c ) Jacopo Zabarella ( ) Nicolau de Cusa: «About the time that Paolo of Venice was teaching at Padua, Nicholas of Cusa came there to take his doctorate in law. Whether it was then that the latter became initiated in the physics of the School of Paris matters little, as in any event it was from Parisian physics that he adopted those doctrines that smacked least of Peripateticism. He became thoroughly conversant with the dynamics of impetus and, like Buridan and Albert of Saxony, attributed the motion of the celestial spheres to the impetus which God had communicated to them in creating them, and which was perpetuated because, in these spheres, there was no element of destruction. He admitted that the Earth moved incessantly, and that its motion might be the cause of the precession of the equinoxes. In a note discovered long after his death, he went so far as to attribute to the Earth a daily rotation. He imagined that the sun, the moon, and the planets were so many systems, each of which contained an earth and elements analogous to our Earth and elements, and to account for the action of gravity in each of these systems he followed closely the theory of gravity advanced by Oresme.» - Pierre Duhem, André Vesálio: Gabriel Falópio: Jerónimo Fabrizio d’Acquapendente: Galileu: Crombie, pp : «The momentous change that Galileo, along with other platonizing mathematicians like Kepler, introduced into scientific ontology was to identify the substance of the real world with the mathematical entities contained in the theories used to describe the ‘appearances’. The important practical result of this identification was to open the physical world to an unrestricted use of mathematics.» (p. 310) Grant, p. 121 O Teatro Anatómico de Fabrizio (1594) 29 29

30 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu e a Universidade de Pádua ( ) 1606: obra científica dedicada ao Grão-Duque da Toscânia: a estratégia de ascensão social de Galileu 1607: o caso de plágio do jovem milanês Baldassare Capra ( ), que acaba humilhado por Galileu 30

31 Do nascimento de Galileu até 1616
Os vários tipos de lente Fontes:

32 Do nascimento de Galileu até 1616
Lentes convergentes e lentes divergentes Fontes:

33 Do nascimento de Galileu até 1616
O telescópio galileano Objectiva convergente (plano-convexa ou biconvexa) e ocular divergente (plano-côncava ou bicôncava) Campo de visão muito estreito (Galileu sofreu!), mas a imagem sai direita Fontes:

34 Do nascimento de Galileu até 1616
O telescópio kepleriano (cfr. Dioptrice, 1611) Primeiro construtor: Christoph Scheiner, Rosa Ursina (1630) Maior campo de visão, mas sofre de aberração cromática (requer maiores distâncias focais, f1/f2) Imagem sai invertida Objectiva divergente (plano-convexa) Ocular divergente (plano-convexa) Fontes: All refracting telescopes use the same principles. The combination of an objective lens 1 and some type of eyepiece 2 is used to gather more light than the human eye could collect on its own, focus it 5, and present the viewer with a brighter, clearer, and magnified virtual image 6.

35 Do nascimento de Galileu até 1616
O telescópio kepleriano (cfr. Dioptrice, 1611) Christiaan Huygens ( ) descobre, em 1655, Titã, a primeira lua de Júpiter Giovanni Cassini ( ) descobre, em 1672, Reia, a quinta lua de Saturno O telescópio kepleriano de Huygens tinha 4 metros de comprimento e o de Cassini tinha 11 metros O telescópio de Johannes Hevelius ( ), com 45 metros de comprimento: frágil e pouco eficaz! Fontes: Gravura proveniente do livro de Hevelius, Machina Coelestis (primeira parte), 1673, disponível aqui:

36 Do nascimento de Galileu até 1616
O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610) Galileu dedica a obra ao Grão-Duque da Toscânia, Cosme II de Médicis ( ) Os satélites de Júpiter são apelidados de “medicea siderea” (planetas mediceanos) A obra lança Galileu para o estrelato: Galileu consegue o cargo de filósofo e matemático de Cosme II Galileu muda-se para a corte florentina a 7 de Setembro de 1610 Galileu, Sidereus Nuncius, Veneza, 1610 Cosimo II de Medici ( ) 36

37 Os satélites de Júpiter (fl. 25v)
Do nascimento de Galileu até 1616 O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610) As fases da Lua (fls. 8, 9v, 10, 10v) Os satélites de Júpiter (fl. 25v) Fontes: “Sidereus Nuncius” (digitalização do original): 37

38 Do nascimento de Galileu até 1616
O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610) O feito de Galileu chega cedo a Pequim, pela mão do missionário jesuíta Manuel Dias ( ) Na obra Tianwenlüe (“Sumário de Questões sobre o Céu”), de 1614, Manuel Dias retrata Saturno tal como Galileu o retratou: os dois círculos menores adjacentes a Saturno foram interpretados como planetas mas na verdade trata-se dos anéis de Saturno Galileu, Sidereus Nuncius, Veneza, 1610 Manuel Dias, Tianwenlüe, Pequim, 1614 38

39 Do nascimento de Galileu até 1616
A descoberta das fases de Vénus (Outubro-Dezembro de 1610) Galileu faz várias observações a Vénus entre Outubro e Dezembro de 1610 Descobre que Vénus, tal como a Lua, apresenta um ciclo completo de fases Estas observações refutam o sistema ptolemaico, no qual esse ciclo de fases não é possível Só dois sistemas eram compatíveis com as fases de Vénus: o de Copérnico e o de Tycho Galileu reporta a descoberta a Giuliano de Medici a 1 de Janeiro de 2011, defendendo-a como uma prova a favor do modelo de Copérnico; Galileu nunca defendeu o modelo de Tycho Galileu também deduz, desta descoberta, que os planetas não têm luz própria, e que a derivam do Sol Notas: Sobre a descoberta das fases de Vénus, ver ainda Henrique Leitão, prefácio da tradução portuguesa do “Mensageiro das Estrelas”, de Galileu, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 3ª Edição, Maio de 2010, pp 39

40 Do nascimento de Galileu até 1616
A Ciência na Aula da Esfera: Giovanni Lembo Giovanni Paolo Lembo (1570?-1618), matemático jesuíta Construiu telescópios galileanos no Collegio Romano Um dos 4 matemáticos que assinam o parecer a Bellarmino Entre leccionou a Aula da Esfera no Colégio de Santo Antão, e ensinou os alunos a construir telescópios galileanos  Os Jesuítas abandonam cedo o modelo ptolemaico No tempo de Clávio, mostram preferência pelo modelo heliocêntrico Depois da condenação do heliocentrismo, mudam para o de Tycho Azulejaria alusiva à Aula da Esfera (Colégio de Santo Antão o Novo, hoje Hospital de São José, em Lisboa)  Fontes: Lista de professores que leccionaram a Aula da Esfera: Azulejo ilustrativo da Aula da Esfera, Hospital de São José, Lisboa; imagem retirada de: Sobre a chegada das novidades telescópicas de Galileu a Portugal, ver ainda Henrique Leitão, prefácio da tradução portuguesa do “Mensageiro das Estrelas”, de Galileu, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 3ª Edição, Maio de 2010, pp

41 Do nascimento de Galileu até 1616
Bellarmino escreve aos matemáticos do Collegio Romano ( ) Bellarmino pergunta aos Jesuítas se aprovam as descobertas de Galileu: a multidão das estrelas da Via Láctea, a estrutura de Saturno, as fases de Vénus, a superfície lunar, e os satélites de Júpiter Fontes: 41

42 Do nascimento de Galileu até 1616
Os matemáticos do Collegio Romano respondem a Bellarmino ( ) Os matemáticos do Collegio Romano que assinam a carta confirmam as descobertas de Galileu Assinam: Cristóvão Clávio, Cristóvão Grienberger, Odo van Maelcote e Giovanni Paolo Lembo Clávio procura explicar as manchas lunares preservando a tese da regularidade da superfície lunar Fontes: 42

43 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu e a Accademia dei Lincei : Galileu é aceite na Accademia dei Lincei (6º membro) A Accademia foi fundada em 1603 por Federico Cesi ( ) Bartolomeo Cesi, tio de Federico, era Cardeal A Accademia foi fundada para fazer investigação científica através da observação, do método experimental e do método indutivo O nome escolhido inspira-se na capa da obra “Magia Naturalis”, de Giambattista della Porta, na qual surge um lince Galileu manteve sempre o orgulho de ser um “linceo” A Accademia foi muito importante pelo seu apoio à carreira de Galileu 1613: A Accademia publica a obra de Galileu "Istoria e dimostrazione intorno alle macchie solari" (cartas sobre as manchas solares) Nestas cartas, Galileu envolve-se em polémica com o jesuíta alemão (de Ingolstad) Christoph Scheiner (1573/5-1650) acerca da natureza das manchas solares 1623: A Accademia publica a obra de Galileu “Il Saggiatore” Nesta obra, Galileu envolve-se numa polémica mordaz com o matemático jesuíta Orazio Grassi ( ), do Collegio Romano, acerca da natureza dos cometas, nas sequência do cometa de 1618 Grassi assinava com o pseudónimo “Lotario Sarsi” Federico Cesi ( ) Fontes: "Istoria e dimostrazione intorno alle macchie solari" “Il Saggiatore” 43

44 Do nascimento de Galileu até 1616
Cristoph Scheiner (1573/ ) “Rosa Ursina sive Sol”, a principal obra de Scheiner sobre as manchas solares (Bracciano, 1626/30) A volumosa obra (780 páginas) principia com um vívido ataque a Galileu, logo no Livro I Fontes: Sobre as manchas solares e a polémica com Scheiner, ver ainda Henrique Leitão, prefácio da tradução portuguesa do “Mensageiro das Estrelas”, de Galileu, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 3ª Edição, Maio de 2010, pp 44

45 Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu em Roma (1611) 29 de Março: Galileu chega a Roma, no estatuto de uma espécie de “embaixador científico” dos Medici Galileu ofereceu telescópios a vários Cardeais Del Monte, Montalto, Acquaviva e Borghese 30 de Março: Galileu visita o Collegio Romano e encontra-se com Clávio, Grienberger e van Maelcote 2 de Abril: Galileu visita o Cardeal Maffeo Barberini (futuro Papa Urbano VIII, que condenaria Galileu) Galileu monta um telescópio nos jardins do Cardeal Ottavio Bandini (perto do Quirinal) 19 e 24 de Abril: troca de cartas entre Bellarmino e os matemáticos do Collegio Romano 22 de Abril: Galileu é recebido por Paulo V, que não o deixa estar ajoelhado (quebrando o protocolo) 25 de Abril: Federico Cesi dá um jantar para a recepção forma de Galileu na Accademia dei Lincei 13 de Maio: Galileu é recebido em apoteose no Collegio Romano, estando presentes vários cardeais Odo van Maelcote discursa sobre as descobertas de Galileu, confirmando-as em nome do Collegio Graças às descobertas de Galileu, o “decano” Clávio abandona de vez o sistema ptolemaico 31 de Maio: o Cardeal Del Monte escreve ao patrão de Galileu, o Grão-Duque da Toscânia: 4 de Junho: Galileu regressa a Florença: a sua digressão a Roma foi um completo sucesso Fontes: Annibale Fantoli, Galileo: for Copernicanism and for the Church, Vatican Observatory Foundation, Vaticano, 2003, pp Walter Brandmüller, Galilei e la Chiesa, ossia il diritto ad errare, Libreria Editrice Vaticana, 1992, Vaticano, pp A citação do Cardeal Del Monte surge na página 43. Sobre Galileu em Roma, ver ainda Henrique Leitão, prefácio da tradução portuguesa do “Mensageiro das Estrelas”, de Galileu, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 3ª Edição, Maio de 2010, pp Algumas datas foram recolhidas deste site: Alguns detalhes sobre as visitas de Galileu e a demonstração do telescópio nos jardins do Cardeal Ottavio Bandini em William Shea e Mariano Artigas, Galileo in Rome: the rise and fall of a troublesome genius, pp Parte desta obra está acessível via Google Books: «Se estivéssemos ainda no tempo da antiga República Romana, creio que certamente lhe seria erigida uma estátua em Campidoglio, para honrar a excelência do seu valor» 45

46 Do nascimento de Galileu até 1616
: Entra em cena a questão das Sagradas Escrituras Dez-1613: num jantar, Boscaglia, professor em Pisa, diz que o heliocentrismo é contrário à Bíblia A Grã-Duquesa Cristina interroga Benedetto Castelli, amigo de Galileu, sobre a questão : Galileu escreve a “Carta a Castelli” discutindo as relações entre Bíblia e Ciência Dezembro de 1614: sermão do frade Tommaso Caccini ( ), em Florença, contra Galileu Janeiro de 1615: o superior (dominicano) de Caccini escreve a Galileu a pedir-lhe desculpas 7 de Fevereiro: Niccolò Lorini, outro dominicano, escreve uma carta contra Galileu ao Cardeal Sfondrati A carta de Lorini chega à Inquisição, Caccini e outros são interrogados, mas tudo é arquivado 16 de Fevereiro: Galileu, sentido necessidade de se defender, escreve a Monsenhor Piero Dini 12 de Abril: Bellarmino escreve a Foscarini, Provincial dos Carmelitas na Calábria e amigo de Galileu: 1615: Galileu escreve “Considerações sobre a opinião copernicana” e “Carta à Grã-Duquesa Cristina” «(…) Vossa Reverência e o Senhor Galileu actuariam prudentemente limitando-se a falar hipoteticamente e não de modo taxativo, como aliás sempre fez Copérnico. (…) Digo que, se fosse verdadeira a demonstração de que o Sol está no centro do Universo e a Terra no terceiro céu, e que o Sol não gira em torno da Terra, mas a Terra em torno do Sol, então seria necessário ter muito cuidado ao explicar as Escrituras que parecem contrárias, dizendo eventualmente que não as entendemos, em vez de dizer que é falso aquilo que se demonstra. (…)» Fontes: 46

47 Do nascimento de Galileu até 1616
1615: A Carta à Grã-Duquesa Cristina ( ) No célebre jantar de Dezembro de 1613, nem a Grã-Duquesa nem Boscaglia ficaram convencidos com os argumentos de Castelli Galileu, consciente da importância de “ganhar” o apoio da mulher do seu patrono, escreve a “Carta à Grã-Duquesa Cristina” Na Carta, Galileu defende categoricamente o modelo de Copérnico: Galileu defende a inerrância bíblica e critica o absoluto literalismo: «(…) tenho, acerca da constituição das partes do mundo, que o Sol, sem mudar de lugar, permanece situado no centro das conversões dos orbes celestes, e que a Terra, girando sobre si mesma, move-se-lhe em torno (…)» «(…) se alguém, ao expô-la, se ficasse sempre pelo nú sentido literal, poderia, erradamente, fazer aparecer na Escritura não só contradições e proposições remotas da verdade, mas graves heresias e blasfémias: pois seria necessário atribuir a Deus pés e mãos e olhos, e não menos [atribuir-Lhe] afectos corporais e humanos, como de ira, de arrependimento, de ódio, e ainda por vezes o esquecimento das coisas passadas e a ignorância do futuro (…)» Fontes: Defende que a estabilidade ou movimento da Terra e do Sol não pertencem à doutrina (não são matéria “de fide”) nem aos costumes (à moral); o fito das Escrituras não é o de ensinar essas matérias 47


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