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O REALISMO DAS IDEIAS EM PLATÃO

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Apresentação em tema: "O REALISMO DAS IDEIAS EM PLATÃO"— Transcrição da apresentação:

1 O REALISMO DAS IDEIAS EM PLATÃO
Prof. Helder Salvador

2 PLATÃO: O SER E A UNIDADE

3 Platão e Aristóteles representam os dois cumes do pensamento grego.
Platão deve uma enorme parte de sua filosofia à Parmênides. Mas percebeu muito bem o ponto em que a filosofia de Parmênides fraquejava. Deve, também, outra parte de sua filosofia a Sócrates.

4 E numa passagem de O sofista, diálogo de Platão, se diz textualmente que “Parmênides confunde aquilo que é com a unidade do que isso é”. Isto é, que Parmênides confunde o que é, ou seja, a existência de algo, com a unidade do que isso é, ou seja, com a unidade das propriedades disso que existe. Confunde, pois, segundo Platão, o existir com o que eu chamo o consistir. Confunde a existência com a essência. Confunde o que mais tarde Aristóteles vai chamar "substância" com aquilo que a substância tem, ou seja, com o que a substância é, com sua essência. Uma essência, não por isto, não por essência, há de existir já.

5 Este erro, que Platão revela e descobre na filosofia de Parmênides, é, com efeito, fundamental. Consiste em confundir as condições formais do pensamento com as condições reais do ser. Assim, Platão está perfeitamente armado para desenvolver, com uma amplidão magnífica, alguns dos postulados contidos na filosofia de Parmênides e alguns outros que toma do seu trato pessoal com Sócrates. Vou, primeiramente, tentar fixar com muita brevidade aquilo que Platão deve a Parmênides e o que deve a Sócrates.

6 ELEMENTOS ELEÁTICOS NO PLATONISMO

7 A Parmênides deve Platão três elementos muito importantes de sua filosofia. Deve- lhe, em primeiro lugar, a convicção de que o instrumento para filosofar, ou seja, o método para descobrir aquilo que é, quem é o ser, quem existe, não pode ser outro que a intuição intelectual, a razão, o pensamento, o nous, como dizem os gregos.

8 Da identificação, que faz Parmênides entre o pensar e o ser, recolhe Platão este ensinamento: que o guia, que nos pode conduzir sem falha nem erro através dos problemas da metafísica, é o pensar, é o pensamento. Nosso pensamento é quem deve advertir-nos a cada momento: por aí vai bem; por aí vaí mal. O pensamento, na forma de intuição intelectual, é quem nos há de levar diretamente à apreensão do verdadeiro e autêntico ser.

9 Em segundo lugar, aprende e recebe de Parmênides a teoria dos dois mundos: do mundo sensível e do mundo inteligível. Porque se, efetivamente, a intuição sensível não serve para descobrir o verdadeiro ser, mas antes este há de ser descoberto por uma intuição intelectual, não pelos olhos do rosto, mas pelos interiores do espírito, o espetáculo do mundo, que o mundo oferece aos sentidos, é um espetáculo errôneo, falso, ilusório.

10 E junto, ou defronte, ou em cima, ou ao lado deste mundo sensível, está o outro mundo de puras verdades, de puros entes, de puras realidades existentes, que é o mundo inteligível. Essa divisão em dois mundos recebe-a, também, Platão de Parmênides, e faz uso dela.

11 E em terceiro lugar, Platão aprende de Parmênides ou de seu discípulo Zenão de Eléia - o autor dos argumentos antes expostos ­ a arte de discutir, a arte de aguçar um argumento, de polir uma argumentação, de contrapor teses; em suma, essa arte que Platão desenvolve em forma pessoal amplíssima e que leva o nome de Dialética.

12 INFLUÊNCIA DE SÓCRATES: O CONCEITO

13 Sócrates contribui para o cabedal da filosofia com umas quantas coisas de interesse fundamental. A primeira é a seguinte: Sócrates descobre o que denominamos os "conceitos". Como descobre Sócrates os conceitos? Porque lhe ocorre aplicar às questões morais, às questões da vida moral, o método que os geômetras seguem ao fazer sua ciência. Que fazem os geômetras? Reduzem as múltiplas formas sensíveis, visíveis, dos objetos a um repertório pouco numeroso de formas elementares que chamam "figuras".

14 Os geômetras apagam, por assim dizer, as formas complicadíssimas da realidade sensível e analisam essas formas e as reduzem a polígonos, triângulos, quadriláteros, quadrados, círculos, elipses; um certo número reduzido de formas e figuras elementares. E então se propõem, de cada uma dessas formas ou figuras elementares, como se diz no grego, "dar a razão", dar razão delas, explicá-las, dizer o que são, dar sua definição; uma definição que compreenda sua gênese e, ao mesmo tempo, as propriedades de cada uma dessas figuras.

15 A Sócrates ocorre o propósito de fazer com o mundo moral o mesmo que os geômetras fazem com o mundo das figuras físicas. No mundo moral há uma quantidade de ações, propósitos, resoluções, modos de conduta que se apresentam ao homem. Pois a primeira coisa que ocorre a Sócrates é reduzir essas ações e métodos de conduta a um certo número de formas particulares, concretas, a um certo número de virtudes; por exemplo: a justiça, a moderação, a temperança, a coragem.

16 E logo após ter feito de cada uma dessas virtudes ou formas primordiais da vida moral o mesmo que faziam os geômetras com suas figuras, aplica o entendimento, aplica a intuição intelectual, para chegar a dizer o que é a justiça, o que é a moderação, o que é a temperança, o que é a coragem, o que é o amor, o que é a compaixão.

17 Ora: "que é?" significa para estes gregos "dar a razão disso" encontrar a razão que o explique, encontrar a fórmula racional que o abranja completamente, sem deixar fresta alguma. E a essa razão que o explica, a esta fórmula racional denominam com a palavra grega logos.

18 Logos, antes de Sócrates, significava simplesmente conversa, palavra; possui desde então o sentido técnico filosófico que Sócrates lhe dá; e, a partir dele, possui em toda a filosofia, um sentido muito variável, que variou muito no decorrer da filosofia, mas que primordialmente é a razão que se dá de algo.

19 O que os geômetras dizem de unia figura, do círculo, por exemplo, para defini-lo, é o logos do circulo, é a razão dada do circulo. Do mesmo modo, o que Sócrates pede com afã aos cidadãos de Atenas e que lhe dêem logos da justiça, o logos da coragem. Dar e pedir logos é a operação que Sócrates pratica diariamente pelas ruas de Atenas.

20 Pois que é este logos senão o que hoje denominamos "conceito"
Pois que é este logos senão o que hoje denominamos "conceito"? Este é o conceito quando Sócrates pede o logos, quando pede que indiquem qual e o logos da justiça, que é a justiça, o que pede e o conceito da justiça, a definição da justiça. Quando pede o logos da coragem, o que pede é o conceito da coragem. Sócrates é, pois, o descobridor do conceito. Pois bem: o conceito de logos é algo que Platão recebe de Sócrates.

21 Mas, para Sócrates, o interesse fundamental da filosofia era a moral: chegar a ter das virtudes e da conduta do homem conceitos tão puros e tão perfeitos, que a moral pudesse ser aprendida e ensinada, como se aprendem e se ensinam as matemáticas, e que, por conseguinte, ninguém fosse mau. Porque a convicção de Sócrates é que aquele que é mau o é porque não sabe.

22 A TEORIA PLATÔNICA DAS IDEIAS

23 Esta convicção moral e profunda e esta ideia do conceito toma­-as Platão de Sócrates. Mas imediatamente estende, amplifica o uso do conceito, já não somente para a geometria, não somente para as virtudes, como Sócrates, mas, em geral, para a coisa - em geral. Converte, pois, Platão, o conceito no instrumento para a determinação de qualquer coisa em geral, e imediatamente põe em relação essa contribuição socrática com os ensinamentos recebidos de Parmênides; une a ideia de conceito, de logos, com a ideia de "ser" e com os atributos do ser parmenídico, e daí resulta, exatamente, a solução peculiar de Platão ao problema metafísico, sua teoria das ideias.

24 Veja-se uma passagem de Aristóteles em que explica como Platão chegou à sua filosofia, como Platão chegou ao seu próprio sistema: "A ocupação de Sócrates com os objetos éticos e não com a natureza em geral, procurando naqueles objetos éticos o que têm de geral, e encaminhando sua reflexão principalmente às definições, induziu a Platão, que o seguia, a opinar que a definição tinha como objeto algo distinto do sensível." Eis aqui a união entre o método socrático de buscar o logos, com a ideia parmenídica de que o ser não é o sensível; e esta união dá por resultado a metafísica de Platão, que culmina na sua famosa teoria das ideias.

25 Também Platão, como Parmênides e como todo metafísico em geral, de qualquer época que for, parte da pergunta: quem existe? quem é o ser? Mas Platão já está de sobreaviso. Já descobriu o erro que tinha cometido Parmênides ao confundir o "que existe?" com aquilo que o que existe é, ao confundir a existência com a essência.

26 E como está de sobreaviso não comete o mesmo erro, mas antes, pelo contrário, distingue já claramente entre a metafísica como teoria da existência e a metafísica como teoria da objetividade em geral. Já existe em Platão, por conseguinte - embora muito intimamente unidas e não fáceis de separar - uma teoria da existência e uma teoria da objetividade, uma teoria do objeto, uma verdadeira ontologia, além da metafísica.

27 A ontologia de Platão está muito clara
A ontologia de Platão está muito clara. Relembremos o logos de Sócrates, a definição do conceito que abrange uma porção da realidade, da mesma forma que a figura "triângulo" abrange uma porção de formas que se dão na realidade visível e tangível. Que é, pois, este logos? Platão o analisa e encontra que esse logos é uma unidade sintética, uma união na qual estão reunidos, atados, formando uma síntese indissolúvel, uma porção de entes ou de caracteres.

28 Pois bem: essa união, essa unidade dos caracteres que definem um objeto recortado na realidade, a essência desse objeto, ou, se se quiser, a consistência, unida numa unidade indissolúvel, se a contemplamos agora com uma intuição direta do espírito e logo conferimos a essa unidade a realidade existencial, essa é a ideia, segundo Platão.

29 Agora vamos explicar, um por um, os elementos dessa ideia
Agora vamos explicar, um por um, os elementos dessa ideia. Em primeiro lugar a palavra "ideia" é um neologismo de Platão.

30 A situação dos filósofos, que começavam a filosofar há vinte e cinco séculos, era difícil, porque não tinham a seu dispor terminologia nenhuma. Daí, os filósofos lançarem mão de dois recursos: um, tomar do idioma usual um termo e dar-lhe sentido filosófico; o outro recurso consiste em forjar um termo novo.

31 Platão ao forjar a palavra "ideia": formou-a com uma raiz de um verbo grego que significa "ver". De modo que "ideia", realmente, significa visão, intuição intelectual. Isso é exatamente o que significa ideia.

32 Mas a ideia é uma intuição intelectual do ponto de vista do sujeito que a intui. Deixemos agora o sujeito que a intui e tomemos a ideia em si mesma, ela, a intuída nessa visão, o objeto da visão, e então a ideia é duas coisas.

33 Em primeiro lugar, unidade, reunião indissolúvel, amálgama de todos os caracteres de uma coisa, definição dos seus caracteres, a essência deles, o que eu denomino a consistência. Em segundo lugar, Platão confere a isto existência real. De modo que as ideias são as essências existentes das coisas do mundo sensível.

34 Cada coisa no mundo sensível tem sua ideia no mundo inteligível, e então aplica Platão sem rodeios a cada uma dessas unidades, que chama "ideia", os caracteres que Parmênides aplica ao ser em geral. Quer dizer: uma ideia é sempre uma. Há muitas ideias. O mundo das ideias está cheio de ideias, porém cada ideia é uma unidade absolutamente indestrutível, imóvel, imutável, intemporal, eterna.

35 Essa ideia é, ademais, o paradigma (é palavra platônica), o modelo exemplar ao qual as coisas que vemos, ouvimos e tocamos se ajustam imperfeitamente. A melhor maneira de explicar essa relação de semelhança imperfeita entre as coisas e as ideias consiste em relembrar que uma das origens de tudo isto está na geometria.

36 As coisas, forçosamente, têm que ter uma figura geométrica mas a têm imperfeita. As coisas são quadrados, quadriláteros. Mas é um quadrilátero perfeito esta lousa? De modo algum. Não é preciso mais que aproximar-se, para ver que os lados não são retos; está muito torto. Se está muito bem feito e à primeira vista não parece torto, aproxime-se mais e se verão os defeitos.

37 Não há nenhuma coisa que seja na sua figura, perfeitamente ajustada à figura geométrica que pensa o geômetra. Pois, do mesmo modo, não há, realmente, nenhum homem que seja absolutamente ajustado à ideia do homem. Não há nenhuma estátua realmente, que seja absolutamente ajustada à ideia de beleza. Não há nenhum ser na natureza que seja absolutamente ajustado à sua ideia no mundo supra-sensível. A relação entre as coisas e a ideias é uma relação em que as coisas participam das essências ideais; porém não são mais que uma sombra, uma imperfeição dessas essências ideais.

38 Num de seus diálogos, em A República, Platão compara os dois mundos: o mundo sensível e o mundo inteligível, ou, como ele o chama, o céu, topos uranos, o lugar celeste; compara-os às sombras que se projetariam no fundo de uma caverna escura, se por diante da entrada dessa caverna passassem objetos iluminados pelo sol.

39 Do mesmo modo que entre as sombras projetadas por esses objetos e os objetos mesmos há um abismo de diferença, e, sem embargo: as sombras são, em certo modo, participes da realidade dos objetos que passam, desse mesmo modo os seres que contemplamos, na nossa existência sensível, no mundo sensível, não são mais que sombras efêmeras, transitórias, imperfeitas, passageiras, reproduções ínfimas, inferiores, dessas ideias puras, perfeitas, eternas, imperecíveis, indissolúveis, imutáveis, sempre iguais a si mesmas, cujo conjunto forma o mundo das ideias.

40 Alegoria da Caverna “ A descrição platônica é dramática: o caminho em direção ao mundo exterior é íngreme e rude; o prisioneiro libertado sofre e se lamenta de dores no corpo; a luz do Sol o cega; ele se sente arrancado, puxado para fora por uma força incompreensível. Platão narra um parto: O parto da alma que nasce para a verdade e é dada à luz.” (Chauí, Marilena – Introdução à História da Filosofia.)

41 http://paginas. terra. com

42 Significado de algumas metáforas:
Caverna – corresponde ao mundo sensível onde vivemos. Exterior da caverna – esfera inteligível. Fogo na caverna – reflexo da luz verdadeira ( do Bem e das ideias). Prisioneiros – todos os que vivem sob o domínio dos sentidos e das opiniões.

43 Sombras projetadas pelo fogo – as sensações produzidas pelos sentidos que produzem as opiniões e as conjecturas. As correntes – nossos preconceitos e opiniões distorcida pelos sentidos e pelo discurso de outras pessoas. Muro – a linha divisória entre as coisas sensíveis e supra-sensíveis. A confiança em nossos sentidos – nossas paixões e opiniões.

44 Instrumento que rompe as correntes e nos liberta da prisão da caverna – o método dialético de conduzir o pensamento. O prisioneiro que escapa – é o filósofo, que, no texto, apesar de não ser explícito, é uma referência que Platão faz a seu mestre, Sócrates.

45 As coisas situadas no lado de fora da caverna – representação simbólica do ser verdadeiro e das Ideias. A luz que o filósofo vê para fora da caverna – é a ação do Bem, que ilumina as instâncias do mundo inteligível, assim como o sol ilumina o mundo sensível.

46 Ascensão para o alto e a contemplação do mundo superior – simboliza o caminho da alma em direção ao mundo inteligível. O conhecimento do verdadeiro Ser – passagem do temporal para o atemporal.

47 O Retorno à Caverna O Alegoria da Caverna coloca o proceder filosófico como agente libertador da ignorância e da servidão dos sentidos e nos lança a um mundo novo onde a verdade e a compreensão é a ordem normal das coisas.

48 Uma vez que a consciência se expande, lhe é impossível retornar ao que era.
Presenciamos hoje multidões de pessoas sem identidade – rostos sem face – vivendo basicamente em função da satisfação de seus instintos fundamentais.

49 As reservas florestais e animais estão desaparecendo na mesma espantosa velocidade com que o consumo tem aumentado. A violência, a miséria, a doença, as catástrofes climáticas, a concentração de renda, as guerras, o desencanto, a desesperança nada mais são do que os companheiros daqueles que decidem e insistem em viver na mediocridade das opiniões e do preconceito.

50 A pergunta que fica, obviamente, é: Como é possível que ninguém perceba que o mundo está desabando?
Platão, de uma certa forma, já nos deu a resposta anos atrás.

51 Para ele, os sofistas eram aqueles que carregavam as marionetes que faziam as sombras na parede. Através de uma retórica estrategicamente arquitetada convenciam qualquer um sobre qualquer coisa. Na medida em que não pensamos por nós mesmos, podemos ser facilmente enganados por discursos de outros mais astutos.

52 Platão, de certa forma, em seu Alegoria da Caverna, predisse uma famosa máxima de Jesus relatada no evangelho de João: Conhece a Verdade e Ela vos libertará.

53 Na medida em que nos libertamos da ilusão dos sentidos e elevamos nossa mente nas alturas, passamos a perceber uma outra ordem de realidade (mundo das ideias), onde é possível a harmonia, o equilíbrio, a beleza e, o que era o grande sonho de Platão, a Justiça plena, total e irrestrita.

54 Neste estado iluminado numa consciência mais elevada, quando se volta para a caverna, para a mediocridade do mundano, a pessoa se sente perdida, não reconhece mais os valores reinantes neste domínio, não se enquadra nos esquemas, não se veste como eles nem deseja o mesmo que eles. Daí o filósofo que retorna à caverna ser ridicularizado, como expressa Platão no final do texto.

55 NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO
DO MITO DA CAVERNA

56 Primeiro nível do Mito da caverna
Simboliza os diversos graus em que ontologicamente se divide a realidades sensível e supra-sensível com suas subdivisões: As sombras da caverna simbolizam as aparências sensível das coisas; As estátuas, as próprias coisas sensíveis;

57 Primeiro nível do Mito da caverna
o muro é a linha divisória entre as coisas sensíveis e as supra-sensíveis; As coisa verdadeiras situadas do outro lado do muro são representações simbólicas do ser verdadeiro e das ideias, e o Sol simboliza a ideia do Bem

58 segundo nível do Mito da caverna
Graus de conhecimento: A visão das sombras simboliza a eikasía ou imaginação e a visão das estátuas representa a pístis ou crença; A passagem da visão das estátuas para a visão dos objetos verdadeiros e para a visão do sol, antes de forma mediada e posteriormente imediata, simboliza a dialética em seus vários graus e intelecção pura.

59 Terceiro nível do Mito da caverna
Aspecto ascético, místico e teológico A vida na dimensão dos sentidos e do sensível é a vida na caverna, assim como a vida na pura luz é a vida na dimensão do espírito; O voltar-se do sensível para o inteligível é representado expressamente como “libertação das algemas”, como conversão, enquanto a visão suprema do sol e da luz em si mesma é visão do Bem e contemplação do Divino.

60 Quarta nível do Mito da caverna
Expressa a concepção política-educativa Retornar à caverna consiste na libertação dos que antes estavam presos nas sombras/ignorância; É o filósofo-político-pedagogo que precisa voltar para indicar o caminho aos outros; É uma ação arriscada e pode ser morto pelos demais;

61 Alegoria da Caverna e a Educação
É importante ter em mente que um dos principais objetivos de Platão ao escrever A República é fazer uma crítica severa à estrutura de poder em Atenas e, ao mesmo tempo, propor as reformas necessárias para, segundo ele, estabelecer um governo realmente justo e voltado para o bem- estar da maioria.

62 Na democracia o que importa não é a verdade, mas sim o poder de convencimento. Desta forma, homens astutos e de boa oratória enganam facilmente o povo crédulo! (Platão)

63 Desenvolver um método para afastar a incompetência e a canalhice dos cargos públicos e para selecionar e preparar os melhores para governar – eis o problema da filosofia política que Platão oferece na República.

64 Portanto, conclui, “não haverá término para os males humanos até que aqueles que estão buscando a reta e verdadeira filosofia recebam o poder soberano nas cidades, ou aqueles que estão no poder nas cidades, por alguma disposição da providência, se tornem verdadeiros filósofos”.

65 Presas que estão ao ato de possuir objetos não percebem que apenas obedecem a uma ideologia que diz ser o consumo a fonte de toda felicidade.

66 Para manter uma sociedade de consumo desenfreada e ensandecida, as indústrias queimam inimagináveis quantidades de combustíveis fósseis que liberam poluentes na biosfera.

67 Alguns aspectos sobre a formação do filósofo que traduzem a noção geral de educação no Livro VII:
Os chefes de estado não devem ser simples intelectuais e possuírem conhecimento apenas por possuir; O conhecimento deve tornar o governante uma pessoa de bom caráter e benevolente para sua comunidade;

68 Um filósofo deve conhecer profundamente todas as ciências para que tenha condições de analisar com perfeição o mundo inteligível.

69 A ideia DO BEM

70 A "ideia de Bem" é, de certo modo, a ideia das ideias, o princípio supremo a partir do qual as ideias adquirem valor e inteligibilidade. "Ela (ideia do bem) própria é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e que é preciso vê-la para conduzir-se com sabedoria na vida particular e na vida pública" (A República, 51 7b).

71 Com efeito, nenhuma virtude é virtude, nenhum prazer é prazer, se não for um prazer "bom", um modo "bom de agir", e para conhecê-lo, em primeiro lugar, é preciso conhecer o "Bem enquanto tal, conhecimento obrigatório para os que assumem o encargo de governar a cidade" (A República, 505e-506a).

72 A ideia de "Bem", destarte, é o princípio supremo de unificação do múltiplo. Como as ideias não são apenas princípios de conhecimento, mas princípios ontológicos (uma ação é justa devido à sua semelhança com a ideia de justiça etc), a ideia de "Bem" é o princípio ontológico supremo, mediante o qual tudo o que é "bom" tem seu valor e seu ser. Em última instância, é o elemento que explica a "razão" de tudo aquilo que é.

73 Sendo assim, a ideia de "Bem" se projeta para além daquilo que pode ser, reinando, sem dúvida, sobre o mundo inteligível das ideias. Assume traços e características divinas e a "metafísica", cuja finalidade é o seu conhecimento, por meio do discurso (lógos), torna-se urna "teologia".

74 Ora, enquanto visível à inteligência, ao pensamento, o "Bem" se identifica com o "Belo" (a justa medida, a harmonia, a ordem interna do ser), a tal ponto que para os gregos virtude e bondade formam uma única coisa ("kalokagathià" - "beleza- bondade", cf. o sentido de "uma bela ação"), enquanto o vício é "feio", vergonhoso.

75 Ora todas as ideias pendem de uma ideia superior a todas elas, que é a ideia do bem. Aqui ecoa de novo, como um acorde que volta ao final da sinfonia, aquele interesse moral que fora fundamental no pensamento de Sócrates e que também herdou Platão. Para Platão, o importante é realizar a ideia do bem.

76 Que os Estados políticos, formados, na Terra, pela união dos homens que moram nela, sejam o melhor possível, se ajustem o mais possível a essa ideia do bem. Por isso põe toda a sua filosofia, toda a sua metafísica e toda a sua ontologia ao serviço da teoria política do Estado; porque acredita que assim como a ideia do bem é a suprema ideia que rege e manda em todas as demais ideias, do mesmo modo entre as coisas que existem nesse mundo sensível, aquela suprema, que deverá mais que nenhuma coincidir com a ideia do bem, é o Estado.

77 Consagra os dois mais volumosos diálogos que escreveu, A República e As Leis, a estu­ dar a fundo como deve ser a constituição de um Estado ideal. Por sinal que conclui, em resumo, que o Estado ideal será um Estado no qual, ou os que mandam sejam filósofos, ou sejam os filósofos os que mandam.

78 Para Platão, o mesmo que para Parmênides, as ideias são realidades que existem, as únicas realidades que existem, as únicas existentes, isto que as coisas que vemos e tocamos são sombras efêmeras; são aquilo que são, indiretamente e por metaxis ou participação com as ideias.

79 Somente desta maneira, compreendendo a Platão na sua autentica realidade metafísica, somente entendendo-o como um realismo das ideias, somente assim se pode entender Aristóteles, porque o que este fará será dar uma lógica interna a todo o sistema e trazê-lo, por assim dizer, do seu céu inacessível, a esta terra, para fazer que estas ideias, que são transcendentes às coisas percebidas, se tornem imanentes, internas a elas.

80 O CONHECIMENTO

81 Para chegar ao conhecimento da ideia de Bem, para "vê-la", a psyché do homem deve ultrapassar o mundo dos sentidos e da aparência, no máximo "morrer". Morte para a qual a filosofia é arrastada (Fédon, 661 b-d] e que antecipa progressivamente a liberação da alma das cadeias que a aprisionam ao corpo. A verdadeira filosofia é "exercício de morte".

82 Para Platão, duas são as vias de purificação- ascensão:
1) O "Amor" (éros) que, atraído pela Beleza, supera as tendências instintivas da alma que a impelem para "baixo" (Fedro, 237d-238c; 253c-254e). Fascinado pela beleza deste mundo, o homem deve elevar-se até a "Beleza" que existe em si mesma e por si mesma, da qual participam todas as outras coisas belas, em virtude de que o "Amor" é sede de beleza e de bondade. O vértice desta ascensão seria o êxtase místico diante da beleza divina, pois o "Amor" também é saudade do Absoluto, transcendente tensão verso o metaernpírico, retorno à fonte originária.

83 2) A metafísica, não sendo experiência mística nem êxtase, deve procurar recuperar, através de um discurso conceitual, "dialético",? aquilo que o éros faz contemplar diretamente. A "dialética" é a apreensão, fundada sobre a intuição intelectual, do mundo ideal, de sua estrutura, do lugar que cada ideia ocupa, relacionada com as outras.

84 E então nosso conhecimento, nossa ciência, nossa episteme, em que consiste?
Consiste em elevamos por meio da dialética, da discussão, das teses que se contrapõem e se vão depurando na luta de umas contra outras, para chegar desde o mundo sensível, pela discussão, a uma intuição intelectual desse mundo supra-sensível; composto todo ele pelas unidades sintéticas que são as ideias e que, ao mesmo tempo, constituem a unidade ontológica da significação, unidade ontológica daquilo que consiste, da essência, e, ao mesmo tempo, unidade existencial atrás dessa unidade ontológica.

85 No mundo das ideias existe, ademais, uma hierarquia
No mundo das ideias existe, ademais, uma hierarquia. As ideias estão em relação hierárquica, mantêm entre si essas relações que são, por sua vez, outras ideias. Precisamente esse será um dos pontos fracos do sistema platônico, por onde a perspicácia profunda de Aristóteles saberá penetrar.

86 Como conclusão de Platão podemos aprender:
1) A existência não só de um saber, mas de uma realidade metafísica, tão real como aquela que vemos e tocamos. Realidade esta suprema e divina: fundamento de tudo aquilo que é bom e belo no mundo físico e humano. O discurso metafísico mantém-se aberto à existência do Transcendente.

87 2) Enquanto a instância ética de Sócrates nos fazia perceber a importância de um saber definido por valores e normas morais absolutas, a instância estética e erótica, desvelada por Platão, nos propicia ver que os valores reais de beleza e de bondade transcendem as coisas materiais que os representam. Estes valores nos ajudam a entrever uma realidade que vai além do simples dado (o fato), e que o mundo da experiência não conseguirá jamais encarná-la ou representá-Ia perfeitamente. Tenhamos bem presente que a experiência estética e o amor abrem uma privilegiada via de acesso ao campo metafísico.

88 3) A ânsia, que inquieta o coração do homem, pela aquisição de um "bem" projetado de modo absoluto ou totalizante. Pulsa, na interioridade do ser humano, o desejo ou a busca incontida por uma realidade perene, absoluta.

89 4) O sentido de utopia: a projeção "idealística" do mundo, da sociedade. A doutrina de Platão concentra em seu bojo aspectos críticos em relação ao seu mundo político e social, que ecoam como exortação à transformação, sorvendo sua inspiração e seu dinamismo das "ideias".


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