CST 310 – População, Espaço e Ambiente Risco, perigo, hazard e vulnerabilidade Conceitos e dimensões Gustavo Costa Moreira da Silva.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Profa. Dra Maria Luiza de Almeida Campos
Advertisements

RISCOS AMBIENTAIS RISCOS TECNOLÓGICOS RISCOS NATURAIS RISCOS SOCIAIS
Para abrir as ciências sociais:
Relembrando... A Investigação como processo tem seis etapas sucessivas: Construção do problema Entendimento do problema: a partir de quais perspectivas.
Descrever sistema de saúde
UNIP FEP Prof: Msc. Carolina Brum Agosto de 2010
Situação 1: pais ao serem chamados à escola afirmam que o(a) filho(a) não leva jeito para os estudos, nasceu assim como os demais membros da família. “Um.
Origem Foco da análise Direção do estudo Introdução.
Pontíficia Universidade Católica de Goiás
DIRETRIZES CURRICULARES
Exposição a contaminantes – caracterização e abordagens
Arborização e áreas verdes
Caráter Geográfico do Clima
Interpretação “Não há sentido sem interpretação. Ela é sempre passível de equívoco. Os sentidos não se fecham, não são evidentes, embora pareçam ser.
Introdução à Metodologia de Pesquisa Tecnológica
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA
DISCIPLINA: Teorias e Estruturas Organizacionais
PSICOLOGIA DAS EMERGÊNCIA E DOS DESASTRES
Emergências e Desastres
Cristiane jonas Francisconi
Ciência Geográfica.
ESPAÇO GEOGRÁFICO Objeto do estudo da Geografia. Categorias espaciais:
UMA DAS CARACTERÍSTICAS QUE DISTINGUEM O GRUPO DE
Aconselhamento Psicológico numa visão fenomenológico-existencial
Dimensões da Globalização
O impacto da informações sobre sustentabilidade no jovem universitário
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS
A escola sustentável: apresentação da proposta aos professores da escola Zavaglia (09/02/2012)
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA
I Encontro de Orientandos Curso Ciências Sociais – Universidade Federal de Rondônia.
A Defesa Civil O que é Defesa Civil?
Acolhimento O que entendemos por acolhimento?
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E SUSTENTÁVEL
ANÁLISE DE RISCOS CONCEITOS II Prof. Fernando Pires.
Cenários Profa. Lillian Alvares, Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília.
Gênero: masculinidades
O Espaço Geográfico, a Paisagem, o Lugar, o Território e a Região.
Introdução a Avaliação de Risco de Comunidade (CRA)
Grupo 1 Empreendimento Imobiliário O plano de educação ambiental deveria incluir duas partes: (a) sistematização do conhecimento técnico-científico sobre.
Aula 1 - Conceitos ANÁLISE DE RISCOS CONCEITOS Prof. Fernando Pires.
A PESQUISA E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Geografia Ciência que estuda o conjunto de fenômenos naturais e humanos que constituem aspectos da superfície da Terra. A Geografia estuda a superfície.
Universidade Federal de Goiás Faculdade de Ciências Sociais Políticas Públicas Antropologia II Prof° Dra. Janine Helfst Liccht Collaço Arthur Alves Santiago.
ELISANGELA MOREIRA SILVA FABRICIA JANE COSTA ALFAIA
Comunicação & Expressão Profª Drª Louise Lage Módulo 4
- Homem como animal político
Desenvolvimento sustentavel
Uergs-Licenciatura em Pedagogia, Tecnologia da Educação
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E SUSTENTÁVEL
MODELO ECOLÓGICO DO DESENVOLVIMENTO
Sub-rede 4 Manejo integrado dos recursos pesqueiros na várzea amazônica. Estudo comparativo de duas regiões: Médio Amazonas e Purus. Temas Transversais.
RISCOS AO OUVIR OS CLIENTES
Livro 4 Avaliação de Desenvolvimento Sustentável: Princípios na Prática.
GERENCIAMENTO DE DESASTRES
Gestão de Investimentos
O texto e suas propriedades 1ª parte
Nome da Aula: Aula no. P ágina S O potencial e distribuição dos recursos naturais 2 Nesta aula vamos ampliar e contextualizar.
UNICERP GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Aspectos Conceituais da Epidemiologia
POBREZA, CONCEPÇÕES E DEFINIÇÕES
Área de Ciências Humanas no Ensino Fundamental
A PRÉ-HISTÓRIA DA LINGUAGEM ESCRITA
O QUE É VULNERABILIDADE? Derivadapalavraitalianariscare,cujosignificado originaleranavegarentrerochedosperigosos,quefoiincorpora- daaovocabuláriofrancêsporvoltade166.
Psicologia e Comunidade
Unidade II: Contexto sócio-cultural e jurídico
Somos todos seres sociais
ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO
REFÉNS DA GEOGRAFIA DO PREÇO DESATRES NATURAIS E AMBIENTAIS.
Aula 1- Parte I Somos todos seres sociais
Transcrição da apresentação:

CST 310 – População, Espaço e Ambiente Risco, perigo, hazard e vulnerabilidade Conceitos e dimensões Gustavo Costa Moreira da Silva

Marandola Jr., E. e Hogan, D.J. As dimensões da Vulnerabilidade São Paulo em Perspectiva, v. 20, n. 1, p , jan./mar Marandola Jr., E. e Hogan, D.J. Vulnerabilidade do lugar vs. Vulnerabilidade sociodemográfica Revista bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p , jul./dez Marandola Jr., E. e Hogan, D.J. NATURAL HAZARDS: O ESTUDO GEOGRÁFICO DOS RISCOS E PERIGOS. Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 2 jul./dez. 2004

- Os vários campos do saber dedicam-se à sua perspectiva de entendimento da questão - Acabam definindo-os em seus próprios termos e produzindo daí reflexões e métodos de estudo - Alguns debruçam-se nos seus aspectos mais práticos, outros mais teóricos - E as tradições, com algumas interseções e exceções, ignoram os avanços das demais Diferentes conceitos para um mesmo termo

A geografia e o estudos dos riscos e perigos - Os termos RISCO e PERIGO ganham cada vez mais destaque - Geógrafos estão utilizando os termos para elaboração de políticas públicas e estudos referentes ao bem estar da população - Geógrafos chamam esses perigos de hazards - O que são os hazards? - São eventos que quebram um ciclo de ocorrência dos fenômenos naturais, sejam eles, geológicos, atmosféricos ou na interface destes. - Mas para que esses eventos sejam caracterizados como hazards, deve a haver a relação com áreas ocupadas pelo homem, caracterizando assim, o perigo, para determinada população que reside nesses locais

- Os hazards são naturais ou não? - Vários autores dizem que sim, outros dizem que não. - Consideram natural tudo que não é produzido pelo homem - Social é aquilo que é produzido pelo homem - O que deve ocorrer e já vem ocorrendo é uma interação maior nos estudos na questão Origem Natural-Origem Social (acredito que o homem está inserido na natureza, portanto, tudo pode ser considerado natural) - Ou seja, os hazards são todos naturais!

Relação Perigo – Risco == Risco (Risk) - situação que está no futuro, que traz insegurança e incerteza - possibilidade da ocorrência de evento futuro incerto - Estar em risco é estar suscetível à ocorrência de um hazard ==Perigo e Hazard - Muita diferença entre vários autores sobre os termos - Não existe a tradução literal de hazard para o português - Alguns traduzem como “azar” a palavra hazard - Outros, como possibilidade de perigo, ou evento danoso que coloca em perigo - Outros autores traduzem hazards com o próprio termo “Perigo”

=== Risco é a probabilidade de realização de um perigo e o desastre é o resultado de um perigo derivado de um risco === Já perigo é tanto o fenômeno potencial, quanto o fenômeno em si === significando que não há risco sem perigo e nem perigo sem risco

- Risco é a possibilidade da ocorrência de um evento atingir determinada área e população (ou seja, pode ocorrer ou nunca ocorrer um evento mas a região é suscetível a tal ocorrência) - Perigo é a iminência desse ocorrência, quando um evento já está ocorrendo e está pra ocorrer, como a chegada de um furacão - O que é evidente é a ligação desses riscos e perigos à forma como as sociedades ocupam e usam o território, como elas se distribuem por este espaço

- Existe a necessidade de diálogo entre as áreas que lidam com esses estudos - É importante que haja uma coerência no significado dos termos, e mais importante ainda é que esses termos sejam complementares um aos outros e não que sejam usados se forma isolada - Além disso, é importante colocar o homem, como o principal agente e o principal atingido por esses problemas - Assim, passamos a falar do termo vulnerabilidade

Vulnerabilidade - Vulnerabilidade refere-se à susceptibilidade de uma pessoa, grupo, sociedade, ou sistema à um dano físico ou emocional ou ataque - Vulnerabilidade é um conceito que liga a relação que as pessoas têm com seu ambiente, as forças sociais, as instituições e os valores culturais que o sustentam e a capacidade de contestá-los. O conceito de vulnerabilidade expressa a multidimensionalidade de desastres, focando a atenção sobre a totalidade das relações em uma determinada situação social, que constituem uma condição que, em combinação com as forças ambientais, produz um desastre. - É também a medida em que as mudanças poderiam prejudicar o sistema, ou a que uma comunidade pode ser afetada pelo impacto de um perigo.

Vulnerabilidade - Vulnerabilidade pode ser encarada como a incapacidade de enfrentar os riscos ou como impossibilidade de manejar ativos para proteger-se - O componente incerteza sempre está presente pois nunca saberemos quando, onde e com que intensidade ocorrerá um evento - Capital social, humano e físico podem ser classificados como indicadores de maior vulnerabilidade de uma população - A absorção do impacto de um determinado evento pode ser entendido como a capacidade de resposta de uma população (um dos principais elementos da vulnerabilidade)

Vulnerabilidade - Vulnerabilidade biofísica e social são ambas importantes - O termo “Populações em situação de risco” consolida uma percepção dos pesquisadores de que perigos e riscos ambientais atingem de forma mais intensa populações vulneráveis. Outros elementos da dinâmica demográfica também são relevantes para a compreensão da vulnerabilidade, como a migração pendular (deslocamento diário para ir ao trabalho) e a mobilidade espacial da população) - Vários conceitos e dimensões para vulnerabilidade

Vulnerabilidade do Lugar - Os lugares também podem ser entendidos como vulneráveis ou expostos a riscos - É o homem que muda o lugar em que vive ou é o lugar que muda o homem - Isso permite um alcance e a possibilidade de permitir uma análise de mão dupla População – Ambiente sem que exista prevalência de um polo sobre o outro, ou seja, a interação entre os dois é que é a mais importante - A abordagem do lugar, possibilita uma análise integrada dos elementos físicos e sociais - Para essa questão é necessário determinar sua escala (uma região, uma cidade, um ecossistema, um bairro), identificando nasinterações sociedade-natureza os riscos e perigos que atingem o lugar - O mais importante para se começar o estudo é o conhecimento total do espaço ( a natureza do lugar) que está sendo explorado, ou seja, a descrição do local a ser estudado - Também é de suma importância que não se fixe o objeto de estudo só no bairro, por exemplo, é importante que se estude as interações com bairros vizinhos ou comunidades vizinhas, que se atente para a relação orgânica entre eles

Vulnerabilidade - Geografia e Vulnerabilidade do Lugar vs. Vulnerabilidade Social == A social foca nas pessoas, nos grupos, já a do lugar foca no estudo do lugar em que as pessoas ocupam, identificando nas interações ente sociedade e natureza os riscos e perigos que atingem esse lugar == - O resultado destas interações, permite identificar a vulnerabilidade, mas é importante fazer as seguintes perguntas: Vulnerabilidade a que? Onde e quem está/é vulnerável? - Delimitando isso é possível identificar os fatores que podem promover a diminuição da vulnerabilidade, bem como as situações ou elementos que aumentam o risco

== Escala temporal (sazonalidade dos eventos) e escala espacial (lugar de ocorrência dos eventos) são imprescindíveis para o estudo da vulnerabilidade == - O uso incorreto da escala espaço-temporal pode prejudicar a capacidade de resposta aos riscos e perigos ou subestimando-os ou superestimando-os. - A vulnerabilidade passa pela compreensão do perigo envolvido (eventos que causam dano), do contexto geográfico e da produção social (as relações sociais, culturais, políticas, econômicas e a situação das instituições), que revelarão os elementos constituintes da capacidade de resposta, absorção e ajustamento que aquela sociedade ou lugar possuem para enfrentar o perigo. Qualquer alteração em um dos termos envolvidos pode aumentar ou diminuir a vulnerabilidade

- É necessário que os riscos sejam apontados pelos cientistas mas que esses não esqueçam da vivência e o conhecimento das sociedades locais, é necessário que haja uma aceitação da população sobre esses riscos para que as tornem menos vulneráveis. Isolamento e diferenças culturais podem aumentar a vulnerabilidade de certas comunidades pois só com PERCEPÇÃO DO RISCO que uma sociedade pode responder melhor a isso.

Conclusão - Encontrados na discussão de riscos e perigos, “vulnerabilidade”, “adaptação” e “resiliência” são usados por diferentes tradições de pesquisa para melhor compreender estes fenômenos - É importante que se incorpore todos os termos às diferentes abordagens em torno de um conceito interdisciplinar