Processo de Trabalho do ACS Reestruturação Produtiva

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Transcrição da apresentação:

Processo de Trabalho do ACS Reestruturação Produtiva Organização do Processo de Trabalho do ACS e a Reestruturação Produtiva Vitória Solange Coelho Ferreira, Túlio Batista Franco, Cristina Setenta Andrade, Soraya Dantas Santiago dos Anjos, Alba Lúcia S. Pinheiro, Jeane M. Fonseca, Regina Lúcia A. L. Vieira, Isabela T. Pinto, Juliana Ferreira de Almeida e Marcelle Sanjuan Ganem10.

INTRODUÇÃO A reflexão em torno da organização do processo de trabalho em saúde tem se constituído em analisador (Lourau, 1975) da organização dos serviços e produção da assistência por possibilitar a identificação de ruídos, a criação de linhas de fuga e a auto-análise e autogestão (Baremblitt, 2002) no agir cotidiano dos trabalhadores, ao tempo em que aponta sua potência transformadora na elaboração de projetos terapêuticos mais cuidadores, que poderão ser indutores de processos de reestruturação produtiva e/ou transição tecnológica. Estudos realizados sobre a organização do trabalho (Solla, 1996; Costa et al, 2000; Franco & Merhy, 2003,) apontam a existência de diversos pontos positivos relacionados à proposta que podem levar a uma ruptura na lógica taylorista de organização e gestão do trabalho e do saber biomédico centrado no biológico e na clínica restritiva.

INTRODUÇÃO Nessa direção o ACS tem utilizando os seus saberes e práticas na produção de um cuidado mais relacional e acolhedor centrado no trabalho vivo em ato (Merhy, 1997 e 2005) produzindo um compromisso em acolher, responsabilizar, resolver, e autonomizar o usuário em seu modo de andar a vida. Operar um modelo orientado para as necessidades do usuário significa desconstruir um trabalho produtor de cuidado centrado na produção de procedimentos para um outro mais relacional, onde trabalhadores e usuários sejam protagonistas de um novo modo de fazer saúde O presente estudo tem como foco a micropolítica do processo de trabalho do ACS enquanto analisador da produção de um cuidado mais relacional, acolhedor, centrado nas tecnologias leves. Trata-se de um estudo de caso que tem como objetivo analisar o grau de incorporação das tecnologias de trabalho pelo ACS na produção do cuidado.

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA O estudo foi realizado em uma Unidade Saúde da Família no município de Itabuna-Bahia, teve como sujeitos da pesquisa seis agentes comunitários de saúde (ACS) e como instrumentos de coleta de dados a entrevista semi-estruturada e grupo focal realizada em duas sessões, cada uma com 60 minutos de gravação em áudio e vídeo, a observação direta foi realizada de forma sistemática em alguns momentos e registrada em diário de campo, a análise documental e bibliográfica, realizada em diversas bases de dados e o fluxograma descritor do processo de trabalho da equipe (Franco et al, 2004). Após realização das transcrições das entrevistas foi realizado o ordenamento, a seleção e a leitura dos documentos e procedeu-se análise do material empírico que teve como base o referencial teórico do estudo e a articulação entre as dimensões analíticas da organização, da política e do cuidado (Merhy, 1998) e os analisadores operacionais do processo de trabalho do ACS, a fim de estabelecer um conjunto de evidências que possibilitassem responder as questões do estudo tendo como referência os objetivos.

RESULTADO E DISCUSSÃO Os resultados apontam para centralidade do trabalho vivo em ato e a utilização extensiva de tecnologias leves na produção do cuidado seguidos da utilização das leve-duras, sustentado por um processo de trabalho que teve como principal insumo o conhecimento adquirido pelo ACS e a relação que estabelece com sua clientela no território e domicílio, governando ele mesmo suas ações e guiados por uma vontade que direciona o seu fazer, ou seja, a sua subjetividade (Guatarri & Rolnik, 2004). Essa forma de operar indica para inversão na composição técnica do trabalho com supremacia do trabalho vivo sobre trabalho morto, o que pressupõe a ocorrência de uma reestruturação produtiva e uma transição tecnológica. No que pese a presença dessa prática cuidadora, desse manejo acolhedor o ACS não consegue contaminar a equipe que se encontra aprisionada pelo trabalho morto, instituído e organizado, mudando esse modo de operar e promovendo uma reestruturação produtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados iniciais sugerem que esteja ocorrendo uma reestruturação produtiva e uma transição tecnológica no processo de trabalho do agente pela conformação assumida pelos arranjos tecnológicos onde as tecnologias relacionais assumem supremacia no cuidado criando espaços de escuta, de fala, de solidariedade, de acolhimento, de vinculo e responsabilização para com os problemas e necessidades dos usuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BAREMBLITT, G. Compêndio de Análise Institucional e Outras Corrente Teoria e Prática. 5ª ed. Belo Horizonte: Instituto Félix Guatarri, 2002. COSTA A. R. C. et all, Atuação do enfermeiro no PSF no Estado da Paraíba. Rev. Bras. de Enfermagem, 2000. 53: 149-52. FRANCO, T. B. Fluxograma Descritor e Projetos Terapêuticos para Análise de Serviços de Saúde, em apoio ao Planejamento: O caso de Luz (MG). In: MERHY, E. E. (Org.). O Trabalho em Saúde: Olhando e Experienciando o SUS no Cotidiano. SP: Editora HUCITEC, 2003. FRANCO, T. B. A produção do Cuidado na Rede Básica. Ilhéus, 2004 (mimeo). FAPESB. GUATARRI, F & ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. 7ª ed. RJ: Vozes, 2005 LOURAU, R. A análise institucional. RJ: Vozes, 1975. Tradução de Mariano Ferreira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA MERHY, E. E. A perda da dimensão cuidadora na produção da saúde: uma discussão do modelo assistencial e da intervenção no seu modo de trabalhar a assistência. In: REIS, A T.dos (Org.). Sistema Único de Saúde em Belo Horizonte: Reescrevendo o Público. São Paulo: Xamã, 1998. MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2005. MERHY, E.E. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: MERHY, E. E. & ONOCKO, R. (Org.) Práxis Em Salud: um desafio para lo público. Buenos Aires: Lugar Editorial & São Paulo: Hucitec, 1997. SOLLA, J. J. S. P., MEDINA, M. G. & DANTAS, M. B. P. O PACS na Bahia: avaliação do trabalho dos agentes comunitários de saúde. Saúde em Debate, 51: 4-15, jun, 1996. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho em saúde, tecnologias do trabalho, reestruturação produtiva, produção do cuidado e fluxograma descritor. AGÊNCIAS FINANCIADORAS: CNPq.