Capítulo 13 A Função Oferta de Moeda
Introdução Nos modelos macroeconômicos a oferta de moeda é uma constante, uma variável exógena ou uma variável endógena?
A função oferta de moeda Por definição, tem-se: M1 = P0 + D e B = P0 + Z Em que M1 = papel-moeda em poder do público não-bancário mais depósitos a vista nos bancos comerciais P0 = papel-moeda em poder do público não-bancário D = depósitos a vista nos bancos comerciais B = base monetária Z = encaixes dos bancos
A função oferta de moeda M1 = P0 + D Agosto 1994 a junho 2013
A função oferta de moeda M1 = P0 + D Agosto 1994 a junho 2013
A função oferta de moeda B = P0 + Z Agosto 1994 a junho 2013
A função oferta de moeda B = P0 + Z Agosto 1994 a junho 2013
A função oferta de moeda Considere as seguintes relações: c = P0/M1 (papel-moeda em poder do público não-bancário/meios de pagamento) d = D/M1 (depósitos a vista nos bancos comerciais/meios de pagamento) R = Z/D (encaixe total dos bancos comerciais/depósitos a vista nos bancos comerciais) Observe que c + d = 1
A função oferta de moeda R = Z/D (encaixe total dos bancos comerciais / depósitos a vista nos bancos comerciais)
A função oferta de moeda R = Z/D (encaixe total dos bancos comerciais / depósitos a vista nos bancos comerciais)
A função oferta de moeda B = P0 + Z P0 M1 c = P0 = c · M1 Z D R = Z = R · D B = c · M1 + R · d · M1 B = M1 (c + R · d) D M1 d = D = d · M1 1 = c + d
A função oferta de moeda função da oferta de moeda M1 sobe se: B subir R diminuir d subir Para se alterar R deve-se analisar como se compõem os encaixes bancários (Z).
A função oferta de moeda Encaixes: Z1 = caixa dos bancos Z1 R1 = D = depósitos a vista D Z2 = depósitos voluntários dos bancos comerciais Z2 R2 = D Z3 = depósitos compulsórios dos bancos comerciais Z3 R3 = D
A função oferta de moeda As alterações de B e R3 são decisões de política econômica e, portanto, os valores dessas variáveis são determinados fora do modelo macroeconômico. Z1 e Z2 são encaixes voluntários dos bancos comerciais.
A função oferta de moeda Dependendo da taxa de juros, os bancos poderão manter (Z1 + Z2) em volume alto ou baixo. A alternativa dos bancos é colocar parte dos recursos em títulos e apelar para o redesconto junto ao Banco Central se houver falta de liquidez.
A função oferta de moeda Assim, Z1 + Z2 = f(r – rd) em que r = taxa de juros de mercado e rd = taxa de redesconto de liquidez. Quanto maior for r, para dada rd, menor será (Z1 + Z2), pois os bancos preferem colocar os recursos na forma de títulos que pagam juros.
A função oferta de moeda Logo, quanto maior for r, maior será M1. Então, o aumento de r causa o aumento de M1 (ou seja, r M1). M1 = M(B, r, rd, R3)
A função oferta de moeda M1 = M(B, r, rd, R3) Essa função define que parte da oferta de moeda é exógena ao modelo (e depende dos valores de B, rd e R3) e a outra parte é endógena ao modelo (pois depende da taxa de juros, r, que é determinada no modelo).
A função oferta de moeda fórmula genérica da oferta de moeda M1 = M(B, r, rd, R3) Fórmula específica da oferta de moeda (exemplo) em que ms = oferta real de moeda (ou seja, Ms/P) B = valor nominal da base monetária r = taxa de juros de mercado rd = taxa de juros de redesconto de liquidez do Banco Central R3 = taxa do depósito compulsório Espera-se que: f1 > 0, f2 > 0, f3 < 0 e f4 < 0.
A função oferta de moeda Considerado a oferta de moeda como sendo fixa m0 r r M0 r1 r1 B B m(y1) A r0 A r0 m(y0) L0 m0 y0 y1 MP y Curvas de oferta e demanda de moeda Curvas LM
A função oferta de moeda Considerado que a oferta de moeda é positivamente relacionada à taxa de juros m0 r r M0 M(r – rd) P M1 r1 r1 B B r2 C r2 m(y1) C A r0 A r0 L1 m(y0) L0 m0 m1 y0 y1 y1 MP y Curvas de oferta e demanda de moeda Curvas LM
A função oferta de moeda Um dos efeitos de se fazer a oferta de moeda depender da taxa de juros é tornar a curva LM menos inclinada m0 r r M0 M(r – rd) P M1 r1 r1 B B r2 C r2 m(y1) C A r0 A r0 L1 m(y0) L0 m0 m1 y0 y1 MP y Curvas de oferta e demanda de moeda Curvas LM
A função oferta de moeda Considere que a demanda de moeda se faz para fins de transação e para especulação. A demanda de moeda para transação tem a seguinte especificação: , em que k > 0. E a demanda de moeda para especulação tem a seguinte especificação: , em que Portanto, a demanda total por moeda é:
A função oferta de moeda Uma variação em y (y) alterará a demanda de moeda em ky. Uma variação em r (r) leva à variação na demanda de moeda de l´(r)r. Se a oferta de moeda não variar, tem-se a seguinte expressão necessária para manter o mercado de moeda em equilíbrio: ky + l´(r)r = 0 em que k > 0 e l´(r) < 0
A função oferta de moeda ky + l´(r)r = 0 A inclinação da curva LM é . No caso da expressão acima tem-se: l´(r) r = k y ou
A função oferta de moeda Inclinação = m0 r r M0 M(r – rd) P M1 r1 r1 B B r2 C r2 m(y1) C A r0 A r0 L1 m(y0) L0 m0 m1 y0 y1 MP y Curvas de oferta e demanda de moeda Curvas LM
A função oferta de moeda Se a oferta de moeda variar com a taxa de juros: Ms = M(r – rd) M’ > 0 Tem-se a seguinte expressão necessária para manter o mercado de moeda em equilíbrio: k y + l´(r) r = M´(r) r Logo, [l´(r) – M´(r)] r = k y, ou
A função oferta de moeda Inclinação = m0 r r M0 M(r – rd) P M1 r1 r1 B B r2 C r2 m(y1) C A r0 A r0 L1 m(y0) L0 m0 m1 y0 y1 MP y Curvas de oferta e demanda de moeda Curvas LM
A função oferta de moeda Curvas LM y0 y y1 r L0 L1 r0 r1 r2 M1 M0 A B C Inclinação Inclinação O fato da curva LM ser menos inclinada – quando a oferta de moeda depende da taxa de juros – do que quando a oferta de moeda é fixa provoca mudança na eficácia da política fiscal. (Ver exercício 3 do livro)
Estimativas da equação de oferta de moeda no Brasil Nos estudos sobre a oferta de moeda no Brasil observa-se a preocupação com a exogeneidade dessa variável (o que leva ao formato vertical ou positivamente inclinado da curva de oferta de moeda) ou a endogeneidade da oferta de moeda (o que leva ao formato horizontal da curva de oferta de moeda) no plano cartesiano M versus r. Junto a essa discussão está a análise da eficácia ou não da política monetária em alterar a oferta de moeda.
Estimativas da equação de oferta de moeda no Brasil Assis (1983) estimou uma equação excluindo a variável rd (taxa de redesconto de liquidez) e tomando valores nominais para a oferta de moeda e para a base monetária. Isto permitiu ao autor ressaltar a eficácia da política monetária, destacando que parte da oferta de moeda é exógena.
Estimativas da equação de oferta de moeda no Brasil estatística t (37,75) (2,88) (2,28) elasticidade (0,96) (0,08) (-0,07) R² = 0,9986 DW = 1,21 n = 10 em que: MOEDA= oferta de moeda em preços correntes BASE = base monetária em preços correntes TJLTN = taxa de juros das Letras do Tesouro Nacional TRESBC = taxa de reserva obrigatória cobrada sobre depósitos à vista feitos nos bancos comerciais
Estimativas da equação de oferta de moeda no Brasil estatística t (37,75) (2,88) (2,28) elasticidade (0,96) (0,08) (-0,07) R² = 0,9986 DW = 1,21 n = 10 Como previsto pela teoria: o aumento da base monetária e da taxa de juros aumenta a oferta de moeda, o aumento da taxa do depósito compulsório diminui a oferta de moeda.
Estimativas da equação de oferta de moeda no Brasil estatística t (37,75) (2,88) (2,28) elasticidade (0,96) (0,08) (-0,07) R² = 0,9986 DW = 1,21 n = 10 Na equação acima, constata-se serem pequenas as elasticidades da variação da oferta de moeda em relação a variações na taxa de juros e na taxa do depósito compulsório. Pode-se concluir que, na década de 1970, a política monetária era eficaz em alterar a oferta de moeda, existindo uma curva de oferta de moeda positivamente inclinada no plano cartesiano M/P versus r.
Referências Bibliográficas ASSIS, M. A estrutura e o mecanismo de transmissão de um modelo macroeconométrico para o Brasil (MEB). In: Revista Brasileira de Economia, 37(4): 483-512, out./dez. 1983. BACHA, C.J.C.; LIMA, R.A.S. Macroeconomia: Teorias e Aplicações à Economia Brasileira. Campinas: Alínea, 2006 CONTADOR, C. R. A exogeneidade da oferta de moeda no Brasil Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 8, n.2, Ago. 1978, pp. 475-504. BLANCHARD, O. Macroeconomia: teoria e política econômica. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. DORNBUSCH, R. & FISCHER, S. Macroeconomia. 5a edição. São Paulo: Makron/Mcgraw-Hill, 1991. MANKIW, N.G. Macroeconomia: Rio de Janeiro: LTC, 2004. PAULA, G. M. As duas teorias da endogeneidade da oferta de moeda. Economia Ensaios, Uberlândia, v. 8, n.2, Jul. 1994, pp. 69-87.