TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA

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Transcrição da apresentação:

TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA XXVIII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica Variação na seleção de sufixos categorizadores em português, espanhol, italiano e francês U F R J Isabella Lopes Pederneira (FAPERJ) Glauber Romling da Silva (Cnpq) Orientadoras: Miriam Lemle Aniela Improta França w w w . l e t r a s . u f r j . b r / c l i p s e n TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA Novembro de 2006

Este trabalho é parte de um estudo maior sobre correspondências formais e semânticas entre estruturas de palavras em quatro línguas românicas: português, espanhol, italiano e francês. Objetivo Verificar se no desenvolvimento das línguas românicas a partir do latim a combinação de uma dada raiz com um dado sufixo em uma das línguas tem sempre correspondências morfológicas e semânticas nas outras três línguas.

Fundamentação Teórica Arquitetura da Morfologia Distribuída Esta pesquisa está fundamentada na vertente da Gramática Gerativa denominada Morfologia Distribuída (MD) (Marantz, 1997). Nesta versão, as palavras são resultados de computações da sintaxe.

Hipótese Haverá diferença nas correspondências morfológicas e semânticas interlingüisticamente. Isto acontece, segundo a Teoria MD, porque as palavras são formadas a partir de concatenações de unidades menores, os morfemas. 

Sufixo -dade n a r afet Ø iv idade Alta simetria morfológica e semântica nas quatro línguas: português espanhol italiano francês afetividade afetividad affetività affectivité caridade caridad caritá charité generosidade generosidad generosità générosité Representação arbórea: n a r afet Ø iv idade Motivo da regularidade: A concatenação do sufixo -dade ocorre algumas camadas depois da concatenação da raiz com o primeiro morfema categorizador, onde ocorre a negociação semântica.

Sufixo -dade português espanhol italiano francês Mudança na raiz: português espanhol italiano francês felicidade felicidad felicità bonheur No exemplo em francês há a seleção de uma nova raiz. Há a forma félicité em francês. No entanto sua acepção difere daquela das demais línguas românicas, e corresponde à da palavra felicity em inglês. felicity / félicité  -  atingimento bem-sucedido de um propósito

Sufixo -ia n r filosof ia Alta simetria morfológica e semântica entre as quatro línguas: português espanhol italiano francês filosofia filosofia filosofia phylosophie teologia teologia teologia théologie zoologia zoologia zoologia zoologie Representação arbórea: n r filosof ia Motivo da regularidade: Radicais gregos que denotam palavras eruditas ou tecnocientíficas.

Sufixo -ia Mudança na raiz: português espanhol italiano francês covardia cobardia vigliaccheria lâcheté O italiano e o francês selecionam raízes diferentes das que são apresentadas em português e em espanhol. As distintas raízes, porém convergem para um mesmo ponto semântico. Vigliaccheria, foi derivada a partir do adjetivo vil do latim, vil i acco eria Já o francês seleciona uma raiz proveniente do latim laxare (frouxo, desarmado).

Sufixo -or r vt v aceler a t d n or Predominância de correspondências regulares: português espanhol italiano francês acelerador acelerador acceleratore accélerateur administrador administrador amministratore administrateur defensor defensor difensore défenseur Representação arbórea: r vt v aceler a t d n or Essas palavras, como podemos observar através da representação arbórea, passam por um estágio verbal anterior à formação dos nomes correspondentes.

Sufixo -or Mudanças nas raízes: português espanhol italiano francês aquecedor calentadora scaldabagno chauffage conversador hablador chiacchierone bavard elevador elevador ascensore ascenseur Mudanças nos sufixos: português espanhol italiano francês cantor cantante cantante chanteur acolhedor accogliente accueilant Aqui, o italiano e o francês selecionam sufixos diferentes para as palavras cantor e acolhedor. Neste caso, as palavras passam pelo particípio presente e não pelo particípio passado.

Conclusão Os exemplos de sufixos apresentados nos mostram algo em comum: não há, necessariamente, iguais correspondências morfológicas e semânticas entre línguas. Isto vem a comprovar a nossa hipótese modular de que não há um léxico pronto, mas sim concatenações de unidades menores, os morfemas. Os exemplos que vimos favorecem o modelo de gramática da Morfologia Distribuída.

Referências bibliográficas: Halle, M. & Marantz (1993) Distributed Morphology and the pieces of inflection. In K, Hale & S. Keyser (Eds.)The view from building 20. Essays in linguistics in honor of Sylvain Bromberger: (111 - 176). Cambridge, MA: MIT Press. Marantz, A. (1997) No Escape from Syntax: Don´t Try Morphological Analysis in the Privacy of Your Own Lexicon. In ª Dimitriadis, L. Siegel, C. Surek-Clark and A. Williams, (Eds.) Proceedings of the 21 st Annual Penn Linguistic Colloquium, U Penn Working Papers in Linguistics 4.2: 201 - 225. Philadelphia: Penn Linguistics Club. Lemle, Miriam (2005) Mudança sintática e sufixos latinos. Lingüística - Revista do Programa de Pós-Graduação em Lingüística da UFRJ, vol. 1, 2005, pp. 05 - 44.