Disformismo Corporal.

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Transcrição da apresentação:

Disformismo Corporal

Imagem Corporal Para Schilder (1994), a imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se nos apresenta. Segundo Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes: • Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso; • Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada; • Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal.

Para McNamara (2002), crenças culturais determinam normas sociais na relação com o corpo humano. Práticas de embelezamento, manipulação e mutilação, fazem do corpo um terreno de significados simbólicos. Mudanças artificiais em seu formato do corpo, tamanho e aparência são comuns em todas as sociedades e têm uma importante função social. Elas comunicam a informação sobre a posição social do indivíduo e, muitas vezes, demonstram um sinal de mudança em seu status social. De acordo com Adams (1977), percebe-se que o mundo social, claramente, discrimina os indivíduos nãoatraentes, numa série de situações cotidianas importantes. Pessoas julgadas pelos padrões vigentes como atraentes parecem receber mais suporte e encorajamento no desenvolvimento de repertórios cognitivos socialmente seguros e competentes, assim, indivíduos tidos como nãoatraentes, estão mais sujeitos a encontrar ambientes sociais que variam do não-responsivo ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento de habilidades sociais e de um autoconceito favorável.

Segundo Stice (2002), sociólogos têm proposto dois processos que promovem atitudes e comportamentos: reforço social e a modelagem. O reforço social refere-se ao processo por meio do qual pessoas internalizam atitudes e comportam-se mediante aprovação dos outros. Como exemplo, um adolescente pode querer seguir uma dieta caso perceba que a mídia glorifica o corpo esbelto e magro e critica as pessoas com excesso de peso. A modelagem refere-se ao processo em que o individuo observa comportamentos de outros e os imita. A sociedade pode ser um modelo de preocupações com as medidas corporais, dietas excessivas, comportamentos não-saudáveis de controle de peso e, em última análise, compulsões alimentares

Dismorfismo Corporal: até onde minha vaidade é normal? Estima-se que cerca de 1-2% da população mundial sofra de uma doença conhecida cientificamente como Dismorfismo Corporal, ou Dismorfofobia, que nada mais é do que o distúrbio em que o indivíduo tem uma percepção errônea sobre sua imagem, se preocupando excessivamente com características reais ou imaginárias sobre sua aparência ou constituição física. Nestes casos o indivíduo pode se imaginar feio, gordo ou fraco, ou ainda pode imaginar que algo no seu corpo não está “normal”, passando a sofrer com isso.

Transtorno Corporal O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno relacionado a preocupações com a aparência. Os critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM-IV (APA, 1995) são: preocupação com um defeito imaginado na aparência, e mesmo que haja um mínimo defeito, a preocupação é extremamente acentuada; sofrimento significativo e/ou prejuízo no funcionamento da vida do indivíduo; não deve ser confundido com Anorexia e Bulimia. Enquanto nesses transtornos, a preocupação é com o tamanho ou forma do corpo como um todo, no TDC se refere a uma ou mais partes do corpo como: nariz, boca, queixo, seios, cabeça, cabelo, pernas, quadris, entre outras.

Preocupação e Perigos no TCD As preocupações são mais freqüentes em situações sociais, sendo comum esquiva social e tentativas de camuflagem (com maquiagem, roupas, gestos). Outros comportamentos característicos são: olhar fixamente no espelho, ou evitar espelhos, comparar-se com outras pessoas, pedir reafirmações sobre o defeito, realizar cirurgias plásticas e tratamentos estéticos. Alguns desses comportamentos podem se tornar rituais que prejudicam as atividades diárias. Sem tratamento médico e psicológico, o TDC persiste por anos, sendo caracterizado como um transtorno crônico e perigoso, com riscos de suicídio (Phillips, McElroy, Keck, Pope & Hudson, 1993; Figueira, Nardi, Marques & Versiani, 1999).

Comorbidade e Teorias Segundo o DSM-IV (APA, 1995), o TDC pode estar associado com o Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Delirante, Fobia Social e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). A maioria dos estudos discute se o TDC deveria ser considerado como um transtorno separado, que apresentaria comorbidades com esses outros transtornos citados, ou como um spectrum (ou subtipo) de alguns deles. Teorias biológicas sugerem, como causa orgânica do TDC, a desregulação do sistema serotoninérgico (Figueira et al., 1993; Figueira et al., 1999). Vários autores (Birtchenell, 1988; Rosen, 1997; Figueira et al., 1999) consideram a importância das influências culturais sobre seu desenvolvimento, diante da grande valorização da beleza e aparência física.

Alguns estudos de caso destacam aspectos da história de vida de indivíduos com TDC que parecem ser comuns e poderiam ter relevância em seu desenvolvimento: a educação rígida ou pais superprotetores; poucos amigos durante a fase escolar; ganhos secundários; famílias em que se dá maior ênfase em conceitos estereotipados de beleza; comentários, ainda que inócuos ou neutros, em relação à aparência e acidentes traumáticos (Andreasen & Bardach, 1977; Bloch & Glue, 1988; Braddock, 1982; Kaplan, Sadock & Grebb, 1997; Rosen, 1997; Thomas, 1984). Até o momento, não há um consenso quanto a questões de classificação, etiologia, prevalência e tratamento. Como raramente indivíduos com TDC apresentam apenas comportamentos relacionados a preocupações com a aparência, mas também comuns a outros transtornos, a classificação psiquiátrica é difícil. A classificação do manual DSM descreve os tipos de topografias das respostas que podem ocorrer, mas não explica seu desenvolvimento ou as variáveis que as mantêm. A avaliação comportamental deveria ir além do modelo topográfico, buscando variáveis ambientais relacionadas à instalação e manutenção das respostas, isto é, as relações funcionais entre as respostas e as variáveis ambientais. Para a Análise do Compor-tamento, um comportamento “diferente” não deve ser visto como “patológico”, pois, se ele foi selecionado é porque, de alguma maneira, é funcional (Matos, 1999).

A mídia a insatisfação e distúrbios da imagem corporal Para Stice (2002), existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da imagem corporal e alimentar. Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas) através desse veículo.

Em estudo realizado nas ilhas Fiji, Becker et al. (2002) avaliou o impacto da exposição das adolescentes à televisão e conseqüentes atitudes e comportamentos alimentares desses indivíduos. O estudo foi dividido em duas etapas, a primeira em 1995 e a segunda em 1998, já com três anos de exposição à televisão. Os resultados mostraram que os indicadores de transtorno alimentar foram significantemente mais prevalentes após 1998, demonstrando também maior interesse em perda de peso, sugerindo um impacto negativo da mídia