Poder e sociedade: Foucault (1926 – 1984)

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Transcrição da apresentação:

Poder e sociedade: Foucault (1926 – 1984) Profª Karina Oliveira Bezerra

Poder Não deve-se tomar o poder como um fenômeno de dominação maciço e homogêneo de um individuo sobre os outros, de um grupo sobre outros, de uma classe sobre as outras. O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em posição de exerce esse poder e de sofrer sua ação; nunca são o alvo inerte e consentido desse poder, são sempre centros de transmissão. Efetivamente, aquilo que faz com que um corpo, gestos, discursos e desejos sejam identificados e constituídos enquanto indivíduos é um dos primeiro efeitos do poder.

Mecanismos de poder Foucault observa uma microfísica do poder, ou seja, uma rede de dispositivos ou mecanismos de poder que se disseminam por toda a estrutura social. A sociedade moderna como um todo, se caracteriza pela economia capitalista, cientificismo e a disciplina. Todos estes três pontos estão relacionados e formam e sustentam o poder sobre o homem moderno. A disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpetua e constante dos indivíduos.

Mudanças sociais ocorridas no séc Mudanças sociais ocorridas no séc. XVIII e XIX levaram a alterações do jogo do poder, que foi sendo gradativamente substituído pelo que Foucault denomina de sociedades disciplinares, as quais atingiram o seu apogeu no séc. XX. A passagem de uma forma de dominação a outra ocorreu quando a economia do poder percebeu ser mais eficaz e rentável “vigiar” do que “punir”.

Capitalismo Na modernidade o indivíduo é submetido a uma economia chamada de capitalismo. Neste tipo de estrutura econômica o que predomina é a competitividade e o trabalho como meio de ganho em meio a estas disputas, ou seja, o objetivo do homem moderno (o individuo da modernidade) é ter o melhor emprego e a maior quantidade de dinheiro e propriedades possíveis. O capitalismo, como uma organização empresarial e uma organização dos meios de produção, padroniza o dia-a-dia dos indivíduos e padroniza seu comportamento, através de ferramentas consideradas essenciais, como as mídias. A televisão, por exemplo, foi uma invenção científica que é usada à serviço do capitalismo, quando esta impulsiona o consumismo, característica da sociedade moderna. Ou seja, as ciências na modernidade ficam à serviço do capitalismo.

Verdade O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder. A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder O indivíduo é sem dúvida o átomo fictício de uma representação “ideológica” da sociedade; mas é também uma realidade fabricada por essa tecnologia específica de poder que se chama “disciplina”.  Foucault afirma que os indivíduos, nesse modelo de sociedade, são constituídos como efeitos da atuação de estratégias de poder correlatas a técnicas de saber.  A disciplina produz realidade, produz rituais de verdade, produz indivíduos úteis e dóceis. 

Vigiar, punir e exame O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame.    Vigiar, muito mais que aplicar um olhar constante sobre o indivíduo, significa dispô-lo numa estrutura arquitetural e impessoal, na qual ele se sinta vigiado.  Punir primeiramente tem a finalidade de uma ortopedia moral, de normalização, não somente de um comportamento, mas do conjunto da existência humana, seja obstaculizando a virtualidade de um comportamento perigoso mediante o uso de pequenas correções, seja incentivando condutas desejáveis a partir de recompensas e vantagens. O exame atua numa ampla rede de instituições psiquiátricas, pedagógicas e médicas, classificando as condutas em termos de normalidade e anormalidade.