Pagamentos por Serviços Ambientais: Alguns Pontos Críticos

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Instrumentos Económicos e Financeiros
Advertisements

P A percepção dos riscos é homogênea?
DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
INTRODUÇÃO À ECONOMIA.
Seguridade Social na perspectiva do desenvolvimento do Brasil" 6º Congresso Nacional da CNTSS/CUT 27 a 31 de maio - São Paulo Eduardo Fagnani IE/Unicamp.
PRINCÍPIOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL
AVALIAÇÃO ECONÓMICA DA LEGISLAÇÃO NUNO GAROUPA (Noções Fundamentais & Técnicas)
Sessão 2 Fundamentos Técnicos Enquadramento Teórico
Economia Pública Aula T/P 1
Para o Planejamento do Ecoturismo não bastam técnicas e ferramentas práticas de e l a b o ração de planos e projetos. Desta forma entende-se que refletir.
A REGULAÇÃO DA SAÚDE UMA ABORDAGEM
INTRODUÇÃO À ECONOMIA A CIRCULAÇÃO NUMA ECONOMIA DE MERCADO CANO, Wilson. Introdução à Economia: uma abordagem crítica. 2 ed. São Paulo: UNESP, p.
Instrumentos Econômicos e Financeiros para GIRH
Economia e Finanças Públicas Aula T2
Matemática Financeira Juros Simples
MACROECONOMIA AULA 1.
AUDIÊNCIA PÚBLICA OPERAÇÃO SADIA/PERDIGÃO CÂMARA DOS DEPUTADOS
Fundamentos de Economia
Cidadania e governança global – ONGs e outras formas de ação.
Conceito do segurado especial
Bens Públicos e Recursos Comuns
INTRODUÇÃO O Problema da escassez
GESTÃO DE ONGS Características e Desafios
PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS
meio ambiente FÓRUM MUNDIAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS
A interface entre o Terceiro Setor e o mercado
FÓRUM MUNDIAL DE SUSTANTABILIDADE
COMISSÃO MISTA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Capítulo 4 Direitos de Propriedade, Externalidades, e Problemas Ambientais.
Ademar Ribeiro Romeiro
Contabilidade A profissão contábil vem se transformando ao longo do tempo e estas transformações têm acompanhado basicamente as mudanças da economia global,
Pesquisa em Comunicação I Capítulo 2 - A Pesquisa como ferramenta do processo comunicativo PESQUISA EM COMUNICAÇÃO PESQUISA DE OPINIÃO PESQUISA DE.
Economia e Gestão Financeira
implementados e propostos no Brasil.
Prof. Dr. Alexandre H. de Quadros
O SISTEMA ECONÔMICO PROFª. ECON. MSC. JARMONIELLE DE OLIVEIRA
Introdução à Microeconomia
, MMA, Brasília Pagamentos por Serviços Ambientais: Desmatamento evitado na Amazônia Legal Sven Wunder (CIFOR) Jan Börner (CIAT/Iniciativa Amazônica)
VALORAÇÃO AMBIENTAL.
Agricultura e os Serviços Ecossistêmicos: Integrando Agroecologia com pagamentos para Serviços Ecossistêmicos em Paulo Lopes Joshua Farley, PhD University.
Economia dos Serviços Ecossistêmicos
ESAPL IPVC Licenciatura em Engenharia do Ambiente e dos Recursos Rurais Economia Ambiental.
Noções gerais de Economia
Fundamentos de economia
Introdução à Economia A CIÊNCIA ECONÓMICA “Ciência da administração dos recursos raros.” Barre, R. (1969) “Ciência que estuda o comportamento humano em.
PROBLEMAS DE MENSURAÇÃO NAS CONTAS NACIONAIS LES0200 – Contabilidade Social Sílvia Helena G. de Miranda – LES/ESALQ Setembro/2014.
EDUARDO DINIZ ECONOMIA EDUARDO DINIZ
ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA EM SAÚDE
A questão dos Juros no Brasil
Economia Ecológica: CNM 7238 Introdução
Rio do Sul, 23 de março de 2010 Oficina sobre o Programa de Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí.
FUNDAMENTOS NEOCLÁSSICOS PARA A LEI DA OFERTA E DA DEMANDA
Sustentabilidade Sócio Ambiental
ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
Introdução à Certificação Florestal
Os Fins Desejáveis e as Características Físicas dos Recursos Joshua Farley, PhD University of Vermont Community Development and Applied Economics & Gund.
1 X Congresso Brasileiro de Energia Racionalização, Regulação e Visão do Consumidor Adriano Pires 28/10/2004.
CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DA CADEIA DE BIOETANOL PARA O RS Luis Alberto Bairros (Betinho ) Coordenador Programa Setorial Biocombustíveis SIMPÓSIO.
Desafios econômicos e institucionais para a implementação dos pagamentos por serviços ambientais: uma abordagem sobre os programas de redução de emissões.
Economia Ecológica e Pagamentos para Serviços Ecossistêmicos Joshua Farley, PhD University of Vermont Community Development and Applied Economics & Gund.
Rápida disseminação dos PSA na última década Crise da abordagem integrada (desenvolvimento e meio ambiente) Atores chaves (na disseminação das ideias e.
Pagamentos para Serviços Ecossistêmicos: Sustentabilidade, Justiça e Eficiência Seminário Estadual sobre Pagamentos por Serviços Ambientais 18 e 19 de.
Economia Ecológica e Pagamentos para Serviços Ecossistêmicos Joshua Farley, PhD University of Vermont Community Development and Applied Economics & Gund.
PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA UMA MATRIZ ENERGÉTICA REGIONAL.
ESTABILIDADE DE PREÇOS VERSUS ALTO NÍVEL DE EMPREGO POLÍTICAS MACROECONÔMICAS PARA ATINGÍ-LAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS E POSITIVAS PARA A ECONOMIA.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA IN: Fundamentos de Economia, de Marco Antonio S
O Setor Público Aula 13.
Pagamentos para Serviços Ecossistêmicos: Sustentabilidade, Justiça e Eficiência Joshua Farley, PhD University of Vermont Community Development and Applied.
Economia do Meio Ambiente Andrea Melo 19/05/2008.
Transcrição da apresentação:

Pagamentos por Serviços Ambientais: Alguns Pontos Críticos Maurício Amazonas CDS-UnB Audiência Pública, Câmara dos Deputados Brasília, 16 de setembro de 2009

1. PSA x PSE Mercado como expressão das esferas da produção e do consumo. Bens e serviços ambientais como Bens Públicos e a clivagem das esferas da produção e do consumo: o não-mercado. Funções Ecossistêmicas (FEs), Serviços Ecossistêmicos (SEs) e Serviços Ambientais (SAs).

2. Pagamento, Remuneração e Cobrança Clivagem do sistema de pagamento de um bem público e dois Sub-sistemas: Remuneração e Cobrança. Remuneração por Serviços Ambientais. Cobrança por Serviços Ecossistêmicos.

3. Dilemas da Valoração. Quanto Valem os SEs e os SAs?? Custo de Produção e de Oportunidade na Obtenção dos SAs? Benefícios sociais (Externalidades Positivas) trazidos pelos SEs produzidos? Ou Custos sociais (Externalidades Negativas) trazidos pela perda de SEs? Medidos pelas “Utilidades do Consumidor” (utilitarismo individualista neoclássico)?? FLAGRANTE E PERIGOSA CONTRADIÇÃO...

4. Questão das Aditividade, Escalas e Escopo. Para um bem público não-individualizável, qual a contribuição de cada produtor do SA? Qual a contribuição do consumo de cada usuário/beneficiário do SE? O conjunto do fenômeno não pode ser tratado pela Aditividade linear das partes. A Escala compromete a Aditividade. Ex: papel do regime hídrico da Amazônia para as chuvas no Centro-Sul. O Escopo compromete a Aditividade. Ex: múltiplas FEs e portanto múltiplos SEs providos por uma mesma área de ecossistema natural. 5

5. Relações de Direito Direitos de Propriedade: soberania privada. Direitos Públicos e de Cidadania: regulação da propriedade privada. Um SE gerado por uma FE é sempre uma Externalidade Positiva, mas o SA que o gera também é e faz jus a Remuneração? Ou a perda de uma SE é que deve sempre ser uma Externalidade Negativa (Desserviço Ambiental), passível se ser taxada/cobrada? Essa decisão não é simplesmente Ecológica, mas sim Normativa, Jurídica e Ética.

6. Questão da causação, linha-de-base e adicionalidade. Linha de Base: qual a situação “normal”, ou seja, qual a situação que deve ser aceita pela sociedade como “direito a degradar”, a partir da qual os SEs providos devem ser computados como SAs remuneráveis? Adicionalidade: o provimento de um SE, para que seja socialmente considerado como um SA, deve ser aquele que promove tal SE acima da linha de base, adicionando positivamente portanto. Risco 1: chantagem ambiental – ameaçar desmatar uma área que não seria desmatada, apenas para receber SAs. Risco 2: dumping ambiental por “vazamento” – deixar de desmatar em um lugar, para receber SAs, e depois desmatar em outro lugar (talvez até financiado com o dinheiro do PSA).

7. Desenho de modelos normativos de PSA. O que deve e o que não deve ser enquadrado como SA para fins de PSA? Qual a delimitação do universo de atores, em termos da definição de quem serão os favorecidos com remuneração (recebedores) e os que serão compromissados com arcar com a cobrança (pagadores). Qual a natureza da política que fundamenta o programa de PSA? Política Valorativa dos SEs (ambiental), Política de Renda (social) ou Política Setorial de Incentivos (microeconômica)? Quais as formas de quantificação empregadas para a determinação de valores a serem recebidos pelos provedores e a serem cobrados dos usuários? Quais os mecanismos institucionais e operacionais a serem empregados?