0000000 CREST com boa resposta aos imunossupressores: Relato de caso em homem jovem e negro, com fibrose pulmonar Eduardo Mastrangelo Marinho Falcão Pablo.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
V SIMPÓSIO NACIONAL DE ELETROMIOGRAFIA
Advertisements

Síndrome Nefrótico Síndrome NEFRÍTICO
PITIOSE NASAL EM EQUINO : RELATO DE CASO RESULTADOS E DISCUSSÃO
PROTEINOSE ALVEOLAR: RELATO DE CASO
Estudos retrospectivos de zoonoses no Estado do Paraná e municípios da Região Metropolitana de Curitiba Nathalia Terra Ferreira e Souza Iniciação Científica.
Universidade Federal de Goiás
Nevo conjuntivo zosteriforme: Relato de caso
ATRESIA DO ESÔFAGO Hospital Universitário Pedro Ernesto.
CAPILAROSCOPIA PERIUNGUEAL
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO(LES)
Pneumonia em institucionalizados
Acroceratoelastoidose de ocorrência familial
Miopatias inflamatórias
Incapacidade física e participação social em pessoas acometidas pela hanseníase após alta da poliquimioterapia Igor Eli Balassiano Natalia Regina.
Lupus eritematoso hipertrófico tratado com infiltrações intralesionais
X Insuficiência terapêutica recidiva em hanseníase multibacilar
ÚLCERA DE PÉ DIABÉTICO ASSOCIADA À MIÍASE
Pé Diabético:Ações da equipe multiprofissional de saúde
Hanseníase Virchowiana
Penfigoide gestacional: Relato de caso
GESF colapsante não associada à infecção pelo HIV
Alopécia neoplásica: Relato de caso
Perfil clínico epidemiológico do vitiligo na criança e adolescente
O papel da Endoscopia Digestiva na DRGE
Acometimento renal na Síndrome de Sjögren
Paciente transplantada de medula óssea
Tuberculose Renal Alexandre Silvestre Cabral Médico Residente
Glomerulonefrite Anti-MBG
ENVOLVIMENTO RENAL NA INFECÇÃO PELO HIV.
GLOMERULONEFRITE PÓS INFECCIOSA
DOENÇA DE CAMISA: uma rara variante da Síndrome de Vohwinkel
Síndrome de Rowell, uma entidade clínica ou um espectro do lúpus?
Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio ou Síndrome de Hughes
Reunião Anatomoendoscópica
Foliculite Dissecante do Couro Cabeludo
EVOLUÇÃO DA MASSA ÓSSEA PÓS-PARATIREOIDECTOMIA EM UM
Daniel Trabulo, Ana L. Alves, Cristina Lobato, Fátima Augusto, Ana P
Resposta completa a terapia com Octreotato-177Lu em paciente com gastrinoma e múltiplas metástases hepáticas – Relato de caso. Gomes, G.V. ; Souza, D.S.F.;
Desenvolvimento de carcinoma epidermóide em sequela de Hanseniase
ERITEMA NODOSO ATÍPICO X PANICULITE FACTÍCIA: relato de um caso
Psoríase e Doença de Crohn
Paquidermoperiostose primária: relato de um caso
Mansur ACP ¹, Francisco RP¹, Gallelo AC ¹ Urzedo APS², Bedin V 3 (1) Pós-graduando do BWS - Pele Saudável (2) Professor do BWS –Pele Saudável (3) Professor.
LÚPUS DISCÓIDE HIPERTRÓFICO: relato de três casos
PSEUDOTÍNEA AMIANTÁCEA: estudo de 7 casos
VII Sessão Conjunta UERJ-UFRJ Abril
Manifestações cutâneas na doença mista do colágeno
Lúpus Eritematoso Giselly De Crignis.
Tinea Capitis nas crianças do Hospital de Clínicas de Curitiba - Paraná, Brasil: análise de 98 casos. Mariana Nunes Viza Araújo – Pesquisa Voluntária.
Osteoartrose Disciplina Fisioterapia em Reumatologia
J Pediatr (Rio J) 2010;86(6): Apresentação: Paula Balduíno Coordenação: Dr. Filipe Lacerda Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília/SES/DF.
Artrite Psoriásica.
Esclerodermia ( Esclerose Sistêmica ).
Espondiloartrites Indiferenciadas
QUIZ 35.
Ana Luiza Telles Leal 24/05/2010
Úlcera de Martorell: Relato de caso
A Trombose Venosa Cerebral (TVC), de veias ou seios venosos, é uma entidade com incidência de aproximadamente 5 casos por milhão por ano sendo três vezes.
Polimiosite: Relato de Caso
1 Médica Residente em Clínica Médica do Hospital Regional de Cacoal. 2 Médica dermatologista e Preceptora do Programa de Residência em Clínica Médica do.
SÍNDROME DE SJÖGREN Dr. Sergey Lerner UNIVERSIDADE POSITIVO.
Introdução Relato do Caso Discussão Conclusão
Dong Soon kim, Curr Opin Pulm Medicine, 2006 Paula Miguel Lara - Reumatologia – Santa Casa de São Paulo.
1-INTRODUÇÃO Colelitíase transitória e lama biliar são manifestações não raras em pacientes internados em uso de ceftriaxone. A Ceftriaxona é uma Cefalosporina.
Granuloma de Majocchi CONCLUSÃO
SARCOMA DE ÍNTIMA CARDÍACO EM PACIENTE PEDIÁTRICO Oliveira JM 1,2, Cunha IW 2, Torres FAL 2,Araujo NCFD 1,2, Favaro MG 1,2,Netto-Montemor MR 1,2, Merlini.
CURSO DE REVISÃO EM REUMATOLOGIA MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS SOCIEDADE PAULISTA DE REUMATOLOGIA APM – 06/10/2006 JOSÉ CARLOS M. SZAJUBOK.
Transcrição da apresentação:

0000000 CREST com boa resposta aos imunossupressores: Relato de caso em homem jovem e negro, com fibrose pulmonar Eduardo Mastrangelo Marinho Falcão Pablo Vitoriano Cirino Beatriz Moritz Trope Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO A síndrome CREST foi inicialmente descrita em 1965 por Carr et al. Caracteriza-se por Calcinose, fenômeno de Raynaud, dismotilidade Esofagiana, eSclerodactilia e Telangiectasias. Seu início é incomum na infância e em homens jovens. O tratamento ainda é um desafio e a eficácia dos imunossupressores carece de estudos adequados. Motivo da apresentação: Relatamos o caso de um paciente negro, do sexo masculino iniciando a doença, com fibrose pulmonar, aos 24 anos. Destacamos a boa resposta do quadro cutâneo-articular ao metotrexato.

RELATO DO CASO Paciente do sexo masculino, negro, 24 anos Há 2 anos e meio, apresentando úlceras persistentes no membro inferior direito, fenômeno de Raynaud, disfagia de condução progressiva para sólidos, perda ponderal, dispneia aos moderados esforços e poliartralgia (punhos e joelhos). Chegou ao serviço em uso de Prednisona 30mg por dia Ao exame: murmúrios vesiculares reduzidos nas bases, esclerose cutânea moderada na região distal dos membros superiores, microstomia leve, esclerodactilia (inclusive com pequena ulceração na polpa digital do primeiro quirodáctilo direito) e diversas telangiectasias no tórax, regiões malares e palma esquerda FAN 1:640, pontilhado nuclear e anti-RNP 1:400. Anti-centrômero, anti-Scl70, anti-Mi2, anti-Jo, anti-Ro, anti-La e FR negativos

RELATO DO CASO A eletroforese de proteínas revelou hipergamaglobulinemia policlonal e os demais exames laboratoriais foram normais À capilaroscopia, foram visualizados vários capilares alargados e alguns gigantes A tomografia computadorizada do tórax evidenciou padrão de faveolamento, sugerindo fibrose pulmonar bilateral A esofagomanometria mostrou ausência completa de contrações (aperistalse) no corpo esofágico em todas as deglutições A endoscopia digestiva revelou metaplasia intestinal no antro gástrico ao exame histopatológico Biópsias cutâneas do antebraço e da região supramamária mostraram infiltrado linfoide ao redor dos vasos superficiais sem esclerose evidente

Telangiectasias nas regiões malares e microstomia

Telangiectasias no tórax Cianose distal (fenômeno de Raynaud) e telangiectasias na palma esquerda

RELATO DO CASO Com o diagnóstico de CREST, foi iniciado tratamento com metotrexato 10mg por semana e nifedipina 10mg por dia. Devido a persistência do fenômeno de Raynaud, foi necessário dobrar a dose da nifedipina e associar sildenafil 12,5 mg, bem como aumentar progressivamente a dose de metotrexato até 20 mg. Simultaneamente, a dose da prednisona foi reduzida até 5 mg. Houve melhora significativa do quadro cutâneo-articular. O paciente permanece em acompanhamento, há 15 meses, sem evolução da fibrose pulmonar

DISCUSSÃO A esclerose sistêmica é uma doença autoimune, caracterizada por acúmulo de tecido conjuntivo, difuso ou limitado, acometendo a pele, trato gastrointestinal, pulmões, coração e rins. Em negros, é mais comum na forma difusa. A CREST é uma forma limitada, mais frequente em mulheres brancas de meia idade, caracterizada por calcinose, fenômeno de Raynaud, dismotilidade esofagiana, esclerodactilia e telangiectasias. A maioria dos pacientes apresenta FAN positivo e o anti-centrômero (ACA) é encontrado em 50-96% dos casos. A fibrose pulmonar está associada à ausência do ACA, sendo menos frequente na CREST. Ao exame histopatológico, inicialmente, pode ser encontrado infiltrado linfocítico perivascular. Com sua progressão, a fibrose torna-se mais evidente.

DISCUSSÃO O tratamento da esclerose sistêmica ainda é baseado nos sintomas e seu controle permanece um desafio. Diversos imunossupressores já foram utilizados, porém as evidências na literatura ainda são fracas. O metotrexato parece ser a melhor droga no controle das manifestações cutâneas e nas situações de sobreposição. O paciente apresentava esclerose cutânea com padrão distal, capilaroscopia sugestiva, presença de FAN e os critérios para CREST (com exceção da calcinose). A ausência do ACA é fator de risco para a fibrose pulmonar observada. Destacamos a boa resposta ao tratamento com o metotrexato, com controle das queixas articulares e melhora significativa das lesões cutâneas. Ressaltamos a importância de novos ensaios controlados randomizados com um maior número de pacientes para definir as opções adequadas para o tratamento da esclerose sistêmica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Akiyama Y, Tanaka M, Takeishi M, Adachi D, Mimori A, Suzuki T. Clinical, serological and genetic study in patientes with CREST syndrome. Intern Med. 2000; 39:451-6. Bennett RM. Scleroderma, inflammatory myopathies and overlap syndromes. In: Firestein GS et al. Textbook of Rheumatology. 8 ed. Philadelphia: Saunder; 2008. Carr RD, Heisel EB, Stevenson TD. CREST syndrome. A benign variant of scleroderma. Arch Dermatol. 1965; 92:519-25. Kowal-Bielecka O, Bielecki M, Kowal K. Recent advances in the diagnosis and treatment of systemic sclerosis. Pol Arch Med Wewn. 2013; 123(1-2):51-8. Quilinan NP, Denton CP. Disease-modifying treatment in systemic sclerosis: current status. Curr Opin Rheumatol. 2009; 21:636-41.