SOCIEDADE E CULTURA NO ESPORTE: UMA ANÁLISE SOBRE O FUTEBOL E O NEGRO

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Transcrição da apresentação:

SOCIEDADE E CULTURA NO ESPORTE: UMA ANÁLISE SOBRE O FUTEBOL E O NEGRO Ministério do Esporte Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social ENCONTRO ANUAL DA REDE CEDES – 2014 - Brasília/DEF, 4-6/12/2014 - SOCIEDADE E CULTURA NO ESPORTE: UMA ANÁLISE SOBRE O FUTEBOL E O NEGRO Vilma Aparecida de Pinho. Pós-Doutoranda FEF/UFMT José Tarcísio Grunennvaldt. Doutor FEF/UFMT INTRODUÇÃO As questões principais são: 1- Como era o futebol nas décadas de 1950/60 em Cuiabá? Quais estruturas materiais se disponibilizavam para a prática do esporte? O que o futebol propiciou ao negro como jogador de sucesso? OBJETIVOS Analisar os significados do futebol na vida de jogadores negros em MT nas décadas de 1950/60 tentando compreender o sentido do esporte na história de vida, com ênfase no significado de ser jogador negro campeão no futebol. Compreender as vivências das questões de diferença étnico-raciais no futebol; Estudar os hábitos e práticas em relação ao esporte, assim como as relações e motivações favorecidas pelo futebol; Compreender o significado do esporte para os sujeitos. METODOLOGIA Realizamos a entrevista sobre história de vida com os jogadores de futebol durante os meses de julho e agosto de 2014. O perfil dos entrevistados é o seguinte: Accácio, 74 anos jogou no MEC – Mixto Esporte Clube por mais de sete anos e no Rondonópolis Social Clube por quatro anos. Marcelo, 72 anos jogou no Mixto por dois anos, foi campeão em 1959 e 1962. . Equipe do Mixto Campeão de 1959 Fonte: CMF – Confederação Matogrossense de Futebol. RESULTADOS E DISCUSSÃO  Ao analisar o futebol em Cuiabá –MT nas décadas de 1950/60 com o enfoque no desenvolvimento do esporte e nas questões do negro, evidenciamos como ocorriam as relações e o significado das vivências de negros no futebol. O futebol se amparava nas normas do esporte amador, no qual os jogadores não recebiam ordenado. Pelo status de futebolistas de sucesso construíram redes de apoio e sociabilidades substanciais para o trabalho. Especialmente os negros, requereram, mediante o futebol colocações em postos de trabalhos a fim de garantir a sobrevivência. Nesse sentido, a prática do esporte paulatinamente foi fragmentada, pois diante da necessidade, embora fossem apaixonados pelo futebol, fizeram a opção pelo sustento da família (Accácio) e (Marcelo) pela formação. É válido destacar que Accácio conseguiu conciliar durante mais de dez anos futebol e trabalho, mas foi desistindo de jogar ao perceber o prejuízo no seu desempenho, segundo ele, pela falta de treinamento. Os negros, eram considerados pessoas importantes, mas ainda assim, por vezes restringiam os grupos de contato a fim de evitar constrangimentos. Os mecanismos de auto-proteção foram expressadas nas narrativas pelos futebolistas que percebiam o preconceito e discriminação em relação a raça/cor. Embora o futebol era amador naquele contexto histórico, observamos pelas atitudes e procedimentos em relação ao esporte evidências de profissionalismo por parte dos jogadores sujeitos dessa pesquisa. A seriedade com a qual lidavam com o futebol foi percebida por nós, pela dedicação aos treinamentos, pelos cuidados com o corpo no que se refere ao descanso e alimentação e, pela energia dos pensamentos que focavam durante a concentração: “temos que ganhar”. Os resultados deste estudo indica também que os jogadores negros nutriam um especial apreço pelo futebol arte valorizando o domínio das normas do esporte e os elementos técnicos e táticos do jogo. Desfile antes de um jogo. Fonte: CMF – Confederação Matogrossense de Futebol. CONCLUSÃO Podemos afirmar que as configurações dos sujeitos criaram uma estrutura tangível de materialidade e subjetividade no esporte. Ou seja, mesmo no esporte amador, os jogadores, se dividindo entre o futebol e o trabalho, desenvolveram o aparato cultural (simbólico) para o crescimento do futebol que se constitui importante atividade de lazer no estado de Mato-grosso.