Amorim, VMSL; Barros, MBA; César C; Carandina L; Goldbaum M.

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Transcrição da apresentação:

Amorim, VMSL; Barros, MBA; César C; Carandina L; Goldbaum M. Fatores associados a não realização do exame de Papanicolaou: um estudo de base populacional no município de Campinas, SP. Amorim, VMSL; Barros, MBA; César C; Carandina L; Goldbaum M.

Introdução O câncer do colo de útero, no contexto mundial, é o 2º tipo de câncer mais comum na população feminina (Todd e Shafi, 2004). No Brasil é a 4ª neoplasia mais comum entre as mulheres, representando 10% de todas as neoplasias nesta população.(Brasil, 2004).

O pico de incidência entre os 30 a 60 anos de idade, sendo pouco freqüente abaixo dos 30 anos (Brasil, 2002). Tem fatores de risco bem determinados e reconhecidamente ligados a atividade sexual e o estilo de vida (Bazuaye, 2004; Au,2004;Todd, 2004).

As doenças sexualmente transmissíveis também são consideradas fatores de risco para o câncer de colo de útero. O Vírus do Papiloma Humano está claramente identificado como agente causador deste câncer (Garner,2004) Tem evolução lenta e dispõe de exame de rastreamento simples e eficaz, a citologia oncótica, capaz de detectar a doença em sua fase inicial, tornando-se altamente curável (Gardner, 2004).

Objetivo do estudo Analisar a prevalência da não realização do exame de Papanicolaou segundo variáveis socioeconômicas e de comportamentos relacionados à saúde, por mulheres com 40 anos ou mais de idade, residentes na cidade de Campinas, SP.

Estudo transversal, de base populacional. Material e Métodos Estudo transversal, de base populacional. Dados do Inquérito Domiciliar de Saúde realizado entre 2001-2002 na cidade de Campinas como parte integrante do inquérito de Saúde no Estado de São Paulo (ISA-SP), desenvolvido em parceria da UNICAMP, UNESP e USP.

Processo amostral Setores censitários agrupados em estratos segundo percentual de chefes de família com nível universitário. Sorteados 10 setores de cada estrato. Em cada setor foram sorteados os domicílios e selecionados os indivíduos a serem entrevistados segundo os domínios de sexo e idade.

O tamanho da amostra estimado foi de 200 indivíduos em cada um dos domínios de idade e sexo. Considerando a possibilidade de 20% de perda foram sorteados 250 indivíduos para cada domínio. Para este estudo, a amostra foi obtida com indivíduos pertencentes a dois domínios: mulheres de 20 a 59 anos e mulheres de 60 anos ou mais, totalizando 290 mulheres com 40 anos ou mais de idade.

Coleta de dados Questionário estruturado em 19 blocos temáticos com a maioria de questões fechadas, aplicado em visita domiciliar diretamente à pessoa sorteada por entrevistador treinado e supervisionado durante todo o inquérito.

Blocos de interesse deste estudo Doenças crônicas referidas Deficiência física referida Utilização dos serviços de saúde Características socioeconômicas da família e do chefe da família Realização de exames preventivos Saúde emocional Auto-avaliação em saúde

Variáveis Independentes Sociodemográficas: Idade (por faixa etária) Cor auto-referida (brancas e não brancas) Naturalidade (estado de São Paulo ou outro) Situação conjugal (com companheiro e sem companheiro) Escolaridade(0-4 anos e 5 ou mais anos)

Situação na família (chefe e não chefe) Renda familiar per capita (em salários mínimos) Situação ocupacional (trabalha e não trabalha) Religião (católica e não católica) nº de pessoas na família( 1-4 e 5 ou mais pessoas) Posse de bens duráveis( 1-9 e 10 ou mais bens)

Hábito de fumar (fumante e não fumante/ex fumante). Prática de atividade física (sim e não). Índice de massa corpórea (imc=kg/m2 ). Auto avaliação da saúde para mulheres com 60 anos ou mais de idade. Presença de morbidades referidas: doenças crônicas, limitação física, presença de transtorno mental comum.

Variável Dependente A variável dependente foi definida como a não realização do exame de Papanicolaou: Para as mulheres entre 40 a 59 anos, quando o exame não foi realizado nos três anos anteriores a entrevista. Para mulheres com idade igual ou superior a 60 anos, nunca ter realizado o exame.

Análise Estatística Os dados foram digitados em programa EPI-INFO 6.04B, e submetidos à análise de consistência. As análises foram realizadas com o programa STATA 7.0, que possibilita levar em consideração as variáveis do plano de amostragem: estratos, conglomerados e ponderação e o efeito do delineamento.

As análises incluíram estimativas de prevalência e intervalos de 95% de confiança (IC). Foram calculadas razões de prevalência e IC de 95%. Desenvolvido modelo de regressão de Poisson com as variáveis p>0,20 na análise bivariada, permanecendo no modelo se p<0,05.

RESULTADOS

Principais características da população estudada 71,7% tinham 60 anos ou mais. 81,9% referiram-se brancas. 42,3 eram casadas ou tinham companheiros. 64,4% tinham até 4 anos de escolaridade 37,2% exerciam a chefia da família.

Tabela 1- Prevalência da não realização do exame de Papanicolaou segundo variáveis sócio-econômicas e demográficas em mulheres de 40 anos ou mais, Campinas,São Paulo, Brasil, 2001-2002.

Comportamentos relacionados à saúde e morbidade Mulher com idade superior a 60 anos ter auto-avaliado a saúde como ruim/muito ruim ( P= 0,0387).

Tabela 2 – Modelo de regressão múltipla de Poisson para a não realização do exame de Papanicolaou em mulheres com 40 anos ou mais,Campinas, São Paulo, Brasil, 2001-2002.

Em relação as outras práticas preventivas A não realização do exame de Papanicolaou foi mais freqüente nas mulheres que não realizaram o auto-exame, o exame físico e a mamografia.

Principais motivos alegados para a não realização do Papanicolaou: Não achar ser necessário – 43,5% Considerar o exame embaraçoso – 28,1% Dificuldade em agendar – 13,7% Desconhecimento – 5,7%

Verificou-se que 8,5% das mulheres entre 40 a 59 anos de idade e 11,1% das mulheres com 60 anos ou mais nunca haviam realizado o exame de citologia oncótica. O SUS é responsável por 43,2% dos exames de prevenção para o câncer de colo de útero na cidade de Campinas.

Amorim, VMSL; Barros, MBA; César C; Carandina L; Goldbaum M. Fatores associados a não realização do exame clínico das mamas e da mamografia: um estudo de base populacional no município de Campinas, SP. Amorim, VMSL; Barros, MBA; César C; Carandina L; Goldbaum M.

Dos casos registrados de câncer de mama no mundo, 43% estão em países em desenvolvimento (Robles e Galanis, 2002). O câncer de mama é a primeira causa de morte por neoplasias entre as mulheres brasileiras (10,40/100.000). Entre 1979 – 2000 foi observado um aumento considerável da taxa de mortalidade, passando de 5,77/100.000 para 9,74/100.000 habitantes (Brasil, 2003).

85% dos casos de câncer de mama ocorrem após os 40 anos, alcançando o pico de incidência na faixa etária entre 65 a 70 anos( Finotti, 1998). Vários fatores causais foram identificados para o surgimento o câncer de mama  genéticos, reprodutivos, hormonais, ambientais, hábitos relacionados ao estilo de vida e a idade (Pharoah, 2000; Robles e Galanis, 2002).

Para alguns fatores de risco são passíveis a ações de prevenção primária como o uso de contraceptivos,TRH, obesidade pós menopausa, exposição à radiações ionizantes e fatores relacionados ao estilo de vida (Adams et al., 2003; Godinho e Koch, 2004). Existem fatores de risco para quais não existem estratégias específicas de prevenção (Adams et al, 2003).

Para o rastreamento do câncer de mama são recomendadas três práticas preventivas (Brasil, 2004): a realização do auto-exame mensal. o exame físico anual das mamas realizado por profissional de saúde. a mamografia.

OBJETIVO DO ESTUDO Analisar a prevalência da não realização das práticas preventivas de detecção do câncer da mama segundo variáveis socioeconômicas e de comportamentos relacionados à saúde, por mulheres com 40 anos ou mais de idade, residentes na cidade de Campinas, SP.

Amostra Para este estudo, a amostra foi obtida com indivíduos pertencentes a dois domínios: mulheres de 20 a 59 anos e mulheres de 60 anos ou mais, totalizando 290 mulheres com 40 anos ou mais de idade.

Variáveis Dependentes Exame clínico das mamas Não ter sido submetida ao exame clínico das mamas no ano que antecedeu a entrevista. Mamografia Não ter realizado a mamografia nos dois anos que antecederam a entrevista.

Resultados

Tabela 1- Prevalência da não realização do exame clínico das mamas segundo variáveis sócio-econômicas e demográficas e comportamentos relacionados á saúde em mulheres de 40 anos ou mais, Campinas,São Paulo, Brasil, 2001-2002.

Tabela 2 – Modelo de regressão múltipla de Poisson para a não realização do exame clínico das mamas em mulheres com 40 anos ou mais,Campinas, São Paulo, Brasil, 2001-2002.

Tabela 3 - Prevalência da não realização da mamografia segundo variáveis sócio-econômicas e demográficas em mulheres de 40 anos ou mais, Campinas,São Paulo, Brasil, 2001-2002.

Tabela 4 – Modelo de regressão múltipla de Poisson para a não realização da mamografia em mulheres com 40 anos ou mais,Campinas, São Paulo, Brasil, 2001-2002.

42,5% das mulheres nunca fizeram a mamografia. O SUS não é o executor majoritário dos exames de prevenção para o câncer de mama: Exame clínico das mamas - 38,1%. Mamografia - 28,8%.

Considerações finais

Os achados apontam a existência de significativas desigualdades sócio-econômicas e raciais quanto a realização das práticas preventivas para o câncer de mama e do colo do útero, reforçando a necessidade de intervenções que visem à promoção da saúde.

E também remetem à necessidade dos serviços de saúde serem mais efetivos nas práticas educativas e em estratégias que minimizem a não cobertura dos exames preventivos, sobretudo dos grupos em maior vulnerabilidade social e dependentes do atendimento do SUS.