Raimundo Nina Rodrigues ( )

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
O que é Antropologia?.
Advertisements

Escola Econômica Clássica
ESTUDO DO LIVRO DOS MÉDIUNS DIFICULDADES E DECEPÇÕES ORIUNDAS DA IGNORÂNCIA DAS BASES DOUTRINÁRIAS; NÃO EXISTE RECEITA PARA A FORMAÇÃO DE MÉDIUNS, DEVIDO.
O cientificismo e o darwinismo social
BASES TEÓRICAS PARA O RACISMO
QUEM CONTESTOU O ANTIGO REGIME NO SÉCULO XVIII?
Unidade iii Marxismo Slides utilizados na disciplina – Sociologia Aplicada para o Curso de Administração/UFSC Por Prof. Juliana Grigoli.
O Romance Experimental
BRASIL, PAÍS MESTIÇO.
Interpretações do Brasil
Nome:Fred;Sara;Igor Profª:Karla Veloso Serie:7ª Disciplina:Geografia
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: O IMPERIALISMO OBJETIVOS ANALISAR.
Edgar Morin É um antropólogo e sociólogo sefardita.
ORIGENS DA SOCIOLOGIA. ORIGENS DA SOCIOLOGIA ORIGENS HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA A sociologia é fruto das transformações econômicas, políticas e culturais.
BEM-VINDO À DISCIPLINA
BEM-VINDO À DISCIPLINA
Escola Secundária de Oliveira do Bairro
A FALSA MEDIDA DO HOMEM Dois estudos sobre o caráter simiesco dos indesejáveis STEPHEN JAY GOULD.
IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL NO SÉCULO XIX
O Positivismo.
Diversidade e questão afro-brasileira
ANTROPOLOGIA by d´Avila, Edson.
Gabarito do capítulo 8: O desenvolvimento da antropologia social.
A África é um continente sem história. Egito não é África
Professor: João Claudio Alcantara dos Santos
Karl Marx.
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Naturalismo William Bell Scott (1811 – 1890) – Ferro e Carvão.
EDUCAÇÃO E CULTURA Aula de 09/05/2012.
Introdução à Sociologia
Aula 7 Kant e o criticismo.
AULA 02 Profª. Maria Lucia Pacheco Ferreira Marques
Federação Espírita Brasileira Módulo X: Lei de liberdade
A sociologia de Florestan Fernandes
IMPORTÂNCIA DA INTROPOLOGIA
Antropologia Criminal: origens
Introdução a Questão Social
1ª aula Profª Karina Oliveira Bezerra
Antropologia Conceitos básicos
Formação da nação/nacionalidade/questão racial racismo
Transformações do pensamento sociológico ocidental
TÍTULO INTRODUÇÃO TAREFA PROCESSO RECURSOS AVALIAÇÃO
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Relações Étnico-Raciais e Afro-Descendência
Revisão para prova de Ciência Sociais Grupo 1 – Antropologia Observação: Essa revisão consiste em orientar os estudos e não substituir a revisão dos.
O POSITIVISMO.
Trabalho realizado por:
A construção histórica da Psicologia Social
[Antropologia Cultural]
E.M. NEIL FIORAVANTI - CAIC ALUNO: JOÃO GABRIEL CABRAL BELINI ANO: 7º B – 2014 DISCIPLINA: HISTÓRIA PROFESSORA: IRENE VIANA.
E.M. NEIL FIORAVANTI CAIC PROFª IRENE ALUNO: PAULO TURMA: 7° ANO C.
O Positivismo.
ETNIA BRASILEIRA: “MOINHOS DE GASTAR GENTE”
Antropologia Sociologia Prof. Jorge.
Etnias Conceito- É uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas , culturais e semelhanças genéticas.
Os pesquisadores-eruditos do século XIX (evolucionismo cultural)
Culinária do Brasil.
CAP 20 – As teorias socialistas e o marxismo
A GEOGRAFIA E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
ANTROPOLOGIA.
Prof. Dr. Gabriel J Chittó Gauer Prof. Dr. Gabriel J Chittó Gauer.
O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Módulo 2:Culturalismo-Difusionismo
Introdução: Referencial Teórico:
A Antropologia no Brasil:
IMPERIALISMO e suas consequências
1 evolução sociocultural/ Senai-SP Olhares sobre o Brasil O Brasil mestiço de Darcy Ribeiro como uma inspiração para se pensar o design.
EM BUSCA DO “VERDADEIRO” BRASIL (I): A “GERAÇÃO DE 1870” E O PENSAMENTO CIENTIFICISTA Leitura obrigatória: MOTA, Maria Aparecida. Sílvio Romero: dilemas.
O POSITIVISMO. Corrente de pensamento que defende que as ciências da natureza (química, física, biologia, etc.) são superiores às outras áreas do conhecimento,
Transcrição da apresentação:

Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) Nasceu em Vargem Grande, no Maranhão. Filho de um coronel, cursou a Faculdade de Medicina da Bahia, sendo incorporado como catedrático da mesma em 1891.Defendeu a introdução da área de Medicina Criminal nas faculdades de Direito e a instituição de manicômios judiciários no Brasil. Principais obras e ensaios etnográficos: “Os mestiços brasileiros” (1890) - “Antropologia patológica: os mestiços” (1890) “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil” (1894) “Negros criminosos no Brasil” (1895) “A Medicina Legal no Brasil” (1895) “Animismo fetichista dos negros baianos” (1896) “A loucura epidêmica de Canudos” (1897) “Antonio Conselheiro e os jagunços” (1897) “Mestiçagem, degenerescência e crime” (1899) “Atavismo psíquico e paranóia” (1902) “Os africanos no Brasil” (1890-1906); publicado em 1933

“Quando vemos homens, como Bleek, refugiarem-se dezenas e dezenas de anos nos centros da África somente para estudar uma língua e coligir uns mitos, nós que temos o material em casa, que temos a África em nossas cozinhas, como a América em nossas selvas, e a Europa em nossos salões, nada havemos produzido neste sentido! É uma desgraça.(...) O negro não é só uma máquina econômica; ele é antes de tudo, malgrado sua ignorância, um objeto de ciência” (Silvio Romero, 1888 apud Rodrigues, 2004:12).

SIGNIFICADO DA OBRA : Nina Rodrigues empreendeu um esforço etnográfico inédito. Descreveu uma série de práticas culturais de populações negras no Brasil, reunindo dados retirados de fontes escritas e orais sobre “os últimos africanos no Brasil”. Foi um dos primeiros autores brasileiros a colocar o “problema do negro” como uma questão fundamental para a compreensão da sociedade brasileira.

Perspectivas teóricas do autor: Seu parâmetro de análise científica baseava-se na ciência positivista: “observação documentada, minuciosa e severa”, realizada com “isenção e imparcialidade” (Rodrigues, 1935). Contudo, seu enfoque nos valores culturais, folclore, línguas, religiões, festas populares e mitologia orientava-se pelo determinismo biológico presente nas teorias raciais do final do século XIX. Desta forma, a natureza e forma do sentimento religioso dos negros baianos, a persistência do fetichismo africano e da liturgia (feitiço, estado de possessão, oráculos, sacrifícios, ritos funerários) é concebida como produto da “incapacidade psíquica das raças inferiores para as elevadas abstrações do monoteísmo” (Rodrigues,1935:13) – propensos à sugestão, sonambulismo e histeria.

Adepto da antropologia criminal de Cesare Lombroso (1876: “L’Uomo Delinquente”) Determinismo biológico (indivíduos vistos como a soma do seu grupo racio-cultural, eugenia) >> darwinismo social Raça: conceito não questionado

Influenciado pelas teorias raciais (Gobineau): inferioridade das raças negras seria o produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade - momentos diferentes de civilização: “Para a ciência a inferioridade da raça negra nada mais é do que um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas divisões ou seções” – outra fase de desenvolvimento intelectual e moral. “A igualdade é falsa, só existe na mão dos juristas, porque sem ela não existiria a lei” Proposta de um Código Criminal diferente para negros e brancos – capacidades diversas exigiriam leis diversas.

Quadros sinópticos, 1878, Brasil (Schwarcz, 1996: 158)

Mensuração de crânio para identificação criminal. s/d, Paris.

Desigualdade na capacidade evolutiva e civilizadora de negros e brancos: “O negro, principalmente, é inferior ao branco, a começar da massa encefálica, que pesa menos, e do aparelho mastigatório que possui caracteres animalescos, até as faculdades de abstração, que nele é tão pobre e fraca. Quaisquer que sejam as condições sociais em que se coloque o negro, está ele condenado pela sua própria morfologia e fisiologia a jamais poder igualar o branco”

Qual é o “problema negro?” Clima tropical que espanta o branco +   Clima tropical que espanta o branco + mestiçagem irrestrita português improgressista.

Objetivo: Identificar “possíveis germes de precoce decadência, que merecem ser sabidos e estudados, em busca de reparação e profilaxia” – questão de “higiene social” Para Nina Rodrigues, resolver o “problema negro”, significava responder as seguintes questões: Qual a capacidade cultural dos negros brasileiros? Quais os meios de promovê-la ou compensá-la? Qual a conveniência de diluí-los ou compensá-los por um excedente de população branca que assuma a direção do país?

Crítica à benevolência com indígena, negros e mestiços: “fantasia-se dotes e exalta-se qualidades comuns ou medíocres” Não questiona a mestiçagem. Quer ver o que fazer a partir desse dado constitutivo da nossa sociedade para alcançar o desenvolvimento.

Necessidade de medir a capacidade cultural da população negra e estudar os meios de promovê-la Defende o branqueamento com ressalvas: “produtos imprevistos dos antagonismos e afinidades de raças diversas que se fundem”, “influência que o caldeamento étnico pode exercer sobre a característica de uma nacionalidade em formação”. o que importava ao Brasil determinar é o “(...) quanto de inferioridade lhe advém da dificuldade de civilizar-se por parte da população negra que possui e se de todo fica essa inferioridade compensada pelo mestiçamento, processo natural porque os negros se estão integrando no povo brasileiro.”

Como avalia as possibilidades de “evolução e “civilização” dos negros? Diz que eles podem evoluir, mas são mais lentos e nunca vão chegar ao patamar dos brancos. O que propõe? Branqueamento progressivo pela imigração européia >> Mestiçagem como processo civilizatório.

Considera “a supremacia imediata ou mediata da raça negra nociva à nossa nacionalidade, prejudicial em todo caso a sua influência não sofreada aos progressos e à cultura de nosso povo” Possibilidade de oposição futura entre Norte (mestiço, indolente e subserviente) e Sul (onde o clima e civilização eliminarão a raça negra, restando uma “nação branca, forte e poderosa de origem teutônica”) no Brasil.