Genética molecular dos sistemas eritrocitários: importância na prática clínica Lilian Castilho.

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Transcrição da apresentação:

Genética molecular dos sistemas eritrocitários: importância na prática clínica Lilian Castilho

Sistemas eritrocitários SC CO I GLOB GIL DO YT XG LW GE CH/RG KELL (24) LU (20) OK JMH RAPH ABO IN KN P KX H RH (48) MNS (43) CR (12) DI (21) FY LE JK . Constituídos por antígenos de grupos sanguíneos definidos por aloanticorpos Diversidade: Sistemas 29 Locus 34 Antígenos 239 Alelos >620 Os sistemas eritrocitários são constituídos por antigenos de grupos sanguíneos definidos por aloanticorpos. Apresentam ampla diversidade incluindo atualmente 29 sistemas, 34 locus, 239 antígenos e > 620 alelos. O maior sistema eritrocitário é o sistema Rh, seguido pelo MNS, Kell e Diego. www.bioc.aecom.yu.edu/bgmut/index.htm

Modelo de membrana: inserção dos antígenos de grupos sanguíneos GPA/GPB (MNSs) GPC/GPD (Gerbich) CD239 (Lutheran, B-CAM) ICAM-4 (LW) ERMAP (Sc) CD44 (Indian) AChE (Yt) CD99 (Xg) Dombrock (ART4) CD147 (Ok) DAF (CD55, Cromer) CR1 (CD35; Knops) CD238 (Kell) CD108 (JMH) NH 2 Band 3 (Diego) Emm NH COOH 2 Rh Kx ABO CD234 (Duffy) AQP-1 (Colton) Hh Kidd P1 Lewis AQP-3 (GIL) P NH I 2 CD151 (Raph) k P Outside Os antígenos eritrocitários são carbohidratos ou proteínas localizados em glicolípides ou proteínas da superfície da membrana eritrocitária ou proteínas ligadas a glicosilfosfatidilinositol. Atravessam uma única vez (tipos 1 e 2) a membrana ou apresentam múltiplas passagens. COOH NH COOH NH COOH 2 2 GPI- Carbo- Type I Type II Multipass linked hydrate Single- Single- pass pass Reid, 2004

Antígenos de grupos sanguíneos: produtos de genes 28/29 genes identificados polimorfismos de GS definidos ao nível genético antígenos carreados em proteínas são codificados diretamente pelos genes antígenos carbohidratos estão sob o controle de genes que codificam glicosiltransferases análise molecular dos genes de GS pode ser útil na clínica entendimento das bases moleculares de GS permite explorar a função da proteína Os genes de 28 dos 29 sistemas já foram clonados e sequenciados, apenas o gene que codifica os antígenos dos sistema P não foi ainda sequenciado. Assim, os polimorfismos de GS podem ser definidos ao nível genético e análise molecular destes genes pode ser útil na clínica. Além disto, o entendimento das bases moleculares de GS permitem explorar as funções das proteínas que os carreiam. www.bioc.aecom.yu.edu/bgmut/index.htm

Antígenos de grupos sanguineos estão localizados em moléculas funcionais ABO Lewis GLOB H I Carboidratos Kell Yt MNS Scianna Dombrock Gerbich Enzimas Glicoproteinas de estrutura ou função desconhecida Rh Kidd Diego Colton GIL Kx Ch/Rg Cromer Knops LW Xg Duffy Lutheran Indian Raph JMH Oka Este conhecimento permitiu demonstrar que os antígenos de GS estão localizados em moléculas funcionais na membrana eritrocitária e assim foram classificados em 6 grupos de acordo com as funções de cada molécula. Transporte e canais Regulação de complemento Moléculas de adesão

Mecanismos moleculares que levam à diversidade dos antígenos de grupos sanguíneos SNPs (single nucleotide polymorphisms) : maioria Transcrição: GATA Deleção Gene, Exon, Nucleotídeo (s): ABO, MNS, Rh, Kell, Duffy, Dombrock, etc Inserção: Nucleotídeo (s) : Rh, Colton Duplicação Exon: Gerbich Splicing alternativo: S-s- Conversão gênica ou recombinação MNS, Rh, Ch/Rg Os mecanismos moleculares que levam a diversidade dos antigenos de GS incluem: SNPs, inserções, deleçoes, rearranjos gênicos. Sem dúvida o SNP( troca de 1 nucleotídeo com substituição de 1 aminoácido) é o mais comum. A partir do momento que se conhece as bases moleculares é possível identificar o polimorfismo de GS através da análise de DNA.

SNPs (mutações de ponto missenses) AAGTCAGCTGGACTTCGAAGATGTATGGAATTCTTCCTATGGTGTGAATGATTCCTTCCCAGATGGAGACTATGATCCAACCTGGAAGCAGCTGCCCCCTGCCACTCCTGTAACCTG (FY B) A (Asp) (FY A) G (Gly) RH: C/c; E/e MNS: S/s Kell: K/k, Kpa/Kpb, Jsa/Jsb Diego: Dia/Dib Duffy: Fya/Fyb Kidd: Jka/Jkb Lutheran: Lua/Lub Dombrock: Doa/Dob Os mecanismos moleculares que levam a diversidade dos antigenos de GS incluem: SNPs, inserções, deleçoes, rearranjos gênicos. Sem dúvida o SNP( troca de 1 nucleotídeo com substituição de 1 aminoácido) é o mais comum. A partir do momento que se conhece as bases moleculares é possível identificar o polimorfismo de GS através da análise de DNA.

Transcrição * Fenótipo Fy(a-b-) Mutações no gen promotor que afetam a expressão do antígeno na hemácia GATA box FY A/FY B TATC 1 2 FY Normal FY B TACC 1 2 FY Mutado* * Fenótipo Fy(a-b-)

Rearranjos gênicos RHD RHCE SMP1 RHCE SMP1 RHD 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Rhesus box Rhesus box RHD SMP1 RHCE RHCE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 SMP1 RHD DANIELS, 2002

Métodos de análise de DNA Amplificação do DNA por PCR PCR-RFLP PCR-alelo-especifico PCR-multiplex Amplificação (PCR) + sonda-especifica (probe)-Real time PCR TaqMan Molecular beacons Microarray – chips Os métodos de análise de DNA incluem> PCR-RFLP (PCR + enzima de digestão), AS-PCR, PCR multiplex. Estes métodos tem sido os mais frequentemente utilizados e necessitam de análise por eletroforese em gel de agarose ou poliacrilamida Real time PCR (amplificação + sonda específica marcada com fluoresceína (taqman) ou sinais moleculares são utilizados para realização de PCR quantitativos ou detecção de baixas concentrações de DNA. Não utiliza eletroforese em gel. Microarrays tecnologia chip: método que está ganhando um grande espaço para genotipagem de GS em larga escala (screening de doadores) pois permite automação e identificação de vários alelos de uma única vez.

PCR-RFLP (Polimorfismo Duffy) TCCCCCTCAACTGAGAACTCAAGTCAGCTGGACTTCGAAGATGTATGGAATTCTTCCTATGGTGTGAATGATTCCTTCCCAGATGGAGACTATGATCC AACCTGGAAGCAGCTGCCCCCTGCCACTCCTGTAACCTG (FY B) GATCC (ausência de sítio Ban I) G (FY A) GGTCC (sítio Ban I) CTGGATGACTCTGCACTGCCCTTCTTCATCCTCACCAGTGTCCTGGGTATCCTAGCTAGCAGCACTGTCCTCTTCATGCTTTTCAGACCTCTCTTCCGCTGGCAGCTCTGCCCTGGCTGGCCTGTCCTGGCACAGCTGGCTGTGGGCAGTGCCCTCTTCAGCATTGT GGTCC CGTCTTGGCCCC AGGGCTAGGTAGCACTCGCAGCTCTGCCCTGTGTAGCCTGGGCTACTGTGTCTGGTATGGCTCAGCCTT Ex PCR-RFLP

RFLP para genotipagem Duffy FY B FY B/FY B FY A/FY B FY A/FY A 100 bp 306pb 86pb PCR 400pb 392 pb FY A 300pb 306pb 96pb RFLP para genotipagem FY. Aqui temos um fragmento de 392 pb que é o produto de PCR amplificado, onde se observa um sítio de restrição comum para Ban I que o corta em 2 fragmentos. No entanto, a mutação FYA gera um sítio adicional cortando o fragmento maior de 306 pb em 2. Assim nesta figura podemos ver um RFLP para FY após eletroforese em gel de poliacrilamida 210pb 86pb 200pb 210pb Ban I novo sítio Ban I sítio comum 100pb 96pb 86pb

PCR Alelo-Especifico (AS-PCR): Ss S-específico s-específico 100 pb 100 pb S+ S+ S- S+ S+ s- s- s+ s+ s+ 1 2 3 4 5 B 1 2 3 4 5 B AS-PCR paa genotipagem Ss. Amplificação de cada alelo é separada utilzando-se primers específicos para a mutação polimórfica. Utiliza-se sempre um controle interno da reação. CI 205pb

PCR Multiplex: RHCE Cc e RHDy RHD/RHCc RHD y RHDcc 100bp RHD I4 PCR multiplex. Ex: genotipagem RHD. Cc utilzando em uma mesma reação vários pares de primers que reconhecem as diferentes mutações polimórficas. RHC RHDy RHc RHD Ex7

Real Time PCR DNA fetal no Plasma materno Real time PCR. Não utiliza gel e possibilita quantificação do DNA presente. Método mais sensível e tem sido utilizado na genotipagem fetal em plasma materno. DNA fetal no Plasma materno

Microarray – Tecnologia Chip 4000 ENCODED BEADS Oligo 3 Oligo 1 Oligo 2 Microarray. Técnica que está sendo padronizada para determinaçaõ de vários polimorfismos. Até 100 alelos em uma única reação. Alternativa para genotipagem em larga escala. Em uma lâmina é colocado um chip contendo micropartículas coloridas que se tornam funcionais com a ligação de uma sonda de oligonucleotídeos marcada com flouresceína contendo uma sequencia complementar específica para um determinado alelo. Assim para cada alelo existe uma cor específica. Quando esta sonda se hibridiza com o alelo presente na amostra de DNA há emissão de fluorescência 0.3 mm

Microarray – Tecnologia Chip MULTIPLEXED ANALYSIS OF POLYMORPHISMS ON-CHIP ELONGATION ASSAY IMAGE C T A G C T A G A G X G A G G T T C C Esta técnica não elimina a realização do PCR. Assim, um PCR multiplex é realziado com um conjunto de primers específicos para vários polimorfismos. Estes primers são fosforilados. Após limpeza do PCR para retirada de primers e dntp e separação das fitas, é realizada uma reação enzimática para hibridização das fitas com as sequencias complementares presentes nas sondas de cada microparícula do chip. Assim quando ocorre a hibridização há emissão de luorescência que é capturada por um sistema de imagem a automático. G G PAIRS OF GENETIC MARKERS SIGNAL INTENSITY A A C C FY A FY B Mismatch Match

Microarray – Tecnologia Chip Aquisição da imagem automática DECODING IMAGE ASSAY IMAGE

Microarray – Tecnologia Chip HEA-18 Microarray – Tecnologia Chip GENÓTIPO: FY, Fy-265 , GATA AB, AA, AA Do-624, -793, -323, -350.-378 AA K BB JK AB GPB BB GPA AB LW, Co, Sc & Di AA Lu AB

Fontes de DNA que podem ser utilizadas para genotipagem Sangue (Leucócitos) Células do epitélio bucal Urina (células no sedimento urinário) Líquido amniótico (amniócitos) DNA fetal em plasma materno

Genética molecular dos sistemas eritrocitários: aplicações Em doadores Seleção limitada de anti-soros Genotipagem em larga escala para identificação de antígenos comuns e raros (Programa de hemácias fenotipadas) Produção de painéis complementares Zigozidade D, Fya, Fyb : controle de qualidade de reagentes Determinação dos tipos de D fraco e D parcial Identificação de novos alelos

Genética molecular dos sistemas eritrocitários: aplicações Em pacientes Resolução de casos clínicos em situações que os testes de hemaglutinação não fornecem resultados seguros (pacientes recém-transfundidos, pacientes portadores de AHAI aloimunizados) Resolução de discrepâncias ABO e Rh Determinação de microquimerismo após transplante de stem cell alogênico Identificação de fenótipos fracos e deprimidos (D fraco, e fraco) Investigação e confirmação de fenótipos raros (DI, DO, SC, CO) Identificação de variantes raras (D parcial + e parcial) Identificação de novos alelos Outras importantes aplicações da genotipagem de grupos sanguíneos incluem: a confirmação de discrepancias ABO/Rh, a determinação da zigosidade do antígeno RhD, principalmente em pais de fetos de mães RhD negativo sensibilizadas, na determinação de antígenos fracos ou deprimidos muitas vezes difíceis de serem detectados por hemaglutinação; na caracterização de antígenos RhD parciais, especialmente a categoria DIIIa; na identificação de pacientes Fy(b-) que podem ser seguramente transfundidos com hemácias Fy(b+) ou seja, aqueles pacientes que possuem o gen FYB silencioso nas hemácias devido a uma mutação no gen promotor.

Genética molecular dos sistemas eritrocitários: aplicações Medicina materno-fetal Zigozidade do gene RHD paterno Genotipagem RHD fetal DNA de amniócitos DNA de origem fetal na circulação materna (usar DNA de plasma materno) Algumas das aplicações da biologia molecular no sistema Rh e que vem complementar a sorologia são:

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 1: Paciente politransfundido aloimunizado com anti-E e provável anti-Jkb e história de transfusão recente Fenotipagem: R2r, K-k+, Fy(a+b-), Jk(a-b+) Teste complementar: genotipagem RH, KEL, FY e JK

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 1: Genotipagem:RHD+ RHCE cc ee, K2K2, FY A/FY A, JK A/JK A 100 pb RH ee 100 pb K2K2 FY A/FY B FY A/FY A 100pb RHDcc JK A/JK B JK B/JK B JK A/JK A 100 pb Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo deduzido do genótipo: R0r, K-, Fy(b-), Jk(b-)

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 2: Paciente politransfundido com TDA positivo (4+) eluato e soro positivos 4+ com todas as células, história de transfusão recente e evidência clínica de diminuição da sobrevida de hemácias transfundidas Fenotipagem do paciente: ? Genotipagem do paciente: RHD-, RHCE cc ee, K2K2, FY A/FY B, JK A/JK B, Ms/Ns Análise sorológica complementar adsorções alogênicas com hemácias rr, K-, S- para retirada do autoac Conclusão: Aloanticorpos detectados:anti-E, -K Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo rr, K-, S-

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 3: Paciente falciforme aloimunizado com anti-E, anti-K e anti-Jka recebendo sangue fenótipo compatível Fenotipagem do paciente: R0r, K-k+, Fy(a-b-), Jk(a-b+) Genotipagem do paciente: RHD+, RHCE cc ee , K2K2, FY B/FY B (Gata mutado), JK B/JK B Conclusão: Paciente pode receber sangue Fy(b+) Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo R0r, K-, Fy(a-b+), Jk(a-)

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 4: Paciente sexo feminino, 27 anos, história de 1 transfusão anterior, nenhuma gestação ou aborto Aloimunizada com anti-D Fenotipagem da paciente: D- Fenotipagem do doador da hemácia transfundida: D-

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 4: 100pb Ctl RHD+ RHD- 50pb RHD+ RHD- RHDF1 (RH CE) 236pb 245pb (RH D) 160pb (RH CE) (RH D) 115pb Intron 4 Exon 10 Exon 6 Genotipagem da paciente: RHD- Genotipagem do doador: D fraco tipo 1

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 5: Paciente falciforme aloimunizado com anti-D e anti-K Fenotipagem do paciente: R0r (D fraco), K-k+ Genotipagem do paciente: RHD+, RHCE cc ee , K2K2 100 pb RH ee 100 pb K2K2 100bp RHDcc

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 5: Genotipagem complementar: D parcial DAR PCR DAR 262pb 234pb 45pb Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo rr, K-

Aspectos práticos D fracos tipos 1> 4> 3> 2 mais frequentes Anti-D IgM: pacientes; anti-D IgG:doadores Reatividades < 1+ com anti-D IgG na AGH podem indicar a presença de DAR, DVI, DHMi

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 6: Paciente falciforme aloimunizado com anti-e like, anti-E e provável anti-D Fenotipagem do paciente: B, D+C+E-c+e+ Sangue selecionado para a transfusão: R2R2 e rr (incompatível) Genotipagem do paciente: RHD+, RHCE cc ee , Genotipagem complementar (e-parcial): ces (hrB-) Genotipagem complementar (D-parcial): DIIIa Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo hrB-, D-

Aspectos práticos Pacientes descendentes de Africanos com variantes do gene RHCE (ceMO, ceEK, ceAR, ceBI) podem desenvolver anti-e-like, incluindo anti-hrB, anti-hrs Estes pacientes podem também desenvolver anti-D (DIIIa, DAR) RHD parcial Anti-D RhCe e-parcial: -hrB/-hrs RHD e parcial Anti-D+e-like(-hrB/-hrs) RHD parcial e parcial

Aspectos práticos DIIIa e DAR em pacientes com anemia falciforme Normal D Pacientes DIIIa DAR DIIIa/DAR 130 122 2 4 2 Quando o paciente fenotipado como RhD-negativo apresentar o pseudogene RHD, deve-se considerar o resultado do fenótipo uma vez que o gene RHD não é expresso. Estes indivíduos podem desenvolver aloanticorpo anti-D se vierem a ser transfundidos com hemácias RhD-positivo. Em nosso estudo, 2 (18%) dos 11 pacientes RhD-negativo estudados, fenotipados como D-C(+)c+E-e+VS+, apresentaram o gene híbrido. Estas amostras foram RhD-positivas pela análise do exon 10 mas, D-negativas pela análise do intron 4 e exon 7. Recomenda-se nestes pacientes, a amplificação do gene RHD em diferentes regiões (intron 4, exon 7 e exon 10 onde RHD e RHCE diferem) e a utilização de uma técnica de PCR multiplex que detecta a presença de RHD-CE-Ds (MAASKANT van WIJK et al, 1998) . Pacientes que apresentam o gene híbrido devem ser considerados RhD-negativo. 3,1 1,5 1,5 % 94  3 pacientes desenvolveram anti-D (1 DAR e 2 DIIIa/ DAR) Castilho et al, 2004

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 7: Paciente falciforme aloimunizado com anti-C e anti-K Fenotipagem do paciente: R2R2, K-k+ Genotipagem do paciente: RHD+, RHCE cc Ee , K2K2 Genotipagem complementar: VS+, Cys16 Conclusão: e+f (variante): paciente R2r Componente selecionado para a transfusão:Fenótipo R2r K-

Cys16 e VS associados ao alelo Rhce em pacientes falciformes Aspectos práticos Cys16 e VS associados ao alelo Rhce em pacientes falciformes Haplótipos 16Cys 16Trp VS+ VS- 2 *R2r (2) 2 56 Ror (56) 50 6 r r (2) 2 2 Considerando a importância do antígeno Rhe na medicina transfusional e a associação destas duas variantes com o alelo RH ce em africanos, estudamos a sua ocorrência em 58 pacientes falciformes que apresentavam o alelo RH ce. A ocorrência simultânea das mutações 48C (Cys16) e 733G (VS) foi observada em 50 pacientes demonstrando que ambas mutações são freqüentes em descendentes de africanos com o alelo RH ce. Estas mutações foram encontradas em heterozigoze sugerindo que estes pacientes apresentavam a mutação 48C em um alelo e a mutação 733G em outro, o que teoricamente levaria a uma fraca expressão do antígeno Rhe nas hemácias. De fato, quando foi realizada a fenotipagem do antígeno Rhe nas hemácias de 10 destes pacientes, empregando cinco anti-soros monoclonais de procedências diferentes, verificou-se que três dos anti-soros utilizados não as aglutinaram, o que demonstra que a expressão do antígeno Rhe encontrava-se enfraquecida. Se considerarmos que qualquer um dos 3 anti-soros monoclonais por nós utilizados, não detectaram o antígeno Rhe, podem ser empregados na rotina de fenotipagem, estes pacientes poderiam ter sido classificados erroneamente como Rhe-negativo. Este resultado levaria a uma diminuição considerável na disponibilidade de sangue para estes indivíduos, uma vez que o fenótipo Rhe-negativo ocorre na frequência de 1/50 em nossa população. Até o momento, não foi detectado anticorpo anti-e em pacientes que apresentam estas variantes. * Anti-soros monoclonais anti-e (MS63) anti-e (MS16, MS21) Rodrigues & Castilho, Vox Sang.2002

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 8: Paciente talassêmico aloimunizado com anti-c, anti-K, anti-Jka e outro aloac? Recebendo sangue fenótipo compatível Fenotipagem do paciente: R0r, K-k+, Fy(a+b-), Jk(a-b+), M+N+S+s+ Genotipagem do paciente: RHD+ RHCE cc ee, K2K2, FY A/FY A, JK B/JK B, MS/Ns

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 8: Análise molecular complementar: DO A/DO A Análise sorológica complementar adsorção com hemácias R0r, K-, Fy(b-), Jk(a-), Do(b+) /eluição): anti-Dob Conclusão: Paciente portador de anti-c, -K, -Jka, Dob DOA/A DOB/B DOA/A Componente selecionado para a transfusão: Fenótipo R0r, K-, Fy(b-), Jk(a-), Do(b-)

Aspectos práticos IMPORTÂNCIA CLÍNICA Genotipagem Dombrock IMPORTÂNCIA CLÍNICA Identificação de anticorpos anti-Do Possibilidade de genotipar os doadores e selecionar hemácias antígeno-negativas Maior aproveitamento transfusional

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 9: Gestante aloimunizada (200 semana) Anticorpo identificado: Anti-D (título: 512) Fenótipo da paciente: rr Teste complementar: Zigozidade paterna, genotipagem fetal através do plasma materno

Zigozidade paterna Genotipagem RHD fetal Genotipagem eritrocitária na prática clínica Zigozidade paterna Genotipagem RHD fetal Ctl+ RHD- RHD+/D- PCR 3100pb 1888pb 744pb 564pb 397pb I4 Ex10 Gestação não monitorada

Genotipagem eritrocitária na prática clínica Caso clínico 10: Gestante aloimunizada (120 semana) Anticorpo identificado: Anti-D (título: 512) Fenótipo da paciente: rr

Zigozidade paterna Genotipagem RHD fetal Genotipagem eritrocitária na prática clínica Zigozidade paterna Genotipagem RHD fetal RHD+/D+ PCR RHD- RHD- RHD+ RHD+ 3100pb 1888pb 744pb 397pb Gestação sistematicamente monitorada

Situações em que genótipo e fenótipo podem não corresponder Transfusões crônicas/maciças Alteração no gene afetando: transcrição (Fyb-); splicing (S-s-); introdução de stop codon (Fy(a-b-), Rhnull), ou mutação que afeta a estabilidade da proteina na membrana da célula (Fyx) Crossing overs e outros rearranjos gênicos (RHD/RHCE) Alteração em outro gene que está associado com a expressão do gene : RHAG Rhnull

Implementação da genotipagem para uso clínico Amostras de sangue fenotipadas devem ser analisadas por PCR em estudo cego para avaliação do método O número de amostras usadas na validação de um teste deve incluir o máximo de variantes genéticas presentes na população para a qual o teste vai ser utilizado População Europeia Vs População Brasileira Revalidação do teste com novas variantes Participação em testes de proficiência

Genética molecular dos sistemas eritrocitários na população brasileira Melhoria da qualidade e exatidão dos resultados imunohematológicos Determinação de novas variantes alélicas não descritas em outras populações (DIA/166A, FY145, Rhnull) Identificação de variantes alélicas de origem Africana (GATA, RHD, RHD-CE-Ds, VS, DIIIa, DAR) Elaboração de protocolos de genotipagem eficientes One particular area where molecular genotyping can have value in the clinical setting is to identify a fetus at risk from alloantibodies to blood groups and platelet antigens. A second area of focus in the clinical laboratory is in the resolution of clinical cases where hemagglutination assays can not provide conclusisve results, for example in multi-transfused patients as an aid in the antibody identification process. A third area of clinical utility is in typing blood donors with unclear phenotype.

Genética molecular dos sistemas eritrocitários Genotipagem de grupos sanguíneos na clínica requer: Conhecimento em grupos sanguíneos Experiência na interpretação das reações de PCR utilizadas Obtenção dos achados sorológicos e da história clínica do paciente antes de interpretar os resultados da genotipagem Conhecimento dos genes que codificam os antígenos de GS e suas formas variantes (fenótipos e genótipos podem não correlacionar) na população estudada

Genética molecular dos sistemas eritrocitários A genotipagem de grupos sanguíneos é uma ferramenta útil na medicina transfusional e apresenta gradualmente um número crescente de aplicações. Torna-se poderosa quando associada a hemalutinação Os métodos moleculares permitem obter um melhor conhecimento da distribuição dos grupos sanguíneos e suas bases moleculares na população brasileira Achados moleculares na população brasileira ajudam a desenvolver protocolos mais seguros para genotipagem de grupos sanguíneos em nossos laboratórios

Genética molecular dos sistemas eritrocitários