PARACOCCIDIOIDOMICOSE disseminada com lesão óssea

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Transcrição da apresentação:

PARACOCCIDIOIDOMICOSE disseminada com lesão óssea em paciente HIV positiva Renata Pinto Fernandes Timbó, Lorena Macêdo Pestana, Maria Katia Gomes, Tiyomi Akiti, Tullia Cuzzi, Beatriz Moritz Trope Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse

INTRODUÇÃO A Paracoccidioidomicose é causada pelo fungo termo-dimórfico Paracoccidioides brasiliensis que vive da decomposição da matéria orgânica encontrada no meio ambiente É a principal micose sistêmica autóctone da América Latina com maior casuística registrada no Brasil, concentrando-se nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Indivíduos com atividades relacionadas ao solo, podem inalar as formas infectantes do fungo (conídios), e adquirir a PCM infecção. Porém, poucos irão desenvolver a doença Apresenta manifestações clinicas variadas, acometendo qualquer órgão ou sistema. Até a puberdade a incidência é igual para ambos os sexos. Na idade adulta, mais de 80% dos pacientes são do sexo masculino, uma vez que o estrógeno, inibe a transformação de conídios em leveduras, conferindo maior proteção as mulheres. A co-infecção PCM/AIDS pode mudar o curso clínico da doença a depender do estado imunológico do paciente.

RELATO DE CASO Paciente feminina 53 anos, negra, procedente do Rio de Janeiro, do lar, tabagista, HIV positiva desde julho de 2013 e em uso de TARV, com CD4 276 células/mm3 e CV 98.000 cópias Encaminhada devido a lesão nódulo ulcerada com fistulizações na axila esquerda e nódulo eritematoso na axila direita em uso de bactrim para suspeita de hidrosadenite. Após dois meses, surgem lesões nodulares algumas normocrômicas e outras eritêmato hipercrômicas no tronco, membros e face, não dolorosas ou pruriginosas e sem comprometimento sistêmico, além de persistência de lesão na axila esquerda. Com a impressão diagnóstica de micose profunda, foi realizada biópsia de lesão nodular, cuja análise histopatológica demonstrou estruturas fúngicas arredondadas, sugestiva de paracoccidioidomicose.

RELATO DE CASO O exame micológico direto evidenciou células leveduriformes com gemulação múltipla e membrana birrefringente e a cultura confirmou o crescimento de P. brasiliensis. Como se queixava de dores nos membros inferiores foi submetida à radiografia e tomografia computadorizada, que mostraram lesões líticas em tíbias e joelho direito. A Biopsia óssea também demonstrou a presença do fungo. Os exames de imagem ratificaram a ausência de alterações pulmonares, neurológicas, visceromegalias e adenomegalias. Firmado o diagnostico de paracoccidioidomicose disseminada aguda, iniciamos tratamento com Anfotericina B Deoxicolato (1mg/Kg/dia), porém evoluiu com deterioração importante da função renal e hipertensão arterial, com substituição pela Anfotericina B Complexo lipídico (5mg/kg/dia). Segue em uso de sulfametoxazol-trimetropim com regressão gradual e evolutiva das lesões.

Lesão nódulo ulcerada com fistulizações na axila esquerda Lesões nodulares algumas normocrômicas e outras eritêmato hipercrômicas no tronco

Lesões nodulares eritêmato hipercrômicas nos membros e face Exame direto com células leveduriformes com gemulação múltipla e membrana birrefringente. Histopatologia com estruturas fungicas arredondadas, sugestiva de paracoccidioidomicose.

Tomografia computadorizada com lesões líticas em tíbias e condilo lateral direito Biópsia óssea com exame direito e histopatológico com estruturas fúngicas arrededondadas

DISCUSSÃO Trata-se de caso de PCM disseminada com acometimento cutâneo e ósseo em mulher adulta tabagista, portadora de AIDS, sem história epidemiológica compatível de atividades rurais A infecção fúngica ocorre por inalação de conídios que se transformam em leveduras, conferindo à via respiratória a porta de entrada Na dependência da resposta imune do hospedeiro, o complexo pulmonar é eliminado, no entanto, os fungos podem permanecer viáveis ​​em um estágio latente e serem reativados causando a forma crônica Os indivíduos com imunidade celular deficiente podem desenvolver a doença imediatamente após a infecção, apresentando a forma aguda /subaguda. Está é forma clínica predominante na infância e adolescência e representa 3-5% dos casos. Linfonodomegalias, hepatoesplenomegalia, sintomas digestivos, cutâneos e osteoarticulares são as principais manifestações, além de rápida deterioração do estado geral.

DISCUSSÃO A forma crônica é a mais frequente, predominando no sexo masculino, tendo progressão lenta com emagrecimento, febre, e sintomas respiratórios. Afeta especialmente os pulmões, porém a pele, mucosas, suprarrenais, linfonodos, ossos e sistema nervoso central também podem ser acometidos A co-infeccao PCM/HIV é pouco observada, em contraste com as demais micoses sistêmicas Credita-se este fato a maior incidência de PCM em áreas rurais, enquanto a AIDS nas cidades, além do uso de sulfametoxazol-trimetoprim como profilaxia de infecções oportunistas, medicamento também eficiente para o P. brasiliensis Ocorre principalmente em pacientes com CD4< 200 cels/mm3 e manifesta-se como uma forma mista da doença Há acometimento ósseo em 2-30% dos casos e as lesões cutâneas são polimórficas, geralmente decorrente de disseminação hematogênica

DISCUSSÃO Contudo, com a ruralização do HIV, a incidência desta co-infecção vem sendo cada vez mais reportada É sabido que a PCM é subdiagnósticada e negligenciada Com este relato, queremos chamar a atenção para a importância de estarmos sempre atentos a possibilidade desta co-infecção, mesmo que em pacientes com epidemiologia negativa e documentar mais um caso, entendendo que a associação destas duas graves infecções é um importante problema de saúde publica

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Safe IP, Maia DCC, Monte RL, Cordeiro-Santos M, do Valle FF, Agnonio B, Araújo JR. Manifestações extrapulmonares da paracoccidioidomicose associada à síndrome da imunodeficiência adquirida - Relato de caso. An Bras Dermatolol. 2014;89(1):154-7. Marques, SA. Paracoccidioidomycosis: epidemiological, clinical, diagnostic and treatment up-dating. An Bras Dermatolol. 2013;88(5):700-11. Fabris LR, Andrade UV, dos Santos AF, Marques APC, Oliveira SMV, Mendes RP, Paniago AMM. Decreasing prevalence of the acute/subacute clinical form of paracoccidioidomycosis in Mato Grosso do Sul State, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2014;56(2): 121-5. Godoy P, Lelis SSR, Resende UM. Paracoccidioidomicose e síndrome da imunodeficiência adquirida: relato de necropsia. Rev Soc Bras Med Trop. 2006; 39(1):79-81. Shikanai-Yasuda MA, Telles Filho FQ, Mendes RP, Colombo AL, Moretti ML. Consenso em paracoccidioidomicose. Rev Soc Bras Med Trop. 2006;39(3):297-310.