PROJETOS URBANOS NA DÉCADA DE 1990:

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Transcrição da apresentação:

PROJETOS URBANOS NA DÉCADA DE 1990: O CAMINHO NIEMEYER EM NITERÓI – UMA ALTERNATIVA DE OCUPAÇÃO DO ATERRADO PRAIA GRANDE

CONTEXTUALIZAÇÃO As cidades litorâneas brasileiras, premidas pelas exigências de crescimento e expansão urbano-imobiliária, recorreram a obras de aterrados, buscando a modernização dos centros urbanos tradicionais por meio da criação artificial de áreas urbanas que atenderiam às novas exigências funcionais (portos, vias de acesso, centros administrativos, parques, áreas residenciais e de serviços, entre outras), aumentando o patrimônio de terras públicas ou de uso público. Essas intervenções foram freqüentes, especialmente na primeira metade do século XX. O aterrado Praia Grande, foi criado por iniciativa do governo federal em 1940, fazendo parte desse processo de criação-expansão de terras. Cedeu lugar a embates jurídicos que se desenrolaram por mais de meio século, envolvendo diferentes atores públicos e privados e deixando como herança uma extensa área pouco ocupada no centro urbano. A área foi objeto de diferentes projetos e sua lenta ocupação deu margem à implantação do projeto Caminho Niemeyer, vislumbrando uma nova ocupação da área, sob a perspectiva de projeto urbano "estratégico" que pretende reabilitar a imagem do Centro e da própria cidade.

O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE Localização peculiar: proximidade com o centro do Rio de Janeiro, sofre com a sua influência e se realimenta dele. Ligação hidroviária: Porta de entrada para a capital federal - diversidade de funções urbanas faziam confundir o centro com a própria cidade: “Ir a Niterói significava ir ao Centro da Cidade”. Modificação desse quadro: inauguração da Ponte Rio - Niterói (Nova “porta” da cidade) – mudança dos eixos viários, densificação de bairros consolidados e ocupação de novas áreas de expansão, acentuando o esvaziamento do Centro. Esvaziamento do Centro: fenômeno urbano comum ,mas foi mais dramático em Niterói (perda de postos de trabalho; funções comerciais e de lazer de melhor categoria, e uma expressiva população residente, que buscou outras vantagens de localização, devido a expansão automobilística) – Novas condições administrativas e de acessibilidade.

O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE Decreto-Lei nº 2.441 (1940) – o governo federal transfere ao estado o domínio útil da área a ser aterrada. Permite transferir os terrenos às empresas ou companhias concessionárias responsáveis pelas obras, por no máximo 15 anos, isentando de impostos e emolumentos para as primeiras construções. Caberia ao município executar o plano de ocupação da faixa litorânea - área de cerca de 1 milhão de metros quadrados. INÍCIO DO PROJETO DE ATERRADO: Vários projetos de ocupação e alienação de terrenos. Em 1969, com prorrogações de prazo concedidas às concessionárias, menos de 19% da área se encontrava aterrada. 1971 - região desapropriada por utilidade pública – Grupo Executivo de Urbanização da Nova Niterói – executar o plano de remodelação da área do aterrado. 1977 - parte da área foi desapropriada pelo governo para instalação do campus da Universidade Federal Fluminense. Até hoje na Justiça os interessados e “proprietários” contestam a posse desses terrenos. O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE

O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE

O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE O aterro consolidado e em abandono, degradava a paisagem local e comprometia a imagem do centro da cidade. Na tentativa de minimizar estes efeitos negativos, a municipalidade ocupou a área em diferentes momentos por meio de intervenções urbanas com serviços de uso público permanente (Vila Olímpica) ou provisório (parques e circos) que pouco contribuíram para a sua integração ao Centro. A partir de 1989- busca de uma solução para o aterrado: Projeto de Revitalização do Centro de Niterói, com o objetivo de transformar o aterro em área potencialmente ocupável e urbanizá-lo de modo a integrá-lo definitivamente à cidade. Nesse período iniciou-se o processo de regularização fundiária da área, dando suporte às novas propostas de ocupação. Obras mais significativas: novo terminal rodoviário (inaugurado em 1994 – projeto premiado pelo IAB/RJ) e depois complementado por obras viárias como a duplicação da avenida Rio Branco. O CENTRO DE NITERÓI E O ATERRADO PRAIA GRANDE

O ATERRADO E O PROJETO CAMINHO NIEMEYER Durante os 60 anos de discussão sobre o aterrado, os três níveis de governo se misturaram, revelando indícios de interesses privados.O grande número de projetos inacabados criou uma imagem de descrédito para as iniciativas de sua ocupação. O projeto do CAMINHO NIEMEYER, resultou de uma vontade política de melhor aproveitar essa área ociosa da cidade, dando identidade a um espaço extremamente visível que deteriorava a imagem do Centro tradicional. Esse fenômeno expressa uma tendência denominada de neo-urbanismo (Ascher, 2001), isto é, num panorama de incertezas que caracteriza a sociedade moderna, implementar ações urbanas e projetos que se viabilizam pela identificação de novas oportunidades a curto prazo. ( Postura diferente dos planos diretores). O projeto apresenta uma renovação do modus vivendi urbano, ou seja os espaços vão se adequando constantemente com implantação de equipamentos de cultura e lazer, numa relação complexa entre cultura e consumo.

O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA – MAC No momento em que a cidade perde seu papel de capital, evidencia-se um vazio ante a ausência de sua função administrativa. A imagem de Niterói passa a ser relacionada a diversos rótulos e (pre) conceitos que perduraram durante décadas: cidade-imã, cidade-espelho, cidade periférica,cidade dormitório. Sempre vista como uma extensão do Rio de Janeiro. A partir da fusão do Rio de Janeiro e da Guanabara, a cidade teve que rediscutir seu papel. Novas representações da cidade somadas a melhoria da qualidade de vida revalorizaram a imagem da cidade (cidade-sorriso, cidade do século XXI). Os projetos urbanos contribuíram muito neste aspecto, como exemplo temos: o MAC, que exerce hoje um papel “emblemático” na cidade. Foi responsável por inscrever a cidade no cenário da arquitetura internacional.

O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA Tinha como objetivo inserir a cidade no panorama artístico, mas os resultados extrapolaram as expectativas. Devido a integração do projeto com a paisagem da baía de Guanabara, funcionou como espetacular mirante, com tanta força que teve sua silhueta incorporada como símbolo da cidade. Com o sucesso do MAC, foram iniciadas negociações para a realização de um projeto que, partindo do Centro, atingisse o museu utilizando o aterrado. Surge o “caminho”, funcionando também como um novo estopim para o desenvolvimento e a revitalização do Centro de Niterói.

O CAMINHO NIEMEYER Concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer Ocupou parte do aterrado, na direção da zona sul.

Vermelho: Caminho Niemeyer Laranja: Centro Antigo de Niterói

O projeto representa uma ocupação em áreas localizadas em três pontos do aterrado, procurando costurar sua concepção original de caminho. Com o objetivo de valorizar a zona central da cidade, definiu-se um terreno de 72.000 m² à beira-mar, para a construção desse complexo arquitetônico, voltado para as manifestações culturais da cidade. Niterói dá início a uma obra de vulto, especialmente pela escolha do arquiteto, buscando revelar a cidade ao mundo. Fatos que retardaram o início das obras: mudanças em relação a localização e definição dos prédios; os custos eram elevados (solução: parcerias com iniciativa privada). O CAMINHO NIEMEYER

O CAMINHO NIEMEYER

O CAMINHO NIEMEYER O complexo é formado por: Duas catedrais uma católica e outra batista; O CAMINHO NIEMEYER

O CAMINHO NIEMEYER Uma Capela Maronita dentro d’água (uma ilha); O Museu do Cinema Brasileiro,um prédio de três andares com cinco salas de projeção do tipo multiplex; O CAMINHO NIEMEYER

A nova estação das Barcas, anexa ao estacionamento; O CAMINHO NIEMEYER

A fundação Oscar Niemeyer, para a realização de congressos, seminários e aulas, ligados à arquitetura; O CAMINHO NIEMEYER

O Centro de Memória Roberto Silveira, com um acervo iconográfico da cidade de Niterói; O CAMINHO NIEMEYER

A praça Juscelino Kubitscheck, com um estacionamento subterrâneo para 1.500 carros; O CAMINHO NIEMEYER

Teatro Popular de Niterói; O CAMINHO NIEMEYER

Torre Panorâmica; "o panorama da baía de Guanabara é tão bonito que justifica a nossa idéia de criar, no Caminho Niemeyer, uma torre espetacular que pudesse levar os visitantes a apreciá-lo em toda a sua pujança. Um elemento vertical que marcasse, de longe, este conjunto, que, pela variedade dos prédios construídos, constitui um exemplo do que a técnica do concreto armado me permite realizar”. (Oscar Niemeyer). O CAMINHO NIEMEYER

Todo esse complexo está concentrado na área delimitada para o projeto, excetuando-se o Museu do cinema. O prédio do cinema é o que mais se integra à malha da cidade, localizado próximo ao campus universitário, e em uma área de interesse histórico e cultural da cidade, com uma posição mais contextualizada à cidade. O restante do projeto concentra-se em um único local , tomando sua ligação com a cidade extremamente complexa,na medida em que é limitado pelos terminais hidroviário e rodoviário e separado do Centro por um eixo viário bastante intenso, desarticulando o projeto do Centro Tradicional. O CAMINHO NIEMEYER

Vermelho: Caminho Niemeyer Laranja: Centro Antigo de Niterói

Lei nº 1.604 (1997)- definiu o Caminho como área de especial interesse urbanístico, paisagístico e turístico no perímetro que vai do MAC até a rua 5 do loteamento Jardim Fluminense, de acordo com o contorno do Aterrado Praia grande. A legislação nº 1.967 (2002) reitera a orla do Caminho como AEIU (ÁREA DE ESPECIAL INTERESSE URBANÍSTICO), com propostas de piso de integração, com comércio e serviços,entre os dois setores do Centro ( o Caminho e o Centro Tradicional), apresentando diretrizes para o projeto piloto e o aproveitamento do fundo de quadras tradicionais para edifícios verticalizados. O complexo tem inauguração prevista para este ano. O CAMINHO NIEMEYER

O CAMINHO NIEMEYER

O CAMINHO NIEMEYER COMO PROJETO ESTRATÉGICO Um planejamento estratégico visa otimizar a captação de investimentos por meio da adequação das cidades às necessidades do mercado e do desenvolvimento de uma espécie de “marketing territorial”. As cidades passam, então, a competir pelos investimentos além de suas fronteiras. O projeto Caminho Niemeyer seria o indutor da retomada da área central de Niterói, possibilitada por meio desse complexo arquitetônico tendo como uso principal a religião e a cultura. De acordo com Zeca Brandão: É A CAPACIDADE DE AMPLIAR BENEFÍCIOS ÀS ÁREAS VIZINHAS QUE LEGITIMA A INTENSIDADE DO CAPITAL PÚBLICO INVESTIDO EM POUCOS PONTOS DA CIDADE.

O CAMINHO NIEMEYER COMO PROJETO ESTRATÉGICO Neste projeto o capital público não garante investimentos e benefícios ao entorno imediato, pois está pouco articulado a outros projetos urbanos. Contradição: Ao mesmo tempo que esses projetos deveriam ser menos personalizados, para facilitar a articulação entre eles sugerida pelo Plano Estratégico, eles tem sido utilizados como poderosos instrumentos de “marketing urbano”. O Planejamento se dissocia de seu conteúdo social e a população torna-se espectadora desse processo, que se distancia de suas necessidades mais imediatas. O CAMINHO NIEMEYER COMO PROJETO ESTRATÉGICO

Disciplina: Projeto Urbano II OBRIGADO!!! Disciplina: Projeto Urbano II Professora : Rosana Grupo 1: Aline de Bernardes Hélio Roberto Luciana Tanaka Renata Tavares