Mercado de trabalho: faltam empregos e sobram vagas

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Transcrição da apresentação:

Mercado de trabalho: faltam empregos e sobram vagas Não há família que não tenha um ou mais membros desempregados ou trabalhando precariamente no mercado informal. Em qualquer surto de crescimento, esbarra com uma séria falta de pessoal qualificado. Nos últimos anos, quando as excelentes oportunidades internacionais fizeram crescer a manufatura exportadora e o agro-negócio, o mesmo fenômeno ocorre.

Qualificação A falta de pessoal qualificado é problema para as áreas de administração, contabilidade, tesouraria, recursos humanos, relações do trabalho, comércio exterior, importação, artes gráficas, desenho industrial, engenharia, hotelaria, biotecnologia, fisioterapia,

nutrição, odontologia, logística, transportes, automação industrial, mecânica de aviação, supervisão de produção, técnico de embalagem, gerente industrial, técnico em usinagem, vários outros tipos de técnicos industriais, advogados com especialização, pessoal de tele-marketing, professores de idiomas, física e matemática e inúmeras outras.

Por força das inovações tecnológicas, dos novos métodos de produzir e da crescente concorrência, o mercado de trabalho tornou-se mais exigente. Em 2004, 98% das vagas das regiões metropolitanas, foram preenchidas por pessoas que tinham onze anos de escola ou mais – ensino médio.

Contrastes O Brasil tem ainda 12% de analfabetos absolutos e 60% de analfabetos funcionais que, apesar de terem cursado a escola, têm sérias dificuldades para entender o que lêem e fazer cálculos elementares.

Qualificação exigente Nos dias de hoje, não basta ser adestrado; é preciso ser educado. O adestramento ensina a pessoa a fazer uma coisa só para o resto da vida.

A educação prepara a pessoa para apreender continuamente, o que é fundamental para acompanhar as mudanças meteóricas que ocorrem no setor produtivo.

Qualidades inerentes: não basta ter diploma. bom senso, lógica de raciocínio, capacidade de trabalhar em grupo, habilidade para se comunicar e entender o que lhe é comunicado, domínio de mais uma língua além do português e da informática.

ter gosto pelo que faz, amar a profissão, comprometer-se com a tarefa, ter disciplina em todos os aspectos, ser obsessivo para se apreender, carregar nas veias o vírus da curiosidade, ter garra no que executa, enfim, ter a ética do trabalho.

O Trabalho do Futuro: Desafios da Juventude Brasileira Fatores para geração de empregos: crescimento econômico sustentado, educação de boa qualidade e legislação realista. Todavia, O crescimento econômico tem sido anêmico. O ensino continua precário. E a legislação trabalhista está desajustada em relação às novas formas de trabalhar.

Potencialidade Superados os constrangimentos macroeconômicos e os problemas da educação e da legislação, o Brasil pode se tornar uma verdadeira usina de empregos. Exemplo claro disto é o fator infra-estrutura.

Infra-estrutura Apesar de seu tamanho continental, o Brasil tem apenas cerca de 150 mil quilômetros de rodovias pavimentadas. Isso não é nada.

A Austrália tem 250 mil quilômetros, a Itália possui 300 mil quilômetros, o minúsculo Japão dispõe de quase 800 mil quilômetros e os Estados Unidos, mais de 5 milhões. Haverá uma enorme demanda de trabalho para construir e manter as estradas que o país precisa

Habitação e hidrelétricas O mesmo pode ser dito para edificar as 12 milhões de moradias de boa qualidade que hoje estão faltando e para erguer as hidroelétricas que são essenciais para o crescimento da economia.

Outras potencialidades O Brasil já é uma superpotência agrícola e se destaca em setores de ponta como é o caso, por exemplo, da fabricação de aviões. Nossa capacidade exportadora tem crescido a passos largos, revelando que os produtos brasileiros são respeitados no exterior.

Os campos do turismo, educação, saúde e o cuidado de crianças e idosos são ótimos nichos. Tais atividades dependem mais do contato humano do que de máquinas.

Paradoxos das máquinas Mas elas têm dois efeitos sobre o emprego. De um lado, elas destroem postos de trabalho. Onde entra a máquina sai o trabalhador. De outro, elas elevam a produtividade, aumentam os lucros e estimulam novos investimentos e geram novos empregos

Trabalhar menos para gerar mais empregos? Uma das idéias mais intuitivas no campo do trabalho é a de que, reduzindo a jornada de trabalho por lei, pode-se gerar mais empregos.

Em 1997, a Força Sindical defendeu a idéia de reduzir a jornada semanal de 44 para 30 horas, estimando uma geração de 4,4 milhões de postos de trabalho. Na mesma época, a CUT previu que, passando gradativamente de 44 para 32 horas semanais até 2008, isso criaria 3,6 milhões de novos empregos.

Experiências Poucos são os países que adotaram a estratégia de reduzir jornada de trabalho por lei. A França fez isso duas vezes. Na primeira vez (1982), a jornada semanal foi reduzida de 40 para 39 horas e na segunda vez (2000), de 39 para 35 horas.

Nos dois casos o desemprego aumentou Nos dois casos o desemprego aumentou. Os franceses não conseguira gerar as horas adicionais de trabalho – o que realmente conta para empregar mais trabalhadores.

Possibilidade os países que têm apresentado mais sucesso são os que reduziram a jornada por negociação, respeitando as peculiaridades das empresas e do mercado de trabalho.

Quando a redução da jornada não afeta o custo do trabalho e há mão-de-obra qualificada disponível, os resultados são positivos. A negociação permite ampliar o emprego de forma ajustada às realidades das empresas e dos trabalhadores.

Jornadas definidas por lei são inflexíveis e por Constituição são petrificadas – o que impede qualquer tipo de ajustamento nas crises e nas bonanças. É por isso que elas têm se mantido constantes na maioria dos países.

Onde estão os novos empregos ? O Brasil teria criado mais de 1,4 milhão de empregos formais ao longo de 2004. Verdade ? Será que todos esses empregos são vagas novas que foram preenchidas por pessoas que estavam desempregadas (ou que nunca trabalharam) ou são vagas que já estavam preenchidas por pessoas que trabalhavam na informalidade?

Conclusão. A grande maioria cai no segundo caso e é fruto da intensificação da fiscalização junto às micro, pequenas e médias empresas, onde a informalidade impera.

É claro que uma parte dos empregos é resultante da recuperação da economia nos setores ligados às exportações, agro-negócio e administração pública, inclusive, campanhas eleitorais. Mas a maior parte foi "gerada" pela ação dos fiscais no exercício de suas responsabilidades legais.

O caso da Índia Nos últimos dez anos, a Índia se transformou em um dos maiores pólos de atração para a terceirização devido à abundância de pessoal qualificado, domínio da língua inglesa e baixos salários.

Por exemplo, os advogados nos Estados Unidos cobram, em média, US$ 300 por hora. Os da Índia, que são fluentes em inglês e têm pleno conhecimento da "commom law", cobram menos de US$ 70

Por que a terceirização internacional ? As universidades não estão dando conta de injetar no mercado o montante que é demandado pelas empresas que precisam de profissionais sofisticados.

A oferta de bons profissionais foi garantida até hoje por muito treinamento no exterior e por 10 ou 12 universidades nacionais de padrão internacional. O ensino nas 17 mil faculdades e universidades restantes é, na grande maioria dos casos, bastante precário.

Conclui-se que nestes tempos de globalização, a posse de grandes massas de bons talentos constitui um dos mais valiosos ativos para atrair investimentos e gerar empregos de qualidade. Para participar desse jogo, o Brasil só tem uma escolha: melhorar muito a qualidade do ensino em todos os níveis.

Trabalho na Europa A Europa parece hoje uma grande casa de repouso. Ali temos, de um lado, um gigantesco número de pessoas idosas que pararam de trabalhar; de outro, as enormes massas pessoas que trabalham muito pouco - com jornadas curtíssimas.

Na UE10 (União Européia dos 10 novos membros - República Checa, Hungria, Polônia, Eslovênia, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Estônia, Chipre e Malta), os custos de produção são muito mais favoráveis do que os da UE15.

Ali, os impostos são baixos; as jornadas de trabalho são longas; a motivação para o trabalho é altíssima; a qualidade da mão-de-obra é boa; e os salários são baixos.

Na República Checa, por exemplo, os operários das montadoras de automóveis ganham US$ 6,20 por hora enquanto que na Alemanha recebem US$ 40,00.

Não é a toa que as empresas da UE15 se mudam para a UE10, em especial, para os países do ex-comunismo. A VW, a Ford e a Hyundai européias montaram várias fábricas na Eslováquia e República Checa.

Se nada for mudado, em 10 ou 15 anos, a produção de automóveis na Europa estará extinta, com graves conseqüências para o emprego. As autoridades da UE15 têm consciência disso.

Embora os salários do Brasil sejam bem mais baixos do que a maioria dos países da UE15, o mesmo não se pode dizer em relação aos países da UE10. É dali que vem a concorrência mais forte para o Brasil, sem contar, é claro, a que vem da Ásia, em especial da China e da Índia

Europa e Brasil têm razões diferentes para fazer as mesmas reformas - a trabalhista e a previdenciária. Sem elas, temos mais passado do que futuro.

O custo do trabalho na micro-empresa O peso da legislação trabalhista na determinação das despesas de contratação de empregados é bastante conhecido. O Brasil é o campeão mundial. Uma contratação legal gera despesas de 103,46% do salário nominal.

Na França, país altamente regulamentado, essas despesas são de 80%; na Inglaterra, 59%; na Itália, 51%; no Japão, 12%; nos Tigres Asiáticos, 11% (média); e nos Estados Unidos, pouco mais de 9%.

Para contornar esse problema, muitos empregadores e empregados optam pela informalidade que já atinge 60% dos brasileiros que trabalham.

Na hora de contratar, tudo são flores, mas na hora de despedir tudo se transforma em ações trabalhistas que somam 2,5 milhões e que, para serem examinadas e julgadas pela Justiça do Trabalho, custam à sociedade cerca de R$ 6 bilhões por ano.