Vómitos e epigastralgias

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Fraturas do Colo do Fêmur
Advertisements

MIELOMA MÚLTIPLO.
Caso clínico 3  Identificação:
Caso clínico 2 Identificação:
SEMINÁRIO CIRURGIA 4º ANO Regente: Prof. Doutor M. Cardoso de Oliveira
CASO CLÍNICO IDENTIFICAÇÃO M.J.P. Sexo feminino 69 anos de idade
HOSPITAL S. JOÃO SU 23 de Outubro de 2005
BÓCIO NODULAR Qualquer forma de patologia nodular da tireóide
Mariana Bruinje Cosentino
Prontuário Médico Orientado para Problemas (POP) Dr. Lawrence Weed Beth Israel Hospital (EUA)
Barbeiro S., Canhoto M., Martins C., Gonçalves C., Cotrim I., Arroja B., Silva F., Vasconcelos H. e Amado C. Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar.
Caso Clínico Fígado e Vias Biliares
Enf. Lícia Maria Oliveira Pinho
Glicogenose Tipo 1 Bioquímica II Seminário orientado 7 Universidade de Coimbra Faculdade de Medicina 2010 Ana Raquel Oliveira Ana Raquel Viana Ana Rita.
Transient Ischemic Attack S. Claiborne Johnston, M.D., Ph.D. New England Journal of Medicine Vol. 347, nº de novembro de 2002 Ddo. Rafael Coelho.
Colopatia por AINES XVIII Reunião Anual do NGHD
SÍNDROME DA PINÇA MESENTÉRICA SUPERIOR: A propósito de um caso clínico
XXIX Reunião Anual NGHD Cancro colo-rectal: estará a população informada? Teixeira C., Trabulo D., Martins C., Ribeiro S., Cardoso C., Gamito E., Alves.
LINFOMA NÃO HODGKIN B MANTO GASTRINTESTINAL: Um diagnóstico raro
Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar de Leiria 14 novembro 2014 XXIX REUNIÃO ANUAL NGHD Barbeiro S., Martins C., Gonçalves C., Canhoto M., Eliseu.
PAPEL DA ECOGRAFIA DE INTERVENÇÃO NO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA DE UMA COLEÇÃO HEPÁTICA SERVIÇO DE GASTRENTEROLOGIA, HOSPITAL AMATO LUSITANO, ULS CASTELO.
Serviço de Gastroenterologia – Centro Hospitalar de Leiria
Tá olhando o que!? Caso Clínico.
Daniel Trabulo, Ana L. Alves, Cristina Lobato, Fátima Augusto, Ana P
ASCITE DE “NOVO” NA CIRROSE
UMA CAUSA POUCO FREQUENTE DE ABCESSO HEPATICO
CHCB – Serviço de Gastrenterologia Director Serviço - Dr. Carlos Casteleiro Silva Fernandes J., Ramos R., Fernandes D., Duarte P., Vicente C., Cruto C.,
Rodrigues J.; Barreiro P.; Chapim I.; Chagas C.. Espinha com 35 mm totalmente penetrada na parede gástrica removida endoscopicamente Serviço de Gastrenterologia,
Daniel Trabulo, Cristina Teixeira, Claudio Martins, Suzane Ribeiro,
XXIX Reunião Anual do NGHD
Cristina Rico Elsa Monteiro Centro Hospitalar de Setúbal E.P.E. Hospital de São Bernardo Novembro, 2014.
Aplicação de árgon-plasma na remoção de próteses metálicas esofágicas: uma alternativa à técnica de stent-in-stent Daniel Trabulo, João Mangualde, Ricardo.
Prevenção de doenças – Caso clínico
Asma Ocupacional FUNDAMENTOS DE MODELAÇÃO ESTATÍSTICA Mestrado em Bioestatística e Biometria.
Duodenite em doente infetado com VIH
HEPATITE COLESTÁTICA - UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO –
+ Caso clínico Eusébio M., Ramos A., Sousa A.L., Antunes A.G., Vaz A.M., Caldeira P., Guerreiro H. Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar do Algarve.
Reativação de hepatite B - uma ameaça silenciosa -
DOENÇA INFLAMATÓRIA DO INTESTINO O QUE SABEM OS DOENTES?
Esofagite eosinofílica – diagnóstico de urgência
Esofagite Dissecans Superficialis
Serviço de Gastrenterologia Hospital de Faro 23/11/2013 XVIII Reunião Anual do NGHD Vaz AM; Sousa AL; Eusébio M; Antunes A; Ramos A; Ornelas R; Guerreiro.
CO-INFEÇÃO VHB-VHD: CURA APÓS 4 ANOS DE PEGINTERFERÃO-ALFA 2
CASO CLÍNICO CARDIOPATIA E FEBRE
APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA
Valor da Ecoendoscopia no estadiamento do Cancro rectal
PÓLIPO GÁSTRICO GIGANTE: -- UMA ENTIDADE ENDOSCÓPICA E HISTOLÓGICA RARA -- Martins, C.; Ribeiro, S.; Trabulo, D.; Mangualde, J.; Alves, A.; Gamito, E.;
Aspectos éticos e legais
Caso II Katriel Pró-Rim
CASO CLÍNICO Neurologia infantil Doenças DESMINIELIZANTES
PATOLOGIA DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
J. Pinto, V. Bettencourt, H. Ribeiro, C. Leitão, A. Santos, B. Pereira, A. Caldeira, E. Pereira, A. Banhudo O papel da ultra-sonografia de intervenção.
Caso Clinico: Distrofia muscular progressiva
PATOLOGIA DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
Barbeiro S., Canhoto M., Martins C., Gonçalves C., Cotrim I., Arroja B., Silva F. e Vasconcelos H. Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar de Leiria.
ASPERGILLUS EM ÚLCERAS ESOFÁGICAS Sousa P; Martins D; Pinho J; Machado J; Araújo R; Cancela E; Castanheira A; Ministro P; Silva A. C ENTRO H OSPITALAR.
Caso clínico para a reunião da Sociedade Paulista de Reumatologia
Esofagite Dissecante Costa Santos V., Nunes N., Ávila F., Rego A.C., Pereira J.R., Paz N., Duarte M.A. Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino.
DISCUSSÃO DE CASO CLÍNICO
Saulo da Costa Pereira Fontoura R2 Clínica Médica
Departamento de Clínica Médica CASO CLÍNICO
SÍNDROME do INTESTINO IRRITÁVEL
Diagnóstico das Hepatites Virais
Transaminase Glutâmico Pirúvico - TGP
Professora Regina 3º anos.
LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA EM GATOS
Elane Sousa - R1 Acupuntura Saulo Alencar – R1 Clínica Médica Joaquim e Rita - R2 Clínica Médica Maria – R3 Clínica Médica Dr. Clésio e Dr. Daniel Kitner-
DERMATOSE OCUPACIONAL - EPIDEMIOLOGIA
Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica Disciplina de Mecanismos Gerais da Doença 2º Módulo: O estudo da Doença 2013/14.
Transcrição da apresentação:

Vómitos e epigastralgias Uma etiologia invulgar Daniel Trabulo(1), Suzane Ribeiro(1), Claudio Martins(1), Cristina Teixeira(1), Regina Viseu (2), Fátima Augusto (1), AP Oliveira(1) S. Gastrenterologia(1) e ImunoAlergologia (2) Hospital de São Bernardo Centro Hospitalar de Setúbal

Emagrecimento (> 10%) Caso Clínico Mulher, 55 anos, leucodérmica, natural e residente em Setúbal, professora História Actual Mordedura de cão Vómitos Epigastralgias Enfartamento Emagrecimento (> 10%) Consulta de GE 1 semana 2 meses R/ Flucloxacilina

Caso Clínico Ø patologias associadas Ø hábitos medicamentosos Ø hábitos alcoólicos ou tabágicos Ø atopia/alergias Ø história epidemiológica Antecedentes pessoais irrelevantes Exame objectivo: sem alterações relevantes

Análises Laboratoriais Hb 11 g/dL Leucócitos 7.700 com 22,3% de eosinoflia (nº absoluto: 1.720 eosinófilos) VS 18 PCR 0,4 mg/dL Proteinograma, ionograma, f. hepática e renal: normais IgE total 94 KU/L (N<120) IgA, IgG, IgM normais

EDA

EDA

EDA Biopsias do esófago, estômago e D2 Pesquisa de Hp

Histologia Erosões multifocais, úlceras, congestão e edema Infiltrado inflamatório eosinofílico (10-50 céls/campo) Sem Hp

Gastrenterite eosinofílica Histologia Biopsias da mucosa esofágica: “sem eosinófilos; esofagite péptica” Biopsias da mucosa duodenal: “duodenite erosiva, quantidade moderada de eosinófilos. Sem microorganismos infecciosos”. Gastrenterite eosinofílica

Diagnóstico diferencial Infestação por parasitas Doenças do tecido conjuntivo/vasculites Síndrome hipereosinofilica Mastocitose sistémica Neoplasias malignas sólidas/linfomas Doenças alérgicas Fármacos ou toxinas Toxocara canis Ancylostoma caninum Fasciola hepatica Echinococcus granulosis Strongyloides stercoralis Strongyloides caninum Schistosoma mansoni

MCDTs e Resultados Repetição de EDA com biopsias e revisão de lâminas: sem identificação de parasitas Coproculturas: estéreis POQP fezes: negativa Testes serológicos: negativos Colonoscopia com ileoscopia: mucosa endoscopicamente normal Toxocara canis Ancylostoma caninum Fasciola hepatica Echinococcus granulosis Strongyloides stercoralis Strongyloides caninum Schistosoma mansoni

MCDTs e Resultados Ecografia abdominal: sem alterações TC torácica, abdominal e pélvica: sem alterações Ecocardiograma: normal Colonoscopia com ileoscopia: mucosa endoscopicamente normal  biopsias sem alterações Estudo completo da auto-imunidade negativo (ANA, Anti-DNA, ANCA, AMA, AML, RNP, Ro, La, Centromero B, Scl 70, Jo1, Sm, RNA pol III, PM-Scl) LDH 238 UI/L (N) Serologias HIV, CMV, EBV, HBV, HCV negativas Ac Anti-transglutaminase: N Colonoscopia com ileoscopia: mucosa endoscopicamente normal

Terapêutica e Evolução Prednisolona 40 mg/dia – 6 semanas Follow-up (9 meses) Normalização analítica progresiva Leucocitos: 9.200 com 2% eosinófilos (n.º absoluto: 184 Eo) após 3 meses Normalização endoscópica Normalização histológica Sem recidiva até à data

Teste de transformação linfocitária (TTL) à flucloxacilina Discussão 2 etiologias possíveis: Gastrenterite eosinofílica “primária” Reacção alérgica à flucloxacilina Relação temporal entre a toma do fármaco e início das queixas Flucloxacilina pode causar eosinofilia em 1,29% casos (FDA, 2013) Teste de transformação linfocitária (TTL) à flucloxacilina

Gastrenterite eosinofílica secundária a reacção alérgica à Discussão Teste de transformação linfocitária: Detecção de linfócitos sensibilizados a um Ag, avaliando a sua resposta proliferativa quando em presença desse Ag Avaliação de reacções de hipersensibilidade a fármacos Sensibilidade de 78% e especificidade de 85% Gastrenterite eosinofílica secundária a reacção alérgica à flucloxacilina Resultado: POSITIVO

Take home messages GE - doença rara e subdiagnosticada (300 casos descritos) Etiologia e patogénese não completamente conhecidas. Apresentação clínica heterogénea e achados endoscópicos inespecíficos. Relevância do caso: exuberância dos achados endoscópicos etiopatogénese particular - nenhum caso descrito na literatura de associação entre gastrenterite eosinofílica e flucloxacilina