Mensurando e Informando a Criação de Valor pelas ONGs

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Transcrição da apresentação:

Mensurando e Informando a Criação de Valor pelas ONGs Edilene Santana Santos Profa. Edilene Santana Santos

Sistema de informação em ONGs: Visão qualitativa, física e econômica É próprio da entidade sem fins lucrativos priorizar o enfoque qualitativo da “causa”/missão. Ex. “atender aos pobres”, “vencer o analfabetismo” Ou estabelecer objetivos físicos: ensinar 5.000 crianças; “diminuir em 50% a incidência de sarampo” Entretanto, embora nem sempre seja fácil, é fundamental que a ONG tenha visão econômica de sua atividade (além da visão qualitativa e física). Ex.: com meu orçamento de $100.000 produzi mais resultado que o similar com orçamento de $150.000. Profa. Edilene Santana Santos

A ONG em visão econômica Austin (Parcerias. Fundação Peter Drucker, 2001): “Quanto mais específica e quantitativamente os gerentes puderem articular as expectativas de benefícios tanto para os parceiros como para a sociedade, mais elevado será o nível (...) da parceria” “Além do mais, a comunidade benemérita está cada vez mais buscando organizações que meçam e demonstrem os resultados dos investimentos sociais aos financiadores” “O valor da cooperação para a organização sem fins lucrativos é, em última instância, expresso como uma porção de dinheiro ou uma certa quantidade de outros tipos de recursos que uma empresa oferece em troca dos serviços da organização do terceiro setor” (...) Profa. Edilene Santana Santos

O Fluxo de Valor ONG SOCIEDADE Conselho / Diretoria Atividades-Fim Doações/ Subvenções Governo Outras ONGs Empresas Grupos Famílias Indivíduos Atividades de Apoio Produtos Serviços Atividades-Fim Questão: Está havendo criação de valor para a sociedade? Profa. Edilene Santana Santos

tn tn t0 tn t0 AMBIENTE GLOBAL AMBIENTE GLOBAL CADEIAS DE VALOR DO GOVERNO CADEIAS DE VALOR DAS EMPRESAS tn t0 CADEIA DE VALOR DO SETOR tn CADEIA DE VALOR DO SETOR t0 CADEIA DE VALOR DA ORGANIZAÇÃO CADEIA DE VALOR DA ORGANIZAÇÃO RESPONSIBILITY CENTRE 1 Resources Products ACTIVITIES RESPONSIBILITY CENTRE 2 SUPLIERS’ VALUE CHAINS CLIENTS’ VALUE CHAINS CENTRO DE RESPONS. 1 CENTRO DE RESPONS. 2 CADEIAS DE VALOR DOS FORNECEDORES Resources ACTIVITIES Products CADEIAS DE VALOR DOS BENEFICIÁRIOS Recursos ATIVIDADES Produtos Recursos ATIVIDADES Produtos RESOURCES PRODUTOS RECURSOS PRODUTOS RESPONSIBILITY CENTRE 1 Resources Products ACTIVITIES RESPONSIBILITY CENTRE N Resources Products ACTIVITIES CENTRO DE RESPONS. 3 CENTRO DE RESPONS. N Recursos ATIVIDADES Produtos Recursos ATIVIDADES Produtos COMPETITORS’ VALUE CHAIN CADEIAS DE VALOR DAS ONGs SIMILARES Profa. Edilene Santana Santos

Caracterização Econômica das ONGs Empresas: atuam sobre utilidades com base na troca (bens privados) Governo: atua sobre as externalidades (bens públicos) ONGs: “fazem o que o governo não faz e o que as empresas não fazem” ONG x Governo Atuam sobre externalidades não atingidas pelo governo Ex. ambientais, pesquisas, causas idealistas, minorias, assistência social   ONG x Empresa Promovem a inclusão econômica, disponibilizando utilidades não à base de troca Ou seja, capilaridade da ONG Ex. Geográfica, Segmento social, Indivíduos, Postura da sociedade, Inovações não percebidas pelo governo nem pelas empresas   Ou seja, a ONG cria um valor novo para a sociedade que não é criado normalmente pelo governo nem pelas empresas Profa. Edilene Santana Santos

Gestão de Organizações do 3º Setor E Criação de Valor É possível avaliar a performance de uma ONG em termos econômicos? Uma ONG não é uma empresa: não visa lucro Muitos serviços prestados por ONGs têm valor incomensurável preservação ambiental, assistência social, educação Faltam tradição contábil e instrumentos para medir o valor econômico gerado em organizações do 3º setor Profa. Edilene Santana Santos

Medidas qualitativas, físicas e econômicas Objetivos Qualitativos “Diminuir a pobreza” ONG Objetivos Físicos Nº de pessoas atendidas Objetivos Econômicos Valor Econômico Criado Profa. Edilene Santana Santos

Custos de Oportunidade como o critério econômico Como medir o fluxo de valor entre uma ONG e a Sociedade? Insuficiências das medidas qualitativas e físicas podem ser superadas com a utilização do conceito econômico de custo de oportunidade De acordo com a teoria econômica da escolha, mensuração e valor: Todo benefício escolhido (ex. sair para coletar nozes) exclui um outro benefício (ex. permanecer descansando na cabana) O benefício excluído é o custo de oportunidade do benefício escolhido A melhor alternativa rejeitada, como custo de oportunidade é: simultaneamente uma medida do custo e uma medida do valor da alternativa aceita Assim, um serviço gratuito oferecido por uma ONG tem um valor econômico (receita) igual à melhor alternativa de se obter serviço similar disponível na sociedade, ou seja, no mercado Ex. O valor econômico dos serviços oferecidos por uma escola gratuita é igual ao menor valor de mercado para serviços equivalentes cobrados de uma escola com fins lucrativos Profa. Edilene Santana Santos

Custo de Oportunidade e valores incomensuráveis O valor econômico criado por uma ONG, dado pelo custo de oportunidade é uma medida de valor relativa – o menor valor de mercado de uma alternativa similar rejeitada – e não pretende quantificar valores humanos e sociais incomensuráveis. Ex. Minha vida salva pelo hospital x o valor econômico dos serviços hospitalares que salvaram minha vida; A justiça que eu obtive x os serviços do advogado ou juiz; Saciar a fome x o preço dos alimentos; Conhecimento x o ensino e os serviço de uma escola etc. O custo de oportunidade permite a identificação da melhor alternativa a partir do benchmarking de serviços similares excelentes Assim, estimula a eficiência e eficácia na gestão de ONGs no melhor interesse da sociedade Profa. Edilene Santana Santos

Custo de Oportunidade, Best Practices e Benchmarking Custo de Oportunidade: melhor alternativa rejeitada Melhor em relação a quê? (se o parâmetro de comparação for medíocre...) Ou seja, o padrão de comparação deve ser o melhor: a melhor prática, se possível em âmbito global O governo, as empresas, outras ONGs, as melhores ONGs Benchmarking: é o processo pelo qual as organizações identificam as melhores existentes e avaliam quão distantes estão desse padrão de comportamento, com vista a adotar as melhores práticas identificadas Benchmarking de valor econômico: o melhor valor criado, ou seja, a melhor relação custo-benefício Profa. Edilene Santana Santos

Gestão de ONGs para a Criação de Valor Requisitos: Missão voltada para a criação de valor, incluindo a abordagem econômica Um sistema de mensuração que possibilite a identificação do valor criado Um sistema de decisões, da estratégia ao dia a dia, voltado para a criação de valor Comunicação do valor criado para os stakeholders Profa. Edilene Santana Santos

Mensurando o Valor Econômico Criado em uma ONG O Caso da ONG X A Entidade X, de assistência social: Presta atendimento a 80 pessoas no período T1 Recebe, nesse período: subvenções governamentais no valor total de $ 1.500 doações pecuniárias da comunidade de $ 2.500, fontes únicas de recursos. Os custos e as despesas relacionados com as atividades assistenciais totalizam $ 3.800, além de $ 500 de depreciações dos ativos operacionais. Fonte: Olak e Nascimento (2000), com adaptações. Profa. Edilene Santana Santos

Demonstrações Contábeis Apresentadas pela ONG X Fonte: Olak e Nascimento (2000), com adaptações. Profa. Edilene Santana Santos

Demonstrações Contábeis Apresentadas por uma Empresa com as mesmas transações – Empresa Y BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO T0 T1 PASSIVO + P. LÍQUIDO Disponibilidades 1.000 3.450 Obrigações - Bens Operacionais 6.000 5.500 P. Líquido 7.000 8.450 Total Ativo 7.950 Total Passivo + P.Líquido Demonstração do Resultado do Período (Período T1) RECEITAS $ Venda de Serviços (80 clientes x $ 100) 8.000 CUSTOS E DESPESAS Operacionais - Diversas (idem ao da Entidade X) 3.800 Depreciação 500 Remuneração da Diretoria Aluguel do Período 100 Água e Luz 50 Honorários Médicos (40 horas x $ 15) 600 Soma dos Custos/Despesas 6.050 RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS 1.950 Impostos Diversos, inclusive sobre a Renda LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO 1.450 Fonte: Olak e Nascimento (2000), com adaptações. Profa. Edilene Santana Santos

Como avaliar a Eficácia da ONG em parâmetros de Mercado? Qual é o valor econômico criado pela ONG? Resultado econômico = Receita Econômica – Custos Econômicos Medindo a Receita Econômica (Benefícios Gerados pela ONG) Qual é o valor econômico dos benefícios gerados pela ONG? A melhor alternativa dos beneficiários seria adquirir serviços similares do mercado Então: os serviços gerados pela ONG podem ser medidos Profa. Edilene Santana Santos

Como avaliar a Eficácia da ONG em parâmetros de Mercado? Medindo os Custos e Despesas Econômicos Qual é o valor dos recursos econômicos sacrificados para a geração dos serviços pela ONG? O serviço do voluntário implica sacrifício de recursos, embora seu valor não tenha sido cobrado Assim: devem ser considerados todos os recursos consumidos pela ONG, desembolsáveis, doados ou voluntários Profa. Edilene Santana Santos

Como avaliar a Eficácia da ONG em parâmetros de Mercado? Demonstração do Resultado Econômico - Entidade “X” (Período T1) Receita Operacional $ Serviços Prestados (conforme demonstrado no Quadro 3) 8.000 Custos e Despesas, segregados em: (I) Valorados a Custo Histórico (desembolso passado, presente ou futuro) Operacionais (diversas) 3.800 Depreciação 500 4.300 (II) Valorados a Preços Correntes de Mercado (não há desembolso por parte da entidade) Remuneração da Diretoria (serviço voluntário) 1.000 Aluguel do Período (doação da comunidade) 100 Água e Luz (doações da comunidade) 50 Serviços Voluntários (40 horas x $ 15) 600 1.750 Tributos e Taxas (imunidades e isenções) Soma dos custos e despesas 6.550 Resultado Econômico do Período 1.450 Fonte: Olak e Nascimento (2000), com adaptações. Profa. Edilene Santana Santos

Visão integrada dos Indicadores de Desempenho Econômico da ONG

Onde Estudar sobre o Assunto Gecon – Gestão Econômica: www.gecon.com.br Resultado Econômico no Terceiro Setor: MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DO RESULTADO ECONÔMIC0 NAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS (TERCEIRO SETOR) Autor: Paulo Arnaldo Olak e Diogo Toledo do Nascimento. ENANPAD 2000. BASES PARA EFICÁCIA NA APLICAÇÃO DO CONTRATO DE GESTÃO NAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS BRASILEIRAS Autor: Paulo Arnaldo Olak. Doutorado. 2000. CONTRIBUIÇÃO À ELABORAÇÃO DE UM MODELO DE APURAÇÃO DE RESULTADO APLICADO ÀS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: UMA ABORDAGEM DA GESTÃO ECONÔMICA Autor: Regina Célia Nascimento Vilanova. Mestrado. 2004. Outras: acessar o DEDALUS (biblioteca USP)