Aulas de Micologia Médica: Resumos

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
REINO FUNGI REPRESENTANTES: os fungos
Advertisements

MICOSES ESTRITAMENTE SUPERFICIAIS
MICOSES SISTÊMICAS.
Micoses subcutâneas Grupo de fungos patógenos para o homem e animais
Profa. Denise Esteves Moritz
Reino Fungi Edilson Soares.
ESCOLA ANGELINA JAIME TEBET PROFº CARLOS ROBERTO DAS VIRGENS
ESCOLA ANGELINA JAIME TEBET PROFº CARLOS ROBERTO DAS VIRGENS
Fungos Professora: IVAnéa
Características e classificações dos fungos.
MICOLOGIA, O ESTUDO DOS FUNGOS
REINO FUNGI Amanita muscarina.
ESTRONGILOIDÍASE Parasita - Strongyloides stercoralis
Leishmaniose Tegumentar Americana
Termos Técnicos Utilizados em Parasitologia
PAPILOMATOSE.
1. História Evolutiva dos Fungos
Professor Marcello (Adaptado por Prof. Reinaldo G. Ribela)
BIOLOGIA – YES, WE CAN! Prof. Thiago Moraes Lima
Micoses Superficiais.
Conteúdo da Avaliação III
Micologia: é o ramo da Biologia que estuda os fungos.
BIOLOGIA -Reino Fungi-
Disciplina de Agressão e defesa Universidade Anhembi Morumbi
REINO FUNGI OS FUNGOS.
Professora Fernanda Landim
Candidíase (=candidose, monilíase)
INTRODUÇÃO À MICOLOGIA
Leveduras unicelulares podem ser capsuladas brotamento ou gemulação.
Pitiríase versicolor Profa.Marise da Silva Mattos
Biologia 2 Cap. 09 Doenças humanas causadas por Fungos
Reino Fungi Disponível em: . Acesso em: 29 maio 2011.
Introdução à Epidemiologia Modelos de Saúde-Doença
Reino Fungi.
Isolamento e Observação Microscópica de Fungos
Biologia volume único 3.ª edição Armênio Uzunian Ernesto Birner.
FUNGOS Prof. Víctor Pessoa.
Parasitologia Clínica Introdução
Professora Maria cecília Monteiro
Reino Fungi.
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Professor: Marcelo Correa
Paracoccidioidomicose
Cândida spp. albicans Não albicans Fungo diplóide
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
MICOSES.
Morfologia e ultra-estrutura de fungos
Micologia Micologia ou micetologia é a ciência que estuda os fungos. Os micólogos (micologistas ou micetologistas) pesquisam taxonomia, sistemática, morfologia,
Entamoeba histolytica
INTERAÇÃO VÍRUS-CÉLULA E PATOGENIA VIRAL
Micologia: micoses superficiais e sistêmicas
UPCII M Microbiologia Teórica 18 2º Ano 2014/2015.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE BLASTOMICOSE SUL AMERICANA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FUNGOS
Pitiríase versicolor “micose de praia”
Paracoccidioidomicose
Fungos Estrutura - Unicelulares: fungo constituído de uma única célula eucarionte, heterotrófica e dotada de uma parede celular de quitina. Ex. Saccharomyces.
Reino Fungi Rosana Moraes.
Zapata.... Zapata... CROMOMICOSE RODRIGO S. P. ROCHA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA DEPT. DE MEDICINA.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE BUCAL: FUNDAMENTAÇÃO/ INTRODUÇÃO
Propriedades Gerais dos Fungos
Malassezia furfur- Pitiríase versicolor
Micologia Profa Camila Góes Puk.
Reino Fungi INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO.
Reino Fungi Rosana Moraes.
REINO DOS FUNGOS.
Transcrição da apresentação:

Aulas de Micologia Médica: Resumos Professor Doutor Eduardo Bagagli Departamento de Microbiologia e Imunologia Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu bagagli@ibb.unesp.br Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Bibliografia ZAITZ e cols. Compêndio de Micologia Médica. Editora Medsi, Rio de Janeiro. 1998 LACAZ e cols. Micologia Médica. 8ºed., 1992 RIPPON Medical Mycology, 1988 KWON-CHUNG & BENNETE. Medical Mycology, 1992 TRABULSSI. Microbiologia. 2ºed., 1989 Geral ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. John Wiley & Sons, New York, Third Edition, 1979 Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Sites sobre fungos na internet: Gerais: www.ucmp.berkeley.edu/fungi/ www.botany.utoronto.ca/ResearchLabs/MallochLab/Malloch/Moulds/ biodiversity.uno.edu/~fungi/ www. mycolog.com Lista de fungos Brasileiros: http://www.bdt.org.br/bdt/fungilistbr/ Fatos curiosos sobre fungos: http://www.herb.lsa.umich.edu/kidpage/factindx.htm Líquens: http://mgd.nacse.org/hyperSQL/lichenland/ Micologia Médica: http://fungus.utmb.edu/ http://alces.med.umn.edu/Candida.html http://www.aspergillus.man.ac.uk/ Fungos e alergias: http://pollenuk.worc.ac.uk/Aero/FUNGI/allergy.htm#allergy Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Características gerais dos fungos Eucariotos Heterotróficos Pouquíssima diferenciação celular Presença de esporos Parede celular com quitina Importância dos fungos Ambiental (reciclagem de nutrientes, decomposição de agentes poluidores Agricultura (fertilidade do solo, doenças de plantas, etc) Indústria (álcool, cerveja, vinho, antibióticos, ac cítrico, enzimas, farmacos) Alimentação (cogumelos comestíveis, “tempe”, etc) Estudos fundamentais (genética, biomol) Saúde (micoses no homem e animais, micetismo e micotoxicoses) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Organização somática dos fungos Vegetativo Filamento ou hifa (septada ou cenocítica) Micélio M Reprodutivo Levedura (L) - Células individualizadas DIMORFISMO M L Capacidade de crescimento nas formas M e L Temperatura Nutrientes Importante fator de virulência nos fungos patogênicos Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Nutrição e Crescimento dos fungos Heterotróficos saprofitismo parasitismo simbiose Obtenção do alimento por absorção Acumulam glicogênio como material de reserva Versatilidade para utilizar #s substratos e interação com outros organismos Temperatura Umidade Fatores ambientais importantes: Luz pH Potencial redox Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Reprodução dos Fungos Reprodução assexuada: Propagação vegetativa; alta frequência; mitose; presente em todos os grupos de fungos Tipos Por fissão Blastósporos (brotamento) Artrósporos (fragmentação de hifas) Clamidósporos (presença de parede espessa) Esporangiósporos (em estrutura fechada) Zoósporos (esporangiósporos móveis) Conidiósporos (em estrutura aberta) Reprodução sexuada: Amplifica variabilidade genética; baixa frequência, meiose; ausente em alguns grupos (imperfeitos) Fases: Plasmogamia, Cariogamia e Meiose Define os tipos de reprodução sexuada Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Núcleo celular fúngico: Cromossomos pequenos, organizados em nucleossomos Estado haplóide é mais frequente Carioteca mantém-se íntegra na divisão celular Presença de centríolos ou “corpúsculo polar do fuso” Fenômeno da heterocariose (núcleos geneticamente #s em um mesmo indivíduo) Parassexualidade: Amplifica a variabilidade genética sem meiose; baixas frequências Heterocariose Cariogamia Haploidização por aneuploidias (perdas cromossômicas) Ocorrência de permutas cromossômicas Etapas: Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos e outros basidiomycetes organismos. Árvore FUNGI ascomycetes baseada em rDNA. Alexopoulos et al., 1996 basidiomycetes ascomycetes zygomycetes chytridiomycetes FUNGI STRAMENOPILA ANIMAIS PLANTAS ALGAS VERMELHAS DICTYOSTELIUM AMOEBOFLAGELLATES EUGLENOIDS PHYSARUM HETEROLOBOSA GRUPO AMITOCHONDRIATE oomycetes hyphochytrideos labyrinthulideos diatomáceas algas pardas PLASMODIOPHORA? fungos limosos dictiostelídeos fungos limosos plasmodiais fungos limosos acrasídeos Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli PROCARIOTOS

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli KINGDOM FUNGI KINGDOM STRAMENOPILA Phylum Chytridiomycota Phylum Zygomycota Phylum Ascomycota Phylum Basidiomycota Phylum Oomycota Phylum Hyphochytriomycota Phylum Labyrinthulomycota PROTISTS Phylum Plasmodiophoromhycota Phylum Dictyosteliomycota Phylum Acrasiomycota Phylum Myxomycota Organismos Estudados pela Micologia. Alexopoulos et al 1996 Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

FUNGOS PATOGÊNICOS E OPORTUNISTAS Micoses: infecção por microfungos parasitas. Ação mecânica e por metabólitos Presentes em todas as especialidades da medicina Fungo patogênico: regularmente isolado de um determinado processo infeccioso. Fungo oportunista: raramente isolado de uma variedade de manifestaçõs clínicas. Número de espécies fúngicas patogênicas: (cerca de 200) não-patogênicas: (conhecidas cerca de 70.000) (estimado em até 1,5 milhão) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fatores de Virulência de Fungos Patogênicos Capacidade de crescimento a 37°C e condições redutoras do tecido Dimorfismo Capacidade de evasão do sistema de defesa (endosporulação, cápsula) Propriedades bioquímicas especiais: melanina, fenoloxidase, proteases, elastases, colagenases Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Princípio de atuação das drogas antifúngicas Dificuldades: poucas drogas disponíveis; tendem a ser tóxicas também ao hospedeiro; similaridade biológica entre fungo e reino animal Diferenças importantes entre fungos e animais. Possíveis alvos terapêuticos via biossintética própria para a quitina formação de lisina pela via do ácido aminodipídico produção de microtúbulo especial, durante a replicação síntese de ergosterol a partir de lanosterol, como principal esterol de membrana Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Princípio de atuação das drogas antifúngicas Drogas que atuam a nível de membrana (moléculas de ergosterol): Derivados poliênicos: Anfotericina B; Nistatina, Pimaricina Derivados imidazólicos: Ketoconazol, Itraconazol, Clotrimazol (interferem na síntese do ergosterol) Drogas que atuam a nível intracelular (síntese DNA, RNA, proteínas): Griseofulvina (desarranjo nos microtúbulos) 5-fluorcitosina (interfere na síntese de RNA) Actidione ou ciclohexamida (somente para meios decultura) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Terminologia e Classificação das Micoses Localização do processo: dermatomicoses, oftalmomicoses, etc Literatura médica ou leiga: sapinho, pé-de-atleta, etc O fungo responsável: aspergilose, histoplasmose, etc Segundo os tecidos e órgão afetados: Micoses superficiais Micoses cutâneas Micoses subcutâneas Micoses sistêmicas -por fungos patogênicos -por fungos oportunistas Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Diagnóstico Microbiológico das Micoses I Exame microscópico (micromorfologia parasitária): Direto (raspado, secreções, escarro, etc) -clareamento com KOH 10-20% Direto com coloração (Giemsa, Nanquim, Gram, etc) Histopatologia (biópsia), coloração: HE (Hematoxilina Eosina) PAS (Periodic Acid-Schiff) GMS (Gomori Methenamine Silver Isolamento fúngico Meios de cultura como Ágar Sabouraud, adicionados ou não de antibióticos bacterianos e antifúngicos (actidione) O resultado da cutura pode demorar semanas e até meses Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Diagnóstico Microbiológico das Micoses II Micromorfologia saprofítica cultivo em lâmina em bloco de ágar-meio Atividades bioquímicas (auxanograma e zimograma) importante para leveduras Sorologia testes intradérmicos (inquéritos epidemiológicos) pesquisa de anticorpos e antígenos circulantes Métodos de biologia molecular hibridização com sondas marcadas amplificação específica de DNA pela PCR Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Micoses Superficiais 1 - Pitiríase Versicolor (I) Características gerais: adquirido por contato; sem resposta imune celular; tecidos corneificados; infecções crônicas 1 - Pitiríase Versicolor (I) Lesões acrômicas ou hiperpigmentadas (versicolor), bordas delimitadas, tórax, abdomen, pescoço, face Micose das praias (o sol revela lesõs existentes) Agente Etiológico: Malassezia furfur Saprófita endógeno da pele normal (homem e animais) levedura lipofílica, antropofílica e zoofílica Sinonímias: Pityrosporum ovale e P.orbiculare Malassezia pachydermatis (pavilhão auricular animais) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

1 - Pitiríase Versicolor (II) Diagnóstico laboratorial Raspado da lesão, KOH + tinta Parker; Giemsa: leveduras em forma de cacho, com hifas curtas Cultura de fácil obtenção, requer substâncias oleaginosas. Colônias brancas, mucóide e brilhante. Leveduras pequenas Outras manifestações Foliculites (folículo capilar e glândula sebácea) Obstrução do canal lacrimal Dermatite seborreica (produtos de degradação do fungo) Infecções sistêmicas em pacientes com terapia intralipídica com cateter Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli 2 - Tínea Negra Infecção assintomática do extrato córneo (palmas das mãos ou pés). Manchas enegrecidas fuliginosas. Agente Etiológico Exophiala werneckii, também denominado Cladosporium werneckii ou Phaeoannellomyces werneckii e outros (fungos dematiáceos). Ocorrência: América do Sul e Central. Brasil, Bahia principalmente. Má diagnosticada: confundida com melanoma maligno (mutilação). Diagnóstico micológico: Raspado epidérmico, KOH, presença de hifas amarronzadas septadas e células com brotamento. Cultura: crescimento lento, colônia filamentosa de coloração oliva à escura. Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Agente Etiológico : Trichosporum beigelli 3 - Piedra Infecções fúngicas crônicas e assintomáticas dos pêlos com formação de nódulos visíveis a olho nu. 3.1- Piedra Branca (I) Nódulos são claros e deslizantes Localização: pêlos da barba, axila, região pubiana e cabelos (menor frequência) Agente Etiológico : Trichosporum beigelli Levedura artrosporada Já foi recuperado de macacos e cavalos. Presente no solo, água e vegetais. Pode fazer parte da flora normal da pele e mucosa oral Piedra branca genital é mais comum em adultos jovens masculinos. Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Diagnóstico Laboratorial 3.1- Piedra Branca (II) Distribuição geográfica: universal Diagnóstico Laboratorial Exame direto do pêlo contaminado, KOH, nódulo é bem visível Cultura é leveduriforme branca-amarelada. Presença de artroconídios. 3.2- Piedra Preta Agente Etiológico: Piedraia hortai Nódulos são escuros e fixos. Presença de ascos e ascósporos típicos Ocorrem preferencialmente nos fios de cabelo Distribuição: Regiões tropicais e subtropicais. Amazônia A infecção é estimulada por alguns indígenas Fonte de infecçâo: solo; encontrado em pêlos de animais Cultura : crescimento bem lento; colônias bem escuras Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Micoses Cutâneas Micoses causadas por fungos dermatófitos. Fungos que utilizam a queratina da pele, pêlos e unhas como alimento. Dermatofitoses: Envolve três gêneros distintos, biologicamente relacionados: Trichophyton Microsporum Epidermophyton Contém 41 espécies. Causando micoses: 11 espécies Dermatomicoses Micoses cutâneas causadas por outros fungos: filamentosos não-queratinofílicos e por leveduras do gênero Candida Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadore de Micoses Cutâneas Dermatófitos Fungos queratinofílicos A origem mais provável é o solo Adaptação ao homem e animais geofílicas antropofílicas zoofílicas Espécies Colonizam os tecidos queratinizados do corpo (pele, pêlos e unhas) Não são invasivos. Não sobrevivem no interior do tecido vivo, nem em áreas de inflamação intensa Apresentam atividade queratinolítica. Produzem elastases que atuam sobre a elastina do tecido cutâneo As dermatofitoses são as infecções mais prevalentes no homem. Distribuição universal Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadore de Micoses Cutâneas - Dermatófitos Aspectos Patológicos dos dermatófitos Possíveis interações com o hospedeiro Fungo contato Hospedeiro Desalojado mecanicamente Estabelecer na pele Sem sintomas Sinais clínicos da micose Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Aspectos patológicos evolutivos dos dermatófitos O fungo não penetra no tecido vivo. Limita-se aos tecidos mortos da pele (queratina do extrato córneo, pêlos e unhas) Produzem metabólitos envolvidos na degradação da queratina Micotoxinas para competirem com outros organismos da pele? Estas substâncias funcionam como alergenos para o hospedeiro Dermatofitoses podem ser consideradas dermatites de contato biológico A manutenção do patógeno no hospedeiro depende que o mesmo não provoque uma reação inflamatória capaz de eliminá-lo Evolutivamente, algumas espécies adaptaram-se a sobreviver na pele do homem (antropofílicas), outras em animais (zoofílicas) As infecções heterólogas provocam reações inflamatórias intensas podendo culminar com o fim da infecção As infecções homólogas tendem a ser crônicas Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Eritema Exudação Calor Alopécia Aspectos patológicos evolutivos dos dermatófitos Nas manifestações típicas Resposta inflamatória no local da infecção Eritema Exudação Calor Alopécia O fungo tende a se “mover” do local para “fugir da inflamação” Ocasionando a clássica “forma de anel” Nas manifestações mais intensas Erupções nodulares “kerion” Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Dermatófitos (ver detalhes Livros) Fase sexuada Ecologia Principais localizações nos tecidos Breve descrição dos 3 gêneros Tipos de manifestações Diagnóstico Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Micoses Subcutâneas Aspectos Gerais: Vivem em estado saprofítico, no solo, vegetais e animais de vida livre São parasitas acidentais do homem Geralmente apresentam baixa virulência Vários são dematiáceos (produzem pigmentos escuros) Apresentam capacidade de crescimento tecidual Certa adaptação à condição patogênica (dimorfismo, divisão planar, corpúsculos leveduriformes (células escleróticas ou muriformes) A introdução do fungo se dá via de regra pela via traumática Lesões geralmente localizadas no tecido subcutâneo, persistentes e de longa duração, disseminação rara (exceção na esporotricose e cromo- blastomicose). Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Micoses Subcutâneas MICOSES AGENTE ETIOLOGICOS Esporotricose Sporothrix schenckii Cromoblastomicose Phialophora verrucosa Fonsecaea pedrosoi F. compacta Cladosporium carrioni Rhinocladiella aquaspersas Lobomicose Paracoccidioides loboi (Loboa loboi) Rinosporidiose Rhinosporidium seeberi Feo/hifomicose Várias espécies dematiáceas Eumicetomas Várias espécies Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Esporotricose Etiologia Sporothrix schenckii - Forma assexuada, anamorfa ou imperfeita Fase sexuada, teleomórfica ou perfeita : Ophiostoma stenoceras (=Ceratocystis stenoceras). Associado a vegetais Adquirido pela via traumática Fungo dimórfico Saprofítico do solo Patologia Lesão ulcerada, acompanhada de nódulos e abcessos ao longo do trajeto linfático (linfangite nodular, linfadenite satélite) Ocasionalmente pode ocorrer disseminação para o sistema nervoso central, visceras e outros órgãos Mais raramente, a inalação de partículas fúngicas pode ocasionar infecção pulmonar primária Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Esporotricose - Ecologia e Epidemiologia Plantas e o solo são os reservatórios naturais do patógeno Já foi isolado de animais aparentemente sadios, ar, água, e de diversos materiais orgânicos A infecção também ocorre em outros animais (cavalo, cachorro, gato), os quais podem agir como vetores da doença Distribuição é mundial Jardineiros, mineiros, caçadores e relacionados são os mais afetados Surtos epidêmicos já foram observados. Na África do Sul, 3000 casos foram registrados em trabalhadores de uma mina de ouro No Brasil, muitos casos estão associados ao contato com palhas de gramíneas Nos EUA, França, Canadá, e outros países clima temperado, contato com certos tipos de musgos (“sphagnum moss”) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Esporotricose - Diagnóstico O exame direto não é recomendado, pois é raro identificar o parasita, o qual apresenta-se na forma de pequenas leveduras arredondadas, em formato oval ou de charuto. Intra e extra-celulares. Cultura - é relativamente fácil de obter. Em Ágar Sabouraud, tempe- ratura ambiente, após 3-5 dias. Colônia branco amarelada no início, achatada, aspecto úmido e membranoso; tornando-se acastanhado e enegrecida, após alguns dias. A forma filamentosa produz conídiosporos arranjados em formato de pequena margarida, hifas finas septadas e hialinas. Inoculação animal: camundongo via intraperitoneal (após 2-3 sema- nas, lesões). Histopatologia Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Cromoblastomicose Etiologia Várias espécies de fungos Família Dematiaceae (produzem pigmentos) Phialophora verrucosa Fonsecaea pedrosoi F. compacta Cladosporium carrioni Rhinocladiella aquaspersas Principais: Biologicamente relacionadas Fungos do solo e/ou plantas; materiais em decomposição Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Cromoblastomicose Patologia Penetra por traumatismo Formação de nódulos cutâneos verrucosos, desenvolvimento lento Evoluem para estruturas papilomatosas, ulceradas Hiperplasia do tecido, 1 a 3 cm acima da superfície da pele Presença de células fúngicas em divisão planar, corpos leveduriformes (corpúsculos fungóides) Mais comum nos membros inferiores, seguido de mãos, nádegas, etc. Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Cromoblastomicose Epidemiologia De ocorrência universal, porém muito mais frequente na América tropical e subtropical Muito comum no México. Temos casos no Brasil Trabalhadores rurais pobres, descalços Mais frequente no sexo masculino (maior oportunidade de contato e predisposição a injúria) Raramente é observado em criança Provável quiescência prolongada no tecido Infecções naturais em animais (cachorros, gatos, cavalos, anfíbios) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Cromoblastomicose Diagnóstico O aspecto macroscópico da lesão é importante Exame direto de escamas coletadas dos pontos enegrecidos, clareado com KOH, presença de células arredondadas, acastanhadas, paredes grossas, septados ou não na região equatorial (corpúsculo fumagóide) Cultura: crescimento lento em Sabouraud, Mycosel; colônias escuras, aspecto aveludado Identificação: aspectos microscópicos de esporulação (três tipos): Tipo Phialophora Tipo Cladosporium Tipo Rhinocladiela Gênero Fonsecaea pode apresentar os três tipos de esporulação Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Lobomicose Etiologia Lacazia loboi. Sin: Paracoccidioides loboi e Loboa loboi Fungo ainda não cultivável Leveduras catenuladas, parede expessa, nas lesões Patologia Infecção crônica da pele e subcutâneos, sempre com presença de quelóides Membros inferiores, pavilhão auricular, tronco, mão, etc Regiões expostas ao traumatismo e temperaturas mais baixas O estado geral do paciente não é afetado Relatos de pacientes com 30-40 anos com a lesão Processos degenerativos tipo carcinomatosos podem ocorrer Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Lobomicose Epidemiologia Região Amazônica Trabalhadores de florestas Presença em golfinhos. Transmissão do animal para o homem. Via traumática Diagnóstico Exame direto (biópsia ou secreções): leveduras com parede birrefringente, isoladas ou catenuladas (cadeia) Culturas: até hoje não se conseguiu Inoculações: camundongos imunossuprimidos; ovos embrionados, tatus Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Rinosporidiose Definição e histórico Infecção do tecido mucocutâneo causada pelo Rhinosporidium seeberi Fungo ainda não cultivado e de classificação não bem definida Doença granulomatosa, com formação de pólipos, tumores, papilomas, os quais são hiperplásicos, bastante vascularizados Aspecto de coral, amora, morango, framboesa ou couve-flor, coloração vermelha Primeira descrição: SEEBER (1900), estudante Medicina, Argentina “infecção da região nasal por protozoário” ASHWORTH (1932) conclui tratar-se de fungo, na Escócia. Estudou o caso em um estudante de Medicina proveniente da Índia. Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Rinosporidiose - Etiologia, Patologia, Ecologia O nariz é a região mais comumente afetada, seguida da conjuntiva ocular Outras áreas menos frequentes: ânus, pênis, vagina, ouvido, faringe e laringe Evolução lenta. Disseminação rara. Infecção também observada em vários animais selvagens e domésticos O fungo parece ter afinidades com o ambiente aquático Família Olpidiaceae, Ordem Chitridiales A infecção parece estar relacionada ao ambiente aquático Pacientes que se banham ou trabalham em águas paradas Portos de extração de areia. Vento, poeira Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Rinosporidiose Epidemiologia Maior ocorrência na Índia e Ceilão. Certos hábitos culturais destes países poderiam contribuir para a infecção No Brasil, existem casos humanos e animais. Maior frequência na região Nordeste Diagnóstico Somente clínico é difícil. Importante diferenciar de outras moléstias: angiomas, angiofibromas, epiteliomas, leishmaniose e rinoscleroma A presença de granulações branco-amareladas orienta o diagnóstico Exame direto destas granulações revelam a presença de esporângio grande (350 µm) contendo esporangiósporos (7-9 µm) Histopatologia Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Micetomas Eumicóticos Existem micetomas provocados por actinomicetos e fungos Causados pela inoculação do patógeno principalmente os pés Infecção crônica da pele e subcutâneo, caracterizado por: Aumento de volume do membro ou região afetada Formação de fístulas Drenagens de grãos Grãos eumicóticos: mede cerca de 0,5 a 2 mm (visível a olho nu), entrelaçado de filamentos micelianos e clamidósporos. A cor pode variar (dependendo da espécie): branca, amarelada ou preta Cerca de 23 espécies fúngicas estão implicadas na etiologia: (Madurella, Acremonium, Fusarium, Aspergillus e outros) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Feohifomicose Etiologia Abrange amplo espectro de infecçoes causadas por fungos dematiáceos Este tipo de micose tem sido mantido à parte das formas já consagradas cromoblastomicose, eumicetomas, tinea nigra Etiologia Cerca de 40 espécies dematiáceas já foram recuperadas de lesões Exophiala jeanselmei Wangiella dermatitidis Lesões císticas subcutãneas Xylohypha bantiana Forma sistêmica cerebrais Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Micoses sistêmicas Principal diferença: verdadeiramente patogênicos oportunistas fungos Principal diferença: Estado imunológico do hospedeiro Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

R I P O N, 1 9 8 Fungos patogênicos Oportunistas Doença Histoplasmose   Fungos patogênicos Oportunistas Doença Histoplasmose Aspergilose Blastomicose Candidíase Paracoccidioidomicose Zigomicose Coccidioidomicose Criptococose Hospedeiro Normal Debilitado Porta de Entrada Primariamente infecção Pulmonar Várias Prognóstico 99% dos casos resolvem espontaneamente Depende do comprometimento do sistema de defesa Imunidade Ocorre imunidade após a cura Não proporciona resistência a reinfecção Morfologia no tecido Apresentam formas específicas no tecido (dimórficos) Não há mudança na morfologia* Distribuição Geograficamente restrita Ubíquos R I P O N, 1 9 8 Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

FUNGOS PATOGÊNICOS DIMÓRFICOS Ausência de vacinas Impossibilidade de erradicação Aprender a conviver com o patógeno Tratamento difícil e de elevado custo econômico e social Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Paracocidioides brasiliensis Micose sistêmica mais importante na América latina Humano Tatus Micélio  Área endêmica de Botucatu Levedura Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Paracoccidioides brasiliensis - causador da Paracoccidiodomicose (PCM) Adolfo Lutz, 1908: Quem primeiro descreveu doença, em seus aspectos clínicos, histopatológicos e microbiológicos. Reconheceu a natureza fúngica da doença “micose pseudococcidioidica” Alfonse Splendore, 1912: Descreveu pormenorizadamente o fungo Zymonema brasiliense Evidenciou a presença de lesões mucocutêneas (oral) Suspeita de infecção pela via oral (materiais vegetais) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Paracoccidioides brasiliensis Floriano de Almeida, 1930: Detalhou as características do fungo Distinguiu-o definitivamente do Coccidioides immitis Propôs denominação hoje consagrada, universalmente aceita (P.brasiliensis) Aguiar Pupo e Cunha Mota, 1936 Propuseram classificação clínica da (PCM) em formas Tegumentar (mucocutânea); linfática; visceral e mista Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Paracocidioides brasiliensis Locais de isolamento do patógeno em tatus Dasypus novemcinctus Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Filogenia do P.brasiliensis (HERR, R. A., 2001) 94 66 100 Histoplasma capsulatum Blastomyces dermatitidis Penicillium marneffei Emericella nidulans Phaeococcus exophiale Exophiala jeanselmei Coccidioides immitis Paracoccidioides brasiliensis Lacazia loboi 90 92 99 Eurotiales Chaetothyriales Onygenales Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Histoplasma capsulatum Variedades: capsulatum duboisii farciminosum vários surtos epidêmicos cavernas guano de aves Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Blastomyces dermatitidis O cão é considerado animal sentinela desta micose freqüência da Blastomicose em cães é significativamente maior do que em humanos Não ocorre no Brasil Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli Coccidioides immitis Considerado o fungo patogênico de maior virulência Surtos epidêmicos no Nordeste do Brasil (humanos e cães) Isolado de tatus  Aspectos biogeográficos (migração humana) Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Micoses Oportunistas Fungos do gênero Aspergillus Aspergilose Existem mais de 600 espécies pertencentes a este gênero Patogênicas (oportunistas) A.fumigatus (principal) A.flavus A.niger Aspergilose Alérgica Aspergiloma Aspergilose Disseminada Angioinvasão Produção de elastases Fatores inibidores da fagocitose (gliotoxina, aflatoxina) Manifestações Patogênicas Patogênese Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Fungos Causadores de Zigomicose Conidiobolus coronatus C.incongruus C.lamprauges Basidiobolus ranarum Conidiobolomicose Basidiobolomicose Entomoptorales (Menos frequente) Mucosa Nasal e Subcutâneo Membros (Mais frequente) Rhizopus arrhizus R. rhiopodiformis Apophysomyces elegans Cunninghamella bertholttiae Cokeromyces recurvatus Mucor spp Mucorales Zigomicose Rinocerebral Pulmonar Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli

Outras micoses oportunistas importantes Candidíase e outras leveduroses Criptococose Pneumocistose Adiaspiromicose Aulas de Micologia 2002 - Prof Eduardo Bagagli