1 Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel Blog: raimundoclaudio.wordpress.com AULA 4 – Conhecimento, inovação e desenvolvimento.

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Transcrição da apresentação:

1 Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel Blog: raimundoclaudio.wordpress.com AULA 4 – Conhecimento, inovação e desenvolvimento regional/local DINIZ, C.C. E CROCCO, M.A.(orgs.); Economia Regional e Urbana: desenvolvimentos teóricos recentes. Belo Horizonte: UFMG, (Cap. 4)

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  Nas últimas décadas, foi retomado, de maneira enfática, o debate sobre o papel da inovação no desenvolvimento econômico.  as transformações contemporâneas, resultantes das aceleradas mudanças tecnológicas e do contínuo processo de inovação, ampliaram-se ainda mais a importância da inovação e sua velocidade.  Schumpeter (1912, 1939, 1943) concepção de “destruição criadora” - Schumpeter (1943)

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  Como a tecnologia não pode ser vista como uma mercadoria, a capacidade de desenvolvimento empresarial ou setorial torna- se central.  A luta competitiva e o processo de inovação inerente abrem “janelas de oportunidade” (Dosi, 1984) que são também “janelas locacionais”.  O papel que o ambiente social e cultural assume, em relação ao processo de desenvolvimento regional ou local, é enfatizado por diversos autores.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  “Path dependence”!  O sucesso econômico de cada empresa passa a depender de sua capacidade de se especializar naquilo que consiga estabelecer vantagens comparativas efetivas e dinâmicas, decorrentes do seu estoque de atributos e da capacidade continuada de inovação.  Não há um modelo ou estratégia única.  Cada região, localidade ou setor seguem padrões evolucionários distintos, não sendo possível copiar ou reproduzir experiências histórias.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  o processo de aprendizagem é, predominantemente, interativo e socialmente imerso no ambiente institucional e cultural. A cooperação local passa a funcionar como determinante-chave na capacidade local de competição.  O processo de aprendizado é fortemente localizado em função da forma que interagem pesquisa, experiência prática e ação, através dos processos de aprender fazendo, usando, interagindo e aprendendo.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  as regiões ou localidades tornam-se pontos de criação de conhecimento e aprendizado, na era do capitalismo intensivo em conhecimento.  Como o processo de inovação possui fortes componentes tácitos, cumulativos e localizados, os atributos regionais tornam-se decisivos.  Não se pode esperar que todas as regiões ou localidades gerem conhecimento de fronteira e se insiram na produção de bens de última geração tecnológica.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  Em muitos casos, o conhecimento científico e/ou tecnológico já está disponível ou pode ser transferido de maneira codificada.  Conhecimento novo: absorção e adaptação.  A economia do aprendizado não é necessariamente uma economia de alta tecnologia.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  Considerada a dimensão geográfica do território brasileiro, as diferenças naturais, as bases produtivas existentes e o potencial econômico de cada região ou localidade, um programa de apoio ao desenvolvimento tecnológico do país deveria estabelecer diretrizes regionais a partir das características mencionadas - exemplo da experiência da EMBRAPA.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  O potencial produtivo de uma região pode estar relacionado com a sua posição geográfica em relação a mercados e portos, com a experiência produtiva prévia, com as lideranças empresariais, com o conhecimento acumulado, com a existência de infra-estrutura acadêmico-universitária e de pesquisa, com o mercado de trabalho, com a infra-estrutura de transportes, com a existência de serviços urbanos etc.  o potencial produtivo não é estático.

O Papel da Inovação no Desenvolvimento Regional ou Local  A identificação das prioridades regionais deve estar baseada no conhecimento local acumulado ao nível de empresas ou organizações empresariais, universidades, fundações de pesquisa, órgãos governamentais.  A grande tarefa é articular os instrumentos federais e estaduais com as instituições locais, seja com o sistema produtivo e empresarial, seja com as instituições públicas e civis de cada localidade.

Parques Tecnológicos  Criação de sistemas institucionais planejados: Cidade científica, cidade tecnológica, parque científico, parque de pesquisa, parque tecnológico e incubadoras.  Anos 80, os parques tecnológicos assumiram lugar de destaque nas políticas de promoção do desenvolvimento tecnológico e regional.  Anos 90 – Incubadoras de empresas.  Alguns sucessos  Fracassos: marketing territorial (nova economia e não novo conhecimento)

Parques Tecnológicos  Ausência de sinergias: empresas, centros de pesquisa e comunidade local  Não é uma panaceia para a solução do atraso tecnológico ou da competitividade de toda e qualquer região.

Parques Tecnológicos  Parque tecnológico: Um sistema institucional planejado, urbano ou interurbano, em uma área geográfica construída e delimitada, baseado numa concentração de empreendimentos intensivos em conhecimento e tecnologia, que se beneficiam da proximidade física com universidades, instituições de pesquisa, outras empresas e instituições para gerar um ambiente de “fertilização cruzada” e sinergias para a disseminação e aprofundamento do conhecimento.

Parques Tecnológicos  Parques tecnológicos são completamente distintos dos tradicionais distritos industriais.  A sustentação teórica sobre a validade de criação de parques tecnológicos fundamenta-se, em grande parte, na teoria dos pólos de crescimento, originalmente formulada por François Perroux.  Teoricamente, a melhor localização do parque seria em centros urbanos regionais em desenvolvimento.

Parques Tecnológicos  alguns fatores seriam críticos para a criação deum parque: 1- suporte das autoridades locais, regionais ou nacionais; 2 - presença de instituições de pesquisa e treinamento, em particular de uma universidade com forte tradição de pesquisa (research university) em oposição a universidade voltada para o ensino (doctoral- granting university); 3 - sistema de incentivos creditícios e tributários; 4 - disponibilidade de terras propícias a empreendimentos tecnológicos; 5 - boa infra-estrutura física (transporte, telecomunicações, energia etc.); 6 - qualidade ambiental e boa imagem urbanística da localidade.

Parques Tecnológicos  No caso dos países periféricos, de industrialização recente, como o Brasil, a instalação de parques, dificilmente, teria sucesso em áreas muito atrasadas ou estagnadas. a infra-estrutura física e de conhecimento, o capital social básico, é precária e de escala insuficiente para deflagrar um processo de desenvolvimento local a partir da instalação de um parque.

Arranjos Produtivos Locais  A “economia baseada no conhecimento” é caracterizada por um ambiente competitivo intensivo em conhecimento, globalizado produtiva e financeiramente, e liberalizado comercialmente. Influências territoriais localizadas.  Clusters ou sistemas locais de produção: concentração setorial e espacial de firmas. Cooperação e ambiente institucional – sistemas de redes

Arranjos Produtivos Locais  os atributos socioeconômicos, institucionais e culturais; o sistema de governança; a capacidade inovativa; os princípios de organização e a qualidade dos encadeamentos produtivos internos e externos ao “espaço industrial” determinariam a conformação de diferentes tipos de sistemas produtivos locais.  Distritos marshallianos: Terceira Itália

Arranjos Produtivos Locais  Na periferia capitalista: 1 - as capacitações “inovativas” são, via de regra, inferiores às dos países desenvolvidos; 2 - o ambiente organizacional é aberto e passivo, isto é, as funções estratégicas primordiais são realizadas externamente ao sistema, prevalecendo, localmente, uma mentalidade quase exclusivamente produtiva; 3 - o ambiente institucional e macroeconômico é mais volátil e permeado por constrangimentos estruturais.

Arranjos Produtivos Locais 4 - o entorno destes sistemas é basicamente de subsistência, a densidade urbana é limitada, o nível de renda per capita é baixo, os níveis educacionais são baixos, a complementaridade produtiva e de serviços com o pólo urbano é limitado e a imersão social é frágil.  Arranjos produtivos informais: São compostos, geralmente, por PMEs, cujo nível tecnológico é baixo em relação à fronteira da indústria e cuja capacidade de gestão é precária.

Arranjos Produtivos Locais  Mesmo sob a forma de arranjos produtivos informais ou enclaves monoproduto, estes arranjos se beneficiam da dimensão “passiva” da “eficiência coletiva”.  As firmas tomam parte no processo de “aprendizado coletivo” localizado e podem explorar economias externas de escala.  Processo de “catching up”.  Relação Centro-Periferia: As características do processo de industrialização retardatária determinaram que a estratégia prevalecente fosse, neste caso de frontier following.

Arranjos Produtivos Locais  Know how versus Know Why  Esta estratégia não tornou a periferia um espaço localizado gerador de inovação.  “A dimensão da renda no Brasil permite a reprodução plena de relações cooperativas e inovativas como as existentes na Terceira Itália ou no Vale do Silício?”  O espaço social construído na periferia está baseado em relações sociais frágeis.

Políticas de Apoio a Arranjos Produtivos Locais  O desenvolvimento de políticas de apoio a arranjos produtivos locais tornou-se, nos anos 1990, a mais popular ação governamental em termos de desenvolvimento.  Consensos: A não existência de uma única política a ser aplicada em todos os clusters existentes. A promoção de arranjos produtivos locais possui maior chances de dar resultados quando aplicada a um arranjo já existente.

Políticas de Apoio a Arranjos Produtivos Locais  Um ponto central para políticas de desenvolvimento de APLs, a saber: o que fazer com regiões / localidades que não possuem tais precondições. Qualquer política de desenvolvimento deve contar com a concordância e participação efetiva dos atores diretamente interessados. Um segundo aspecto que merece ser destacado é o fornecimento, através de políticas de desenvolvimento de APLs, de bens públicos, locais e regionais, que estão ausentes por falhas de mercado.

Políticas de Apoio a Arranjos Produtivos Locais  Ações necessárias para políticas adequadas de APLs: o marketing coletivo da especialização industrial do arranjo; a ação governamental no sentido de disseminar conhecimento; identificar as fraquezas em sua cadeia produtiva e incentivar a atração de investidores para suprir suas lacunas; sejam direcionadas para grupos de empresas; deve ser focada na produção; orientadas pela demanda; processo de capacitação cumulativa;

Políticas de Apoio a Arranjos Produtivos Locais  Críticas: Muitas das recomendações de desenvolvimento de APLs não precisam, necessariamente, estarem confinadas a uma política de desenvolvimento de APLs. Mais importante ainda é a problemática da relação entre políticas de desenvolvimento local e sua relação com o desenvolvimento regional mais amplo.