AULA - FILOSOFIA MEDIEVAL

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Transcrição da apresentação:

AULA - FILOSOFIA MEDIEVAL

Objetivos Conhecer e entender os fatores fundamentais que permitiram a formação do Mundo Ocidental. Analisar a relação entre a Filosofia Grega pagã e o Cristianismo. Definir e conceituar as bases da filosofia de Santo Agostinho. Compreender a aproximação entre o cristianismo e o platonismo.

Caracterização da Filosofia Medieval É um período histórico que vai do final do helenismo (séc. IV – V) até o Renascimento (final do séc. XV e séc. XVI). A imagem negativa da Idade Média se entende pela transição entre os clássicos e os novos tempos, movimento que culmina no humanismo renascentista, procurando recuperar as glórias da antiguidade Greco-Romana. A fase final da filosofia medieval (sécs. XI a XV), equivale ao desenvolvimento da escolástica e a criação das universidades.

As origens da Filosofia Cristã A religião cristã originária do judaísmo surge e se desenvolve no contexto do helenismo. A cultura ocidental da qual somos herdeiros até hoje é a síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega. Como justificar essa relação? O helenismo permitiu a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega que tornará possível mais tarde, o surgimento de uma filosofia cristã. Em Alexandria essas culturas convivem e se integram e se fala várias línguas. Nessa época encontra-se uma aproximação entre a cosmologia platônica e a narrativa da criação do mundo.

Inicialmente o cristianismo não se distinguia claramente do judaísmo e era visto como uma seita reformista dentro da religião e da cultura judaica. São Paulo defende a concepção de uma religião universal (esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as demais religiões da época). Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica permitiu a concepção de uma religião universal e que corresponde no plano espiritual e religioso a concepção de império no plano político e militar. Consolidou-se com o imperador Constantino batizado em 337 e sua institucionalização como religião oficial.

Entretanto não havia ainda uma unidade no cristianismo, mas a filosofia grega terá uma importância fundamental nesse processo, quando as discussões levaram a formulação de uma unidade doutrinária hegemônica, ortodoxa. Os primeiros representantes pertencem a escola neoplatônica cristã de Alexandria. Uma questão que acompanhará todo o pensamento medieval é um foco permanente de tensão que ficou conhecido como o conflito entre razão e fé.

Os Concílios fixaram a doutrina considerada legítima e condenaram os que não aceitavam esses dogmas expulsando-os da Igreja. Podemos dizer que a filosofia grega é incorporada de maneira definitiva à tradição cristã. Exemplos: 1- A lógica e a retórica fornecem meios de argumentação. 2- A metafísica de Platão e de Aristóteles fornecem conceitos chaves (substâncias, essências e etc.), em função dos quais questões teológicas serão discutidas.

Filosofia Patrística (séc. I ao VII) Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João. Foi obra não só desses dois apóstolos , mas também dos Padres da Igreja – primeiros dirigentes espirituais e políticos do Cristianismo. Tem como tarefa religiosa a evangelização e a defesa da religião contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.

Ideias introduzidas pela Patrística Criação do mundo a partir do nada Pecado original do homem Deus como Trindade Uma Encarnação e morte de Deus Juízo Final ou de fim dos tempos Ressurreição dos mortos

Exemplo de questão enfrentada pela Patrística Como o mal pode existir no mundo já que foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade? Santo Agostinho e Boécio introduziram a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio da vontade (ou o poder da vontade para escolher entre alternativas opostas igualmente possíveis), pelo qual o homem, por ser dotado de liberdade para escolher entre o bem e o mal, é o responsável pela existência do mal no mundo.

Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja criaram os dogmas (verdades reveladas por Deus). Com isto, surge a distinção entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas. Isto é, entre verdades sobrenaturais (o conhecimento é recebido por uma graça divina, superior ao simples conhecimento racional) e verdades naturais (elaboradas pela razão).

O grande tema de toda a Filosofia Patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito, haviam três posições principais: 1- Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio por que é absurdo”.). 2- Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para compreender”.).

3- Os que julgavam razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens e do mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

Santo Agostinho e o Platonismo Cristão Sua influência filosófica e teológica estendeu-se até o período moderno. Destacamos três aspectos fundamentais de sua contribuição ao desenvolvimento da filosofia: 1- Sua formulação das relações entre teologia e filosofia, entre a razão e a fé. 2- Sua teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e na noção de interioridade. 3- Sua teoria da história elaborada na monumental cidade de Deus.

Santo Agostinho Considerado o primeiro pensador a desenvolver uma noção de uma interioridade que prenuncia o conceito de subjetividade do pensamento moderno. Encontramos em seu pensamento a oposição interior/exterior e a concepção de que a interioridade é o lugar da verdade.

Teoria da ILUMINAÇÃO DIVINA Pode o homem ser a fonte do conhecimento perfeito? O homem é mutável, por isso está sujeito a imperfeições. A única coisa que transcede a alma e dá fundamento a verdade é DEUS. Como então o homem recebe isso? Retoma a alegoria das cavernas de platão, onde o conhecimento é resultado do BEM , considerado um SOL que ilumina o inteligível. Essa é a teoria da iluminação divina. É olhando para a sua interioridade que o homem descobre a verdade pela iluminação divina. (RETOMA O MITO DAS CAVERNAS DE PLATÃO)

A teoria da iluminação divina vem substituir a teoria platônica, explicando o ponto de partida do processo do conhecimento e abrindo o caminho para a fé. Essa concepção terá uma grande influência no desenvolvimento da noção ocidental de tempo histórico, raiz da visão hegeliana. Santo Agostinho mostra que os eventos históricos devem ser interpretados à luz da revelação, que a cidade divina vprevalecerá, já que a história tem uma direção. ´Só observação Jesus, Buda, Brahma, Vishnu, Zoroastro, TEM SEMELHANÇAS EM COMUNS, são ditos protetores da terra, FONTES da Iluminação divina Vishnu, Principal deus da trindade hindú, representa o modo da bondade e é responsável pela sustentação, proteção e manutenção do universo. É a fonte original de todos os avatares e deuses, e está presente em cada átomo da criação e no coração de todos os seres. ‘Vishnu’ significa “aquele de que tudo penetra” ou “aquele que tudo impregna”, e é tido como o preservador do universo

Realidade suprassensível CORPO ALMA + Realidade sensível TEMPORALIDADE Realidade suprassensível ETERNIDADE

Se a natureza divina está presente no homem, por que o homem erra, peca, etc? LIBERDADE > RESPONSABILIDADE

CIDADE DE DEUS CIDADE DOS HOMENS LEIS ETERNAS LEIS RELATIVAS

“Na cidade dos homens as leis e os valores são mutáveis (podem sempre mudar) e temporários, o que é certo hoje pode ser errado amanhã.” “Já a cidade de Deus é a cidade perfeita onde vigoram apenas os valores e virtudes proclamadas por Deus, sendo essa a verdadeira pátria dos cristãos.”

O desenvolvimento da Escolástica Além de Santo Agostinho, é necessário mencionar Boécio (470-525), como um pensador fundamental para a mediação entre a filosofia antiga e a filosofia cristã medieval. As culturas bárbaras que se estabelecem na Europa Ocidental não tinham conhecimento e interesse pela Filosofia. Só a partir do século IX, cinco séculos após a morte de Santo Agostinho, a situação começa a mudar.

Em 529, São Bento fundou na Itália a ordem monástica beneditina, diferente das ordens monásticas das igrejas orientais exclusivamente contemplativas. Graça aos monges copistas foram preservados os textos da antiguidade clássica grego-romana, nas bibliotecas.

Progressivamente o mundo europeu ocidental começa a se reestruturar – a primeira grande tentativa foi no natal do ano 800. O papa Leão III, convidou Carlos Magno a ir à Roma e lá foi sagrado imperador do sacro império romano germânico. Após a morte de Carlos Magno, seu império foi dividido entre o seu filho e os sucessores deste, levando a uma nova fragmentação política e gerando grandes conflitos.

É, portanto, em torno dos séculos XI e XII que vamos assistir o surgimento da chamada Escolástica. Esse termo designa todos aqueles que pertencem a uma escola ou que se vinculam a uma determinada escola de pensamento e de ensino. É neste contexto que aparece a famosa querela entre a razão e a fé que percorre toda a filosofia medieval. No entanto, o desenvolvimento da filosofia torna-se possível devido a consolidação das escolas nos mosteiros e catedrais.

Santo Anselmo e o desenvolvimento da Escolástica Considerado o primeiro grande pensador da escolástica elaborando a sua filosofia a partir da articulação entre a razão e a revelação, ou seja, a fé e o entendimento. Deu a sua principal contribuição à Filosofia na formulação do famoso argumento ou prova ontológica. Trata-se de um dos argumentos mais clássico da tradição filosófica, tendo sido questionado por outros filósofos na Idade Média, dentre eles São Tomás de Aquino.

A questão passa a discutir se Deus existe apenas no intelecto ou que pode ser pensado na realidade como algo existente. A conclusão de Santo Anselmo é que não se pode pensar a inexistência de um ser do qual nada maior pode ser pensado sem contradição; desse modo fica provada a existência de Deus. Em outras palavras: a ideia é que a própria noção de Deus implica que Deus existe. Essa prova concilia razão e fé, aquilo que a fé nos ensina pode ser entendido pela razão e a filosofia nos ajuda a argumentar em favor disso e caracteriza bem o estilo da escolástica.

Conclusão Não havia uma unidade entre os cristãos, pois tinham diferentes formas de praticar e interpretar a religião. Assim, era necessário a instituição de uma doutrina comum. Os primeiros representantes da Filosofia Cristã elaboraram uma síntese entre o platonismo e os ensinamentos cristãos. As leituras realizadas que os primeiros pensadores cristãos fazem da filosofia grega é seletiva, tomando aquilo que consideram compatível com o cristianismo enquanto religião revelada. Portanto, o critério de adoção de doutrinas e conceitos filosóficos é via de regra, determinado por sua relação com os ensinamentos da religião.