REDE DE ENSINO FTC GRUPO DE PESQUISA CULTURA E SOCIEDADE

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
RESENHA Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural,
Advertisements

Para abrir as ciências sociais:
Educação Politécnica EPSJV/FIOCRUZ
PROJETO DE PESQUISA.
EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E SEUS CAMINHOS
Ms. Edimar Sartoro - O ESTADO DA ARTE DA PESQUISA SOBRE O FRACASSO ESCOLAR ( ): UM ESTUDO INTRODUTÓRIO Ms. Edimar.
QUAL A CONCEPÇÃO DO CURRÍCULO?
Pesquisa-ação: uma introdução metodológica
O que é Construtivismo ? Fernando Becker
Indivíduos e sociedade:
Teorias construtivistas Grande parte da produção e do debate sobre aprendizagem gira em torno do Construtivismo.
Filosofia Prof. Everton da Silva Correa.
Filosofia Prof. Everton da Silva Correa.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Behaviorismo.
A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais
ÉMILE DURKHEIM ( ): TEORIA DOS FATOS SOCIAIS
Ciências no Ensino Fundamental e na Educação Infantil – Aula 9
Questões introdutórias
Aristóteles e o mundo sensível
Sociologia e Antropologia em Administração
OBJETO DA ÉTICA Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si surgem continuamente problemas. Ex: Devo ou não devo falar a verdade! Desta forma faz se.
Aula 9 Teoria do Conhecimento Profa. MSc. Daniela Ferreira Suarez.
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Sociologia e sociologia e senso comum
ORIENTAÇÃO? Silvana de Paula Quintão Scalon
AULA 06 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
O Estado Qual é a sua função.
Pesquisa Científica Metodologia Científica na Ciência da Computação
COGNITIVISMO E APRENDIZAGEM
Immanuel Kant
Bruno Latour Jamais Fomos Modernos Ensaio de Antropologia Simétrica
Introdução a Questão Social
Antropologia Conceitos básicos
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
SOCIOLOGIA SOCIO Indivíduo membro da sociedade; Associado; Parceiro; SOCIEDADE Reunião de indivíduos que vivem sob leis comuns; Associação de pessoas com.
Experiência, aprendizagem e formação para a Saúde: algumas questões
Universidade Federal de Goiás Faculdade de Ciências Sociais Políticas Públicas Antropologia II Prof° Dra. Janine Helfst Liccht Collaço Arthur Alves Santiago.
A Psicologia ou as Psicologias
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
SEGUNDO CICLO DO BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS HUMANAS.
Política Educacional Brasileira
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Ana Valéria Dacielle Elvys Wagner Rinaldo
CAESP – Filosofia – 1A e B – 08/04/2015
A avaliação vista sob o aspecto da educação a distância Maurício Rosa Marcus Vinicius Maltempi.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
ELABORAÇÃO DE PROJETO CIENTÍFICO PROFESSORA: MARINEIDE PEREIRA ALMEIDA
Fundamentos da Administração Pública
Alain Touraine.
Para você: O que é Educação? O que é Pedagogia? O que é Didática?
Émile Durkheim: um dos pais da sociologia moderna
As bases da ciência moderna
ELABORAÇÃO DE PROJETO CIENTÍFICO PROFESSORA: MARINEIDE PEREIRA ALMEIDA
16° CIAED - CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PRÁTICA PEDAGÓGICA Trabalho contínuo, árduo, responsável, comprometido....
PRÁTICA PEDAGÓGICA Trabalho contínuo, árduo, responsável, comprometido....
periodização da vida como construção social
Histórico Alguns Autores:
Processos de produção textual Profª Margarete Apª Nath Braga.
Professor: Suderlan Tozo Binda
Crítica à concepção de currículo cristalizado
MAX WEBER Ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social tenha que se opor e se distinguir dos indivíduos como uma realidade exterior a eles,
A leitura: uma prática cultural
John Locke CHAUI, Marilena. Filosofia, Série novo ensino médio. Ed. Ática, São Paulo Páginas:128,129 CHAUI, Marilena. Filosofia, Série novo ensino.
Tendências atuais ou pós LDB: interacionistas/ cognitivistas
A Crise Paradigmática da Ciência segundo Boaventura Sousa dos Santos Athais Goulart Furtado – Estudante de Biblioteconomia e Ciência da Informação na UFSCar.
Currículos e Programas
Professora Rosana Rossatto 7º ano Outono de 2016.
Transcrição da apresentação:

REDE DE ENSINO FTC GRUPO DE PESQUISA CULTURA E SOCIEDADE CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA DE BRUNO LATOUR APRESENTADORA CRISTIANE PORTO crismporto@gmail.com SALVADOR - 2009

"O alvo da ciência não é abrir a porta à sabedoria infinita, mas ajustar um limite ao erro infinito." (BERTOLT BRECHT).

Bruno Latour (Beaune, 1947) possui doutorado em filosofia e é professor da École Nationale Supérieure des Mines (Paris) e da University of California (San Diego). É um filósofo francês de formação, cujo trabalho não pode, todavia, ser delimitado à filosofia, dado seu interesse vasto por outros campos do saber. Sua atividade mais recente tem se aproximado muito das questões antropológicas, e tem até mesmo, orientado as discussões nesse campo.

OBRAS PRINCIPAIS Provavelmente, seu mais famoso livro, publicado em 18 idiomas, analisa de forma perspicaz o fenômeno central do Ocidente, aquele que, diz para si este mesmo Ocidente, o distinguiria dos demais povos selvagens, primitivos, não-ocidentais: o Projeto Moderno. O que Latour mostra é de que forma nossa Modernidade jamais passou de um projeto, que, diga-se de passagem, falhou. Jamais Fomos Modernos

OBRAS PRINCIPAIS Latour proporciona uma audaciosa análise da ciência, demonstrando o quanto o contexto social e o conteúdo técnico são essenciais para o próprio entendimento da atividade científica. Enfatiza, ainda, que as pesquisas antropológicas ganham a dimensão de teoria geral acerca do funcionamento da ciência moderna. Ciência em ação

OBRAS PRINCIPAIS A vida de laboratório. A produção dos fatos científicos (1979) No Brasil 1997. Bruno Latour e Steve Woolgan. Um estudo inédito sobre a vida de laboratório e a produção dos fatos científicos. Durante dois anos os autores passaram “mergulhados” no Laboratório de Neuroendocrinologia do Instituto Salk, na Califórnia. O livro trata da construção da realidade científica e os procedimentos necessários para que um enunciado (fato científico) se torne inquestionável – ou seja, um objeto de realidade A Vida em Laboratório

Definições Importantes PARA ENTENDER A TEORIA   Definições Importantes Centro de cálculo – o centro de cálculo local para onde convergem as inscrições, tem por objetivo combater a idéia de “grande divisão”. Esses centros como nós de uma rede extensa e se tornam pontos de convergência, pontos de passagem obrigatória de inscrições vindas de diferentes periferias

Definições Importantes PARA ENTENDER A TEORIA   Definições Importantes  a grande divisão – idéia que rejeita toda que qualquer divisão. Para ele as grandes diferenças não são causas, mas efeitos de ciclos de acumulação. as inscrições – indicadores diretos da substância que constitui o objeto de estudo. Os inscritores – funcionam mediante o fornecimento de material que surge por intermédio desses materiais produzidos e divulgados por meio da comunicação científica.

Definições Importantes PARA ENTENDER A TEORIA   Definições Importantes ciclos de acumulação – conferem poder de agir à distância, resultando na simetria ou desproporção entre certos lugares – os centros – e suas respectivas periferias  relação centro X periferia – concebe-se que existe um centro de cálculo onde as inscrições vão se acumulando e esse acúmulo gera uma simetria, uma relação desproporcional entre os dois lugares denominados centro e periferia.

Definições Importantes PARA ENTENDER A TEORIA   Definições Importantes  Latour acredita que o movimento do centro em direção à periferia é muito pouco estudado, em virtude da crença de que as ciências e as técnicas são universais e de que por esse motivo elas podem se estender por toda parte sem nenhum custo adicional.

DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM LATOUR   Para Latour “não existe o lado de fora da ciência o que existe são redes compridas e estreitas que tornam possível a circulação dos fatos científicos”. (ODDONE et all, 2000, p.30) .

DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM LATOUR   A noção de rede foi então apresentada por Latour (1994) como uma tese ontológica em seu livro Jamais fomos modernos. Jamais fomos modernos porque jamais nos encaixamos nas dicotomias que marcaram a modernidade. Nem natural nem social, somos como a soja transgênica, híbridos sócio-técnicos.

DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM LATOUR A noção de rede não é, para Latour (1999), oposta à dicotomia moderna. Mas é aquilo que nos faz passar ao largo destas dicotomias. A noção de rede encontra ressonâncias filosóficas com o trabalho de M. Serres (s/d) e de Deleuze e Guattari (1995). É o próprio Latour (apud CRAWFORD, 1993) quem indica que a noção de rizoma é uma palavra perfeita para a rede.

DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM LATOUR   A teoria ator-rede não é uma teoria cujos princípios estejam dados de antemão. Trata-se antes de um método, um caminho para seguir a construção e fabricação dos fatos, ela é “um método para aprender a partir dos atores sem impor sobre eles uma definição a priori das suas capacidades de construção do mundo”. (LATOUR,1999, p.20)”.

Exemplo de Redes

DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM LATOUR   Não basta dizer: veja ali, bem ali, há conexões, há alianças! Então estamos falando de rede! De modo nenhum. Não basta apontar com o dedo indicador as alianças. O que está em questão não é a aplicação de um quadro de referência no qual podemos inserir os fatos e suas conexões. O que importa é seguir a produção de diferenças, os efeitos, os rastros deixados pelos atores.

Rede de associações original fonte de informação autor legislação cópia editora livraria professor biblioteca estudante

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Título em inglês – Reassembling the social: an introduction to actor network theory (2005) O título em francês – Mudar de sociedade. Fazendo as ciências sociais funcionarem de novo. Título em Português – Remontando o social: fazendo as Ciências Sociais funcionarem de novo

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Livro que sumariza 25 anos de pesquisa de um autor ainda controverso e provocativo. Desbanca o construtivismo social e mostra o trabalho de Latour sob uma nova luz. No livro verifica-se que há uma postura pedagógica, porém ainda atrai polêmica. Essa obra visa ser um manual oficial da teoria ator-rede, para estudantes latourianos que acabam de chegar ao campo de trabalho.

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Inicialmente, observa-se que o alvo da polêmica é a sociologia clássica como foi formatada por Durkeim No início do século XX, o debate encolarizou-se entre os sociólogos. Seguidamente o autor faz referência a Tarde, demonstrando sua defesa ao que hoje nós, contemporaneamente, chamamos de individualismo e atomismo cultural

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Para Tarde só existe cultura se houver interações e os mecanismos que atrai as pessoas e ainda, que a sociedade não é uma força que deverá agir fora das psiques individuais, é feita por eles e através deles. Latour não vê a sociedade como uma explicação satisfatória, e sim como algo que pede uma explicação, fazendo referência a Durkheim que concebe a cultura como algo mais abstrato, isto é defendia as abstrações.

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR No texto Latour, visando esclarecer melhor sua concepção divide o social da seguinte maneira: Social 3 – São as interações; Social 2 – É o social estudado por Latour por meio da sua Teoria Ator-Rede; Social 1 – Normas, as Instituições. (grandes bestas a la Durkeim)

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Uma outra contribuição, neste sentido, é a idéia de que a tradicional pauta filosófica de discussões como as dicotomias – Realismo/ Instrumentalismo, Internalismo/ Externalismo, Ciência Pura/Aplicação Tecnológica, Teoria/Experimentação.

SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR Estas análises não são mais suficientes para explicar, nas incertezas da pós-modernidade, a ciência e suas distinções ou como um campo disciplinar e estanque, considerando-a como um elemento simplesmente envolvido numa rede institucional desde sua produção até sua sustentação.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994   REFERÊNCIAS LACEY, Hugh. A linguagem do espaço e do tempo. São Paulo: Perspectiva, 1972. LATOUR, Bruno. Reassembling the social: an introduction to actor network theory. LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994 LATOUR, Bruno. Ciência em ação. São Paulo: Unesp, 1999. LATOUR, Bruno. A guerra das ciências. Folha de São Paulo, 15/11/1998, c. MAIS. .

LATOUR, Bruno. A vida em laboratório. São Paulo: Relumé-Dumará, 1999.   REFERÊNCIAS LATOUR, Bruno. A vida em laboratório. São Paulo: Relumé-Dumará, 1999. LEITE, F. C. L. Gestão do conhecimento científico no contexto acadêmico: proposta de um modelo conceitual. Brasília, 2006. 240p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. ROSA, Flávia. Pasta do professor: uso de cópias nas universidades. Maceió: Edufal, 2007..

  “As obras científicas são maneiras de entender o mundo criadas pela ação humana e que, como as obras de arte, podem ser apreciadas pelo que dizem sobre nós mesmos e nosso desenvolvimento. Descobrir a ciência é um modo de descobrir a nós mesmos.” (SCHWARTZ, 1992, p.20).