Universidade Federal do Maranhão Departamento de Patologia Doenças Infecciosas e Parasitarias Prof. Raimundo Cutrim
Tripanossomíase americana ou Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi )
Histórico Oswaldo Cruz Carlos Justiniano Ribeiro Chagas Instituto Soroterápico Federal, 1900 Carlos Justiniano Ribeiro Chagas
Estrada de Ferro Central do Brasil
Carlos Chagas atendendo pacientes Hospital em Lassance Carlos Chagas atendendo pacientes
Formas do parasita e o inseto vetor encontrados por Chagas, denominado “Schizotrypanum cruzi“ Panstrongylus megistus Epimastigota Tripomastigota
1. Passo: a infecção Dipetalogaster maximus: repasto sanguíneo Rhodnius prolixus
Transmissão
Transmissão
Sinal de Romaña
Aguda - Sintomática - Sinais de entrada Sinal de Romaña
Triatomíneos mais importantes na transmissão da doença de Chagas Triatoma infestans Panstrongylus megistus Rhodnius prolixus Triatoma dimidiata Triatoma pallidipennis Triatoma sordida Triatoma brasiliensis
3. Passo: a disseminação no hospedeiro vertebrado Infecção local Nódulos linfáticos Sistema nervoso central Coração Aparelho digestivo
Outras vias de infecção - transfusional congênita (0,5-3,5% risco) acidentes de laboratório
- Oral (ingestão de fezes frescas de Triatomineos infectados ou Triatomineos macerados)
Patogenia e sintomas da infecção com T. cruzi período de incubação: 5 a 60 dias Fase aguda - Maior parte assintomática ou inaparente infecção local (sintomas: Chagoma/Sinal de Romaña) - infecção disseminada, alvos preferenciais: Células Kupffer, macrófagos do baço e células do miocârdio (sintomas: febre, astenia, cefaléia, mialgia, adenite, morte em 10% dos casos por meningoencefalite ou miocardite aguda)
Fase crônica (sintomas em 30% dos casos, 70% sem sintomas): Infecção crônica com baixas parasitemias Aumento do coração, dilatação dos ventrículos, e/ou miosite no esôfago, côlon ou intestino delgado - destruição dos gânglios é compensado por aumento da massa muscular levando a megaesôfago, megacôlon (sintomas: inabilidade física, disfagia, constipação, morte) Cura espontânea é possivel em cada estágio Pacientes em muitos casos estão incapacitados de exercer atividades profissionais
Frequência e natureza de patologias observadas em pacientes crônicos da doença de Chagas: As “megas“
Fase crônica: Cardiomegalia e aneurisma de ponta
Fase crônica: Miocardite chagasica
Fase crônica: Megacôlon
Diagnóstico Imprescindível: Detecção de formas do parasita - Esfregaços de sangue na fase aguda (dificil em adultos) Métodos imunológicos: Elisa, detecção de anticorpos Xenodiagnóstico PCR (permite também a discriminação de cepas e exclusão de infecção com T. rangeli )
Xenodiagnóstico
Epidemiologia T. cruzi é transmitido em ciclos domésticos ou paradomésticos
Área de risco de infecção com T . cruzi Onde há presença de vetores existe a possibilidade de infecção - Área endêmica Brasil: 1/4 território - 8 milhões de pessoas infectadas (MG,RS,GO,SE,BA) - 25 milhões de pessoas expostas ao risco de infecção Região amazônica: enzootia emergente?
Programas de controle da Doença de Chagas
Primeiras tentativas de controle de vetor - Depois da descoberta (anos 10 e 20 do seculo passado) por Chagas, tentativas frustradas de eliminação do vetor Panstrongylus megistus usando querosene, água fervente e até lança-chamas em casas pau-a-pique Chagas, Pellegrino e Dias perceberam que a melhoria das moradias mostrou grande efeito Nos anos 40: introdução de DDT ineficiente contra Triatomineos - Outros organoclorados, dieldrina e HCH (Lindan): eficientes
A primeira campanha em solo brasileiro foi incentivada pelo sucesso obtido na Venezuela, apesar de utilizando DDT (anos 70) No começo dos anos 80: Introdução dos piretróides sintéticos Primeira campanha nacional (1984), objetivo: Erradicação de Triatoma infestans Mapeamento dos lugares infestados por Triatomíneos borrifação das moradias follow-up do reaparecimento de Triatomineos por postos decentralizados que coletaram informações sobre reaparecimento de Triatomineos
A Iniciativa Cone Sur 1991-2000 Objetivos: Erradicação de Triatoma infestans Controle dos bancos de sangue para contenção do risco de infecção transfusional Diminuir o impacto económico e social da doença de Chagas
O Futuro do controle da Tripanossomiase americana Manter a vigilância (Bolivia ainda continua a fonte de Triatoma infestans) Manter os orçamentos e programas para monitoramento de potencias áreas de risco, independente do partido do ministro de saude e outros desafios no setor de saude Reação rápida dos orgãos de saude a novos desafios: reintrodução dos vetores domesticação de vetores silvestres (Amazônia!!!)
Tratamento Benzonidazole (“Rochagan“) - em uso para tratamento nas fases aguda e crônica 5-6 mg/kg peso corporal (30-60 dias) - eficiência: fase aguda:>90% fase crônica:>60% Desvantagens: - efeitos colaterais - tratamento demorado controle de cura já existem cepas de laboratório que são resistentes contra Benzonidazol
Nova terapia: Células Tronco autólogos Obtenção de células tronco da medula óssea do paciente (teste para T. cruzi) Injeção via cateter perto do miocárdio inflamado/debilitado
OBRIGADO