Contribuições da Psicologia para a educação de jovens e adultos

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Transcrição da apresentação:

Contribuições da Psicologia para a educação de jovens e adultos Profa. Priscila Larocca UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Departamento de Educação

COMPREENDENDO O JOVEM ADOLESCENTE Puberdade: modificações biológicas (passagem do corpo infantil para o corpo adulto) Adolescência: modificações psicossociais; Término da puberdade: amadurecimento das gonadas/ fim do crescimento esquelético (+- 18 anos) Término da Adolescência: obedece a fatores socioculturais.

Osório (1992) aponta as seguintes condições para o término da adolescência em nossa sociedade: - estabelecimento da identidade sexual e relações afetivas estáveis; - assumir compromissos profissionais e ter independência econômica; - relação de reciprocidade com a geração precedente; - aquisição sistema de valores pessoais.

Osório aponta que o término da adolescência (Brasil) se dá perto dos 25 anos com variações de acordo com a classe social e econômica do jovem; Interesse pelo estudo da Adolescência decorreu de dois fatores: a) Explosão Demográfica: aumento do número de jovens no mundo; b) Ampliação do período da adolescência, em virtude dos fatores socioculturais.

ALGUMAS TEORIAS SOBRE A ADOLESCÊNCIA 1. Stanley Hall (1844-1924) – pioneiro nos estudos sobre adolescência. Adolescência (12/13 anos à 22/24 anos) como “segundo nascimento”, momento crítico correspondente a evolução humana (a ontogenia recapitula a filogenia); Tensões e sofrimentos psicológicos conflitos entre os impulsos do adolescente e as demandas da sociedade. 2. Sigmund Freud (1856-1939) - Transformações somáticas da puberdade são a origem das mudanças psicológicas da adolescência; 3. Ana Freud (1895- 1982): vida psíquica caracterizada pelos opostos, pela contradição, oscilação de pensamentos, sentimentos e atitudes. Ex: submissão x rebeldia, egoísmo x generosidade.

4. Arminda Aberastury (1910-1972) Essencial na adolescência: necessidade de entrar no mundo adulto; Modificações físicas: causam alterações em todos os planos de convivência social; Fuga progressiva do mundo exterior/ Refúgio no mundo interior; TRIPLO LUTO: pelo corpo infantil, pela identidade e papel infantis, pelos pais da infância.

5. Maurício Knobel – Adolescência = síndrome normal de desequilíbros e instabilidades; uso de defesas; comportamentos extremos; Características: - Procura de si; - Tendência grupal/ fuga da uniformização; - Fantasia e intelectualização; - Desorientação temporal (tempo: presente - “tudo é urgente”). 6. Eric Erickson (1902-1994) Adolescência: crise identidade x confusão de papéis A formação da identidade supõe um processo confirmação de papéis: consideração de vários empregos e profissões, parceiros e amigos entre tipos distintos de pessoas; avaliações de atitudes sociais, políticas, econômicas e religiosas alternativas. Período de moratória psicossocial em que o sujeito se prepara para a autonomia; Período de dependência / testagem de suas capacidades e limites.

Características do desenvolvimento (GRIFFA E MORENO, 2001) Adolescência Inicial Adolescência média Adolescência Final Puberdade Meninas – 11/12 anos Meninos – 12/13 anos 12/13 a 16 anos - Influem fatores como: inserção mundo do trabalho; responsabi- lidade legal; emancipação dos pais, capacitação profissional. Diferenciação definitiva entre os sexos; Necessidade de reorganizar a personalidade por causa das transformações no corpo infantil. Construção da identidade sexual definitiva; Desenvolvimento da identidade pessoal; Busca: sentido da vida, valores e ética Consolidação dos modos de vida e relacionamentos; Período de escolha e decisão vocacional.

Adolescência Inicial Adolescência média Adolescência Final - O sujeito está voltado para a reestruturação do esquema corporal e conquista da identidade. - Redução do ritmo de desenvolvimento corporal; - Corpo adquire proporções adultas; - Contradições afetivas, ambivalências, confusão e descontrole. Recuperação do equilíbrio; Prevalência de uma afirmação positiva de si - Vivencias em grupos de pares do mesmo sexo. -Interesse acentuado pelo sexo oposto; - Vivencia em grupos heterossexuais; - Conformação às normas do grupo. Conhecimento de suas possibilidade e limites; Aquisição de uma consciência de sua responsabilidade sobre seu futuro. - Família ainda se constitui o centro; inicia seu desprendimento dela. Distância afetiva da família; Rebeldia contra os pais e autoridade em geral. Substituição dos ideais abstratos por ideais concretos.

A perspectiva Histórico Cultural da Adolescência (Vygotskki; Leontiev) Supera a abordagem biologicista e naturalista da adolescência, para compreende-la como um fenômeno datado e situado nas características histórico-culturais da sociedade; Busca compreender esse período como uma construção social e cultural marcada por ideias hegemônicas que influenciam o comportamento dos jovens.

Adolescência como o período em que se desenvolvem as funções psicológicas superiores, havendo um salto qualitativo no desenvolvimento; Nesse período (idade de transição) há a intensificação da formação de conceitos, abrindo-se para o adolescente a “consciência social objetiva” e o “mundo da ideologia social”; Há maior domínio do fluxo dos processos psicológicos, desenvolvendo-se a discriminação, a abstração e a síntese; O jovem se torna capaz de sair dos limites dos dados concretos passando a compreender conceitos abstratos e as relações entre os fenômenos; Amplia-se a formação da autoconsciência: consciência de si e dos outros, de maneira mais ampla Aquisição de uma nova estrutura de consciência

Percepção das diferenças de classe Leontiev marca na idade de transição a mudança do lugar social que a criança ocupava, determinando um novo tipo de relacionamento com os adultos Percepção das diferenças de classe Compreensão e formação de valores próprios Formação de concepções a partir do conteúdo ideológico presente na sociedade Modificação da relação do adolescente com o mundo Necessidade das mediações escolares para a aquisição de instrumentos cognitivos de compreensão do mundo

Compreendendo o aprendiz adulto - Pela legislação: é adulta a pessoa com + de 18 anos, o que não significa que é adulta do ponto de vista psicossocial. Interesses em estudar o aprendizado do adulto são recentes e causados por fatores como: Envelhecimento da população (Expectativa de vida no Brasil (1949= 44 anos; 2002= 68 anos; 2006 = 72,3 anos). Já se propõe uma nova divisão: idoso jovem (60-70); idoso velho (a partir de 80 anos); Mudanças nas formas de vida e de produção nas sociedades industrializadas durante o sec. XX ; Progressiva especialização no trabalho e necessidade de os profissionais conhecerem e se adaptarem às constantes inovações tecnológicas (Educação Permanente);

Teoria Psicossocial – Eric Erikson (1902-1990) Tema central: busca de uma identidade do ego. Cada estágio de vida envolve um conflito ou crise que tem que ser resolvido à medida em que o ambiente faz novas exigências. A pessoa em cada crise deve escolher um modo de lidar com ela: adaptativo ou inadaptativo. Somente quando uma crise é resolvida, a pessoa tem força suficiente para enfrentar o próximo estagio.

As 8 idades do homem (ERIKSON) CICLOS VITAIS CRISES OU CONFLITOS Fase Oral – zero ao 1º ano Confiança básica x desconfiança Fase Anal – do 1º. ao 3º. Ano Autonomia x Vergonha e Dúvida Fase Fálica – do 3º. ao 5º. Ano Iniciativa x Culpa Latência - do 5º. ano à puberdade Superioridade x Inferioridade Fase Genital – da puberdade em diante - adolescência Identidade x Confusão de Papéis Idade adulta jovem Intimidade x Isolamento Idade Adulta Generatividade x Estagnação Velhice Integridade do Ego x Desesperança

Os ciclos adultos Idade adulta jovem: intimidade x isolamento Depois da definição da identidade: condições de estabelecer intimidade com o outro e fundir sua identidade na identidade do companheiro. Quando isso não ocorre vem o sentimento de isolamento e privação. Intimidade não se restringe ao comportamento sexual, mas poder fazer ligações (pessoais e profissionais). Poder “amar e trabalhar”. Dificuldades: medo de perder o próprio eu; excesso de competitividade.

Idade adulta: generatividade x estagnação Preocupação com cuidado dos filhos e educação: transmitir a eles o legado da cultura. Generatividade: preocupação relativa a firmar e guiar a nova geração. Abrange também a ideia de produtividade e criatividade (se não tiver filhos, realizar a capacidade de gerar através de sua criatividade na produção artística, literária ou científica). Quando falha essa capacidade: sentimento de estagnação e de infecundidade pessoal. Período mais longo da vida.

Velhice: integridade do Ego x desesperança Integridade = fruto das sete etapas anteriores Þ indivíduo revê experiências anteriores. Balanço da vida e aceitação. Consegue ver as pessoas como são, com seus defeitos e virtudes (amor maduro, sem as fantasias da juventude). Sentimento de responsabilidade pelos próprios atos. Sabedoria. Dificuldades na integração: instala-se a desesperança frente ao curto espaço de tempo para recomeçar. Desprezo pelos outros (desdém por si mesmo). Medo da morte (como o medo da vida em outras etapas).

Tendo o adulto como aprendiz é importante lembrar: Que a preocupação com o auto conceito e a autoestima devem estar em primeiro plano quando se trata de educação de adultos; De valorizar a bagagem de experiências e repertórios que já possuem, utilizando-as como ponto de partida para o processo de aprendizagem; De levar em conta os contextos em que vivem, suas condições (e não condições) de vida;