Saúde Mental: História da Loucura e Psicanálise Curso: Enfermagem 7ª fase: Promovendo o bem estar Núcleo 13 Professora: Teresinha Rita Boufleuer
Objetivos Instrumentalizar o estudante para o cuidado de enfermagem em saúde mental em todas as fases do ciclo da vida; Problematizar conceitos básicos de saúde mental identificando diferentes concepções na história e na atualidade; Revisar conceitos básicos da Psicanálise necessários para a compreensão da Saúde Mental; Identificar
Questões iniciais O que é ter saúde? O que é ter saúde mental, neste contexto? Fatores que promovem a saúdem mental. Fatores que promovem o adoecimento mental. Dar exemplos de sofrimento ou doença mental. Que ideias do senso comum dificultam o diagnóstico e tratamento adequados?
Saúde Mental – Rubem Alves https://www.youtube.com/watch?v=HBUrrpid DGI
História da loucura Será que sempre foi como está hoje? Assim como toda nossa realidade atual é construção histórica, também a loucura é construção social. Isso significa que poderá mudar... Michel Foucault (1926 a 1984) é um filósofo francês que contribui muito com seus estudos sobre a constituição histórica do conceito de doença mental.
Século XVI O louco era visto como tendo um saber esotérico sobre os homens e o mundo, um saber cósmico que revela verdades secretas. Significava ignorância , ilusão, desregramento de conduta, desvio moral, pois o louco toma o erro como verdade, a mentira como realidade. Oposição razão. Não havia muito tratamento, sento atendidos com os demais doentes.
Século XVII e XVIII Não era a medicina que definia quem era louco e sim a Igreja e a família pois era entendido como transgressão da lei e da moralidade. Época da queima das bruxas pela inquisição. Em 1656 foi construído em paris o Hospital Geral para a grande internação, em 4 categorias: * os devassos (doentes venéreos) * os feiticeiros (profanadores) * os libertinos * os loucos Todos estes eram vistos como doentes e deviam ser segregados da sociedade.
Os estudos foram avançando... O louco era inadequado para a vida social. A medicina ainda pouco avançada não conseguia dar conta da complexidade da loucura nas suas diversas manifestações. As demais doenças eram tratadas com ervas e outros tratamentos para fins físicos e biológicos. Só por 1750 que começaram as reflexões médicas e filosóficas sobre a loucura como algo interior ao homem que faz com que perca sua natureza e se aliena de si e da sociedade – começaram a se criar os asilos...
Nos asilos... Os métodos terapêuticos utilizados eram: * religião * medo * culpa * trabalho * vigilância * julgamento Tudo para moralizar, socializar e, se possível, recuperar. (parecido com prisões) Inicia-se a medicalização - inicia a Psiquiatria.
Psiquiatria Clássica Entende os sintomas como distúrbio orgânico; Doença mental = Doença cerebral Os distúrbios do comportamento, da afetividade, do pensamento são consequências de um problema no cérebro. Até hoje essa ideia ainda é fortemente presente na psiquiatria e nos hospitais.
Mas as coisas estão mudando... ...pelo menos ao que se refere à loucura. O confinamento de pessoas com sofrimento psíquico em geral é um tratamento a ser superado. Movimento antimanicomial (1985) Surge a antipsiquiatria e a psiquiatria social radicalmente contra a psiquiatria clássica.
Psiquiatria social Entende a doença como criação social, cultural; Denuncia a manipulação do saber científico que vê o louco como objeto, tirando-lhe a dignidade e a humanidade; Busca nas condições de trabalho, nas formas de lazer, no sistema educacional competitivo, na estrutura familiar, na violência urbana Isto é, no ambiente externo ) os fatores desencadeadores ou determinantes para o sofrimento humano.
Não nega a existência da doença Mas lhe dá uma dimensão social; Causada pela interação dos níveis biológico, sociológico e psicológico. Dá uma abrangência e nos obriga a pensar de forma mais ampla; O louco não é um monstro, não é não-humano, e a loucura é construída ao longo da história de vida do indivíduo.
A Psicanálise... A psicanálise talvez tenha as melhores contribuições nessa área, pelo menos ela desvendou alguns mistérios. Ela aprofundou os estudos sobre as estruturas de personalidade e traz as questões: * normalidade * normalidade patológica * pseudonormalidade * patologia
As contribuições da Psicanálise Seus estudos sobre o funcionamento psíquico mostram uma outra realidade no ser humano; Não é apenas o corpo, o orgânico, o responsável pelo ser da pessoa e sim todo um funcionamento que vai além do que conhecemos até então; O que distingue o normal do anormal não é uma questão de natureza (o que é) e sim de grau (o quanto é) de determinada coisa. A estrutura de personalidade que vai do grau normal ao patológico.
Freud e a descoberta do inconsciente Sigmund Freud (considerado pai da psicanálise) nasceu em 1856 – tornou-se médico psiquiatra que se interessou por algo a mais do que os da época; Foi um revolucionário da sua época trazendo o conceito do inconsciente; Explorou áreas da psique que eram obscurecidas pela moral, trazendo à tona a sexualidade humana, inclusive a infantil;
O que é a Psicanálise? Teoria – entende a personalidade como funcionamento da vida psíquica; Método de investigação – método interpretativo que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como sonhos, delírios, associações livres ou atos falhos; Prática profissional – a análise busca o autoconhecimento ou a “cura”, que ocorre através desse autoconhecimento.
No início... Primeiros pacientes – histerias, paralisias... Doença entendida como repressão da energia Cura entendida como a liberação da energia Ex: soldadinhos 1ª Teoria: Consciente Pré Consciente Inconsciente
Alguns conceitos Realidade psíquica – não necessariamente é realidade objetiva mas é sentida como tal; Pulsão ou instinto – são pressões que dirigem um organismo para fins particulares. São forças propulsoras que incitam as pessoas à ação. Eros – pulsão de vida e auto conservação Tanatos – pulsão de morte e auto destruição, agressão Sintoma – comportamento ou pensamento que resulta de um conflito psíquico.
Teoria do Inconsciente EGO SUPEREGO ID Ego Superego Id
Sonhos A função dos sonhos é não perturbar o sono; Liberar energia. Canalizar os desejos não realizados; Desta forma, o material coletado nos sonhos serve para ter acesso ao inconsciente, trazendo-o para a consciência – isso alivia e cura. Além dos sonhos, analisa os atos falhos, as fantasias e a associação livre.
Para ilustrar
Para Freud, a definição da estrutura de personalidade é produto do desenvolvimento psicossexual infantil. Fase Oral Fase Anal Fase fálica Latência Fase genital
Cria-se um Ponto de Fixação, um momento no processo evolutivo no qual paramos, por não poder satisfazer um desejo, e onde também paramos porque aí deixamos energia imobilizada Na fase adulta isso aparecerá como um processo chamado Regressão – voltar ao desejo que não foi satisfeito (fantasia infantil)
Fase Oral
Fase Anal
Fase Fálica
Latência
Genital
Diante dos conflitos inevitáveis Conflito – tensão - ansiedade Temos 2 alternativas: 1. Resolver o problema (enfrentar) 2. Nos defender através dos mecanismos
Mecanismos de defesa Sublimação – a energia é dirigida para algo aceito na sociedade; Repressão – afastar algum conteúdo do consciente mantendo - o distante; Formação reativa – o ego toma atitude oposta ao sentimento; Regressão – retorno à fases anteriores do desenvolvimento
Mecanismos de defesa Projeção – algo de si é percebido nos outros; Racionalização – uma defesa que justifica atos. Achar motivos aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis; Negação – ignorar algo da verdade por ser muito dolorosa;
E o psicanalista? É um analista: escuta, analisa junto com o paciente; Busca o inconsciente através dos sonhos, associação livre, atos falhos... Com isso libera energia, diminui os conflitos (mas sem antes trazê-los à tona pois faz o enfrentamento) A posição deitada diminui a censura e facilita a liberação dos conteúdos;
O propósito da Psicanálise Ajudar o paciente a estabelecer o melhor possível de funcionamento do ego, dados os inevitáveis conflitos que emergem do meio externo, do superego, e as inexoráveis exigências do id. Ajuda a relembrar, recuperar e reintegrar materiais inconscientes de forma que a vida atual deste possa ser mais satisfatória.
Bibliografia BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. ref. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002-2005. 368 p. BERGERET, Jean. A personalidade normal e patológica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. 261 p. CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 4. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. 307 p. FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986-2002. 393 p.