Ludwig Wittgenstein ( )

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Transcrição da apresentação:

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Tractatus Logico-Philosophicus

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Ludwig Joseph Johann Wittgenstein nasceu em Viena em 26 de abril de 1889. Em 1906 inicia seus estudos de Engenharia Mecânica em Berlim. Correspondia-se com Frege e foi aluno de Russell. O Tractatus foi publicado pela primeira vez em 1921.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) O Tractatus está dividido em sete proposições principais que ramificam-se em pontos e subpontos, que especificam e aprofundam o tema nuclear da proposição: l. O Mundo (o mundo é tudo aquilo que acontece (Die Welt ist alles, was der Fall ist)), 2. O que é o caso, o fato, é a existência de estados de coisas, 3. O Pensamento (A figuração lógica dos fatos é o pensamento), 4. O pensamento é a proposição com sentido, 5. A proposição é uma função de verdade das proposições elementares, 6. A forma geral de uma função de verdade é: [p, x;, N (x)]. Esta é a forma geral da proposição, 7. Acerca daquilo de que não se pode falar, deve-se calar.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Como ler o Tractatus? O que procurar? No Tractatus é possível encontrar: 1. Um modelo ontológico O mundo é tudo aquilo que acontece, o mundo é um conjunto de fatos, não de coisas. 2. Uma concepção pictórica da linguagem 3. Uma delimitação do pensável/dizível com sentido relativamente ao 'sem sentido’. 4. A ideia segundo a qual 'acerca daquilo de que não podemos falar, devemos calar-nos‘ 5. Teses (anti-russellianas) acerca do estatuto da lógica; teses acerca do estatuto do verdadeiro e das ciências naturais. 6. Teses acerca da filosofia (tradicional) e do sem sentido (unsinnig).

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) 7. Uma concepção de filosofia como crítica da linguagem. Ideias a acerca do método da filosofia. A filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade, um trabalho de elucidação, o resultado da filosofia não são proposições filosóficas mas o esclarecimento. 8. Teses acerca da diferença mostra/dizer e do estatuto do mostrar. A proposição não pode representar a forma lógica. Esta reflete-se na proposição. O que reflete na linguagem, esta não pode representar. 9. Tese acerca do solipsismo como puro realismo. O mundo é o meu mundo; os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo; a lógica preenche o mundo. 10. Teses acerca do ético, do estético e do místico.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) No Prefácio ao Tractatus, afirma Wittgenstein que «aquilo que se pode dizer, pode dizer-se claramente; aquilo de que se não pode falar, deve calar-se». Esta tese fundamental envolve todo o trabalho e sintetiza as limitações do pensamento que apenas poderão ser tratadas no âmbito da linguagem. «O mundo é a totalidade dos factos, não das coisas» (1.1.) Embora evidenciando a existência de fatos complexos, W. interessa-se sobretudo pelos fatos atômicos, que define como sendo «uma combinação de objetos» (2.01). Assim, o real é composto de fatos atómicos, de objetos, entendidos estes últimos como elementos últimos do real, noção puramente lógica, e essencialmente constitutivos de um fato atómico, dado que só nele e por ele existem. Por isso, «constituem a substância do mundo» (2.021).

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) A definição de objeto como elemento «simples» (2.02) e «fixo» (2.026) é importante no quadro da concepção wittgensteiniana da linguagem. De momento, interessa sublinhar que se W. apresenta estes objetos como estruturadores do fato atómico, «dependentes uns dos outros como os membros de uma cadeia» (2.03), já o mesmo não acontece com os próprios fatos atómicos, possuidores de uma existência independente. Deste modo, a realidade compõe-se de um conjunto infinito de fatos atómicos independentes que de nenhum modo se comunicam (2.061).

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Quando W. afirma que «o mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas», ele sublinha implicitamente que a substância é independente dos fatos. Por outras palavras, são os objetos que «constituem a substância do mundo» (2.021). Assim se acentua com nitidez uma distinção que terá profundos reflexos na definição de linguagem: dizer é diferente de mostrar. Com efeito, se a linguagem fala sobre o mundo, isso só é possível porque «a totalidade das proposições» (4.001) é uma imagem do próprio mundo, está com ele diretamente ligada. Surge-nos assim a teoria da figuração que, na sua essência, tenta explicar as condições de possibilidade da linguagem. Através das proposições elementares «construímos 'figuras' dos fatos» (2.1), figuras essas que são uma espécie de maquete da realidade: «a figura é um modelo da realidade» (2.12).

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Deste modo, encontra-se revelado o caráter especular da linguagem, cujos elementos são simétricos dos elementos do real. É importante sublinhar, no entanto, um fator de extrema importância, pelo menos pelas discussões que tem proporcionado e pelas repercussões no âmago da própria linguagem: a forma de figuração é a possibilidade de as coisas se ordenarem entre si, do mesmo modo que os elementos da figura» (2.151). Quer dizer, não é a figura que se ordena como o real mas, pelo contrário, é a figura que atinge a realidade. Afirmação de consequências relevantes: «A figura, porém, não pode figurar a sua forma de figuração. Mostra-a.» (2.172). Na verdade, visto que não é possível que uma figura figure a forma lógica, uma metalinguagem é completamente impossível.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Continuando a esclarecer-nos sobre as condições de possibilidade da linguagem, o filósofo afirma que a «figura concorda com a realidade ou não; é correta ou incorreta, verdadeira ou falsa» (2.21). Assim, a verdade ou a falsidade dependem da relação do sentido da proposição com a realidade empírica, e só com esta. Isto porque, se a figura representa apenas «o seu sentido» (2.221), nunca poderemos saber se ela é verdadeira ou falsa, dado que tal aspiração apenas depende da sua relação especular com os fatos atómicos.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Com componentes semelhantes aos da filosofia do atomismo lógico de Russell - nomes e objetos, frases e factos – Wittgenstein defende uma ideia de isomorfismo, de acordo com a qual a linguagem espelha o mundo. No entanto, ao contrário do que acontecia com Russell, não são introduzidas considerações epistemológicas para analisar tal correspondência: aquilo que é necessário compreender é a relação do isomorfismo linguagem I mundo com a ideia de Bild. É através da teoria da linguagem como Bild (modelo) que Wittgenstein dá conta da natureza do sentido de proposições.