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Literatura Portuguesa III Do Simbolismo ao Modernismo

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Apresentação em tema: "Literatura Portuguesa III Do Simbolismo ao Modernismo"— Transcrição da apresentação:

1 Literatura Portuguesa III Do Simbolismo ao Modernismo
Docente: Isathai Morena do Vale Coelho Costa Silva

2 Contexto histórico Na Europa, por volta de 1870, as ciências positivistas e materialistas vão perdendo terreno, vão se tornando impotentes. Surge, então, uma nova forma de encarar o mundo. Há uma conscientização de que o positivismo e o materialismo já não podem mais explicar os “mistérios” da realidade. Ao lado dos valores materiais retornam as verdades espirituais adormecidas: a Fé, as verdades do sentimento e do inconsciente. A última década do século XIX caracteriza-se pelo triunfo do espiritualismo, do nacionalismo e do individualismo sobre o materialismo e o positivismo. A Geração de 70 evoluíra para uma visão menos cientificista da realidade, o que significou o atenuamento dos ímpetos revolucionários, e o encontro, ou reencontro, com valores éticos e estéticos repudiados até a época.

3 Portugal vivia um momento negativo, com o Ultimato Inglês, morte do rei Carlos I e do príncipe D. Luís e exílio do seu último rei. Nessa atmosfera, era de esperar uma reviravolta. No plano literário, nova geração, nascida em tal clima de indisposições e desalentos, se ergue, com peculiar entusiasmo reformador, duas revistas acadêmicas de Coimbra, Os Insubmissos e Boêmia Nova, em Divulgaram-se nelas os grandes nomes contemporâneos das letras francesas, notadamente aqueles empenhados no movimento simbolista e decadentista.

4 Origens do Simbolismo O Simbolismo corresponde, na Arte, a este movimento de idéias que se opõe ao objetivismo realista. O Simbolismo, corrente literária (mais especificamente poética) que se afirma entre 1890 e 1915, define-se por um conjunto de aspectos variáveis de autor para autor. Há quem defina o simbolismo como uma busca obstinada da verdade metafísica que tem como instrumento de descoberta o símbolo. Diz Mallarmé – mestre do Simbolismo francês – que os parnasianos buscam descrever as coisas, enquanto que o sonho está em sugeri-las. A visão simbolista consiste no envolvimento entre o eu e as coisas. Essa misteriosa relação entre o estado de espírito do poeta e o mundo não pode ser descrita, apenas sugerida.

5 O Simbolismo teve como os mais autênticos representantes Mallamé e Verlaine. Esses poetas abandonam os princípios da escola realista e parnasiana e dedicam-se ao “culto do etéreo, do subjetivo, do obscuro, do vago, do sugestivo”; rejeitam o mito da precisão descritiva; para eles, a palavra poética deve antes sugerir que dominar. Se procurarmos a origem do Simbolismo, vamos encontrá-lo na França, sobretudo a partir da ousada proposta poética de Baudelaire. Os poemas do livro Flores do Mal (1857), entre acusações de obra atentatória à moral e à religião, de um lado, e aplausos de autores da importância de Victor Hugo, exerceriam grande influência na geração que consolidaria o Simbolismo francês.

6 O Decadentismo O termo decadentismo descreve uma sensibilidade estética que ocorre no fim do século XIX e se contrapõe ao realismo e ao naturalismo. Sua origem refere-se mais diretamente ao modo pejorativo como é designado um grupo de jovens intelectuais franceses que compartilham uma visão pessimista do mundo, acompanhada de uma inclinação estética marcada pelo subjetivismo, pela descoberta do universo inconsciente e pelo gosto das dimensões misteriosas da existência. Os versos do poeta Paul Verlaine indicam como o grupo incorpora positivamente o termo, dando a ele conotação diferente da original: "Je suis l'empire à la fin de la décadence" ["Sou o império no fim da decadência"]. Os escritores e poetas simbolistas dos anos 1880 e 1890 são considerados os primeiros expoentes do decadentismo.

7 Características do Simbolismo
O Simbolismo é, antes de tudo, antipositivista, antinaturalista e anticientificista. A estética simbolista procura efetuar o retorno à atitude psicológica e intelectual assumida pelos românticos, e que não se traduzia no egocentrismo: opondo-se ao culto do “não- eu”, volta o “eu” a ser objeto de cuidadosa atenção. A diferença é que os românticos estimulavam uma introspecção superficial, enquanto os simbolistas se voltavam para dentro de si à procura de zonas mais profundas, iniciando uma viagem interior de imprevisíveis resultados.

8 As realidades interiores recém-descobertas constituíam um mundo vago e complexo, que poderia desfazer-se à simples menção de ser posto em palavras; ao mesmo tempo, não haveria palavras para dizer o indizível. A fim de comunicar verbalmente o que não se diz, só lhes restava o caminho da sugestão: daí defenderem que as palavras deveriam evocar e não descrever, sugerir e não definir. Eles deveriam encontrar expressões que lhes sugerissem o contorno e o conteúdo sem lhes alterar a fisionomia. Espécie de “correspondência” no sentido baudelaireano (correspondência entre o mundo material e o espiritual), acabou desaguando no símbolo.

9 Seus estados de alma, porque vagos e caóticos, semelham estados místicos, como se de repente o poeta entrasse em transe e fosse descortinando um mundo de verdades puras e eternas: os simbolistas cultivavam o Vago, o Oculto, o Mistério, a Ilusão, a Solidão, que lhes permitia sondar o mais além das aparências da realidade tangível. Tudo isso implica em que recuperem a crença na Teologia e na Metafísica, antes escorraçadas pelo Positivismo.

10 A poesia simbolista No tocante à métrica, defendem o verso livre, os metros sonoros, coloridos, evocativos, com sinestesias (imagens resultantes da colaboração de todos os sentidos: olfato, audição, tato, visão, paladar), tudo convergindo para o ritmo, para a musicalidade do verso. É, em suma, a busca da “poesia pura”, isenta de contágio do mundo material, criação dum mundo entrevisto na “floresta de símbolos”, utópico, apenas intuível por vias místicas ou metafísicas. (MOISÉS, 2001, p. 211).

11 Outras características da poesia simbolista
a) A poesia como mistério: idéias vagas e obscuras, ilogismo, hermetismo, imprecisão. b) A poesia como evocação: distanciamento do real, culto do etéreo, espiritualismo, misticismo, ânsia de superação. c) A poesia como fruto do inconsciente: evocação do mundo íntimo, incompreensível através de confissões indiretas (opostas ao lirismo romântico). d) A poesia como fruto do conflito eu versus mundo: tédio, desilusão, pessimismo, melancolia, consciência da efemeridade da vida.

12 e) A poesia como símbolo: uso de alegorias, metáforas, comparações, sinestesias (relação subjetiva que se estabelece entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente: perfume que evoca uma cor; som que evoca uma imagem). f) A poesia como música: aliterações, assonâncias, harmonia entre as palavras, ritmo marcante. g) A poesia como manifestação do Belo: escolha cuidadosa de palavras que causem impressões sensíveis, neologismos, combinações novas entre vocábulos.

13 Principais nomes do Simbolismo
Eugênio de Castro: Considerado o introdutor do Simbolismo em Portugal, em 1890, com a obra “Oaristos”, que deriva do grego e significa “diálogos íntimos”. Contribuiu com a publicação da revista Os Insubmissos. A obra de Eugênio de Castro pode ser dividida em duas fases: Na primeira fase ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX, Eugênio de Castro definiu algumas características da Escola Simbolista, como por exemplo, o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.

14 Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal. Antonio Nobre Dos poetas simbolistas, Antônio Nobre ( ) é o que mais conserva elementos românticos. Sua poesia delicada, intimista e apegada à infância é evidência disso. No entanto, Antônio Nobre soube ser sensível ao seu tempo, incorporando em sua poesia elementos da experimentação simbolista. Sua produção poética aparece em vida num único livro, denominado Só, de 1892.

15 Oaristos - Prefácio da Primeira Edição
(...) Com duas ou três luminosas excepções, a Poesia portuguesa contemporânea assenta sobre algumas dezenas de coçados e esmaiados lugares-comuns. Tais são: olhos cor do céu, olhos comparados a estrelas, lábios de rosa, cabelos de ouro e de sol, crianças tímidas, tímidas gazelas, brancura de luar e de neve, mãos patrícias, dentes que são fios de pérolas, colos de alabastro e de cisne, pés chineses, rouxinóis medrosos, brisas esfolhando rosas, risos de cristal, cotovias soltando notas também de cristal, luas de marfim, luas de prata, searas ondulantes, melros farçolas assobiando, pombos arrulhadoras, andorinhas que vão para o exílio, madrigais dos ninhos, borboletas violando rosas, sebes orvalhados, árvores esqueléticas, etc..

16 No tocante a rimas, uma pobreza franciscana: lábios rimando sempre com sábios, pérolas com cérulas, sol com rouxinol, caminhos com ninhos, nuvens com Rubens (?),noite com açoite; um imperdoável abuso de rimas em ada, ado, oso, osa, ente, ante, ão, ar, etc.. No tocante a vocabulário, uma não menos franciscana pobreza: talvez dois terços das palavras que formam a língua portuguesa, jazem absconsos, desconhecidos, inertes, ao longo dos dicionários, como tarecos sem valor em lojas de arrumação. Tais os rails por onde segue, num monótono andamento de procissão, o comboio misto que leva os Poetas portugueses da actualidade à gare da POSTERIDADE, Poetas suficientemente tímidos para temerem o vertiginoso correr do expresso da ORIGINALIDADE.

17 Viagens na Minha Terra Às vezes, passo horas inteiras Olhos fitos nestas Traseiras, Sonhando o tempo que lá vai; E jornadeio em fantasia Essas jornadas que eu fazia Ao velho Douro, mais meu Pai.

18 Que pitoresca era a jornada
Que pitoresca era a jornada! Logo, ao subir da madrugada, Prontos os dois para partir: — Adeus! adeus! é curta a ausência, Adeus! — rodava a diligência Com campainhas a tinir!

19 E, dia e noite, aurora a aurora, Por essa doida terra fora, Cheia de Cor, de Luz, de Som, Habituado à minha alcova Em tudo eu via coisa nova, Que bom era, meu Deus! que bom!

20 Camilo Pessanha Considerado o maior nome do Simbolismo português, Camilo Pessanha foi o que mais amplamente assimilou a poética de seu tempo. Pelas características de sua obra, não há como separar o decadente do simbolista. Deixou em Clepsidra (1920) a marca de sua genialidade, respeitada inclusive pela geração modernista. Nele, o Simbolismo se realiza em todas as suas características fundamentais, especialmente como música, sugestão e símbolo. A obra poética de Camilo Pessanha se autentifica, em princípio, pelo sentido abstrato, vago, difuso, próprio de quem se sente inadaptado à existência , que somente lhe causa desengano e dor.

21 Inscrição Eu vi a luz num país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme. Ó! Quem pudesse deslizar sem ruído! No chão sumir-se, como faz um verme...

22 A Prosa Simbolista Para Massaud Moisés, é na poesia que o Simbolismo se realizou de modo amplo e patente, visto construir um ideal estético que, em princípio, repugna à prosa narrativa, linguagem estética por excelência. Segundo ele, o conto, a novela, o romance, necessitam falar diretamente ao leitor, empregando, para isso uma linguagem isenta de vaguidades e subterfúgios. Ao contrário, devem sustentar-se em categorias francamente anti-simbolistas, quais sejam: o social, o ordenado, o lógico, o histórico.

23 Por esse motivo, entende-se que em Portugal a prosa simbolista (o conto, a novela, o romance) tivesse de mesclar-se com elementos realistas ou naturalistas. Ainda quando alguns prosadores simbolistas se afastam da contaminação realista e naturalista e se aproximam mais do ideário que defendem, vão deixando de criar obras que se classifiquem naturalmente num dos três rótulos tradicionais: conto, novela, romance. Em seu lugar, cultivam a chamada prosa poética ou o poema em prosa, ou comunicam suas histórias e narrativas numa atmosfera de autêntico lirismo.

24 Consideram-se filiados ao Simbolismo em prosa as seguintes figuras: Raul Brandão (o mais importante de todos), João Barreira (um dos que mais se aproximaram do ideal simbolista em prosa), Manuel Teixeira-Gomes, Jaime de Magalhães Lima, Carlos Malheiro Dias, Antero de Figueiredo, Manuel Laranjeira, Antônio Patrício, João Grave e outros. Raul Brandão ( ) herdou a sensibilidade romântica para com os problemas sociais. A isso lhe foi acrescentada a teoria revolucionária que se desenvolveu sobretudo na segunda metade do século XIX. A prosa de Raul Brandão ultrapassa o objetivismo de padrão naturalista, sem perder deste o teor crítico, exercitando uma prosa impressionista.

25 PORES DO SOL Se eu fosse pintor, passava a minha vida a pintar o pôr do Sol à beira-mar. Fazia cem telas, todas variadas, com tintas novas e imprevistas. É um espectáculo extraordinário. Há-os em farfalhos, com largas pinceladas verdes. Há-os trágicos, quando as nuvens tomam todo o horizonte mm um ar de ameaça, e outros doirados e verdes, com o crescente fino da Lua no alto e do lado oposto a montanha enegrecida e compacta. Tardes violetas, oeste ar tão carregado de salitre que toma a boca pegajosa e amarga, e o mar violeta e doirado a molhar a areia e os alicerces dos velhos fortes abandonados ...

26 Um poente desgrenhado, mm nuvens negras lá no fundo, e uma luz sinistra. Ventania. Estratos monstruosos correm do forte. Sobre o mar fica um laivo esquecido que bóia nas águas – e não quer morrer... Há na areia uns charcos onde se reflecte o universo – o céu, a luz, o poente. Não bolem e a luz demora-se aí até ao anoitecer. E como o poente é oiro fundido sobre o mar inteiramente verde, que a noite vai empolgar não tarda, os charcos, entre a areia húmida e escura, teimam em guardar a luz concentrada e esquecida.

27 O Teatro Simbolista Durante a vigência do Simbolismo, a par de um teatro de temas históricos, neo-românticos ou realistas, cultivou-se um teatro poético, que procurava levar para o palco as doutrinas estéticas então predominantes. Júlio Dantas foi o nome que mais se destacou na dramaturgia durante o Simbolismo. apesar de ter escrito obra vasta, é conhecido por dois motivos: sua peça A ceia dos cardeais (1902) e pelo polêmico Manifesto Anti- Dantas, do modernista Almada Negreiros. Na famosa peça, Júlio Dantas usou de forma poética refinada, dispondo a fala das personagens em versos alexandrinos. O tema da peça é o amor, visto como símbolo universal.

28 A Ceia dos Cardeais Uma grande sala, no Vaticano. Paredes cobertas de panos de Arras - Amplos tectos de caixão, com apainelamentos de talha doirada - Um retrato de cardeal vermelho, sobre o fogão - À D. baixa, o cravo, o violoncelo e o violino de um terceto clássico - Estantes altas de coro - Luzes - Ao fundo, largo tamborete onde repousam as capas, os chapéus, os bastões - À E. baixa, grande armário pesado de baixela de oiro e prata lavrada - Quase a meio, bufete onde ceiam os três cardeais: toalha de holandilha, picada de rendas; serviço de Sèvres, azul e oiro; cristais.  CARDEAL GONZAGA, CARDEAL RUFO, CARDEAL DE MONTMORENCY, sentados ao bufete, ceando; os fâmulos, vestidos de verde e prata, servem-nos, de joelhos. 

29 CARDEAL RUFO, visivelmente agastado.    
Será já amanhã!     CARDEAL RUFO, a outro fâmulo  Xerez.  Continuando, a de MONTMORENCY:  Roma! Roma! Que viu pela primeira vez,  Benedito XIV, um para receber  Conselhos de Inglaterras e cartas de Voltaire!  CARDEAL DE MONTMORENCY, grandioso  As cartas de Voltaire honram!  CARDEAL RUFO, num sorriso de desdém  É natural. Fala como francês. 

30 CARDEAL DE MONTMORENCY, com dignidade Falo como cardeal
CARDEAL DE MONTMORENCY, com dignidade  Falo como cardeal!  CARDEAL GONZAGA, intervindo de novo  Mas, perdão... Não será política demais  Para uma ceia alegre? Enfim, três cardeais  Não salvam Roma ...  CARDEAL RUFO, numa grande atitude  Pois, em minha consciência,  Bastava um só para salvar!  CARDEAL DE MONTMORENCY, com ironia  Vossa Eminência?  CARDEAL GONZAGA, conciliando docemente  Deixemos isso a Deus. E, na divina mão.  Roma repousará  CARDEAL DE MONTMORENCY, num sorriso  Vamos nós ao faisão? 

31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. 31ª edição. São Paulo: Cultrix, 2001. Textos da disciplina de Literatura Portuguesa III, de autoria do Prof. Dr. José Leite de Oliveira Jr., disponíveis em Acessado em: 28/03/10 às 19h.


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