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PublicouZaira Bennert Fernandes Alterado mais de 8 anos atrás
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O ESTÉSICO E O ESTÉTICO
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Pensar o que é estético é necessário ir em busca buscar das origens pensamento estético e identificar, antes, suas primeiras versões
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Para tanto, devemos voltar à Grécia antiga, ao encontro dos primeiros pensadores de nossa cultura
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Foi, a partir dos primeiros escritos filosóficos gregos, que a reflexão sobre a arte passa a ter importância no contexto da cultura como um todo
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Antes destes pensadores, a arte cumpriria apenas funções ornamentais, rituais e pragmáticas, não era digna de um pensar estético, de um raciocínio próprio
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É por meio destes escritos, especialmente os de Sócrates, que a arte é tomada como uma manifestação moral, ou seja, semelhante ao bem, à bondade, logo, a arte se manifesta por meio da beleza
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Ser bela é uma prerrogativa da arte, manifesta por meio da aparência agradável, da harmonia, do equilíbrio e da coerência e coesão com o pensamento racional e lógico
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As figuras e os temas mostrados devem ser agradáveis ao olhar e devem suscitar bons pensamentos, tornar-se o lugar do prazer
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Estamos diante de uma manifestação artística de caráter moral. Tal proposta é retomada séculos mais tarde, pelos Renascentistas e depois pelos Neoclássicos
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Pitágoras talvez tenha sido o primeiro a tratar da questão da arte a partir de seus aspectos formais e abstratos, de uma lógica racionalista
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Ao tratar das ordens das coisas, dos números e da harmonia do universo, propõe a condução de uma estética estrutural, podemos dizer, plástica
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Neste caso a arte é ordenada pela harmonia e a proporção entre as partes e toma a natureza como a manifestação visível desta harmonia
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Onde há harmonia, há equilíbrio, senso lógico e razão, logo há arte
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Para ele há uma matemática amparando tudo e a geometria é o modo de demonstrá-la. O Segmento Áureo é um dos modos de comprovar suas hipótese. Mais tarde Fibonacci, retoma estes princípios
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Para ele a arte é também útil, pois deve servir ao corpo e a alma. A dança é bela por ser útil, por dar forma e força ao corpo e assim servir ao espírito
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Platão, à despeito da influência socrática e pitagórica encontrará a estética por meio de sua metafísica
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Para ele o mundo é regido pelas idéias, ou seja, tudo que existe já existe antes em conceito, em essência num mundo imaterial
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Neste mundo idealizado, tudo é perfeito e ordenado segundo modelos ou paradigmas anteriores à existência das coisas no mundo natural
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O mundo em que vivemos é uma cópia imperfeita do mundo das idéias, portanto, duplamente imperfeito
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Neste sentido, a arte deve buscar algo que não se encontra no mundo, mas fora e acima dele
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Portanto a arte não deve imitar o que vê, mas idealizar o que mostra, embora mantenha um fundo moral com o bom e o bem como virtudes
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A beleza não é uma demonstração da aparência das coisas mas a busca de sua essência ou a idealização de sua existência pela ordem ou pelo prazer
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Em Aristóteles, vamos encontrar uma explicação causal para as ocorrências do mundo, logo, a arte deve tomar estas ocorrências pela aparência
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Neste sentido é diferente de Platão. Para ele a causa e o fim da arte reside na criação artística e não fora dela
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A arte é a ordenação em busca de um bem supremo, tanto quanto a natureza. Se a natureza tem uma causa externa ou metafísica, a arte tem uma causa interna ou catártica, a do artista.
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Plotino, um dos filósofos gregos mais preocupados com a estética propriamente dita, tratará dela de um modo especial
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Tomando ainda a idéia do belo, que é um referencial a toda a estética grega, discute uma hierarquia do belo
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Primeiro trata do belo sensível, da aparência, daquele que se manifesta segundo normas e ordenamentos
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Depois trata do belo inteligível, da essência do belo em contraposição à aparência da beleza manifesta, visível
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Por fim, descobre uma beleza intuída, sensível e sensória, revelada como um insight passional e de prazer
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Portanto, tomando como referência a filosofia grega, vamos entender a relação entre beleza e arte
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Entretanto não é só a beleza que interessa aos gregos, é também o bem, a eficiência, o ideal e outros valores que aparecem nos seus discursos filosóficos
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Neste sentido podemos dizer que a arte se realiza na manifestação de uma dada qualidade moral ou ética, num dado valor.
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Entretanto, ao correr da história, vamos encontrar outros pensadores que, ao falar em arte, assumem outras posturas de igual importância para nosso conhecimento
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É necessário deixar claro, duas questões importantes para darmos continuidade a esta apresentação:
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Primeiro, é preciso entender que os conceitos de arte variam com o tempo e com a cultura; Segundo, é bom ressalvar que a Idade Média é um período extremamente religioso.
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A visão que o mundo antigo nos passou, mediante o pensamento grego, vai ser revisado pelo pensamento medieval
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Os filósofos medievais tinham um pé na filosofia grega e outro na religiosidade
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Esta vertente religiosa teria que refutar o prazer, o que é corpóreo e material em busca de algo espiritual e divino
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Assim, dois grande pensadores medievais, que fazem referência à arte, são santos:
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Santo Agostinho e São Tomas de Aquino.
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Santo Agostinho toma o belo como uma referência ao conveniente, já que o belo e todas as outras qualidades seriam prerrogativas da divindade de Deus e não do humano
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Neste caso a arte não poderia superar ou se comparar a deidade e teria de se conformar a sua materialidade e ao pouco valor que lhe restaria.
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São Tomás centra no Juízo, a nossa aproximação ou afastamento da beleza. Espera que, pelo juízo, o ser humano faça a opção não pelo prazer, mas pela essência do bem.
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O prazer é carnal, portanto, indevido, e o juízo racional, logo, desejável.
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Para ele a arte é uma virtude tanto quanto todas as outras virtudes morais, além disso, deve ser perfeita em relação ao mundo natural.
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Neste sentido a idéia de arte no medievo não mudou muito do que se postulava na filosofia grega, apenas procurou distanciar-se do prazer e do carnal e manter o misticismo simbólico
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Portanto, valores como belo e bem continuavam sendo mantidos como referência artística e amparam o surgimento do pensamento Moderno, instaurado pelo Renascimento
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O próprio conceito de Renascimento, é amparado na recuperação da tradição clássica Greco- Romana
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Neste caso, os valores estéticos preconizados pela tradição clássica voltam a ser referência para o pensamento estético do período moderno e se afastando do misticismo medieval
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Mantem-se também uma certa idealização, uma busca pelo padrão ideal e não natural, se há naturalismo é o da valorização do corpo humano, o mundano se sobrepõe ao sacro
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Os teóricos mais importantes deste período são também artistas, arquitetos e poetas, logo, além de destacar o que consideram arte, prescrevem como se deve fazer arte
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Alberti, Vasari, da Vinci, são nomes que pontuam o pensamento desta época e defendem uma poética Clássica, dando margem ao surgimento do Acadêmico, definido pelos irmãos Carraci
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Podemos definir este “universo clássico” pelas manifestações artísticas que ocorreram entre os séculos XIV ao início do XIX, contendo as poéticas do Renascimento, do Maneirismo, do Barroco, do Rococó e o próprio Neoclássico
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Neste sentido as teorias não se afastam das diretrizes definidas por esta poética, a idealização, o equilíbrio, a harmonia e a racionalidade definida pelo uso da perspectiva, sombra e luz são as referências mais comuns
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Entretanto, ao tentar apreender um período tão extenso, vamos também perceber as transformações conceituais e a mudança do pensamento sobre arte
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A “Estética”, propriamente dita, surge no século XVIII.
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O Abade Du Bos (1670-1742), nas suas “Réflexions critiques sur la poésie et sur la peinture”, de 1719, onde discute questões relativas aos princípios do juízo artístico e à apreciação e explicações sobre as obras de arte
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O “Essai sur le beau” publicado em 1741 pelo padre André, (1675-1764), para ele há três tipos de Belo, o essencial e independente de qualquer coisa, o humano que diz respeito às questões do mundo e o belo inteligível e/ou sensível, ambos apreendidos pela razão
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Entre 1751 e 1830, Diderot, escreve suas obras: “Lettre sur les sourds-muets”, “Essai sur la Peinture”, “Paradoxe sur le Commédien” e os estusos sobre os Salons do Século XVIII, onde define sua concepção estética
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A estética de Diderot aposta no verossímil, a arte deve estar em conformidade com aquilo que representa, quanto maior a proximidade, maior o valor
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Alexander Gotlieb Baumgarten, (1714-1762), é o primeiro a associar a questão da estética à estesia, ao sensório, ao sensível, publica em 1750 a primeira parte de sua Estética e em 1758, a segunda parte
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Para Baumgarten, a estética é a ciência do conhecimento sensível, uma ordem diferente das ordens canônicas, mais criativa e exploratória do que reprodutiva
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Podemos dizer que a estética deste período culmina com Kant, (1724-1804), com a “Crítica do juízo”, onde discute questões do belo, do sublime e sua teleologia, ciência da finalidade
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Kant fala de um Juízo determinante, que só busca a adequação às regras e o Juízo reflexivo, que parte da análise da ocorrência para intuir o prazer ou sentimento
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Até aqui, o que se viu foi um panorama do pensamento estético até o século XVIII, adiante trataremos do XIX em diante
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