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Línguas em contato In CALVELT, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcionilo, São Paulo, Parábola, 2002.

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1 Línguas em contato In CALVELT, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcionilo, São Paulo, Parábola, 2002.

2 Introdução Existem em torno de 4 a 5 mil línguas no mundo;
Cerca de 150 países; Teoricamente, 30 línguas por país, mas como a distribuição não é “matemática”, conclui-se: o mundo é plurilíngue; as línguas estão constantemente em contato (há muitos indivíduos bilíngues ou comunidades plurilíngues)

3 Empréstimos e interferências
Interferência: introdução de elementos estrangeiros nos campos mais estruturados da língua: fonologia, morfologia, sintaxe e áreas do léxico (nomes de parentesco, cores, tempo etc.) Ex. de interferência fônica: entre um dialeto alemão, falado em uma região da Suíça, e uma variedade do romance, falado em outra, a oposição entre vogais breves e longas (como em sheep e ship, em inglês) cria problemas, confusões e “sotaques”.

4 Empréstimos e interferências
Interferência sintática: organiza-se a estrutura de uma frase da língua B segundo a estrutura da língua A. Ex: falar em português com estrutura de inglês – Eu gostaria do leite um pingo no meu chá. Interferência lexical: as mais simples são os falsos cognatos (esquisito, no port. e exquisito, no espanhol); problema é maior nos casos em que as duas línguas organizam a realidade de modo diverso (fleuve/rivière/rio; pez/pescado/peixe)

5 Empréstimos e interferências
Interferência lexical leva, no limite, ao empréstimo, quando utiliza-se diretamente a palavra, adaptando-se a pronúncia Interferênia é individual e o empréstimo coletivo. Todas as línguas receberam interferências e tomaram empréstimos de línguas próximas, por vezes de forma massiva.

6 Empréstimos Projeto de lei Aldo Rebelo (1999) – declarava lesivo ao patrimônio cultural brasileiro “todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira”. Reações contrárias de Academias de Letras, intelectuais, escritores e linguistas. Equívoco – “o uso de estrangeirismos vai descaracterizar o português” – falso, pois o empréstimo é de palavras e não de estruturas (e mesmo as palavras não são “sentidas” pelo falante como estrangeirismo).

7 Empréstimos Mito da legitimidade e da “pureza”. O que deveria ser considerado estrangeirismo? Palavras de línguas menos “nobres”, como as africanas, não deveriam ser vistas também como empréstimos? Coffee break ou home banking são empréstimos, mas também futebol, garçom, abajur, status, alface, bife, camundongo, bunda e caipira... Processos de mudança linguística, de criação de neologismos e gírias: tudo é absorvido e o falante usa sem saber que são empréstimos

8 Línguas aproximativas
Quando o falante está em uma comunidade cuja língua não conhece, é possível que ele lance mão de uma “3ª. língua” ou língua veicular para se fazer entender. Exemplo de diálogo de um trabalhador migrante espanhol que vive em Paris: - Vous l’aviez connue avant de venir em France? Mais non, c’est porque yo habia metté unne announce sur um journal y elle me va escrivir.

9 Línguas aproximativas
Quando a questão atinge um grupo social confrontado com outro de diferente língua pode surgir uma língua franca ou sabir, sistemas bem restritos, de poucas palavras, usados só para estabelecer relações comerciais, por exemplo. A tentativa será sempre a de reduzir ao máximo a dificuldade de compreensão. Por ex. pronomes são reduzidos a uma só forma (não usariam “tu”, “você”, “ti” e “te”); os verbos não são conjugados, aparecem sempre no infinitivo

10 Línguas aproximativas
Quando uma língua franca passa a cobrir necessidades de comunicação mais amplas e seu sistema sintático se desenvolve passa a ser um pidgin. Ex. inglês pidgin que se desenvolveu no mar da China para contatos comerciais entre ingleses e chineses. (vocabulário inglês, sintaxe chinesa) Termo pidgin seria a deformação da palavra business.

11 Línguas aproximativas
Pidgins não estão destinados a evoluir para uma prática “melhorada” da língua; permanecem como auxiliares em situações de contato.Mas nem sempre isso é regra. É preciso desfazer o mito de que um pidgin é a língua de um “lugar exótico”. Nossas línguas ibéricas são fruto de processos de pidginização.

12 O laboratório crioulo Contato de línguas provocam problemas de comunicação social. Ocorre quando as línguas primeiras não funcionam, pois as populações estão tão misturadas que ninguém fala a língua do outro. Emergência das línguas crioulas – ligada ao comércio triangular e tráfico de escravos. A relativa “juventude” dos crioulos faz com as respostas quanto à verdadeira origem dos crioulos ainda não esteja suficientemente debatido

13 O laboratório crioulo Hipótese poligenética: não seria possível provar relação entre a gramática dos crioulos e das línguas africanas; trata-se de uma “aproximação da aproximação” Por ex. na ilha da Reunião: primeiro os escravos, mais perto dos senhores, adquiriram um francês sumário; depois escravos recém-chegados aprenderam esse “francês” com os escravos mais antigos

14 O laboratório crioulo Seja como for, os crioulos são uma língua como qualquer outra, a particularidade está no modo como emergiram (grupo dominante e minoritário versus maioria de escravos sem uma língua comum). Por longo tempo considerados como “inferiores” e portanto, sem acesso a funções oficiais (ensino, administração), hoje estão sendo promovidos a línguas oficiais (p. ex. ilhas Seychelles, Cabo Verde, Antilhas francesas e Haiti).

15 Línguas veiculares Casos de plurilinguismo que criam dificuldades de comunicação entre grupos homogêneos que tem língua própria. P. ex., no Senegal, há 7 línguas principais (primeiras ou maternas). A cada uma correspondem famílias ou bairros. Uma língua (wolof) é usada para comunicação entre grupos que não tem a mesma 1ª. língua – língua veicular. Idem na costa leste africana, Cordilheira dos Andes, África Central e Ocidental

16 Línguas veiculares Para políticas públicas, calcula-se a taxa de veicularidade, ou seja, a relação entre os falantes de uma língua e os que não a tem como 1ª. língua. A função de uma língua afeta sua forma: o sistema de classe de palavras de uma língua veicular pode ser reduzido, simplificado, regularizado conforme seja falado na zona urbana ou zona rural (mais complexo nesta última).

17 Diglossia Bilinguismo é individual; diglossia é o bilinguismo coletivo (numa mesma comunidade, duas formas lgsticas, que podem ou não ser ligadas geneticamente) Variedade baixa (utilizada nas conversas familiares, literatura popular etc.), estigmatizada, adquirida “naturalmente” Variedade alta (utilizada na igreja, na correspondência, nos discursos, nas universidades etc.), prestigiada socialmente, adquirida na escola, fortemente padronizada (dicionários, gramáticas)

18 Diglossia e conflito lgstco
A situação de diglossia pode ser estável e durar vários séculos; Exemplos Grécia – demótico/katharevoussa Mundo Árabe – dialetos/árabe clássico Haiti – crioulo/francês Suíça – suíço alemão/hochdeutsch Duas variedades que sejam ligadas geneticamente podem ter gramática, léxico e fonologia bem divergentes.

19 Diglossia e conflito lgstco
4 possibilidades: Bilinguismo e diglossia: todos conhecem a variedade alta e baixa (Paraguai – espanhol e guarani) Bilinguismo sem diglossia – muitos indivíduos bilíngues, mas que não as utilizam em situações especiais (situações instáveis entre uma diglossia e uma outra organização lgstica)

20 Diglossia e conflito lgstco
Diglossia sem bilinguismo: um grupo só fala a variedade alta, outro só usa a baixa (Rússia cazarista: nobreza e povo; Brasil – variedades sociais) Nem diglossia, nem bilinguismo: uma só língua (só em comunidades muito pequenas)

21 Diglossia e conflitos lgstcos
Embora a situação diglóssica de uma nação possa ser estável, ela pode gerar profundos conflitos lgstcos (p. ex., Catalunha) A História tem mostrado que o futuro das variedades baixas é tornar-se alta, e estas virarem línguas mortas (p. ex. Grécia, onde demótico tornou-se língua oficial e a outra está desaparecendo) O mesmo aconteceu com as variedades românicas (port. franc. italiano) e o latim.

22 Critérios Quando é possível dizer que duas variedades são a mesma língua? Durante muito tempo, tentou-se usar o critério da mútua inteligibilidade (se os falantes se entendem, é a mesma língua). Mas esse critério “fura” (veja-se o caso do Português brasileiro e europeu) Dois motivos:

23 Critérios 1 – Heterogeneidade das comunidades falantes - Ex: universitários brasileiros só se entenderiam com universitários portugueses e não com o camponês de Portugal 2 – Unilateralidade – um compreende o outro e o outro não compreende o primeiro. É mais fácil os portugueses nos entenderem do que nós compreendermos a eles; isso se deve a fatores fortuitos, nesse caso, elisão das vogais pelos portugueses.

24 Observações finais Por que um pidgin não vira língua materna? Pidgin surge sempre como língua de contato (guerras, portos, fronteiras). Estruturalmente frágil; fácil de identificar as línguas fontes; muito fácil de aparecer. Não vira língua materna por que há uma língua oficial. É possível dizer, de um ponto de vista da evolução lingüística ao longo da História, em que momento uma língua terminou e outra começou? Não, trata-se de um longo processo. Saussure: “ninguém dorme falando latim e acorda falando francês”

25 Observações finais Com base em que tipo de critério este momento costuma ser demarcado? O critério é sempre político. Se houvesse um reino, a variedade ali falada teria um nome? Sim. Português existe desde que existe um Estado português.

26 Observações finais Como as línguas mudam? Por pidginização ou evolução. Importante: entre o latim e o francês atual, quantas línguas houve? Várias, que foram sendo chamadas de latim tardio, francês arcaico etc. Mas isso era porque não havia um Estado. Só com o estabelecimento do Estado francês, tornou-se “a língua francesa”.

27 Observações finais Os rótulos das línguas induzem a erro, elas não são “naturais”. Inglês shakespeariano é muito diferente do inglês atual. Por que chamar tudo de inglês? Por razões políticas.


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