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Gustavo Maia Gomes Caruaru, 29 de outubro de 2014.

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Apresentação em tema: "Gustavo Maia Gomes Caruaru, 29 de outubro de 2014."— Transcrição da apresentação:

1 Gustavo Maia Gomes Caruaru, 29 de outubro de 2014

2  Para identificar os “desafios para o desenvolvimento” é preciso conhecer e interpretar o desenvolvimento recente  A pergunta “O Nordeste tem sede de que?” me induziu a focar a aula no Semiárido (onde a sede é maior)

3  Nos últimos anos, tem havido significativas transformações no Semiárido nordestino  As transformações se explicam por fatores demográficos, políticos e econômicos  Consequência : o Semiárido ganhou dinamismo econômico e maior resistência às secas  O desafio é entender o processo e evitar que ele seja revertido por políticas inadequadas ou conjunturas desfavoráveis

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5 Brasil, Nordeste e Semiárido nordestino, 1970-2010: Taxa de urbanização (em %) 19701980199120002010 Brasil 55,94 67,59 75,59 81,19 84,37 Nordeste 41,82 50,46 60,65 68,98 73,14 Semiárido nordestino 29,63 37,72 48,69 56,42 62,15 Brasil, Nordeste e Semiárido nordestino, 1970-2010: Taxa de urbanização (1970 = 100) 19701980199120002010 Brasil 100,00 120,83 135,14 145,15 150,82 Nordeste 100,00 120,66 145,03 164,94 174,89 Semiárido nordestino 100,00 127,29 164,29 190,40 209,74

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7  Razões para a urbanização  Maior presença do poder público nas cidades (empregos, serviços de saúde, educação, abastecimento de água)  Expansão das aposentadorias rurais (os aposentados são “rurais”, mas moram nas cidades)  Falta de opções reais de sustentação econômica no campo  Implicações principais  A redução relativa (e, desde 1980, absoluta) da população rural no Semiárido torna menor o problema da seca  A urbanização estimula o desenvolvimento de uma economia industrial e de serviços menos dependente de água

8  Desafios colocados pela urbanização  Assegurar água para o consumo humano de uma quantidade maior de pessoas  Gerar empregos numerosos e de qualidade  Aumentar a sustentabilidade das atividades produtivas urbanas  Manter a violência sob controle  Construir cidades habitáveis

9  “Sede de que?”  De água para o consumo humano  De administrações municipais minimamente competentes e honestas  De treinamento, qualificação dos trabalhadores  De formalização das empresas  Da adequação tecnológica dos empreendimentos

10  O PIB do Semiárido cresceu mais do que o PIB brasileiro (2000-10)  Esse melhor desempenho não ocorreu na agropecuária, mas nos setores urbanos (indústria e serviços)

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12  Fatores “políticos” subjacentes  O crescimento da “Economia sem produção”  Os aumentos reais de salário mínimo  A difusão do crédito consignado  A construção de grandes projetos de infraestrutura  O estímulo à produção de energias alternativas  A expansão do ensino superior (público e privado)

13  “Crescimento induzido pelo crescimento”  Polos industriais “informais”  Bares, restaurantes  Hoteis, moteis  Clínicas médicas  Shopping centers

14  A “Economia sem produção” foi descoberta e analisada em 2001, em livro publicado pelo Ipea (Velhas Secas em Novos Sertões)  Ela destaca o fato de que parte importante da renda dos habitantes do Semiárido provém de transferências, ou seja, constitui um poder de compra que independe da geração contemporânea de produto por parte do agente recebedor. Esta renda tem impacto sobre as importações e sobre a produção local  A Economia sem produção no Semiárido é, portanto, anterior ao primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (2003-2006). Ela já era numericamente muito grande em 1997 (último ano com dados disponíveis para o livro de 2001)

15 PIB Agrícola 2005 (R$ milhões) Bolsa Família 2007 (R$ milhões) Aposentadorias e pensões 2005 (R$ milhões) Massa salarial formal setor privado 2005 (R$ milhões) 8.3422.55111.98010.939 Emprego público em 1997 (1000) Emprego público em 2005 (1000) Variação do emprego público 1997-2005 (%) Variação do salário real setor público 1997-2005 (%) 3496107555 Fonte: Leonardo Alves de Araújo, João Policarpo R. Lima, “Transferências de renda e empregos públicos na economia sem produção do semiárido nordestino”, em http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/153/168http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/153/168

16  “Corrigindo pela inflação [para 2007] os valores encontrados [em 1997] e somando-os ao valor dos benefícios do PBF [Bolsa Família], observa-se que a economia sem produção praticamente dobrou de tamanho em relação à primeira estimativa feita dez anos antes”.  Leonardo Alves de Araújo, João Policarpo R. Lima, “Transferências de renda e empregos públicos na economia sem produção do semiárido nordestino”, em http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/153/168http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/153/168  É claro que este processo tem limites (capacidade fiscal do Estado), que podem já ter sido alcançados  Além disso, a capacidade da expansão da demanda (aumento da renda dos aposentados, funcionários públicos, beneficiários do BF) gerar efeitos de oferta (expansão da produção local) também tem limites, como Keynes poderia explicar

17  Os aumentos reais do salário mínimo impactam o Semiárido, sobretudo, pela injeção de renda real dos aposentados e funcionários públicos. Isso acarreta mais importações, mas também aumento da produção local  (Ambos os contingentes têm representação quantitativa importante na população regional)  O salário mínimo real aumenta continuamente desde 1994, ano do Plano Real. O processo é, portanto, anterior ao primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (2003-2006)

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19  É claro que este processo tem limites (capacidade de absorção dos aumentos reais de custo do trabalho por parte de prefeituras, INSS, Tesouro Nacional e empresas privadas), que podem já ter sido alcançados  Além disso, a capacidade da expansão da demanda (aumento dos gastos decorrentes dos aumentos de renda) gerar efeitos de oferta (expansão da produção local) também tem limites, como aprendemos nos cursos de macroeconomia. (Apenas se tem de levar em consideração, como fator adicional, a possibilidade de que recursos de outras regiões sejam atraídos para o Semiárido, o que expande os limites físicos à expansão local da oferta)

20  A circulação de renda monetária “permanente” (aposentadorias, salários de funcionários públicos, Bolsa Família) e a possibilidade legal de os bancos fazerem empréstimos consignados levou à expansão do consumo acima do aumento real da renda. Esta expansão do consumo tem sido satisfeita com aumento de importações e aumento da produção local  É claro que esse processo tem limites (oferta monetária, taxas de juros, endividamento das famílias em relação à sua renda), que podem já ter sido alcançados  Além disso, a capacidade da expansão da demanda (aumento dos gastos acima dos aumentos de renda) gerar efeitos de oferta (expansão da produção local) também tem limites, como aprendemos nos cursos de macroeconomia. (Apenas se tem de levar em consideração, como fator adicional, a possibilidade de que recursos de outras regiões sejam atraídos para o Semiárido, o que expande os limites físicos à expansão local da oferta)

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23  O impulso ao crescimento gerado pelo aumento das obras de infraestrutura (quase todas, públicas) tem limites na capacidade de investir do Estado.  Também há limites para a expansão da oferta induzida pela expansão da demanda, nesse caso.

24  O investimento gera PIB também na fase de construção  Os estímulos à expansão do investimento em energias alternativas é “político” (Proinfa: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, 2002; leilões de compra de energia de reserva)

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26  Os projetos (que somam um investimento de R$ 10,5 bilhões) correspondem a  Uma vez e meia o investimento da Fiat em Goiana, Pernambuco  Uma vez e meia o investimento do Polo Petroquímico de Suape, também em Pernambuco  Uma vez e oito décimos o investimento da fábrica de celulose da Suzano, no Maranhão  Quatro vezes e oito décimos o valor do investimento projetado do Estaleiro Eisa, em Alagoas  Nove vezes e meia o investimento em ampliação da Braskem, também em Alagoas  Onze vezes e sete décimos o investimento da fábrica de automóveis JAC, em Camaçari, Bahia  Treze vezes e seis décimos o valor de investimento para a implantação da fábrica de vidros planos da Brennand, em Pernambuco.

27  Os R$ 10, 5 bilhões em investimentos das usinas eólicas geradoras de eletricidade também superam, por larga margem, qualquer um dos grandes projetos de infraestrutura em construção no Nordeste, como a ferrovia Transnordestina (R$ 5,4 bilhões), a Transposição (R$ 4,7 bilhões) e a duplicação da BR-101 (R$ 2,8 bilhões).  É claro que esse movimento tem limites (capacidade fiscal do governo para garantir preços contratados ou financiamentos, disponibilidade de poupança interna e externa) que podem já ter sido alcançados  Além disso, na fase de construção, os investimentos geram aumento de demanda, pela expansão da renda dos trabalhadores nas obras. A capacidade desta expansão de demanda gerar maior produção local tem limites físicos, determinados pela quantidade de recursos ociosos existente.

28  A produção de serviços educacionais (aulas, por exemplo) faz parte do PIB  Prouni (Programa Universidade para Todos): bolsas para estudantes do ensino superior em escolas privadas  Crédito educativo (FIES): financiamento dos alunos de cursos superiores  Criação de universidades públicas (e privadas, mas viabilizadas pelo Prouni), faculdades isoladas e escolas técnicas

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32  É claro que a expansão do ensino superior tem limites (capacidade fiscal do governo, estoque de possíveis alunos) que podem já ter sido alcançados

33  Polos de confecções em cidades como Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e mais outras 10 em Pernambuco e em outros estados  Polos de calçados em cidades como Campina Grande e Patos (PB)  Polos moveleiros, como em Gravatá (PE)  Outros

34  “O Ceará exportou mais da metade de pares de calçados que o Rio Grande do Sul, líder nas vendas. O 1º lugar fechou 2012 com US$ 385 milhões e o Estado, que ficou em 2º lugar, teve faturamento de US$ 319 milhões” (25/2/2013) http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1236279 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1236279  “E os números da Paraíba, conforme a Abicalçados, já apontam um cenário ainda melhor neste ano (2013). O Estado aumentou em 15,5% seu faturamento em exportações sobre 2012, no fechamento do primeiro trimestre. Foi o terceiro melhor resultado do país”  http://www.paraiba.pb.gov.br/70123/campina-grande-recebe-maior-evento-de-calcados-do-nordeste-a-partir-da-terca-feira.html http://www.paraiba.pb.gov.br/70123/campina-grande-recebe-maior-evento-de-calcados-do-nordeste-a-partir-da-terca-feira.html

35 “O Polo de Confecções do Agreste [PE] contabiliza 18.803 unidades produtivas, sendo 10.743 empresas fabricantes diretas de produto e 8.060 empresas complementares. A região registrou PIB de R$ 3,8 bilhões em 2009, sendo R$ 2,9 bi referentes às cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Toritama. O crescimento geral em relação ao ano 2000 foi de 56,1%, enquanto que o Brasil cresceu 36,2% no mesmo período, e Pernambuco cresceu 44,3%” http://www.caigatoda.com.br/noticias-intro/384/polo-de-confeccoes-do-agreste-registra-crescimento-acima-da-media-estadual São 107 mil empregos diretos apenas na produção, segundo constatou recente pesquisa do Sebrae-PE

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37  Na medida em que depende de estímulos “políticos” (aumento da Economia sem Produção, do salário mínimo, dos gastos governamentais em criação de infraestrutura, do crédito consignado), a expansão dos polos industriais tem os limites (que podem já ter sido alcançados) apontados para esses fatores  De uma perspectiva mais de mercado, a concorrência chinesa em confecções preocupa e pode limitar o crescimento dos respectivos polos no Nordeste

38 BOB’S EM PATOS, PB (FOTO GUSTAVO MAIA GOMES) SUBWAY EM CAJAZEIRAS, PB (FOTO COLHIDA EM HTTP://WWW.CANALNOITE.COM.BR/CAJAZEIRA S/(FOTO COLHIDA EM HTTP://WWW.CANALNOITE.COM.BR/CAJAZEIRA S/)

39 MOTEL BAHAMAS, PRÓXIMO A SOUSA, PB (FOTO GUSTAVO MAIA GOMES) ESTRELA MOTEL, ENTRE SALGUEIRO E ARCOVERDE, PE (FOTO GUSTAVO MAIA GOMES)

40 CLÍNICA CITOANÁLISE, EM CAJAZEIRAS, PB (FOTO GUSTAVO MAIA GOMES) ANÚNCIO DE CLÍNICA MÉDICA EM SALGUEIRO, PE (FOTO GUSTAVO MAIA GOMES)

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44  Tanto os “fatores políticos” quanto o “crescimento induzido pelo crescimento” contribuíram para a formação, no Semiárido, de uma economia urbana (“com produção” e “sem produção”) menos demandante de água que tem revelado dinamismo  Por isso, para o conjunto das fontes de sustentação da população do Semiárido, a seca tem, hoje, uma significação muito menor do que tinha há 30 ou 40 anos.

45  Tem “sede” de água nas torneiras das residências urbanas  Tem menos sede de água na atividade econômica, que se tornou, predominantemente, urbana e menos dependente de água  Entretanto, os ganhos obtidos são frágeis e podem ser revertidos, especialmente, se o equilíbrio fiscal do governo não for recuperado e, consequentemente, a economia brasileira entrar em crise prolongada  O grande desafio do Semiárido continua a ser a de desenvolver uma economia de alta produtividade. Somente isso será capaz de gerar melhorias significativas (além das já alcançadas) e sustentáveis à sua população  É disso que o Nordeste tem sede.

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