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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO

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Apresentação em tema: "MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO"— Transcrição da apresentação:

1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO
PROCURADORIA DA MULHER E NÚCLEO DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Vitória, 24 de agosto de 2009 ATENÇÃO AOS ENVOLVIDOS EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR E DE GÊNERO Carlos Eduardo Zuma – Instituto Noos – Rio de Janeiro

2 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como os descrevemos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

3 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como os descrevemos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

4 A descrição do que é violento, dentro de um modelo narrativo, depende de um determinado contexto.
(Cobb, S.) “Não se pode estudar a violência fora da sociedade que a produziu, porque ela se nutre de fatos políticos, econômicos e culturais traduzidos nas relações cotidianas que, por serem construídos por determinada sociedade, e sob determinadas circunstâncias, podem ser por ela desconstruídos e superados. (Minayo,MC & Souza,ER)

5 Dois fatores para efeito devastador:
Violência física e emocional perpetrada por quem deveria proteger Transformação de caráter protetor em caráter violento ocorrendo num contexto que destrói ou nega essa transformação (Carlos Sluzki)

6 Quem exerce o abuso não aprende a regular, a medir, a dizer, a escutar e respeitar mensagens de si mesmo e do outro, tais como “não quero”, “não dá mais”, “só até aqui”; ou se encontra em contextos nos quais estas aprendizagens se apagam, se diluem ou perdem a firmeza. Isso pode produzir prejuízos a si mesmo e a outros, de muitas diversas maneiras. (Cristina Ravazzola)

7 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como descrevemos esses fenômenos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

8 Por poder entendo um contexto de interação que permite que certos membros de um sistema social dado definam o que é que vai ser validado como real para outros membros do sistema. Essa definição, que pode ou não ser expressa lingüisticamente, estará sempre encarnada em práticas cotidianas que geram, mantêm ou reforçam essa “realidade” assim criada. Esse poder pode ser eventualmente instrumentalizado através da violência, entendida como aquele contexto de interação em que alguns membros de um sistema social dado são negados ou invalidados como sujeitos sociais, emissores únicos e originais de linguagem e atores de uma história intransferível.    PAKMAN, Marcelo. Terapia familiar em contextos de pobreza, violência, dissonância étnica. In.: Nova Perspectiva Sistêmica, ano II, n. 4, outubro, 1993.

9 A violência é um modo de conviver, um estilo relacional que surge e se estabiliza em uma rede de conversações que faz possível e conserva o emocionar que a constitui, e no qual as condutas violentas se vivem como algo natural que não se vê. [...] No espaço psíquico da violência a criança aprende sem dar-se conta a negar o outro e a não olhar-se a si mesma no apego a suas certezas. O outro não tem presença salvo na oposição que se vive como ameaça que desaparece só quando este se submete. MATURANA, H. Biología y violencia. In.: CODDOU, F. et al. Violencia; en sus distintos ambitos de expresion. Santiago de Chile: Dolmen, 1995.

10 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como os descrevemos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

11 Complexidade da violência
É muito difícil conceituar a violência, principalmente por ser ela, por vezes, uma forma própria de relação pessoal, política, social e cultural; por vezes uma resultante das interações sociais; por vezes ainda, um componente cultural naturalizado. Os estudiosos que nos últimos tempos têm se debruçado sobre o tema, ouvindo e auscultando toda a produção filosófica, mitológica e antropológica da humanidade lhe conferem um caráter de permanência em todas as sociedades e também de ambigüidade, ora sendo considerada como fenômeno positivo, ora como negativo, o que retira de sua definição qualquer sentido positivista e lhe confere o status de fenômeno complexo. (Minayo, MC & Souza, ER) Distinção entre ato e processo da violência

12 Complexidade da violência
A pesquisa recente indica que, ao mesmo tempo em que fatores biológicos e outros fatores individuais explicam algumas das predisposições à agressão, é mais freqüente que esses fatores interajam com fatores familiares, comunitários, culturais e outros fatores externos para, assim, criar uma situação propícia à violência. KRUG, E. G. et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, Distinção entre ato e processo da violência

13 Relatório Mundial de Violência e Saúde – OMS – 2002.
Níveis de Complexidade Social Comunitário Relacional Individual Relatório Mundial de Violência e Saúde – OMS – 2002.

14 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como os descrevemos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

15 Para mim, a sobrevivência de Caim com a intervenção de Deus é o mais antigo “programa de proteção às testemunhas” de que se tem notícia. Em vez de castigar Caim de imediato, permitindo simplesmente que fosse assassinado, Deus se preocupa com sua sobrevivência porque quer que ele continue vivo para dar testemunho do que viu. Não basta saber quem é o vitimizador e castigá-lo: deve acontecer algo mais, e Deus procura facilitar que aconteça. [...] [Caim] deve continuar vivo a fim de gerar um debate social sobre a complexa rede de circunstâncias que rodeiam a violência. Deve continuar vivo para que as pessoas possam falar dele e com ele, para que possam saber todos juntos em quê consiste a violência e suas conseqüências, a ética de nosso ser no mundo sem ter garantias naturais ou sobrenaturais de que seremos protegidos de nós mesmos. E para conhecer a violência, este debate pode lograr algo mais que achar um culpado e castigá-lo com a pena de morte.

16 [...] Tanto o discurso jurídico como o da consciência moral coincidem em fossilizar-se no indivíduo, ora como uma vítima cujos sintomas derivam de processos psicológicos internos causados por “fatos externos”, ora como um vitimizador cuja psicologia é uma “caixa negra” na qual jaz o mal e cuja única possibilidade de ascender ao perdão radica em construir-se a si mesmo como uma vítima que deve ser perdoada. O domínio público é construído, então, como uma soma de individualidades, e as emoções se consideram forças “internas” que alguns podem controlar moralmente por meios racionais, enquanto que outros não. PAKMAN, Marcelo. La marca de Caín: conciencia y testimonio en la epistemología de la violencia. Sistemas Familiares, jul. 2000, pp

17 ABORDAGEM SISTÊMICA DA VIOLÊNCIA:
Os fenômenos têm que ser vistos em seu contexto, meio cultural e momento histórico; O modo como os descrevemos determina a escolha de nossas ações de interação; A violência é um fenômeno complexo: desencadeada por múltiplos fatores; Reduzí-la a um só ou a poucos desses fatores promove leitura parcial e conseqüências indesejáveis; Na formulação de ações, ajuda decompor a violência em ato e processo interacional que possibilita o ato.

18 ATO E PROCESSO DA VIOLÊNCIA
No processo que possibilita o ato, todos nós temos participação. O ato de violência: Tem um autor que precisa ser responsabilizado por este ato Tem uma vítima que precisa ser amparada e defendida

19 Talvez isto pareça um exagero, mas a consciência da própria participação em uma estrutura autoritária e da própria responsabilidade na manutenção de suas regras é muito necessária para conseguir transformações desejadas. O problema é que se trata de uma consciência muito dolorosa e difícil de adquirir. (Cristina Ravazzola)

20 Não sou melhor do que eles, o que faz com que me respeite e me faça respeitar e que tenha respeito pelos outros, é que tomei a decisão de me esforçar, a cada momento, no exercício da contenção necessária quanto a mim mesma e aos outros. (Cristina Ravazzola)

21 VIOLÊNCIA Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) violência é:
O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. WHO Global Consultation on Violence and Health. Violence: a public health priority. Geneva, World Health Organization, Apud: KRUG, E. G. et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002.

22 Física Psicológica Sexual Privação/Negligência

23 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

24 CONEXÃO ENTRE A VIOLÊNCIA OCORRIDA ENTRE PARCEIROS ÍNTIMOS E A VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Desde a moderna “descoberta” das ‘síndromes’ do bebê espancado e da mulher espancada nos anos 60, há um crescente corpo de evidências que sugere que: os diferentes tipos de violência podem ocorrer simultaneamente na mesma família a presença de uma forma de violência pode ser um forte indicador da outra A despeito disso, os vários tipos de violência que podem ocorrer entre membros de uma família são usualmente investigadas e manejadas independentemente uma da outra. TOMISON, Adam M. Exploring family violence: links between child maltreatment and domestic violence. Issues in Child Abuse Prevention, Number 13, Winter

25 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR
Incidência “A violência doméstica é a maior causa de ferimentos femininos em todo o mundo, e principal causa de morte de mulheres entre 14 e 44 anos”. (Rel. Dir. Hum. Da Mulher da Human Rights Watch/96). “Um em cada cinco dias em que as mulheres faltam ao trabalho é motivado pela violência doméstica”. (Banco Mundial/98). “O risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa pelo pai de seus filhos, ex-marido ou atual companheiro é nove vezes maior que sofrer algum ataque violento na rua ou no local de trabalho”. (BID – Banco de Desenvolvimento/98).

26 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR
“No Rio de Janeiro a violência em casa e os conflitos familiares são as causas alegadas por cerca de 60% das crianças que abandonaram as famílias para ganhar as ruas.” (Impelizieri, Flávia, 1995). “80% dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes acontecem na casa da própria vítima”. (ABRAPIA, 2001). “Em pesquisa realizada com 749 homens entre 15 e 60 anos, 51,4% declararam ter usado algum tipo de violência (física, psicológica ou sexual) contra sua parceira íntima pelo menos uma vez”. (Noos/Promundo, 2003).

27 Custo A violência intrafamiliar e de gênero produz custos emocionais e econômicos altos às pessoas, às famílias e ao país. No cálculo desses custos incluem-se: os custos diretos com tratamento das vítimas, os indiretos decorrentes da perda de produtividade, absenteísmo, invalidez ou morte prematura, e os custos relacionados ao sistema de justiça criminal, incluindo gastos com investigação policial, investigação de maus-tratos, processo judicial, proteção das vítimas, o que envolve manutenção de abrigos, e com acompanhamento do cumprimento de pena.

28 A violência está entre as principais causas de morte de pessoas na faixa etária de 15 a 44 anos
A Resolução da 49ª Assembléia Mundial de Saúde, realizada em 1996, declara a violência como um dos principais problemas mundiais de saúde pública    KRUG, E. G. et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002

29 FATORES DE VULNERABILIDADE PARA A MULHER
Em sociedades mais tradicionais, surrar a esposa é, em grande parte, considerado como uma conseqüência do direito do homem de infligir punições físicas à sua esposa – dados obtido de estudos em países tão diversos como Bangladesh, Camboja, Índia, México, Nigéria, Papua Nova Guiné, Paquistão, Tanzânia e Zimbábue. Uma grande variedade de estudos, tanto em países industrializados quanto em países emergentes, produziram uma lista consistente de eventos que, dizem, disparam o gatilho de violência de gênero.

30 FATORES DE VULNERABILIDADE PARA A MULHER
Dentre esses eventos, podemos citar: não obedecer ao homem; retrucar; não estar com a comida preparada na hora; não cuidar de forma adequada das crianças ou da casa; questionar o homem sobre dinheiro ou namoradas; ir a algum lugar sem a permissão do homem; recusar sexo ao homem; o homem suspeitar da infidelidade da mulher.

31 Você está sentindo medo do seu companheiro ou da sua companheira?*
O seu parceiro (ou parceira): Olha para você ou age de um jeito que dá medo? Deixa você constrangida, falando palavrões ou colocando você “pra baixo”? Controla o que você faz, quem você encontra, com quem você fala ou aonde você vai? Impede você de sair de casa, de ver ou falar com amigos ou parentes? Fica com seu dinheiro, faz você pedir dinheiro ou se recusa a dar dinheiro? Toma todas as decisões? Diz que você não é boa mãe, ameaça tirar as crianças de você ou ameaça machucá-las? *Conteúdo retirado do folder produzido pela Subsecretaria de Segurança da Mulher e Defesa da Cidadania/RJ em 2002

32 Você está sentindo medo do seu companheiro ou da sua companheira?*
O seu parceiro (ou parceira): Sacode, esbofeteia ou bate em você? Destrói suas coisas, esconde seus documentos ou ameaça matar seus animais? Intimida você com armas de fogo, facas ou outras armas? Quando agride não dá importância às agressões, diz que a culpa é sua ou nega ter sido violento? Força a retirar a queixa quando você vai à polícia? Ameaça se suicidar? Ameaça matar você? *Conteúdo retirado do folder produzido pela Subsecretaria de Segurança da Mulher e Defesa da Cidadania/RJ em 2002

33 FATORES ASSOCIADOS AO RISCO DE UM HOMEM COMETER ABUSO CONTRA A PARCEIRA
Relacionais conflito ou instabilidade no casamento domínio masculino na família estresse econômico vida familiar precária Individuais pouca idade excesso de bebida/drogas depressão distúrbios de personalidade baixo rendimento escolar baixa renda ter sido vítima ou testemunhado a violência quando criança

34 FATORES ASSOCIADOS AO RISCO DE UM HOMEM COMETER ABUSO CONTRA A PARCEIRA
Comunitários Fracas sanções comunitárias em relação à violência doméstica pobreza baixo capital social Sociais normas tradicionais de gênero normas sociais que apóiam a violência

35 FATORES DE RISCO PARA A CRIANÇA
Individuais: Idade Casos fatais de abuso físico são muito encontrados entre crianças muito novas. A maioria das vítimas tem menos de 2 anos de idade. Sexo Na maioria dos países as meninas correm mais riscos que os meninos em relação a infanticídio, abuso sexual, negligência educacional e nutricional e prostituição forçada. Em muitos países os meninos parecem correr mais risco de receberem punições físicas severas, talvez devido a uma preparação para os papéis e responsabilidades do adulto, ou ainda, por se considerar que os meninos precisam de mais disciplina física.

36 Outros fatores/características:
Crianças separadas da mãe ao nascer por doença ou prematuridade. Crianças prematuras, gêmeas, portadoras de deficiências físicas, nascidas com má-formação congênita ou doenças crônicas (retardo mental, anormalidades físicas, hiperatividade). Crianças com falta de vínculo parental nos primeiros anos de vida.

37 Ligados à pessoa responsável pela criança e características do ambiente familiar
Parece haver maior violência por parte das mães. No entanto, os homens são os perpetradores mais comuns de lesões na cabeça, que ameaçam a vida, fraturas abusivas e outros ferimentos fatais. Os perpetradores de abuso sexual, tanto para as vítimas do sexo feminino quanto do sexo masculino, são predominantemente homens.

38 Ligados à pessoa responsável pela criança e características do ambiente familiar
 As mães solteiras pobres e jovens estão entre aquelas com mais risco de utilizar a violência contra seus filhos. Pais/mães que cometem abusos físicos, geralmente, são: Jovens Solteiros Pobres Desempregados Nível educacional inferior ao dos parceiros que não cometem abuso

39 Outras fatores/características encontradas referentes aos pais:
Falta de habilidade para lidar com o estresse Expectativas não realistas em relação aos filhos Irritação e perturbação maiores em resposta aos estados de humor e comportamentos de seus filhos São menos dedicados, afetuosos, brincalhões e compreensivos São mais controladores e hostis Gravidez na adolescência sem suporte social Gravidez não planejada e/ou negada Gravidez de risco

40 Outras fatores/características encontradas referentes aos pais:
Falta de acompanhamento pré-natal Múltiplos parceiros Ausência ou pouca manifestação positiva de afeto entre pai/mãe/filhos Delegação à criança de tarefas parentais Estilo disciplinar rigoroso Pais exageradamente possessivos e/ou ciumentos em relação aos filhos KRUG, E. G. et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência Intrafamiliar: orientação para prática em serviço. Brasília: Ministério de Saúde, 2001

41 Temas associados aos fatores de risco:
Normas vigentes da cultura patriarcal A violência como forma de resolução de conflitos Baixo Capital Social

42 Temas associados aos fatores de risco:
Normas vigentes da cultura patriarcal A violência como forma de resolução de conflitos Baixo Capital Social

43 GÊNERO “Quase sem exceção, as pessoas se identificam das formas mais profundas como homem ou mulher. Desde o início da auto-consciência as crianças são educadas em seu gênero. Através de toda a sua vida, as prescrições do que elas são, foram e se tornarão estão inscritas nas convenções específicas de seus grupos sociais. Meninos tornam-se homens dos quais se espera que vivam vidas bem diferentes das meninas que se tornam mulheres. ...Uma variedade de formas culturais prepara o caminho para essas transformações: contos de fadas, histórias familiares, histórias na televisão e no cinema, as propagandas etc.

44 GÊNERO ... Assim, as pessoas, expostas às narrativas populares dentro da cultura aprendem como considerar a si mesmas, como tornar-se inteligível para os demais, como organizar sua conduta. Esta perspectiva contradiz a noção tradicional de que as estórias são feitas da matéria prima da vida. Ao invés disso, as estórias produzem a vida”. Mary Gergen

45 A mulher que se negar ao dever conjugal deverá ser atirada ao rio.
GÊNERO A mulher que se negar ao dever conjugal deverá ser atirada ao rio. Constituição Nacional Sumérica (Civilização Mesopotâmica, séc. XX a.C.). As mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos. Péricles (político democrata ateniense, séc. V a.C., um dos mais brilhantes cidadãos da civilização grega). A natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um homem inferior. Aristóteles (filósofo, guia intelectual e preceptor grego de Alexandre, o Grande, séc IV a.C.). CEZAR-FERREIRA, Verônica A. da M. Uma visão do direito de família: sobre a função do pai aos olhos da lei. In.: POLITY, Elizabeth et al. (org.). Ainda existe a cadeira do papai? : conversando sobre o lugar do pai na atualidade. São Paulo:Vetor, 2004.

46 GÊNERO Quando um homem for repreendido por uma mulher, cabe-lhe o direito de derrubá-la com um soco, desferir-lhe um pontapé e quebrar-lhe o nariz para que, assim desfigurada, não se deixe ver, envergonhada de sua face. E é bem merecido, por dirigir-se ao homem com maldade e linguajar ousado. Le Menagier de Paris (tratado de Conduta Moral e Costumes da França, séc. XIV).  As crianças, os idiotas, os lunáticos e as mulheres não podem e não têm capacidade para efetuar negócios. Henrique VII (rei da Inglaterra, séc XVI). A mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e algumas das artes. Friederich Hegel (filósofo e historiador alemão, séc. XIX). CEZAR-FERREIRA, Verônica A. da M. Uma visão do direito de família: sobre a função do pai aos olhos da lei. In.: POLITY, Elizabeth et al. (org.). Ainda existe a cadeira do papai? : conversando sobre o lugar do pai na atualidade. São Paulo:Vetor, 2004.

47 GÊNERO Expectativas quanto ao comportamento dos homens, segundo o modelo hegemônico latino de masculinidade: 1. Ser competitivo: o homem não pode ter medo. Tem que estar preparado para competir e vencer. 2. Ser sexualmente potente: precisa saber conquistar e manter mulheres ao seu lado. Um homem traído ou abandonado por sua mulher vê sua virilidade questionada. 3. Ter auto-controle: não pode mostrar fraqueza ou emotividade. 4. Ser um bom provedor: deve ser capaz de providenciar o sustento de sua família, sendo essa uma de suas principais funções. 5. Fazer-se respeitar pela mulher: não pode ser contestado por uma mulher diante de outros homens porque isso o desmoraliza. GUILMORE, David D. Menhood in the making: cultural concepts of masculinity. New Haven, Yale University Press, Apud: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência Intrafamiliar: orientação para prática em serviço. Brasília: Ministério de Saúde, 2001.

48 Em minha opinião, nossa cultura patriarcal centrada na dominação e na submissão, nas hierarquias, na desconfiança e no controle, na luta e na competição, é uma cultura geradora de violência porque vive em um espaço relacional inconsciente de negação do outro. MATURANA, H. Biología y violencia. In.: CODDOU, F. et al. Violencia; en sus distintos ambitos de expresion. Santiago de Chile: Dolmen, 1995.

49 Temas associados aos fatores de risco:
Normas vigentes da cultura patriarcal A violência como forma de resolução de conflitos Baixo Capital Social

50 Promoção de soluções pacíficas de conflito:
Atividades de estímulo à expressão Educação inclusiva: convívio com as diferenças Promoção da Cultura da Paz Facilitação de diálogo/ diálogo público Mediação transformativa Justiça restaurativa

51 Temas associados aos fatores de risco:
Normas vigentes da cultura patriarcal A violência como forma de resolução de conflitos Baixo Capital Social

52 CAPITAL SOCIAL A capacidade de organização de uma dada sociedade, ou seja, a capacidade das pessoas de estabelecerem relações de confiança, de cooperação, de associação em torno de interesses comuns. DE PAULA, Juarez. Desenvolvimento e gestão compartilhada. In: SILVEIRA, C. M. REIS, L. C. (org.). Desenvolvimento local: dinâmicas e estratégias. Rio de Janeiro: Comunidade Solidária/ Governo Federal/ RITS, 2001.

53 CAPITAL SOCIAL Em uma sociedade, quanto mais horizontais os padrões de organização e quanto mais democráticos os modos de regulação de conflitos, melhores condições estão dadas para a construção do capital social. DE PAULA, Juarez. Desenvolvimento e gestão compartilhada. In: SILVEIRA, C. M. REIS, L. C. (org.). Desenvolvimento local: dinâmicas e estratégias. Rio de Janeiro: Comunidade Solidária/ Governo Federal/ RITS, 2001.

54 DEMOCRACIA A democracia é um modo de regulação pacífica de conflitos, portanto, pressupõe a diferença, a diversidade, a tolerância, a convivência, a capacidade de concertamento de interesses e de construção de consensos; A democracia é um modo de organização participativa, que busca a desconcentração de poder, o compartilhamento de decisões e responsabilidades. DE PAULA, Juarez. Desenvolvimento e gestão compartilhada. In: SILVEIRA, C. M. REIS, L. C. (org.). Desenvolvimento local: dinâmicas e estratégias. Rio de Janeiro: Comunidade Solidária/ Governo Federal/ RITS, 2001.

55 DEMOCRACIA DAS RELAÇÕES EM DIFERENTES NÍVEIS
Ao longo do último meio século, especialmente nos países ocidentais, o casamento mudou de uma maneira fundamental. É, ao menos em princípio, um encontro de iguais e não uma relação patriarcal; é um laço emocional, forjado e mantido com base em atração pessoal, sexualidade e emoção, e não meramente por razões econômicas. Existem paralelos notáveis entre o que parece ser um bom relacionamento, na forma desenvolvida na literatura de terapia conjugal e sexual, e os mecanismos formais de democracia política. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Famílias e políticas públicas. In.: ACOSTA, A. R., VITALE, M. A. (org.). Família: redes, laços e políticas públicas. São Paulo: IEE/ PUC-SP, 2003.

56 A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS PESSOAIS
“Existe forte evidência de que uma rede social pessoal estável, sensível, ativa e confiável protege a pessoa contra doenças, atua como agente de ajuda e encaminhamento, afeta a pertinência e a rapidez da utilização de serviços de saúde, acelera os processos de cura e aumenta a sobrevida, ou seja, é geradora de saúde.” SLUZKI, Carlos E. A rede social na prática sistêmica; alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

57 Rede das famílias em situação de violência intrafamiliar
Comunitária Familiar Justiça Atenção ou serviços Igreja Família extensa Vizinhos Escola Família nuclear Amigos Trabalho Policial Hospital Centros de defesa Operadores do direito Juiz Conselhos Tutelares Centros de assistência social Legislador

58 Benefícios de uma rede de atenção ou serviços articulada e integrada:
potencializar a eficácia desses serviços; adequar referências e contrareferências; conhecer a redundância ou a inexistência de ações necessárias.

59

60 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
Consenso internacional sobre os benefícios que a igualdade de gênero proporciona às mulheres e aos próprios homens. Reconhecimento sobre a importância da igualdade de gênero para a garantia dos Direitos Humanos, da democracia, para a promoção da justiça econômica e a erradicação da pobreza. A igualdade de gênero ainda é percebida por amplos segmentos sociais como uma preocupação das mulheres. O reconhecimento da importância do engajamento de homens na promoção da igualdade de gênero é relativamente recente.

61 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
Fóruns intergovernamentais, nos últimos dez anos, ressaltaram o papel estratégico dos homens no processo de conquista da igualdade de gênero: Declaração de Beijing (1995) Compromisso dos signatários a encorajar os homens a participar ativamente de ações pela promoção da igualdade de gênero. Considera “a divisão eqüitativa de poder e responsabilidades entre homens e mulheres nos âmbitos da família e do trabalho essenciais tanto para o seu bem-estar quanto para o de suas famílias e para a consolidação da democracia”. Conferência Internacional da ONU sobre População e Desenvolvimento (Cairo,1994) Incentivo a paternidade responsável e o maior envolvimento dos homens no planejamento familiar, incluindo o maior cuidado com a saúde sexual e reprodutiva e com a saúde das crianças, além do seu engajamento na prevenção da violência contra a mulher e contra crianças. 48ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação da Mulher (2004) Elegeu como tema “O papel dos meninos e homens na promoção da igualdade de gênero”.

62 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
Um dos obstáculos identificados na 23ª Assembléia Geral das Nações Unidas (2000) para a implementação das determinações da Conferência de Beijing foi a persistência de estereótipos que explicam os insignificantes ou inexistentes incentivos para que homens alcancem o equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar.

63 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
As ações de prevenção à violência intrafamiliar e de gênero estão centradas, tradicionalmente, em ações de proteção e apoio às vítimas e unicamente de punição para os autores da violência. Esse modo de atuação reflete um reducionismo a fatores individuais, sejam biológicos ou intrapsíquicos, na compreensão das causas da violência e não abarca sua complexidade. Por esta via resta ao autor da violência somente a punição ou um tratamento. Todo o campo relacional e cultural fica relegado ao esquecimento ou à sua evolução “natural”, como se não nos coubesse nenhuma ação.

64 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
Considerar fatores culturais promove a incorporação de práticas que levam à reflexão sobre valores e ao que eles geram em termos de condutas. Descrever a relação entre violência e a masculinidade sob uma perspectiva sócio-cultural e, portanto, desnaturalizá-la, nos torna potentes para transformar o modelo hegemônico de masculinidade, dando voz e vez a outras masculinidades possíveis. Estamos todos imersos na cultura patriarcal, esta cultura da hierarquização, da dominação, da submissão, da desconfiança e do controle, da luta e da competição. Acreditamos que a violência de gênero praticada por homens não pode ser justificada de nenhum modo, sob qualquer circunstância ou pretexto. Ela deve ser interrompida com nosso trabalho e pelos autores de violência, quando assumem a responsabilidade por seus atos de violência e aumentam seus recursos para manejar conflitos em suas relações com os demais. Nesse sentido, refletir sobre os valores do patriarcado tem se mostrado potente instrumento de transformação das condutas.

65 POR QUE TRABALHAR COM OS HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA?
Reconhecemos a violência de gênero como uma construção social fruto de uma visão hierarquizada dos gêneros e não como uma patologia bio-psicológica. Por isso adotamos o termo “autor de violência” ao invés de “agressor”, pois o rótulo reduz o homem a seu comportamento violento, como se este fosse inerente a sua personalidade. Durante os grupos reflexivos, travamos um debate franco sobre violência e masculinidade. Este trabalho não é psicoterapêutico mesmo que tenha efeitos terapêuticos. Os grupos são considerados como um contexto para que os homens reflitam sobre temas do cotidiano masculino que não costumam ser discutidos. Nossas ações são complementares e não substituem outras ações legais, médicas ou psicoterápicas dirigidas a situações de violência intrafamiliar e de gênero. Sempre que necessário, os participantes são encaminhados a outras instituições ou serviços da rede local.

66 METODOLOGIA DOS GRUPOS REFLEXIVOS DE GÊNERO
GRUPO REFLEXIVO DE GÊNERO (GRG) O que é? É um espaço de convívio que propicia uma imersão crítica no cotidiano dos participantes. Nossa metodologia é uma construção interdisciplinar que utiliza instrumentos, sobretudo, dos campos da sociologia, da psicologia e da educação que privilegiam um estreito diálogo entre a teoria e a prática.

67 METODOLOGIA DOS GRUPOS REFLEXIVOS DE GÊNERO
COMO FUNCIONA O TRABALHO? Encontros grupais:  20 encontros 1 encontro por semana 2 horas por encontro 10 a 12 participantes por grupo 2 facilitadores equipe reflexiva

68 METODOLOGIA DOS GRUPOS REFLEXIVOS DE GÊNERO
Nos primeiros encontros: informação sobre nossa forma de trabalho; levantamento e hierarquização temática; acordo/contrato de convivência; acordo/contrato de não-violência ativa. Após os 20 encontros: avaliação: questionário e grupo focal acompanhamento/follow-up

69 ALGUNS RESULTADOS Os participantes dos grupos assumem sua responsabilidade e interrompem as diferentes formas de violência, resultando em baixa reincidência; Questionam a identidade masculina dominante e o processo de sua construção; Percebem que o modelo hegemônico de masculinidade põe em risco suas próprias vidas e a integridade dos que vivem com eles; Mostram insatisfação com a forma como historicamente o papel de provedor foi atribuído aos homens em nossa sociedade; Percebem a ligação existente entre a violência sofrida quando criança e a violência que cometeram e, alguns, observam a reprodução desses comportamentos em seus próprios filhos; Tornam-se conscientes que a violência é parte do repertório masculino de resolução de conflitos e de manutenção de poder; Percebem que, em geral, homens não cuidam de si mesmos ou de outros e que o cuidado é considerado um atributo feminino em nossa sociedade;

70 ALGUNS RESULTADOS Reconhecem mudanças qualitativas em suas relações pessoais: começam a escutar mais e a compartilhar responsabilidades, problemas e tarefas com aqueles com quem vivem; Relatam aumento na capacidade de diálogo, de expressão de afeto e de auto-estima (empoderamento); Descrevem maior e melhor satisfação no amor e no relacionamento sexual; Relatam que os conflitos atuais em seus relacionamentos com as mulheres surgem sem o componente da violência: ampliação de formas pacíficas de resolução de conflitos; Relatam sobre mobilização/ampliação de rede social; Manifestam um olhar crítico sobre o cotidiano e valorização do cidadão comum: aumento da percepção de cidadania; Efeito multiplicador da metodologia em diferentes espaços cotidianos (família extensa; local de trabalho).

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Rede de Homens pela Eqüidade de Gênero - RHEG Campanha Brasileira do Laço Branco

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Rede de Homens pela Eqüidade de Gênero - RHEG Campanha Brasileira do Laço Branco OBJETIVO GERAL Sensibilizar, envolver e mobilizar os homens no engajamento pelo fim da violência contra a mulher, em consonância com as ações dos movimentos organizados de mulheres, através de ações em saúde, educação, trabalho e ação social. No dia 20 de junho de 2007 o Presidente da República sancionou a Lei que institui o dia 6 de dezembro como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

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Rede de Homens pela Eqüidade de Gênero - RHEG Campanha Brasileira do Laço Branco A meta da campanha é desenvolver estratégias de comunicação de amplo impacto que promovam reflexões e condições que favoreçam mudanças de atitudes e comportamentos dos homens para que: adotem outras maneiras para resolver conflitos em substituição à violência; percebam que o silêncio é cúmplice da violência; participem como aliados nas iniciativas para eliminar a violência contra as mulheres.

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78 Certa vez, um velho índio norte-americano descreveu seus conflitos internos da seguinte maneira:
“Dentro de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando”. Quando lhe perguntaram qual cachorro ganhava a briga, o ancião parou, refletiu e respondeu: “Aquele que eu alimentar com mais freqüência ...”

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