O paradigma do Agenda Setting Redescoberta do poder do jornalismo

Apresentação em tema: "O paradigma do Agenda Setting Redescoberta do poder do jornalismo"— Transcrição da apresentação:

1 O paradigma do Agenda Setting Redescoberta do poder do jornalismo
TRAQUINA, Nelson. Revista Comunicação e Linguagens. Nº 21-22, Edições Cosmo. Lisboa, 1995. Universidade Federal de Goiás Mestrado em Comunicação, Cultura e Cidadania Disciplina Teorias da Comunicação Fran Rodrigues

2 Biografia Nelson Traquina
Dr. em Sociologia pela Universidade Paris V; Mestre em Política Internacional pela Universidade Paris I; Jornalista pelo Institut Français de Presse; Professor catedrático de Jornalismo da Universidade Nova de Lisboa; Presidente do Centro de Investigações Media e Jornalismo (CIMJ) desde sua fundação, em 1997;

3 Biografia Nelson Traquina
Teoriza as práticas jornalísticas; Discute os processos de produção das notícias por meio de uma análise sociológica; Recupera muitos autores de língua inglesa, disponibilizando, em português, a literatura científica basilar da communication research.

4 Bibliografia O Quarto Poder Fustrado (2005)
A Tribo Jornalística (2004) Teorias do Jornalismo (2004) Jornalismo Cívico (2003) O Que é Jornalismo (2002) O Jornalismo Português em Análise de Casos(2001) Estudo do Jornalismo no século XX (2001) O poder do Jornalismo: Análise e Textos da Teoria do Agendamento (2000) Big Show Media (1997) Jornalismo: Questões, Teorias e “Estórias” (1993)

5 O paradigma do Agenda Setting Redescoberta do poder do jornalismo
Análise da evolução do paradigma do agenda setting Ampliação do conceito inicial Reconhecimento do poder jornalístico Integra o agenda setting aos estudos de newsmaking, no contexto da sociologia do jornalismo

6 Relações entre Agenda Setting e Comunicação Política
Atual crítica ao poder dos meios de comunicação social como estratégia da classe política para “reduzir seu espaço de autonomia” (contexto português) O estudo empírico do agenda setting nasce nas eleições norte-americanas: influência dos media no voto.

7 Relações entre Agenda Setting e Comunicação Política
Política como habilidade de perceber que questões garantem o apoio público “A capacidade dos media em influenciar a projeção dos acontecimento na opinião pública confirma o seu importante papel na figuração da nossa realidade social, isto é, de um pseudo-ambiente, fabricado e montado quase completamente a partir dos mass media” (McCombs e Shaw, p. 7) Referências externas: Transformações da política (Gomes) Bios midiático (Thompson),

8 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
Veia central da communication research norte-americana Contexto dos primeiros estudos centrados sobre efeitos das mídias: Primeira Guerra Mundial Regimes totalitários Novos meios de comunicação e seu amplo alcance Teoria Hipodérmica e Sociedade de Massa Enfraquecimento dos laços tradicionais, isolamento do indivíduo e consequente manipulação

9 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
Pesquisas nas décadas de 40 e 50 evidenciam os limites do poder dos media e o papel das relações sociais, tornando-se paradigma dominante até o princípio da década de 60. Existem fatores mediadores que, porém, fazem da comunicação de massas um agente contributivo, mas não a única causa num processo de reforço das condições existentes (Klapper, 1960)

10 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
Anos 70. Nova geração de investigadores e insatisfação com o paradigma dos efeitos limitados: surgimento do paradigma do agenda setting. Estudo publicado em 1972, referente às eleições presidenciais norte-americanas de 1968. Regresso aos efeitos. Porém, estudando o papel dos media na formação e mudança de cognições.

11 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
A pesquisa de McCombs e Shaw: Entrevistas pessoais com 100 eleitores indecisos durante a campanha presidencial de 1968; “O que é que mais o preocupa de momento?” Os assuntos mencionados entre os 5 primeiros foram indexados à agenda pública; “As provas deste estudo de que os eleitores tendem a partilhar a definição composta dos media acerca do que é importante sugere fortemente uma função de agenda setting dos mass media” (McCombs e Shaw, 1972).

12 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
Lippman (The world outsite and the pictures in our heads, 1922) já sugeria uma relação causal entre agenda midiática e agenda pública. Cohen (1963): a imprensa pode não conseguir dizer às pessoas como pensar, mas diz ao seu público sobre o que pensar. McCombs e Shaw (1972) acrescentam dados empíricos e inauguram a designação Agenda Setting.

13 1. O estudo da problemática dos efeitos dos media
Estudos do Processo do Agenda Setting: Agenda mediática; Agenda pública; Agenda da política governamental. Preocupações: Importância das questões públicas; Opinião Pública na democracia; “Como ocorre a mudança social na sociedade moderna”.

14 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Distinção entre os media e os media noticiosos. Estudos geralmente baseados no conteúdo da agenda jornalística. Interseção entre literaturas:agenda setting e sociologia do jornalismo.

15 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Molotch e Lester (1974) categorizam participações na organização do trabalho jornalístico: News promoters – propõem agendas do campo político; News assemblers – determinam a agenda jornalística; News consumers – sujeitos à influência das mídias

16 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
A constituição de um acontecimento em notícia lhe oferece vida pública, visibilidade, importância, o posiciona como recurso de discussão. “Se os media não nos dizem nada acerca de um tópico ou de um acontecimento, na maioria dos casos, ele existirá apenas na nossa agenda pessoal” (McCombs, 1976).

17 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Concorrências Entre issues; Entre enquadramentos; No campo político: “Um objetivo primordial da luta política consiste em fazer concordar as suas necessidades de acontecimentos com as dos profissionais do campo jornalístico” (p. 197).

18 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Influências mútuas, mas certamente desiguais entre agendas Agenda das Agendas Públicas; Agenda jornalística Experiência direta, relacionamentos interpessoais.

19 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
“Que atores do campo político são os principais news promoters? Até que ponto são os atores do campo político e não outros agentes sociais as principais fontes?” “a agenda pública também pode influenciar a agenda das agendas políticas e a agenda jornalística”.

20 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Especificidade do campo jornalístico como organização formal. Lento e difícil processo de profissionalização: Conjunto de normas, rituais e valores; Ideologia profissional, cultura profissional, linguagem própria.

21 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
“Antropologicamente, a comunidade jornalística é uma tribo. As características e ideologia dessa tribo são um fator crucial na elaboração do produto jornalístico, na definição da agenda jornalística”. Partilha de valores quanto à importância ou interesse que uma ocorrência poderá ter Critérios de noticiabilidade, constituídos por um conjunto de valores-notícia.

22 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Variáveis determinantes na constituição da agenda jornalística Atuação dos próprios jornalistas: Critérios de noticiabilidade Ação estratégica dos news promoters e seus recursos. “a situação dos diversos news promoters não é igual no que diz respeito ao seu acesso ao campo jornalístico.

23 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Molotch e Lester (1974) concluem: “Contraditoriamente à tese de que o jornalismo constitui um contrapoder, o acesso ao campo jornalístico constitui uma das fontes e sustentáculos das já existentes relações de poder”.

24 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Com poder: recursos Sem poder: agitação, surpresa, movimentação, choque “os pouco poderosos perturbam o mundo social para perturbar as formas habituais de produção de acontecimentos”.

25 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
“Enquanto o acontecimento cria a notícia, a notícia cria o acontecimento” Tuchman, realidade seletiva/ construída, possuidora de sua própria validade interna. Elaboradas com padrões industrializados

26 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Saberes profissionais: De reconhecimento; De procedimento; De narração. Utilização de enquadramentos: “dispositivo interpretativo que estabelece os princípios de seleção e os códigos de ênfase na elaboração da notícia, na construção da estória” Exemplo: Guerra do Golfo

27 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Concorrência entre news promoter: Definição das ocorrências (direito de figurar na agenda jornalística); Definição do enquadramento (sugestão de interpretação para a opinião pública).

28 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Evolução do paradigma do agenda setting: Contrapõe os efeitos limitados; Comprova alguma relação causal; Complexificados os modelos de pesquisa e a influência da agenda jornalística sobre a opinião pública.

29 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
McCombs (1976): “Nem sempre funciona em relação a todas as questões e pessoas” Varia do grau de exposição aos meios de comunicação, da “necessidade de orientação”. “quanto mais o espectador está afastado do mundo dos acontecimentos públicos, mais forte é o poder de agenda setting dos noticiários”.

30 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Outras variáveis: Natureza do assunto: Obstrusive –relacionados à experiência direta; Inobstrusive – distantes, externos. Quadro temporal; Especificidade de cada meio (imprensa e televisão); Proximidade geográfica da questão; etc

31 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Iyengar e Kinder (1987) – Priming: “Também estabelece os critérios de avaliação que devem ser utilizados pelo público na apreciação do desempenho político de qualquer profissional do campo político”. As campanhas são alteradas e ajustadas de acordo com as necessidades e preferências dos media. O que pensar e como pensar.

32 2. Noticiabilidade das questões e agenda setting
Questões distantes Cobertura de saturação para quebrar a barreira da desatenção ou, em casos específicos, o fenômeno da incredibilidade. Watergate Golfo

33 3. À luz da teoria. Reflexões sobre a comunicação política em Portugal
Nos anos 90: Necessidade de conhecer melhor o campo jornalístico Estudos atuais apontam para a complexidade. “o paradigma do agenda setting alimenta uma multiplicidade de linhas de investigação que se estendem em direções cada vez mais distantes da premissa inicial”

34 3. À luz da teoria. Reflexões sobre a comunicação política em Portugal
A forte influência não pode transformar o jornalismo em bode expiatório da sociedade. Relação entre violência na TV e atos de violência. “O grau de autonomia do campo jornalístico é um fator que distingue as ditaduras das democracias: o aprofundamento da democracia e a melhoria da comunicação política passa, prioritariamente, pelo aprofundamento da liberdade de imprensa e não por sua restrição”.

35 3. À luz da teoria. Reflexões sobre a comunicação política em Portugal
“Torna-se insustentável negar o papel ativo que os jornalistas exercem na construção da realidade” Acesso à profissão; Questionar práticas; A identificação da profissão.

36 3. À luz da teoria. Reflexões sobre a comunicação política em Portugal
No jornalismo português: Concessão do anonimato às fontes de informação Porta giratória entre jornalismo e assessoria de imprensa Falta de rigor nas citações

37 3. À luz da teoria. Reflexões sobre a comunicação política em Portugal
“A autonomia do campo jornalístico implica um número crescente de jornalistas comprometidos única e exclusivamente com a sua própria profissão, substituindo outras militâncias, tal como a militância política, por uma militância profissional”.