CURSO: LICENCIATURA EM FÍSICA DISCIPLINA: DIDÁTICA PROFESSORA: Giovana G. Albino TEORIAS DA EDUCAÇÃO Dermeval Saviani.

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CURSO: LICENCIATURA EM FÍSICA DISCIPLINA: DIDÁTICA PROFESSORA: Giovana G. Albino TEORIAS DA EDUCAÇÃO Dermeval Saviani

1970: cerca de 50% dos alunos das escolas primárias desertavam em condições de semianalfabetismo ou de analfabetismo potencial. Nisto, desconsiderando-se o contingente de crianças em idade escolar sem acesso à escola, a priori marginalizadas dela.

No que diz respeito à marginalidade, as teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos: 1. as que entendem a educação como um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade; e, 2. as que entendem a educação como um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização.

A MARGINALIDADE É EXPLICADA SEGUNDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE. Grupo 1 A sociedade é harmoniosa. Visa a integração de seus membros. A marginalidade é um fenômeno acidental que afeta parte de seus membros, devendo ser corrigida.

A educação é um instrumento de correção dessas distorções A educação é um instrumento de correção dessas distorções. Uma força homogeneizadora que deve reforçar os laços sociais, promover a coesão e garantir a integração de todos no corpo social. Enquanto existir marginalidade deve-se manter os serviços educativos em um nível capaz de superá-la; depois, deve-se manter o nível para impedir seu reaparecimento.

Grupo 2 A sociedade é marcada pela divisão entre classes antagônicas que se relacionam à base da força, manifestada nas condições de produção da vida material; A marginalidade é um fenômeno inerente à própria sociedade. O grupo dominante se apropria dos resultados da produção social e deixa aos demais a condição de marginalizados; A educação é dependente da estrutura social geradora de marginalidade. Ela reforça a dominação legitimando a marginalização (cultural, social e escolar).

Grupo 1: teorias não-críticas Veem a educação como autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma. Grupo 2: teorias críticas Empenham-se em compreender a educação remetendo-a sempre aos seus condicionantes objetivos, ou seja, à estrutura socioeconômica.

GRUPO 1: TEORIAS NÃO-CRÍTICAS PEDAGOGIA TRADICIONAL Educação como direito de todos e dever do estado. Para superar a situação de opressão e ascender socialmente é necessário vencer a barreira da ignorância. Marginalidade = Ignorância. É marginalizado quem não é esclarecido. A escola é um antídoto à ignorância; um instrumento para equacionar o problema da marginalidade.

PEDAGOGIA NOVA Escola com poder de equalização social e de correção da marginalidade; O modelo tradicional mostrava-se inadequado; Marginalizado = Rejeitado (aquele não aceito por um grupo e, tão pouco, pela sociedade); A marginalidade não pode ser explicada pelas diferenças entre os homens, mas pelas diferenças no domínio do conhecimento, na participação do saber, no desempenho cognitivo.

A Escola Nova não conseguiu alterar os sistemas escolares (altos custos). Organizou-se em escolas experimentais ou núcleos voltados a pequenos grupos da elite; Agravou o problema da marginalidade. Surgimento da “Escola Nova Popular” (Freinet e Freire). Preocupação com os métodos pedagógicos do escolanovismo e atenção à eficiência instrumental. Emersão da Pedagogia Tecnicista.

PEDAGOGIA TECNICISTA Princípios: racionalidade, eficiência e produtividade; Processo de ensino objetivo e operacional, inspirado na produção fabril (mecanização do processo); Planejamento racional da educação, minimizando interferências e visando eficiência; Propostas pedagógicas com enfoque sistêmico, como: microensino, tele-ensino, instrução programada etc.; Parcelamento do trabalho pedagógico com especialização das funções e dos técnicos;

Organização racional dos meios Organização racional dos meios. Professor e alunos ocupam a função de executores; Marginalizado = Incompetente (ineficiente, improdutivo); A educação contribuirá para superar a marginalidade na medida em que formar indivíduos eficientes, aptos a dar sua parcela de contribuição para aumentar a produtividade da sociedade;

Se para a pedagogia tradicional a questão central é aprender e para a pedagogia nova, aprender a aprender, para a pedagogia tecnicista o que importa é aprender a fazer.

TEORIAS NÃO CRÍTICAS Concebem a marginalidade como um desvio e a educação com a função de corrigi-lo. A ação da educação sobre a sociedade independe das determinações sociais que acometem o fenômeno educativo.

TEORIAS CRÍTICAS Não é possível compreender a educação desconsiderando seus condicionantes sociais. Existe uma dependência da educação em relação à sociedade. “A função própria da educação consiste na reprodução da sociedade em que ela se insere. Logo, a denominação deve ser de “teorias crítico-reprodutivistas”.” (SAVIANI, 2009)

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DE ESTADO (AIE) TEORIA DA ESCOLA DUALISTA

TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO COMO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Está desenvolvida na obra A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino de Boudieu e Passeron (1975); Toda sociedade se estrutura como um sistema de relações de força material entre grupos ou classes. Sobre essa força material e sob a sua determinação, evidencia-se um sistema de força simbólica (dominação cultural) cujo papel é reforçar, por dissimulação, as relações de força material.

A violência simbólica manifesta-se de múltiplas formas: formação da opinião pública pelos meios de comunicação de massa, jornais etc.; pregação religiosa; atividade artística e literária; propaganda e moda; educação familiar etc. A ação pedagógica potencializa a imposição arbitrária da cultura (também arbitrária) dos grupos ou classes dominantes aos grupos ou classes dominados.

A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais. Pela reprodução cultural, ela contribui especificamente para a reprodução social. Marginalizados são os grupos ou classes dominados porque não possuem força material (capital econômico) e força simbólica (capital cultural). A educação, longe de ser um fator de superação da marginalidade, constitui um elemento reforçador dela; Toda tentativa de utilizar a educação como instrumento de superação da marginalidade não é apenas uma ilusão. É a forma pela qual ela dissimula e, por isso, cumpre eficazmente a sua função de marginalizadora.

TEORIA DA ESCOLA COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (AIE) Segundo Althusser (1970) existem os Aparelhos Repressivos de Estado: o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões etc.; e os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE): 1. O AIE religioso (o sistema das diferentes igrejas); 2. O AIE escolar (o sistema das diferentes escolas públicas e particulares); 3. O AIE familiar; 4. O AIE jurídico; 5. O AIE político (o sistema político de que fazem parte os diferentes partidos); 6. O AIE sindical; 7. O AIE da informação (imprensa, rádio, televisão etc.); 8. O AIE cultural (Letras, Belas-Artes, desportos etc.)

Os primeiros funcionam massivamente pela violência e secundariamente pela ideologia e os segundos trabalham massivamente pela ideologia e secundariamente pela repressão. Como AIE dominante, a escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção capitalista. Ela toma a si todas as crianças de todas as classes sociais e inculca-lhes durante anos a fio de audiência obrigatória “saberes práticos” envolvidos na ideologia dominante.

Marginalizada é a classe trabalhadora Marginalizada é a classe trabalhadora. O AIE escolar, em lugar de instrumento de equalização social, constitui um mecanismo construído pela burguesia para garantir e perpetuar seus interesses. As “teorias não críticas” ao assumirem a educação como um instrumento de equalização social e de correção da marginalidade, assumem a posição de ideológicas, isto é, dissimulam, para reproduzir as condições de marginalidade em que vivem as camadas trabalhadoras. A luta de classes (diluída sob a dominação burguesa) resulta heróica, mas inglória, por não ter qualquer chance de êxito.

TEORIA DA ESCOLA DUALISTA Teoria elaborada por Baudelot e Establet e exposta no livro L’École Capitaliste em France (1971); Apesar da escola apelar para uma aparência unitária e unificadora, ela é dividida em duas grandes redes correspondentes à divisão da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado; Como AIE, a escola cumpre duas funções: contribui para a formação da força de trabalho e para a inculcação da ideologia burguesa; Todas as práticas escolares, ainda que contenham elementos que implicam um saber objetivo, são práticas de inculcação ideológica.

Apesar da existência de uma ideologia do proletariado, originada fora da escola, nas massas operárias e em suas organizações, a escola serve aos interesses da burguesia. Considerando a força autônoma do proletariado, a escola tem por missão impedir o desenvolvimento da ideologia do proletariado e da luta revolucionária. Para isso ela é organizada pela burguesia como um aparelho separado da produção.

A escola qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o manual, sujeitando o proletariado à ideologia burguesa sob o disfarce do pequeno-burguês; Ao invés da equalização social, ela constitui-se em um fator de marginalização: converte os trabalhadores em marginais, inclusive em relação ao próprio movimento proletário; A possibilidade de que a escola se constitua num instrumento de luta do proletariado fica descartada, uma vez que a ideologia proletária adquire sua forma no seio das massas e não cogita a utilização da escola como meio de difundir-se.

CONCLUINDO... As teorias crítico-reprodutivistas não contêm uma proposta pedagógica. Empenham-se em explicar o mecanismo de funcionamento da escola tal como está constituída. A escola não poderia ser diferente do que é em vista dos determinantes materiais que a tomam;

Ao invés de buscarem resolver o problema da marginalidade, como queriam as teorias não-críticas, as teorias crítico-reprodutivistas explicam a razão do suposto fracasso. O aparente fracasso é, na verdade, o êxito da escola; aquilo que se julga ser uma disfunção é, antes, a função própria da escola. Sendo um instrumento de reprodução das relações de produção, a escola na sociedade capitalista reproduz a dominação e a exploração. Daí o seu caráter segregador e marginalizador; a sua natureza seletiva.