Mariátegui e Haya de la Torres Nacionalismo e anti-imperialismo

O mundo de Mariátegui e Haya começo do século XX Países latino-americanos submetidos ao controle político e econômico das potências europeias (imperialismo) Peru governado pelo Partido Civil de grandes proprietários desde fim do século XIX Núcleo de operários anarquistas peruanos agrupa-se no Centro de Estudos 1º de maio, A grande massa de camponeses indígenas no Peru vive em comunidades (ayllus) e isoladas das cidades Sublevação em Lima em fevereiro de 1914, quando assume o poder o coronel Benavides Em maio de 1915 assume o poder o presidente José Pardo 3 de julho de 1919: Pardo é deposto e Augusto Leguía assume com discurso progressista

Alguns precursores do pensamento latino- americano e anti-imperialista  Simon Bolívar, a unidade latino-americana  Domingo Sarmiento, civilização e barbárie  Enrique Rodó, o Ariel e a nordomania  José Martí, Nuestra América  Manoel Bonfim, Males de origem  González Prada, anarquista peruano que influencia Mariátegui e Haya de la Torre  German Arciniegas escrevia: "nossa cultura não é européia”  Alfredo Palácios: “Os elementos de cultura não entreguista é que os intelectuais e políticos procuram encontrar, aglutinar e cimentar, pois esse é o único caminho capaz de salvar Indoamérica”

A formação de Mariátegui no Peru Nasce em 1895 A formação do intelectual autodidata Desenvolve atividades no jornal La Prensa desde 1909 Envolve-se com grupos literários e de teatro. Escreve críticas e poesias Funda em 1919 o jornal oposicionista La Razón, sofre pressões da igreja católica e setores conservadores Leguía (1919) passa a perseguir movimentos operários e estudantis Mariátegui é pressionado a sair do Peru e viajar para a Itália (outubro de 1919)

A América Latina até 1919 Na América Latina movimento operário e grupos socialistas e anarquistas dão seus primeiros passos Revolução mexicana de tem grande influência Movimento pela reforma universitária em 1919, (Córdoba- Argentina) agita a juventude universitária Grande impacto da revolução russa de 1917 nos movimentos operários

O exílio europeu de Mariátegui e as mudanças no movimento operário A consolidação da revolução russa de 1917 e a Guerra Civil até 1921 Fundação da IIIª Internacional Comunista em 1919 (partidos comunistas) Contato de Mariátegui com a revolução alemã de Vive seis meses na Alemanha. Acompanha de perto os debates de formação do partido comunista italiano. Contatos com Antônio Gramsci. Influências de George Sorel e do sindicalismo revolucionário

A militância política e cultural De volta ao Peru (1923) ministra palestras nas universidades populares Gonzáles Prada, ligadas ao então líder estudantil Haya de la Torre Colabora com as revistas Claridad e Variedades Adere à PARA com o frente anti- imperialista Funda a revista Amauta em 1926, como diz seu 1º editorial: “Amauta não é uma tribuna livre, aberta a todos os ventos do espírito... Sentimo-nos uma força beligerante, polêmica... Para nós há ideias boas e ideias más... Já escrevi que sou um homem com uma filiação e uma fé. O mesmo posso dizer desta revista, que rechaça tudo que é contrário à sua ideologia.”

Haya de la Torre Ele nasceu em Aos 22 anos, quando chega à capital, mergulha na luta revolucionária contra o "civilismo", o militarismo, a oligarquia, tendo como inspirador Manuel Gonzalez Prada Haya e a Reforma Universitária iniciada em Córdoba em 1919 as "Universidades Populares González Prada O exílio no México (maio 1923) A fundação da APRA (7 de maio de 1924)O seu programa destacava: 1-a ação contra o imperialismo; 2-pela unidade política da América latina; 3-pela nacionalização das terras e das indústrias; 4-pela interamericanização no canal do Panamá; 5-pela solidariedade a todos os povos e classes oprimidos do mundo.“ O revolucionário da ordem: “o fundamental é conter o imperialismo e não destruir o capitalismo”

A educação das massas trabalhadoras A preocupação de Mariátegui com a educação dos trabalhadores aparece em várias de suas iniciativas:  Participação nas Universidades Populares González Prada (conferências)  Elaboração do projeto pelo Ateneo de Estudios Sociales y Económicos (1925)  Na proposta de fundação da CGTP é criada a Oficina de Auto-educação Obrera, sob sua responsabilidade e com planos de estudos, materiais de apoio e metodologia educativa dirigida aos trabalhadores  Criação do jornal LABOR dirigido à luta política socialista e formação dos trabalhadores

A militância socialista 1927, polícia invade sua casa: acusado de agitação subversiva 1928: ruptura com Haya de la Torre Fundação do Partido Socialista Peruano e do jornal Labor, propondo liberdade sindical e unidade dos trabalhadores Grupo de Mariátegui envia 2 delegados peruanos ao congresso mundial da 3ª Internacional Comunista em 1928 Publica sua obra maior: “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana” Publica série de artigos intitulada “Defesa do marxismo”

A questão anti-imperialista “Nem a burguesia nem a pequena-burguesia no poder podem fazer uma política anti- imperialista: temos a experiência do México. ” O imperialismo aprofunda a desigualdade ao desenvolver parcialmente as economias da América Latina A revolução socialista deve ser vista como única alternativa para superar o atraso econômico O campesinato indígena é aliado

A economia colonial e a conquista “Os conquistadores espanhois destruíram, naturalmente sem conseguir substituí-la, esta formidável máquina de produção. A sociedade indígena e a conquista incaica foram desagregadas e aniquiladas pelo golpe da conquista. Quebrados os vínculos de unidade, a nação dissolveu-se em comunidades dispersas. O trabalho indígena deixou de funcionar de maneira solidária e orgânica.” (Livro: “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”)

A economia após a independência, o latifúndio e a ausência de burguesia “A classe latifundiária não conseguiu transformar-se numa burguesia capitalista, dona da economia nacional. A mineração, o comércio e os transportes encontram-se nas mãos do capital estrangeiro.” (Livro: “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”)

A teoria da revolução em Mariátegui Busca construir uma perspectiva revolucionária e marxista para a região Via a Apra como frente única anti- imperialista e não como partido O proletariado deveria organizar-se com autonomia da burguesia Para Mariátegui a massa indígena havia se desintegrado como nação, eram camponeses, classe social e aliada dos operários A questão indígena era essencialmente uma questão econômica

Os indígenas e a revolução socialista “Não é a civilização, não é o alfabeto do branco o que enobrece a alma do índio. É o mito, a ideia da revolução socialista. A esperança indígena é totalmente revolucionária.(...) O socialismo ensinou-nos a colocar o problema indígena em novos termos. Deixamos de considerá-lo abertamente como problema étnico ou moral para reconhecê-lo concretamente como problema social, econômico e político.” (livro: Sete ensaios de interpretação da realidade peruana)

A organização dos movimentos operário e camponês Fundação da Central Geral dos Trabalhadores Peruanos ( ) Lança “Manifesto aos trabalhadores” em que critica os anarquistas e propõe uma organização geral e legal para defesa dos trabalhadores em geral Participa com teses no Congresso Sindical Latino-americano (Montevidéu) Participação na 1ª conferência de partidos comunistas da América Latina. Ataques do stalinismo às suas ideias contrárias à alianças com as burguesias latino-americanas

Mariátegui e seu choque com as posições da IIIª Internacional - Avaliação da incapacidade de um desenvolvimento nacional e autônomo do Peru (internacionalismo) - Somente a ação do proletariado poderia assumir defesa “revolução democrático-burguesa” - O proletariado deveria agir independente da burguesia - O marxismo é visto como uma teoria em constante transformação - A ação revolucionária dependeria da ação consciente dos trabalhadores

Sua influência prosseguiu Em 16 de abril de 1930, aos 35 anos, Mariatégui faleceu em Lima Apristas e stalinistas tentaram aproximá-lo de suas propostas após sua morte A sua obra dispersa em artigos foi toda editada em livros, alguns traduzidos ao português Seus últimos artigos e estudos demonstravam uma grande preocupação em fazer um balanço da Revolução Mexicana A perspectiva da revolução socialista na América Latina teve em Mariátegui um primeiro elaborador original, que foi além de meramente reproduzir teses externas sem estudar a realidade, as contradições e a luta social no continente.

Leituras: Mariátegui, José Carlos. Do sonho às coisas, Boitempo editorial, 2005 ___________________. Sete ensaios de interpretação da realidade peruana, editora Expressão Popular Mariátegui, coleção grandes cientistas sociais nº 27, editora Ática, Escorsim, Leila. Mariátegui vida e obra, editora Expressão Popular, 2006 Amayo, Enrique e Segatto, José A. (orgs.). J. C. Mariátegui e o marxismo na América Latina, editora Cultura Acadêmica, 2002