Alimentação Indígena Márcia Regina Garcia.

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Transcrição da apresentação:

Alimentação Indígena Márcia Regina Garcia

A contribuição indígena O primeiro depoimento sobre a alimentação indígena é a carta de Pero Vaz de Caminha. O capitão da embarcação e também responsável pela descoberta do Brasil, Pedro Álvares Cabral, relata o comportamento dos ameríndios: “deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, mel e fogos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; se alguma coisa provaram, logo a lançavam fora”. O mesmo ocorreu com a água e com o vinho, mas apenas a princípio, pois foram se acostumando aos poucos com o que os europeus lhes ofereciam.

PRÉ COLONIZAÇÃO ATIVIDADE COLETORA; VIVIAM ÀS CUSTAS DA NATUREZA, COLETANDO PLANTAS, ANIMAIS DA TERRA, DO MAR OU DOS RIOS; AGRICULTURA RUDIMENTAR; CONSIDERADOS ÓTIMOS CAÇADORES E PESCADORES: POSSUÍAM ARCO E FLECHA; MULHERES: TRABALHOS AGRÍCOLAS E ATIVIDADES COLETORAS.

HOMENS: ASSAVAM OS ALIMENTOS; MULHERES: COZINHAVAM – INVENTORAS DE PANELAS DE BARRO, CERÂMICA, VASILHAS E PRATOS; NÃO CONHECIAM CANA DE AÇÚCAR: UTILIZAM MEL – TAMBÉM PARA PREPARO DE BEBIDAS; SAL: OBTIDO DA VEGETAÇÃO E NÃO DA ÁGUA DO MAR; 1549: PADRE MANOEL DA NÓBREGA: ALIMENTO COMUM: RAIZ DE PAU – MANDIOCA.

ALIMENTOS MAIS IMPORTANTES RAÍZES, FOLHAS, LEGUMES E FRUTOS; ABACAXI, CAJU, JABUTICABA, CAJÁ, ARAÇÁ, GOIABA, MARACUJÁ, MAMÃO, LARANJA, LIMÃO, CASTANHAS, MANDIOCA, MILHO, CARÁ, FEIJÕES, FAVAS, AMENDOIM; PREPARAVAM BEBIDAS FERMENTADAS: MULHERES UTILIZAVAM MILHO, MANDIOCA, CUPUAÇU, AÇAÍ, BURITI; ERAM FORTIFICANTES E DELICIOSAS, APESAR DE SEREM MASTIGADAS PARA INICIAR A FERMENTAÇÃO.

NÃO TINHAM ÁGUA EM CASA, BEBIAM DIRETO DA FONTE; CARNES COMUMENTE CONSUMIDAS: MACACO, ANTAS, PEIXES, PACAS, COTIAS, GAVIÕES, LAGARTOS, PORCOS, COBRAS CASCAVEL. Padre Anchieta descreve textualmente esses hábitos: “quase todos os índios tomam ao fogo e comem dessas cobras e de outras, depois de lhe tirarem a cabeça; assim como não poupam os sapos, lagartos, ratos e outros animais desse gênero”.

PEIXES PESCADA; MANDUBI; MAPARÁ; ACARÁ; SURUBIM; TUCUNARÉ; RAIAS; PIRARUCU; PEIXE-BOI; PACU; CRUSTÁCEOS.

Antropofagia Carne humana: prato festivo, apreciado após os combates; Só comiam do prisioneiro de guerra após comprovação de heroísmo; Assimilação das características do inimigo.

Não havia escassez de alimentos; Emigração em busca de terras mais férteis, com maior abundância de caças; Força e resistência física dessa população.

Exemplos da contribuição indígena Uso da polpa de buriti no preparo de refrescos e outras preparações; Uso da mandioca na alimentação; Refresco de guaraná: utilizavam para caçar, curar febres, dores de cabeça e cãibras. Efeito diurético.

Paçoca: preparado com carne assada e farinha de mandioca, esmagado no pilão. Alimento muito usado pelos bandeirantes; Hábito de comer camarão, lagosta e caranguejo com molho de pimenta;

Moqueca: modo de preparo do peixe, feito no moquem (utensílio para cozinhar peixe); Caruru: prato à base de vegetais como mostarda ou taioba, que acompanha os mais diferentes tipos de carnes; Mingau, pirão, beiju, pimenta, chimarrão.

Cozinha brasileira: sofreu várias influências, mas a culinária indígena não se dissolveu na aculturação, como a culinária negra,hoje dificilmente legítima. Comida indígena: permaneceu relativamente fiel aos modelos quinhentistas e aos padrões da própria elaboração das farinhas, assados de carne e peixe, bebidas de frutas.

Contribuição dos portugueses na alimentação brasileira

Primeiros relatos Quem primeiro comeu comida brasileira foram os tripulantes da frota de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. Relataram a existência de produtos como palmito, inhame e camarão. Índios: não gostam das iguarias portuguesas, bom estado de saúde.

Tinham medo dela, não queriam por a mão. Primeiro tabu indígena: Tinham medo dela, não queriam por a mão.

Colonos europeus: “obrigados” a se ajustar ao tipo de economia alimentar. Organizavam roças à maneira dos índios e promoviam, com a ajuda destes, a caça e a pesca. Peixadas: tornaram-se indispensáveis para os banquetes e festanças.

Adaptação: não impediu que os portugueses introduzissem produtos do além-mar, como gado, cereais,trigo, aves, couve, alface, pepino, abóbora, lentilha, etc. Alho, cebola, cominho, coentro e gengibre são heranças das primeiras hortas lusitanas em terras tupiniquins.

Portugueses: habituados a tomar vinho e encontraram sucedâneo nas bebidas indígenas: milho cozido em água com mel.

Primeiros tempos: fartura. Durou pouco por 2 motivos: o aumento da população e o advento da monocultura da cana de açúcar. Essa cultura estimulou a produção de doces e de cachaça; Passou a fazer estragos sobretudo entre as populações ameríndias, prejudicando a saúde destes.

Produção de gêneros alimentícios - pequena: acentuação da divisão da sociedade em classe dominante e dominada; Começo da deficiência de vitaminas,principalmente da vitamina A.

Festas introduzidas pelos portugueses

Descoberta do ouro

Bandeirantes descobrem as minas de ouro, provocando êxodo da população costeira para a região das minas. Todos querem garimpar. Ninguém plantava. No meio de tanto ouro, morria-se de fome. Quem tinha alimentos para vender enriquecia facilmente.

Alimentos trazidos da Europa Gado; Sarapatel, panelada, buchada ou

Sarapatel ou sarrabulho: Alimento preparado com sangue e vísceras de porco e carneiro. Português aprendeu na Índia.

Panelada ou buchada: preparada com vísceras assadas em grelha ou chapa de fogão, origem castelhana. Influência do espanhol.

Não conheciam carne bovina

Outros alimentos Pães de vários cereais: trigo, cevada, centeio, aveia; Frutas: figo, uva, maçã, pêssego, romã, cidra, tâmaras, melão, melancia; Arroz, pepino; Mostarda e diversos condimentos e ervas.

Feijoada: modelo aculturado do cozido português com feijão e carne seca.

Novos hábitos Valorização do sal; Introdução do açúcar; Doces de ovos, marmelada, goiabada, cajuada, etc. Fritura e óleo vegetal; Presunto, salsicha, chouriço.

Registros sobre alimentação dos portugueses durante o período colonial D. João VI: comia o que lhe mandavam; Pratos prediletos: frango, galinha e arroz com chouriço.

Almoço de D. Pedro I e sua esposa, princesa Maria da Glória: toucinho servido com arroz, couve, batata (inglesa ou doce), pepino cozido e carne assada.

D. Pedro II: seu prato predileto era a canja.

Campos Sales, presidente do Brasil de 1898 a 1902, adorava maracujás.

Rui Barbosa, foi deputado, senador e ministro, adorava moela e fígado.

Contribuição dos africanos

Antes dos escravos africanos chegarem ao Brasil, eles já haviam recebido uma espécie de “curso prévio de alimentação local”. Tinham comido milho, farinha de mandioca, aipim e diferentes tipos de feijões, além de tomarem cachaça.

Os negros faziam farinha, já conhecida pelos brasileiros. Comiam milho sempre cozido, em forma de papa, angu ou fervido com leite de vaca, em preparo semelhante ao atual mungunzá.

Banana: herança africana no século XVI

Comum nas plantações brasileiras, cercava as casas dos povoados e as ocas das malocas indígenas, e decorava a paisagem com o lento agitar de suas folhas; Nenhuma fruta teve popularidade tão fulminante e decisiva, juntamente com o amendoim.

contribuição africana para a alimentação do Brasil, em quantidade, A banana foi a maior contribuição africana para a alimentação do Brasil, em quantidade, distribuição e consumo.

Alimentos vindos da África Manga; Jaca; Arroz; Cana de açúcar; Coco; Leite de coco; Azeite de dendê.

Alimentos levados pelos africanos Mandioca; caju; Abacaxi; Mamão; Abacate; Batata; Cajá; Goiaba.

Palmeira do dendê foi cultivada em Salvador, o maior centro demográfico da época, onde a presença africana tornou-se marcante.

O uso do dendê era transmitido pelos escravos e as negras que serviam nas residências dos brancos. Eles impunham o azeite-de-dendê como a cozinheira portuguesa impunha o uso do azeite de oliva.

Quando o Rio se tornou capital do Brasil (1763) e a população aumentou, exigindo maior número de escravos, o azeite-de-dendê acompanhou o negro, seja nas frituras de peixe, ensopados, escabeches ou nos refogados.

As extensas plantações de açúcar, o ciclo do ouro e dos diamantes e o surto cafeeiro fizeram com que grande parte da população negra se deslocasse em direção a PE, MG e SP. Mas nessas regiões, a culinária africana não conseguiu se impor com a mesma força.

Em parte alguma a cozinha africana conservou a cor e o sabor que se mantiveram na Bahia.

Plantações da população negra Quiabo, Caruru, Inhame, Erva doce, Gengibre, Açafrão; Gergelim; Amendoim; Melancia.

Pimenta africana, cujo nome localizava a origem, Malagueta. A malagueta apenas aumentou o prestígio das pimentas brasileiras, que também dominaram o continente africano.

Único animal africano que continua colaborando no cardápio brasileiro é a galinha-d’angola.

Cardápio dos escravos Propriedade abastada: farinha e mandioca, feijão preto, toucinho, carne seca, laranja banana, canjica.

Propriedades mais humildes: um pouco de farinha, laranjas e bananas. Angu de milho: escravos de MG, GO e MG, além da caça e pesca ocasionais.

Região Norte: alguns tipos de peixes e “bucha” com carne de carneiro – atual buchada de bode; Pirão: bem aceito, pois não tinham tempo para comer.

O negro criou um jeito de fazer render a pouca comida que recebia: inventou o pirão escaldado chamado massapê, feito com farinha de mandioca e água fervente, acrescido de pimenta malagueta. O massapê ainda é usado em nosso meio rural.

O escravo dos engenhos de açúcar se alimentava de mel com farinha. Bebia caldo de cana, cachaça, mel com água, sucos e café.

Exemplos de pratos brasileiros de origem africana Abará ou abalá: bolo de feijão fradinho cozido com sal, pimenta, azeite de dendê e camarão seco. É enrolado em folhas de bananeira e cozido no vapor.

Aberém: massa de milho cozida em banho-maria, sem levar tempero Aberém: massa de milho cozida em banho-maria, sem levar tempero. Acompanha vatapá, caruru.

Acarajé: massa de feijão fradinho, com condimentos Acarajé: massa de feijão fradinho, com condimentos. Forma uma espécie de bolinho e é frito no azeite de dendê. Serve-se com camarão, pimenta etc.

Come-se puro ou com carne ou pescado. Bobó: massa que pode ser de feijão mulatinho, inhame, aipim. É cozida e temperada com azeite de dendê, camarão e condimentos. Come-se puro ou com carne ou pescado.

Cuscuz: massa de milho pilada, cozida e umedecida com leite de coco (o original africano era feito com arroz e com outros condimentos ao invés do leite de coco).

Cuxá: diz-se no Maranhão do arroz cozido, temperado com folhas de vinagreira, quiabo, gergelim torrado e farinha de mandioca.

Mungunzá: milho cozido com leite de vaca ou de coco.

Quibebe: sopa de abóbora com leite de vaca ou coco. Há variações com carne seca, toucinho, quiabo, maxixe etc.

Vatapá: um tipo de caldo grosso feito de pão dormido, farinha de trigo e camarões, servido com peixe, bacalhau ou galinha, acrescido de pimenta, azeite de dendê, leite de coco e condimentos.

Em Salvador houve concentração negra mais homogênea, o que possibilitou a defesa das velhas comidas africanas, ao contrário das demais regiões. Foi ao redor das crenças, em especial do candomblé, que a comida africana manteve os elementos primários de sua sobrevivência.