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Mapa do Nordeste, a região mais pobre do Brasil Mapa do Nordeste, a região mais pobre do Brasil. A pequena cidade de Queimadas, Paraíba. Duas paisagens do semiárido nordestino. Duas fotos de favelas do Recife, Pernambuco.

A Opção pelos Miseráveis A região Nordeste do Brasil abrange nove Estados em uma área de 1,6 milhão de km² – maior que os territórios de Inglaterra, França, Alemanha e Itália reunidos. Abriga 56 milhões de pessoas – mais que a população da Inglaterra. É a região mais pobre do país. A renda per capita era de US$ 3 mil em 2010, escassos 8 dólares por dia. Sua imensa área semi-árida sofre longos e habituais períodos de seca. As maiores cidades apresentam grandes favelas, com gravíssimo quadro social. Em 1947, ano em que o pesquisador nasceu, logo após a II Guerra Mundial, a situação era ainda mais grave, a miséria dominante nos campos e nas cidades. Em quadro político de absoluto atraso, as oligarquias locais e regionais, sob o mando dos chamados “coronéis” rurais e urbanos, dominavam a economia e a formação dos governos estaduais e municipais. Uma estratificação que produzia o mais absoluto atraso político, econômico e social. A atuação da SUDENE, órgão do Governo Federal, direcionando recursos para uma incipiente industrialização, aliviaria a pobreza regional, mas provocaria o inchaço urbano e a proliferação de imensas áreas faveladas. Foi nesse ambiente que o pesquisador Pedro Muniz nasceu e viveu. Filho de pequeno agricultor, daqueles heróis que em terra árida criam um pouco de gado. E plantam milho, feijão e algodão usando toscos instrumentos, como a enxada e o arado.

Seu pai, também Pedro, chegou a usar a enxada e o arado com as suas mãos. Depois se tornaria comerciante e beneficiador de algodão. Sua mãe, Lourdes, da atividade doméstica, como quase todas as mulheres da região. O advento da industrialização ainda não levara a mulher para a condição de operária. Menos ainda, de empresária. Desde cedo o pesquisador conviveu com a pobreza, a miséria, o sofrimento do povo, as grandes disparidades sociais, os desmandos políticos e econômicos. Ainda criança, vivenciou as secas. De perto, conheceu a mortalidade infantil. Crianças com quem convivia morrendo por falta de comida e remédio. Viu famílias sendo dizimadas pela fome. Presenciou populações flageladas invadindo e saqueando cidades. Pessoas honestas em busca de comida. Esses fatos seriam provocadores de questionamentos: -Por que tanto sofrimento? Por que tanta injustiça? Por que tanta miséria? Em Recife, Pernambuco, os seus questionamentos se aprofundariam no contato com as favelas e as penitenciárias, nas quais faria trabalhos assistenciais e apoiaria a criação e a manutenção de ONGs em atividades de gênero, cidadania e educação. Depois, como advogado e membro da OAB, atuaria na defesa dos direitos humanos nos presídios, em razão das perversas condições carcerárias de suas populações. O próprio pesquisador sofreu na pele as dificuldades da região, e teria de lutar para vencer desafios.

Aos 11 anos, uma doença nas articulações o deixa paralítico por quase dois anos, mas é curado e sobrevive graças à intervenção de um médico jovem e negro, Dr. Geraldo Gomes. O tratamento hoje seria fácil. Mas, na época, era difícil a assistência médica. Após 7 anos, ingressa na Faculdade de Ciências Médicas de Recife. Depois, na Faculdade de Sociologia. Com o país em crise e o Nordeste sendo a região mais afetada, Muniz é forçado a deixar os dois cursos por insuficiência de recursos financeiros. Vencendo o novo desafio, Muniz ingressa na sesquicentenária Faculdade de Direito do Recife, órgão federal, onde seria graduado. Mais adiante faria o curso de mestrado de Administração, em convênio entre a Universidade de Pernambuco e a Universidad Autónoma de Madrid (Espanha). Na vida universitária, como líder dos estudantes e presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito, aderiu aos movimentos contra a ditadura, por uma Assembléia Nacional Constituinte e pelas Diretas Já, na ala autêntica do MDB. Dirigiu manifestações que literalmente pararam o centro do Recife. Foi preso pela ditadura e impedido de fazer o mestrado de Direito.

Após um início de trabalho no escritório da ONU no Rio de Janeiro, em projetos da OENG - Organização das Entidades Não-Governamentais, passa a trabalhar em corporações como Embratel, General Electric e C.C. Brahma. A seguir, torna-se consultor de grandes empresas e entidades, como Coca-Cola, grupo Votorantim, Brahma e Skol, rede Bompreço (hoje Wall-Mart), Banco Mundial da Mulher, Fiepe, Senac, Sebrae, entre muitas. No entanto, abdica de uma carreira profissional nas grandes corporações e de uma carreira política proposta pelo Senador Marcos Freire. Toma a opção de abandonar a vida empresarial para ter condições de pesquisar e escrever. Deixa uma vida de viagens contínuas. Começa a ensinar em faculdades de Administração no Nordeste. Sua renda cai substancialmente. Nesse período, passa por muitas dificuldades com a família. Para financiar uma pesquisa que consumiu mais de 200 mil dólares de recursos próprios, muda-se de um apartamento na beira-mar para uma casa em bairro do subúrbio. Vende seus dois carros. Chega a faltar-lhe o dinheiro para a “feira”, a roupa, o gás e até o colégio dos filhos. Abdica de confortos com a família. Mas não abandona as pesquisas.

Porém, é o contexto de contrastes, o convívio com situações tão diversas como favelas, penitenciárias, secas, grandes empresas, corporações internacionais e militância política democrática, que leva a Muniz uma visão diversificada da sociedade, das suas muitas faces. O contato com situações extremas lhe facilita direcionar as pesquisas com mais objetividade, com um olhar crítico sobre as realidades dos povos. Sem ilusões que pudessem distorcer as abordagens. Foi nesse ambiente que Muniz desenvolveu as suas pesquisas e os dois livros. Mesmo sem condições de freqüentar grandes universidades no exterior, mesmo sem apoio de governos e universidades, Muniz desenvolve uma obra crítica e criativa, principalmente em razão dos menos favorecidos. Muniz não optou por uma egoísta carreira de sucesso profissional. Sua opção pessoal foi consciente. A opção foi pelos pobres e miseráveis.

Fim The end Fin Fine Ende Конец نهاية Τέλος...